RELATÓRIO SEMANAL Milho por Ana Luiza Lodi analuiza.lodi@intlfcstone.com 16 de outubro de 2017 Safra 2017/18 de milho no Brasil deve sentir efeitos da boa produtividade do ciclo 2016/17 Milho tem ganhos na semana, apesar de produtividade elevada nos EUA Safra 2017/18 de milho no Brasil deve sentir efeitos da boa produtividade do ciclo 2016/17 A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) divulgou no último dia 10 sua primeira estimativa para a safra 2017/18 de milho no Brasil. As projeções não apresentaram grandes surpresas e acompanharam as tendências esperadas anteriormente pelas estimativas da INTL FCStone. Como para a safrinha a Conab ainda não espera grandes mudanças frente 2016/17, as mudanças esperadas para o balanço total de milho no ciclo 2017/18 derivam basicamente das estimativas para a safra de verão, pelos menos até o momento. Para a safra verão a Conab espera que o plantio caia para 5,04 milhões de hectares, uma redução de 8,1% frente ao observado no fim de 2016 mas ainda inferior à queda de 9,9% estimada pela INTL FCStone. O atual patamar dos preços continua como principal desincentivo ao cultivo do grão, sendo que segundo o indicativo do CEPEA atualmente a saca de milho está cotada à R$30,38, quase 30% abaixo dos R$42,12 vistos em outubro do ano passado. Gráfico 1: Estimativas para a safra total de milho no Brasil (em milhões de toneladas) FCStone do Brasil Consultoria em Futuros e Commodities www.intlfcstone.com.br/inteligencia Fonte: Conab e INTl FCStone.
Tabela 1: Estimativas para safra verão de milho no Brasil Com a perspectiva de queda de área somada à expectativa do retorno da produtividade à média, a tendência apontada pela Conab é de redução de 15% na oferta do grão no ciclo 2017/18. Já o cenário da INTL FCStone aponta para uma queda mais intensa em virtude do recuo de 12% estimado para a produtividade. Ambas as estimativas, contudo, ainda podem sofrer consideráveis alterações devido à grande incerteza climática para os próximos três meses. Entretanto, mesmo com a possibilidade de uma safra de verão menor, tanto as projeções da Conab quanto as da INTL FCStone indicam um cenário de estoques mais confortáveis de milho ao longo de 2018, o que pode dificultar uma recuperação mais intensa dos preços no próximo ano. O principal motivo desta oferta mais confortável são os estoques iniciais herdados da safra atual, que segundo a Conab ficarão ao redor de 19 milhões de toneladas e apresentarão um crescimento de 175% em relação aos estoques no início do ciclo 2016/17. Fonte: Conab e INTl FCStone. Gráfico 2: Intraday 15 min (DEZ-17) Considerando um contexto de exportações estáveis em 30 milhões de toneladas, a Conab indica que estes estoques chegarão ao fim da safra 2017/18 em 24,5 milhões de toneladas, o que comparado com o esperado para a safra atual representa um aumento considerável. Semana do Milho em Chicago Milho tem ganhos na semana, apesar de produtividade elevada nos EUