CURITIBA 50 ANOS DE ELEIÇÕES MUNICIPAIS AS FORÇAS POLÍTICAS QUE NAS DEMOCRACIAS E NO GOVERNO MILITAR DISPUTAM O PODER

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM SOCIOLOGIA NÚCLEO INSTITUIÇÕES E PODER MAURO PIOLI REHBEIN CURITIBA 50 ANOS DE ELEIÇÕES MUNICIPAIS AS FORÇAS POLÍTICAS QUE NAS DEMOCRACIAS E NO GOVERNO MILITAR DISPUTAM O PODER CURITIBA 2008

MAURO PIOLI REHBEIN CURITIBA 50 ANOS DE ELEIÇÕES MUNICIPAIS AS FORÇAS POLÍTICAS QUE NAS DEMOCRACIAS E NO GOVERNO MILITAR DISPUTAM O PODER Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Universidade Federal do Paraná, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Sociologia Núcleo de Pesquisa Instituições e Poder, sob a orientação do Prof. Dr. Ricardo Costa de Oliveira. CURITIBA 2008

BANCA EXAMINADORA Dissertação defendida e aprovada em / /.

DEDICATÓRIA Com amor a Malena e a Larissa, pelos gestos e mulheres que são... iv

AGRADECIMENTOS Ao professor Ricardo Costa Oliveira, Coordenador do Núcleo de Estudos Paranaenses, por ter me acolhido, incentivado e orientado neste trabalho de pesquisa. Aos funcionários do TRE-PR, da seção de Divulgação de Resultados de Eleições, os senhores Horley Cléve Costa e Josnir Jesus da Silva, pela gentileza e colaboração em fornecerem os arquivos com os resultados das eleições sempre que solicitados, e agradecimento especial ao senhor Edson Luíz Guedes, da 2ª Zona Eleitoral, por demarcar no mapa do município de Curitiba a antiga divisão em cinco Zonas Eleitorais. Aos funcionários e estagiários da Biblioteca Pública do Paraná, sobretudo, da Divisão Paranaense e da Divisão de Periódicos pela atenção e atendimento às minhas solicitações. Às funcionárias do Arquivo Público do Paraná, do Setor de Acesso à Informação, Ana Paula Joukoski e Roseli Pereira Lima, e a Tatiana Dantas Marchette, da Divisão de Documentos Permanentes, por me fornecerem e me permitirem consultar o material do TRE- PR ainda não catalogado. Agradeço ao meu sobrinho Lucas Pioli Rehbein Kürten Ihlenfeld e aos amigos Tamer Mounir Nasser e Paulo Maurício Álvares de Mello, que me ajudaram na editoração de imagens dos mapas. À revisora de texto, Karina Quadrado, e sua equipe, que me atenderam a tempo e pela qualidade dos serviços prestados. Agradecimento especial ao professor David Verge Fleischer por me aceitar como aluno especial em suas disciplinas no curso de Pós-graduação em Ciência Política da UNB e por acompanhar o desenvolvimento do trabalho e contribuir com seu conhecimento e observações pertinentes. Agradecimento especial aos professores que participaram da banca de qualificação, Dennison de Oliveira e Angelo José da Silva, às precisas e valiosas observações e sugestões. Finalmente, agradeço especialmente à minha tia querida, Marlene Rehbein Rodrigues, pela ajuda inestimável em ter me acolhido em sua casa em Brasília e todo apoio e carinho. Ao CNPq pelo financiamento desta pesquisa. v

RESUMO São investigadas à luz da Sociologia Política todas as eleições municipais de Curitiba, realizadas desde 1947 até 2004, por voto direto ou indireto. As eleições ao cargo de Prefeito de Curitiba começam em 1954, com a eleição do primeiro prefeito eleito pelo voto direto, Ney Braga, e se estende até a última eleição em 2004, com Beto Richa. São nove pleitos pelo voto direto, nas duas redemocratizações, e seis referendos para nomeação no Regime Militar. As eleições proporcionais à Câmara Municipal de Vereadores iniciam em 1947 e totalizam 14 pleitos até 2004. A dissertação está basicamente estruturada, além da introdução, em três partes, e seus respectivos capítulos, e conclusões. As partes referem-se aos três períodos histórico-políticos investigados e que abrangem a delimitação temporal de investigação. A primeira parte trata das eleições do período da Quarta República ou República Populista, compreendendo o espaço temporal de 1945-1964, período também denominado de redemocratização pós-estado Novo. A segunda parte refere-se ao período da ditadura militar, pós-golpe de 1964, denominado de Quinta República, ou ainda, Regime Militar, 1964-1985. A terceira parte é a da Sexta República, período atual da nova redemocratização, que se iniciou em 1985 e limitase neste trabalho até a última eleição municipal de 2004. Por fim, têm-se as conclusões, que são pertinentes às análises diacrônica e sincrônica dos processos eleitorais ao longo dos períodos propostos à investigação. Palavras-chave: Eleições municipais, sistema eleitoral, comportamento político. vi

ABSTRACT Considering the Political Sociology theory, this work analyzes all municipal ellections that took place in Curitiba, from 1947 to 2004, through either direct or indirect ballot. The study about elections to Curitiba s Town Hall covers the period from 1954, when Ney Braga was the first mayor of the city directly elected, and goes until 2004, when Beto Richa got elected. There are nine direct ballots, during the two Brazilian democratization periods, and six referendums that happened during the Militar Regime. There are also 14 proportional elections, 1947 and 2004, to the Councilors Chamber. The dissertation is basically structured in three parts, with its respective chapters and conclusions, besides the general introduction and conclusion. These three parts correspond to three historical and political periods as explained: Part 1 is about the elections in the Fourth Republic or Populist Republic, that goes from the period of 1945 to 1964, which is also known as "Post New State redemocratization". Part 2 covers the military dictatorship period, starting after 1964 s coup and ending in 1985, which is know as the Fifth Republic or Militar Regime. The third part is about the Sixth Republic or the redemocratization period, started in 1985 and that, in this work, will be studied until the 2004 s municipal election. After these parts, it will be presented a conclusion about a diachronic and synchronic analysis of the electoral processes investigated. Keywords: municipal elections, electoral systems, political behavior. vii

LISTA DE TABELAS 2.1 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1947 47 2.2 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1947 48 2.3 RESULTADOS POR ZONAS ELEITORAIS 1947 48 2.4 DADOS E VOTAÇÕES 1947 49 2.5 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS 49 À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 1.417) 1947 2.6 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1951 54 2.7 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1951 55 2.8 DADOS E VOTAÇÕES 1951 55 2.9 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS 56 À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 1.996) 1951 2.10 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1954 64 2.11 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS 1954 65 2.12 RESULTADO POR ZONAS ELEITORAIS 1954 65 2.13 PERCENTUAIS POR ZONAS ELEITORAIS % DE VOTOS RECEBIDOS 66 PELOS CANDIDATOS DO TOTAL DE VOTOS NOMINAIS POR Z.E. 2.14 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1955 71 2.15 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1955 72 2.16 DADOS E VOTAÇÕES 1955 72 2.17 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS 73 À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 3.614) 1955 2.18 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1958 81 2.19 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS 1958 81 2.20 RESULTADO POR ZONA ELEITORAL 1958 83 2.21 PERCENTUAIS POR ZONAS ELEITORAIS % DE VOTOS RECEBIDOS 84 PELOS CANDIDATOS DO TOTAL DE VOTOS NOMINAIS POR Z.E. 2.22 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1959 88 2.23 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1959 88 2.24 RESULTADOS POR ZONAS ELEITORAIS 1959 89 viii

2.25 DADOS E VOTAÇÕES 1959 92 2.26 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 4.971) 1959 92 2.27 PESQUISA ELEITORAL POR GRUPOS SOCIO-OCUPACIONAIS 99 2.28 DADOS ESTATÍSTICOS, RESULTADOS ELEITORAIS E ANÁLISE 100 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1962 2.29 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS 1962 101 2.30 RESULTADO POR ZONA ELEITORAL 1962 101 2.31 PERCENTUAIS POR ZONAS ELEITORAIS % DE VOTOS RECEBIDOS 101 PELOS CANDIDATOS DO TOTAL DE VOTOS NOMINAIS POR Z.E. 2.32 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1963 106 2.33 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1963 107 2.34 DADOS E VOTAÇÕES 1963 109 2.35 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 5.732) 1963 110 4.1 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1968 147 4.2 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1968 147 4.3 DADOS E VOTAÇÕES 1968 148 4.4 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 8.355) 1968 148 4.5 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1972 160 4.6 DADOS E VOTAÇÕES 1972 161 4.7 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS 161 À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 11.057) 1972 4.8 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1976 174 4.9 DADOS E VOTAÇÕES 1976 174 4.10 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 15.441) 1976 174 ix

6.1 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1982 213 6.2 DADOS E VOTAÇÕES 1982 213 6.3 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (QUOCIENTE ELEITORAL = 14.161) 1982 6.4 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1985 225 6.5 RESULTADO POR ZONA ELEITORAL 1985 225 6.6 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS - 1985 226 6.7 PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS (%) 1985 228 6.8 PREFERÊNCIA PARTIDÁRIA (%) - 1985 230 6.9 CONHECIMENTO DO CANDIDATO (%) 1985 230 6.10 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1988 241 6.11 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS 1988 241 6.12 PESQUISAS DE INTENÇÃO DE VOTO (ESTIMULADA) 243 6.13 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1988 245 6.14 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1988 247 6.15 DADOS E VOTAÇÕES 1988 248 6.16 PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTO PARA VEREADORES (Alvorada Pesquisa de Mercado e Opinião Pública S/C Ltda.) 6.17 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (Quociente Eleitoral= 18.681) 1988 6.18 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1992 261 6.19 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS 1992 262 6.20 DATAFOLHA GP 1992 (PESQUISAS ESTIMULADAS) 263 6.21 PESQUISAS REALIZADAS PELO INSTITUTO GALLUP REDE PARANAENSE DE TELEVISÃO/GAZETA DO POVO 6.22 CANDIDATOS ELEITOS À CAMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1992 6.23 INFORMATVO/ESTATÌSTICO 1992 267 6.24 DADOS E VOTAÇÕES 1992 268 6.25 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMA DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (Quociente Eleitoral= 20.129) 1992 x 216 250 251 264 266 269

6.26 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1996 280 6.27 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS ÚNICO 1º TURNO 1996 280 6.28 RESULTADOS POR ZONAS ELEITORAIS 1996 282 6.29 DATAFOLHA GP 1996 (PESQUISAS ESTIMULADAS E ESPONTÂNEAS) 286 6.30 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1996 288 6.31 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 1996 289 6.32 DADOS E VOTAÇÕES 1996 290 6.33 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMO DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS 291 À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (Quociente Eleitoral= 21.606) 1996 6.34 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO (1º TURNO) 2000 302 6.35 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS NO 1º TURNO 2000 303 6.36 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS NO 2º TURNO 2000 303 6.37 VOTAÇÃO NOS DOIS TURNOS DOS DOIS PRINCIPAIS CANDIDATOS 304 2000 6.38 DATAFOLHA GP 2000 (PESQUISAS ESTIMULADAS) 310 6.39 IBOPE / REDE GLOBO 2000 310 6.40 INSTITUTO DATAFOLHA PESQUISAS DE INTENÇÃO DE VOTO PARA 311 O 2º TURNO EM % 2000 6.41 CANDIDATOS ELEITOS À CAMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 2000 313 6.42 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 2000 315 6.43 DADOS E VOTAÇÕES 2000 315 6.44 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMO DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS 318 À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (Quociente Eleitoral = 24.301) 2000 6.45 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 2004 327 6.46 RESUMO DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS NO 1º TURNO 2004 329 6.47 RESUMO DA VOTAÇÃO NO 2º TURNO 2004 330 6.48 VOTAÇÃO NOS DOIS TURNOS DOS DOIS PRINCIPAIS CANDIDATOS 330 2000 6.49 PESQUISA IBOPE 2004 (PESQUISAS ESTIMULADAS 1 TURNO) 332 6.50 PESQUISA IBOPE 2004 (PESQUISAS ESPONTÂNEAS 1 TURNO) 332 xi

6.51 CANDIDATOS ELEITOS À CAMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 2004 340 6.52 INFORMATIVO/ESTATÍSTICO 2004 343 6.53 DADOS E VOTAÇÕES 2004 344 6.54 VOTAÇÃO MÉDIA E MÍNIMO DE VOTOS DOS CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA (Quociente Eleitoral= 24.201) 2004 344 xii

LISTA DE QUADROS 2.1 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES 1954 64 2.2 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES 1958 81 2.3 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES 1962 100 3.1 RESUMO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE CURITIBA / 1954 1962 111 3.2 RESULTADOS DAS PRINCIPAIS OPÇÕES POLÍTICAS PARA 116 VEREADORES (1947-1963) 3.3 DIFERENÇAS ENTRE PORCENTAGENS DE CADEIRAS (C) E VOTOS (V) 118 DOS PRINCIPAIS PARTIDOS NA CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA NO PERÍODO DA REDEMOCRATIZAÇÃO (1947 1963) 4.1 DEPUTADOS PRESENTES NA SESSÃO NA ASSEMBLEIA LEGISLTIVA 135 4.2 DEPUTADOS PRESENTES NA SESSÃO NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 143 4.3 DEPUTADOS PRESENTES NA SESSÃO NA ASSEMBLEIA LEGISLTIVA 155 4.4 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1972 160 4.5 DEPUTADOS PRESENTES NA SESSÃO NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 169 4.6 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1976 173 4.7 DEPUTADOS PRESENTES À SESSÃO NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 182 4.8 DEPUTADOS PRESENTES À SESSÃO NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 192 5.1 RESUMO ELEIÇÕES INDIRETAS PARA PREFEITO DE CURITIBA / 1967 194 1983 5.2 RESULTADOS DAS PRINCIPAIS OPÇÕES POLÍTICAS NAS ELEIÇÕES 198 PARA VEREADORES (1968 1972) 5.3 DIFERENÇAS ENTRE PORCENTAGENS DE CADEIRAS (C) E VOTOS (V) 199 DOS PRINCIPAIS PARTIDOS À CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA NO REGIME MILITAR (1968-1976) 6.1 CANDIDATOS ELEITOS À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA 1982 212 6.2 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES 1985 223 6.3 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES - 1988 239 6.4 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES 1992 259 6.5 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES 1996 278 6.6 CANDIDATOS E COLIGAÇÕES 2000 300 xiii

7.1 RESUMO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE CURITIBA / 1985 2004 346 7.2 RESULTADOS DAS PRINCIPAIS OPÇÕES POLÍTICAS NAS ELEIÇÕES 352 PARA VEREADORES (1982-2004) 7.3 DIFERENÇAS ENTRE PORCENTAGENS DE CADEIRAS (C) E VOTOS (V) 354 DOS PRINCIPAIS PARTIDOS NA CÂMARA DE VEREADORES DE CURITIBA NO PERÍODO DA REDEMOCRATIZAÇÃO 1982-2004 8.1 COMPOSIÇÃO PARTIDÁRIA DAS BANCADAS PARANAENES (1964-361 1985) 8.2 MIGRAÇÕES PARTIDÁRIAS NA REDEMOCRATIZAÇÃO 366 8.3 CANDIDATOS REELEITOS 1982-2004 370 xiv

LISTA DE ABREVIATURAS PARTIDOS POLÍTICOS ARENA Aliança Renovadora Nacional ED Esquerda Democrática FRT Frente Rural Trabalhista MTR Movimento Trabalhista Renovador MDB Movimento Democrático Brasileiro PAN Partido dos Aposentados da Nação PC Partido Comunista PC do B Partido Comunista do Brasil PCB Partido Comunista Brasileiro PDC Partido Democrata Cristão PDS Partido Democrático Social PDT Partido Democrático Trabalhista PFL Partido da Frente Liberal PGT Partido Geral dos Trabalhadores PH Partido Humanista PHS Partido Humanista da Solidariedade PJ Partido da Juventude PL Partido Libertador PL Partido Liberal PMC Partido Municipalista Comunitário PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro PMN Partido da Mobilização Nacional PPB Partido Progressista Brasileiro PPS Partido Popular Socialista PR Partido Republicano PRN Partido da Reconstrução Nacional PRP Partido de Representação Popular PRP Partido Renovador Progressista PRT Partido Rural Trabalhista xv

PRTB Partido Renovador Trabalhista Brasileiro PSB Partido Socialista Brasileiro PSC Partido Social Cristão PSD Partido Social Democrático PSDB Partido da Social Democracia Brasileira PSDC Partido Social Democrata Cristão PSL Partido Social Liberal PSP Partido Social Progressista PST Partido Social Trabalhista PSTU Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado PT Partido dos Trabalhadores PT do B Partido Trabalhista do Brasil PTB Partido Trabalhista Brasileiro PTN Partido Trabalhista Nacional PTR Partido Trabalhista Renovador PV Partido Verde UDN União Democrática Nacional xvi

SUMÁRIO DEDICATÓRIA... iv AGRADECIMENTOS... v RESUMO... vi ABSTRACT... vii LISTA DE TABELAS... viii LISTA DE QUADROS... xiii LISTA DE ABREVIATURAS... xv 1. INTRODUÇÃO... 22 PARTE I... 33 2. A QUARTA REPÚBLICA (1945-1964): A REDEMOCRATIZAÇÃO... 33 2.1 ANTECEDENTES E A QUARTA REPÚBLICA... 33 2.2 O SISTEMA ELEITORAL E OS CÓDIGOS ELEITORAIS NA QUARTA REPÚBLICA... 37 2.3 A CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DO PARANÁ E AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS... 42 2.4 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1947... 44 2.4.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1947... 44 2.4.2 Análise da base de dados e dos resultados... 47 2.5 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1951... 53 2.5.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1951... 53 2.5.2 Análise da base de dados e dos resultados... 54 2.6 A PRIMEIRA ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 1954 58 2.6.1 Antecedentes A definição da data para a primeira eleição municipal de Curitiba. 58 2.6.2 Contextualização da eleição e candidatos... 60 2.6.3 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 64 2.6.4 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 68 2.7 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1955... 70 2.7.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1955... 70 2.7.2 Análise da base de dados e dos resultados... 71 2.8 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 1958... 75 2.8.1 Contextualização da eleição e candidatos... 75

2.8.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 81 2.8.3 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 84 2.9 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1959... 87 2.9.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1959... 87 2.9.2 Resultados eleitorais e dados estatísticos... 88 2.9.3 Análise da base de dados e dos resultados... 92 2.10 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 1962... 93 2.10.1 Contextualização da eleição e candidatos... 93 2.10.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 98 2.10.3 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 102 2.11 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1963... 105 2.11.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1963... 105 2.11.2 Resultados eleitorais e dados estatísticos... 106 2.11.3 Análise da base de dados e dos resultados 110 3 CONCLUSÕES ACERCA DAS ELEIÇÕES NA QUARTA REPÚBLICA (1945 A 1964)... 111 3.1 DAS ELEIÇÕES PARA PREFEITO (1954-1962)... 111 3.2 DAS ELEIÇÕES PARA VEREADOR (1947-1963)... 113 PARTE II 119 4 A QUINTA REPÚBLICA (1964-1985): O REGIME MILITAR... 119 4.1 O SISTEMA ELEITORAL E OS CÓDIGOS ELEITORAIS NO REGIME 123 MILITAR DE 1964 A 1985... 4.2 INDICAÇÃO, REFERENDO E NOMEAÇÃO DO PREFEITO IVO ARZUA PEREIRA EM 1966... 130 4.3 INDICAÇÃO, REFERENDO E NOMEAÇÃO DO PREFEITO OMAR SABBAG EM 1967... 138 4.4 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1968... 145 4.4.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1968.. 145 4.4.2 Análise da base de dados e dos resultados eleitorais... 147 4.5 INDICAÇÃO, REFERENDO E NOMEAÇÃO DO PREFEITO JAIME LERNER EM 1971... 150 4.6 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1972... 158 4.6.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1972.. 158

4.6.2 Análise da base de dados e dos resultados eleitorais... 160 4.7 INDICAÇÃO, REFERENDO E NOMEAÇÃO DO PREFEITO SAUL RAIZ EM 1975... 163 4.8 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1976... 171 4.8.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1976... 171 4.8.2 Análise da base de dados e dos resultados eleitorais... 173 4.9 INDICAÇÃO, REFERENDO E NOMEAÇÃO DO PREFEITO JAIME LERNER EM 1979... 176 4.10 INDICAÇÃO, REFERENDO E NOMEAÇÃO DO PREFEITO MAURÍCIO FRUET EM 1983... 185 5 CONCLUSÕES ACERCA DOS REFERENDOS PARA PREFEITOS E ELEIÇÕES À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA NO REGIME MILITAR (1964 A 1985)... 194 5.1 REFERENDOS PARA PREFEITOS (1966 1983)... 194 5.2 AS ELEIÇÕES PARA VEREADORES (1968-1976)... 196 PARTE III 200 6 A SEXTA REPÚBLICA (1985-2004): A NOVA REDEMOCRATIZAÇÃO... 200 6.1 O SISTEMA ELEITORAL E O CÓDIGO ELEITORAL NA SEXTA 204 REPÚBLICA A PARTIR DE 1985... 6.2 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1982... 209 6.2.1 Contexto das eleições para vereadores à Câmara Municipal de Curitiba de 1982... 209 6.2.2 Análise da base de dados e dos resultados... 212 6.3 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 1985... 216 6.3.1 Contextualização da eleição e candidatos... 216 6.3.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 224 6.3.3 Evolução dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto... 228 6.3.4 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 230 6.4 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 1988... 231 6.4.1 Contextualização da eleição e candidatos... 231 6.4.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 239 6.4.3 Evolução dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto... 242 6.4.4 Análise e hipótese da identificação do tipo de voto... 243 6.5 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1988... 245

6.5.1 Análise da base de dados e dos resultados... 245 6.6 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 1992... 253 6.6.1 Contextualização da eleição e candidatos... 253 6.6.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 260 6.6.3 Evolução dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto... 262 6.6.4 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 264 6.7 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1992... 266 6.7.1 Análise da base de dados e dos resultados... 266 6.8 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 1996... 271 6.8.1 Contextualização da eleição e candidatos... 271 6.8.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 278 6.8.3 Evolução dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto... 285 6.8.4 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 286 6.9 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 1996... 288 6.9.1 Análise da base de dados e dos resultados... 288 6.10 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 2000... 293 6.10.1 Contextualização da eleição e candidatos... 293 6.10.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 301 6.10.3 Evolução dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto... 307 6.10.4 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 309 6.11 AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 2000... 311 6.11.1 Análise da base de dados e dos resultados... 311 6.12 ELEIÇÃO MUNICIPAL MAJORITÁRIA DE CURITIBA 2004... 318 6.12.1 Contextualização da Eleição e Candidatos 318 6.12.2 Dados estatísticos, resultados eleitorais e análise... 326 6.12.3 Evolução dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto... 329 6.12.4 Análise e hipóteses da identificação do tipo de voto... 332 6.13 ELEIÇÕES PROPORCIONAIS PARA VEREADORES 2004 336 7 CONCLUSÕES ACERCA DAS ELEIÇÕES NA REDEMOCRATIZAÇÃO 345 (1985 A 2004)... 7.1 AS ELEIÇOES MAJORITÁRIAS (1985-2004)... 345 7.2 AS ELEIÇOES PROPORCIONAIS (1982-2004)... 350 8 CONCLUSÕES FINAIS... 355

8.1 CONCLUSÕES ACERCA DAS ELEIÇÕES NA QUARTA REPÚBLICA (1945 A 1964)... 355 8.1.1 As eleições majoritárias (1954-1962)... 355 8.1.2 As eleições proporcionais (1947-1963)... 356 8.2. CONCLUSÕES ACERCA DOS REFERENDOS PARA PREFEITOS E ELEIÇÕES À CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA NO REGIME MILITAR (1964 A 1985)... 358 8.2.1 Referendos para prefeitos (1966-1983)... 358 8.2.2 As eleições proporcionais (1968-1976)... 361 8.3 CONCLUSÕES ACERCA DAS ELEIÇÕES NA REDEMOCRATIZAÇÃO 362 (1985 A 2004)... 8.3.1 As eleições majoritárias (1985-2004)... 362 8.3.2 As eleições proporcionais (1982-2004)... 364 REFERÊNCIAS... 372

22 1 INTRODUÇÃO No ano de 2004 se deu o jubileu da primeira eleição municipal para prefeito de Curitiba, com a eleição de Ney Braga, pelo voto direto em 1954. Até então não havia sido realizada nenhuma pesquisa sociológica no Paraná demonstrando o que ocorreu politicamente nos processos eleitorais municipais até as eleições de 2004; muito menos há uma literatura regional específica que investigue as eleições municipais curitibanas nessa extensão. Portanto, dos meados do século XX à primeira eleição municipal do século XXI, a de 2004, justifica-se uma investigação à luz da Sociologia Política e da Ciência Política para demonstrar, com a análise dos resultados eleitorais, o que foi determinante nas escolhas, pelo voto direto ou referendo, dos prefeitos eleitos e nomeados, e o desempenho dos partidos políticos e dos atores eleitos nos processos eleitorais proporcionais à Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba. Com essa demonstração é possível perceber o percurso dos atores ao longo dos períodos e a dinâmica das eleições, permitindo assim, compreender os resultados e a correlação desses fatos, ao longo da história, na atual conjuntura política da Capital e do Estado paranaenses. A análise comparada das eleições e indicações a prefeito na capital paranaense contribui com mais elementos e informações à compreensão da formação de grupos políticos hegemônicos, das dinâmicas e dos comportamentos políticos eleitorais, e da orientação do voto do eleitor curitibano, bem como da política paranaense e das trajetórias dos partidos políticos, atores e suas disputas pelo poder executivo municipal e, por conseguinte, um estudo também sobre o desenvolvimento da cultura política eleitoral curitibana. Para avaliação do período da Quarta República (1946-1964), utilizar-se-á a principal tese de Maria do Carmo Campello de Souza (1990) sobre a crise político-partidária que os partidos conservadores UDN, PSD e PR estavam sofrendo, perdendo espaço para os partidos reformistas/populistas, e o PTB seria o partido mais fortalecido com isso, em razão das mudanças socioeconômicas, por conta dos processos de industrialização e urbanização que ocorreram durante o período. O declínio dos partidos conservadores (PSD, UDN e PR) e a consequente dispersão eleitoral teriam induzido em médio prazo o realinhamento do sistema partidário. Outras duas teses passíveis de verificação são a do aumento do número de votos brancos e nulos que expressariam o desinteresse ou protesto do eleitorado contra o sistema eleitoral-partidário, e a dispersão da força eleitoral dos três maiores partidos (PSD, UDN e PTB), proporcionando uma situação de incerteza eleitoral. Outra tese da autora é a do aumento das coligações e

23 proporções de eleitos, mas que não se aplica a essas eleições, porque não houve coligações para as eleições proporcionais à Câmara Municipal de Vereadores de Curitiba, em razão dessas eleições ocorrem isoladas das demais. A questão que se coloca é se houve o realinhamento partidário nas eleições municipais de Curitiba, e se foi possível constatar essa tese a partir dos resultados eleitorais nas eleições majoritárias e proporcionais. Portanto, aplicar-se-á a análise a partir dos resultados das eleições municipais de Curitiba desse período as teses propostas e afirmadas pela autora. As teses de Campello de Souza se fundamentam em análises de eleições à Câmara dos Deputados (de 1945 a 1962) e presidenciais. A autora tem por base dados analisados por Gláucio Soares, para ratificar sua tese do realinhamento das forças partidárias, e que se resumem em três constatações: os pequenos partidos ideológicos cresciam significativamente nas regiões mais desenvolvidas e em grandes centros; o PTB de base exclusivamente urbana, nos grandes Estados, ampliava sua representação em estados menos desenvolvidos, porém com população operária ou urbana considerável; com a concorrência do PTB e dos partidos pequenos, os partidos conservadores tradicionais (PSD, UDN e PR) foram obrigados a buscarem suas bases naturais. Campello de Souza vai concluir que as eleições legislativas conduziram de forma progressiva a um realinhamento das forças partidárias. Tais eleições teriam demonstrado de forma gradativa as tendências da mudança social e econômica do eleitorado, em função das mudanças na composição ocupacional da sociedade como consequência das mudanças da estrutura produtiva e da urbanização. Os resultados verificados das eleições municipais de Curitiba demonstraram que houve o realinhamento partidário e os dois partidos mais fortes na Câmara Municipal de Curitiba foram o PTB e o PSD, não obstante, este último ser um dos partidos tradicionais conservadores. Ficou evidenciado o declínio dos partidos conservadores com a redução das suas representações ao longo do período. O percentual de votos brancos e nulos foi expressivo, sobretudo, nas eleições majoritárias, atingindo os maiores índices. Há consonância entre as autoras Campello de Souza (1990) e Maria D Alva Kinzo (1988) em relação ao realinhamento partidário que se esboça no final da Quarta República e que tem seus efeitos nas composições partidárias da ARENA e MDB após a golpe de 1964 pelos militares. Os dois grandes partidos nacionais criados no regime democrático de 1945, estruturados com o sistema de interventorias, os que estavam na liderança formaram o PSD e os que foram excluídos formaram a UDN. Esses dois grandes partidos vão compor as

24 oligarquias, da qual Ney Braga herdara, porém, tido como sangue novo, na composição oligárquica no Paraná. Segundo Kinzo, havia duas clivagens dividindo os partidos da Quarta República no começo da década de 1960, uma era ideológica e a outra era produto das lutas entre as facções oligárquicas para obter o controle da máquina governamental. Para a autora, essa clivagem teria um impacto no sistema político após o golpe de 1964, e no realinhamento partidário ocorrido em 1966. Para a investigação do período da Quinta República (1964-1985), do Regime Militar, aplicar-se-ão as afirmações de Maria D Alva Gil Kinzo (1988) acerca do desempenho eleitoral do MDB nas eleições à Câmara Federal, que serão tomadas e projetadas nas eleições municipais de Curitiba. O objetivo é verificar se as afirmações da autora quanto ao desempenho do MDB no nível municipal, sobretudo, no seu legislativo, são aplicáveis. Os militares não participaram do golpe como um grupo coeso, com ideologias e políticas claras. No início do Regime, destacam-se dois grupos distintos dentro das Forças Armadas e que foram atuantes até o final do período. Têm-se de um lado os chamados moderados, com diversas facções, porém o que mais se destacou, porque dominou o primeiro governo revolucionário, foi o grupo liderado pelo General Castello Branco, que representava a Escola Superior de Guerra (ESG). Segundo Kinzo (1988), este grupo teria sido caracterizado por Alfred Stepan como liberal internacionalista. O outro grupo de militares, formado no interior das Forças Armadas, conhecido como a linha dura, não compartilhavam as ideias e diretrizes defendidas pelos intelectuais da ESG, opunham-se à linha branda e legalista seguida pelo governo Castello Branco. Tal grupo era composto por nacionalistas autoritários e que eram contrários à política econômico-financeira do governo, porque acreditavam que o governo assim agravaria a dependência estrangeira do Brasil; funcionava como forte grupo de pressão durante os governos militares, este grupo cumpriria com um papel importante como detonador de crises, tal como a que levou a extinção do pluripartidarismo. Este grupo que se encarregou dos Inquéritos Policiais Militares (IPM), responsável pelos ditos expurgos revolucionários, entenda-se aí o terrorismo político da ditadura. O dilema das Forças Armadas, como instituição e governo, era escolher um chefe de Estado que fosse aceito por todos e não provocasse a desintegração institucional que poderia resultar de conflitos intramilitares. Por isso surgiu o regime híbrido 1. 1 Poderes institucionais com poderes arbitrários do executivo

25 A autora defende a tese de que a extinção do pluripartidarismo em 1965, a instituição do sistema bipartidário em 1966 e a dissolução deste em 1979 foram tentativas fracassadas do regime militar-autoritário brasileiro de se institucionalizar como sistema híbrido. As afirmações feitas por Kinzo são pertinentes às principais características do desempenho do MDB nas eleições realizadas durante o bipartidarismo. Para tanto, a autora se utiliza de dados eleitorais, precisamente, resultados eleitorais e pesquisas de comportamento eleitoral, para explicar as tendências no período de 1966 a 1978. Em síntese, são três grandes tendências no período da ditadura militar, a saber: 1) o declínio do apoio eleitoral à ARENA, e consequentemente fortalecimento da oposição o MDB, sobretudo nas áreas mais urbanizadas e industrializadas do país; 2) a existência de diferentes bases socioeconômicas no apoio aos partidos o MDB teria uma forte adesão do eleitorado nas áreas mais pobres dos grandes centros; com os dados que se dispõem dos pleitos no regime militar não foi possível constatar ou demonstrar essa afirmação, pois seria necessário no mínimo ter os resultados das votações por Zonas Eleitorais ou pesquisas de intenção de voto segmentadas por condições sócio-econômicas; e por fim, 3) o nascimento de uma identificação partidária entre os eleitores. O aspecto que interessa demonstrar nesse período investigado é o MDB e o voto urbano, em razão de se tratar das eleições municipais da capital paranaense. O primeiro fato é o declínio do MDB nas eleições de 1966 e 1970, explicado pelas significativas proporções de votos nulos e brancos registrados nos pleitos. A grande mudança houve nas eleições de 1974, na qual o MDB venceu a ARENA no Senado Federal e aumentou significativamente em votos e em representações nas demais instituições. Em contrapartida, nessas mesmas eleições ocorreu o declínio da ARENA. A força eleitoral da oposição se localizaria no Sul e Sudeste do país, há clivagem, mas não regional, mas sim no nível de urbanização e industrialização, que seriam fortes nessas regiões, e que influenciaria em grande parte o eleitorado. A condição contrária também seria verdadeira para a situação (ARENA). Para Kinzo, esse padrão que surgiu com o bipartidarismo repetia uma tendência que já estava em andamento no pluripartidarismo antes do golpe militar. Trata-se do enfraquecimento do partido governista, tal qual foi para os partidos conservadores, e o fortalecimento da oposição, como ocorreu com os partidos trabalhistas e reformistas. Essa tendência foi reforçada pelo processo crescente de urbanização e industrialização que se deram no Brasil pós-1964, reforçando aquela tendência eleitoral da penetração dos partidos reformistas e trabalhistas em municípios dominados por partidos conservadores, o que se

26 passou com o MDB, entretanto, o partido da oposição não conseguiu conquistar espaço nos primeiros anos da ditadura por falta de credibilidade como oposição. Somente a partir da eleição de 1974 que o MDB resgatou o voto oposicionista. Com o declínio da ARENA e ascensão do MDB, os votos começaram a expressar a insatisfação e a desaprovação da situação do país, por isso as eleições tomaram o caráter plebiscitário. De fato é possível constatar essas tendências e as características do desempenho do MDB nas eleições municipais proporcionais e nos referendos para aprovação das indicações dos governadores para o cargo de prefeito de Curitiba. Das seis nomeações para prefeito, a última foi do peemedebista Maurício Fruet, indicado pelo governador José Richa (PMDB), eleito pelo voto direto já na fase de transição (1983), de abertura política. Nas eleições à Câmara Municipal de Curitiba, o desempenho eleitoral do MDB demonstra bem o percentual decrescente até 1972 e depois o seu crescimento nas eleições de 1976, com o consequente declínio da ARENA. O MDB só colheria os frutos efetivamente após a extinção do bipartidarismo, nas eleições gerais de 1982, com a nova sigla PMDB. Em função das constantes reeleições e sucessões nas eleições municipais de Curitiba, aplicar-se-á, para avaliar o terceiro período o da atual Redemocratização, a máxima de Robert Michels da lei de ferro da oligarquia e, para a verificação das reeleições far-se-á uso de parte do trabalho de Leôncio Martins Rodrigues (2002). Interessa trabalhar com esses autores para verificar, por meio dos processos eleitorais e resultados, como o grupo político de Lerner se constitui numa oligarquia na prefeitura de Curitiba e na Câmara Municipal. Os problemas de organização e coesão partidária são tratados com destaque por Robert Michels. Na Redemocratização, os atores políticos que compõem são os prefeitos eleitos e reeleitos e a elite de vereadores da Câmara Municipal de Curitiba, que são delimitados pelos vereadores reeleitos, ou seja, os que acumularam dois ou mais mandatos subsequentes ou intercalados na continuidade daquele período da redemocratização (1982-2004). São os candidatos-vereadores que conseguiram via migrações, ou estabilidade, partidárias e eleitorado se reelegerem. Portanto, o enfoque neste exercício será na trajetória partidária e no comportamento político visando à reeleição, e não na composição social dos reeleitos, em razão de não dispormos em boa parte dos dados sócio-ocupacionais dos candidatos nas eleições proporcionais municipais de Curitiba, visto que tais dados só começaram a ser divulgados pelo TRE na eleição de 2004. As ideologias serão tomadas, a priori, pela localização ideológica dos partidos, conforme classificação proposta mais à frente, de origem dos candidatos e, a posteriori, pelas suas trajetórias partidárias.

27 O comportamento político dessa oligarquia será acompanhado a partir dos processos eleitorais, por meio dos resultados das eleições e do desempenho dos partidos, e principalmente, das trajetórias de migrações dos candidatos pelos partidos que se reelegeram. Neste período investigado, os mandatos pertenciam aos candidatos eleitos e não aos partidos. Da trajetória partidária, dos candidatos migrantes, será verificada também a coerência nas direções ideológicas das migrações ao longo do eixo ideológico direita-centro-esquerda e a estabilidade e permanência da classe dirigente. As reeleições demonstram uma variável importante: o cálculo que o candidato faz de suas chances de se eleger no jogo do mercado eleitoral. Portanto, a partir do acompanhamento e da identificação das composições atores/partidos limitado à origem e às migrações partidárias dos atores trânsfugas, como enfoca o autor, e não das ocupações socioprofissionais, será possível constatar se elas ocorrem dentro dos mesmos blocos ideológicos, como aponta Schmitt (apud RODRIGUES, 2002), e se fazem parte de um cálculo racional na possibilidade de obtenção de êxito na reeleição, ou seja, na carreira política (MELO apud RODRIGUES, 2002). Para Rodrigues, embora as taxas de migrações partidárias sejam elevadas no Brasil, o que dão um caráter de inconsistência programática dos partidos, as migrações partidárias não seriam aleatórias, mas uma das variáveis que influenciaria seria a de tipo ideológico, o que distinguiria os partidos. Para Robert Michels (1982), a democracia está ameaçada. Se analisarmos a sociologia dos partidos políticos, o primeiro fator relevante é a organização destes no que diz respeito aos candidatos que por eles concorrem nos pleitos. Dessa forma, entende-se que a categoria política de organização resulta das ações dos atores para atingir determinados objetivos e modos de dominação. Para Michels, a organização implica na tendência à oligarquia, ou seja, conduz ao poder, e este é conservador. O fenômeno da reeleição vai de encontro com a formação de um grupo oligárquico e principalmente de uma hegemonia no jogo eleitoral tanto na conquista dos votos, em relação aos adversários políticos, quanto na participação dos partidos governantes sobre os representados. Não obstante, muitos candidatos se reelegerem com votações expressivas. Vale lembrar que não entra em questão neste momento, conforme o propósito, o reconhecimento e a veneração das massas aos candidatos reeleitos. Michels ressalta que o principal campo de ação dos partidos está nas movimentações partidárias em recrutar novos membros, que, por sua vez, organizam as massas eleitorais. Assim, tem-se partidos e candidatos promissores eleitoralmente e a resultante partidos e atores governantes, que de posse dos instrumentos do poder, farão de tudo para conservá-lo. Mosca, citado por Michels, aponta a falsidade da legenda parlamentar, posto que elas não

28 representariam a vontade popular, pois terminadas as eleições, e principalmente em se tratando do caso brasileiro em que os candidatos eleitos são donos do mandato e não o partido (no período investigado), termina também o poder dos eleitores sobre os eleitos. Michels se fundamenta, para trabalhar a questão da oligarquia, na lei sociológica que rege os partidos políticos, que se resume assim: a organização é a fonte de onde nasce a dominação dos eleitos sobre os eleitores, dos mandatários sobre os mandantes, dos delegados sobre os que delegam. Quem diz organização, diz oligarquia (BAUDOUIN, 2000, p. 222). As oligarquias são consequências das organizações nas democracias. Na democracia os partidos políticos produzem o seu contrário, a oligarquia, pois as elites dirigentes se apropriam do poder. Portanto, a superioridade é criada pelo processo de organização, e esta se opõe à democracia, assim, não há democracia sem organização, fundamental para a representação. Então, para Michels, um dos efeitos negativos da profissionalização na política é a reeleição, desta forma, as migrações constituem uma forma de organização no sistema partidário onde ocorrem arranjos que resultam em eleições e, sobretudo, reeleições. O objeto de estudo desta pesquisa são os processos eleitorais majoritários e proporcionais, as eleições propriamente ditas, e a partir destes processos é que se investigam os problemas pertinentes às questões propostas. Da investigação no campo político, mais precisamente dos processos eleitorais, compreendendo os períodos de campanhas, consideram-se alguns eixos, ou fatores, que demarcam o objeto. São eles: os sistemas eleitorais vigentes nas três formas de governo, as regras eleitorais; os atores, que são os partidos e os candidatos; as eleições e seus resultados e, finalmente, o comportamento eleitoral do curitibano como hipótese cultural política. Ao estudar o primeiro fator, que são os sistemas eleitorais nas três formas de governo, nas democracias e na ditadura, estes serão apresentados objetivamente, definidos e caracterizados conforme a evolução das regras eleitorais. Não são objeto de estudo desta pesquisa nem a democracia e nem a ditadura no Paraná. Tratar-se-á da dinâmica e configuração das eleições e indicações que marcaram e marcam a política paranaense nos períodos propostos. Ao segundo fator, os atores, os partidos, candidatos e indicados (prefeitos e vereadores), interessa identificá-los e apresentá-los, com suas respectivas identificações ideológicas e características eleitorais, e, sobretudo, os atores que protagonizaram os pleitos.

29 O terceiro fator são as eleições municipais de Curitiba, majoritárias e proporcionais, e compreende a análise dos processos eleitorais e seus resultados oficiais, disponíveis no TRE- PR, e os elementos do sistema eleitoral. Por fim, o quarto fator, são os eleitores. Os resultados eleitorais permitem estudar e analisar a cultura do comportamento eleitoral do curitibano, sob a óptica da Sociologia Política, mapear os resultados e a tipologia do voto, demonstrar suas vicissitudes eleitorais, sua evolução e características nos últimos 50 anos. Quanto à bibliografia, a busca foi direcionada para obras específicas dentro da Sociologia Política e da Ciência Política e que tratassem e avaliassem o recorte stricto sensu das eleições municipais, conforme as formas de governo e os sistemas eleitorais brasileiros vigentes nos períodos investigados. As fontes de consulta, jornais paranaenses, para contextualizar o processo eleitoral, e os arquivos dos resultados eleitorais do TRE-PR caracterizaram-se como fontes primárias. Não foram poucas as dificuldades encontradas na obtenção das informações fundamentais contidas nessas fontes, porque parte delas foi extraviada e se tratava de resultados e dados estratégicos para a compreensão dos fatos, necessários para a análise dos processos eleitorais. Um exemplo significativo foi o sumiço dos resultados, por Zonas Eleitorais, dos pleitos de 1988 e 1992. Quanto aos sistemas eleitorais que vigeram nos três períodos investigados, e o que ainda vige na atual democracia, são aqui tratados de forma descritiva e objetiva. Portanto, apresentam-se os sistemas eleitorais, identificam-se as principais leis e mudanças no Código Eleitoral, que vigoraram e caracterizaram as regras eleitorais nos três períodos propostos. Não está em questão investigar as origens dos regimes políticos, embora pareça necessário mencionar alguns elementos pertinentes à história da política brasileira. Com este percurso torna-se possível demonstrar a evolução do Código Eleitoral brasileiro e os casuísmos que alteraram os processos políticos e a legislação eleitoral (ou sistema eleitoral) às vésperas de cada pleito. As regras eleitorais vão importar na dimensão das eleições municipais e, sobretudo, no que esses sistemas eleitorais proporcionaram como efeitos em termos de resultados nas eleições. A literatura utilizada é específica sobre o sistema eleitoral brasileiro e os autores utilizados foram fundamentais, como David Verge Fleischer, Walter Costa Porto, Jairo César Marconi Nicolau e Edgar Costa. Destaca-se de D. Fleischer, dentre outras obras aqui utilizadas, Da Distensão à Abertura As Eleições de 1982 (1988), que contribui com a apresentação das eleições e partidos durante o regime militar e a eleição geral de 1982 e suas consequências políticas. O texto de Fleischer, Manipulações casuísticas do sistema eleitoral durante o período militar,

30 ou como usualmente o feitiço se volta contra o feiticeiro (1994), demonstra bem os efeitos casuísticos nos processos eleitorais durante o regime militar. De Walter Costa Porto O Voto no Brasil Da Colônia à sexta República (2002), o autor faz um percurso demonstrando a evolução do sistema eleitoral brasileiro, fundamentando-se nos Códigos Eleitorais. Com Jairo Nicolau tem-se a História do Voto no Brasil (2002) e Sistema Eleitoral (2004), duas obras que contribuem para o entendimento dos sistemas eleitorais, proporcional e majoritário. O autor Edgar Costa, ex-presidente do TSE, em A Legislação Eleitoral Brasileira (1964) apresenta os códigos eleitorais e comentários pertinentes à época. A investigação dos sistemas eleitorais majoritários e proporcionais e as leis que qualificam os Códigos Eleitorais justificam-se, em função dos resultados dos pleitos e das consequências políticas, produzidos por meio das eleições. Enfim, a apresentação e análise dos processos eleitorais contribuem com o entendimento da dinâmica e dos resultados dos pleitos ao longo dos períodos propostos. Ainda dentro do tema sistema eleitoral aparecem algumas informações pertinentes ao sistema partidário brasileiro. Os autores-referência foram Rogério Schmitt com Partidos Políticos no Brasil (1945-2000) (2000), Olavo Brasil de Lima Jr., com Partidos Políticos Brasileiros 45 a 64 (1983) e David Fleischer, com o artigo, O Pluripartidarismo no Brasil: dimensões sócio-econômicas e regionais do recrutamento legislativo, 1946-1967 (1986), da Revista de Ciência Política (vol. 24, 1981). São autores que delineiam o sistema partidário brasileiro. A literatura que trata especificamente da política paranaense, esta mais escassa, aparece baseada em obras publicadas nos últimos anos, sendo, portanto, uma literatura moderna, voltada à história política recente do Paraná. Parte-se da obra O Silêncio dos Vencedores Genealogia, Classe Dominante e Estado no Paraná (2001), de Ricardo Costa Oliveira. A partir desta tese pode-se compreender, além da história política do Paraná, como se dão e se organizam as relações políticas de poder na classe dominante paranaense. O livro A Construção do Paraná Moderno Políticos e Políticas no Governo do Paraná de 1930 a 1980 (2004), organizado por Ricardo Costa Oliveira, traz dois trabalhos importantes para a compreensão da política paranaense moderna. São textos de Jefferson de Oliveira Salles e José Pedro Kunhavalik e que passam pelo Lupionismo, o Bentismo e o Neyísmo. E Análise dos Parlamentares Paranaenses na entrada do século XXI (2002), serve como referência biográfica ou prosopográfica dos políticos contemporâneos. Estas obras discutem e apresentam as classes políticas dominantes no Paraná proporcionando o entendimento da estrutura de poder no Estado e a dita hereditariedade política, por gene ou por afinidade/interesse político, mostrando a identidade política paranaense. Assim, tornam-se

31 mais viáveis e profícuos a avaliação e o entendimento dos destinos políticos que as disputas eleitorais determinaram nos últimos 50 anos na história política do Estado do Paraná. Sylvio Sebastiani, autor de Por dentro do MDB Paraná (1992), apresenta a história e as relações entre as duas legendas, situação e oposição, Arena e MDB, no regime militar no Paraná. Milton Ivan Heller e Maria L. A. Dulce com Memórias de 1964 no Paraná (2000), ilustram como foi a transição política para o regime militar no Paraná e contribuem muito na descrição e análise dos fatos históricos e, principalmente, dos atores que participaram da política paranaense durante o Regime Militar. O livro de Pedro Washington de Almeida, Paraná político de cabo a rabo (1999), também proporciona um panorama da política paranaense moderna e dos fatos políticos eleitorais pontuais. A literatura sobre o comportamento eleitoral brasileiro refere-se, sobretudo, a estudos e análises de eleições presidenciais. As explicações acerca da tipologia do voto estão concentradas em duas obras atuais. O primeiro, de autoria de André Singer, de título Esquerda e Direita no Eleitorado Brasileiro (1999), analisa o comportamento eleitoral sob a ótica das três grandes escolas, a sociológica, a psicossociológica e a econômica (ou escolha racional). Aqui a ideologia é o elemento conceitual e referencial utilizado pelo autor para explicar o comportamento do eleitor. O segundo livro, de autoria de Yan de Souza Carreirão, A Decisão do Voto nas Eleições Presidenciais Brasileiras, (2002), analisa e avalia o comportamento do eleitor sob alguns aspectos específicos. São eles: a imagem do candidato, a sofisticação política do eleitorado (alta ou baixa), a identificação ideológica e o desempenho (ou aspecto econômico). O tema do comportamento eleitoral terá, então, uma abordagem tipológica. Será com as hipóteses dos comportamentos eleitorais propostos por esses autores que se desenvolverão os estudos e as análises que definirão como hipótese de cultura de comportamento eleitoral nas eleições municipais, e as respectivas propostas de tipologia do voto. Este trabalho, no que se propõe, não tem como objetivo por à prova as teses levantadas pelos autores, mas fazer simplesmente a aplicação ou a referência desses modelos, e nem afirmar teses de soberania do eleitor na escolha. A sociologia eleitoral será estudada através de indicadores de análise dos processos eleitorais e dos comportamentos manifestados pelos eleitores curitibanos em cada pleito. A fundamentação e cálculo dos dados estatísticos, bem como sua utilização enquanto indicadores, terão como referência a obra de Irene D. Sotillos e Lourdes López Nieto, Comportamiento Político, Partidos y Grupos de Presion Sociologia Electoral (2003). Essa literatura permitirá a definição e o cálculo de indicadores como, competitividade eleitoral e índices de proporcionalidade, necessários à análise estatística dos resultados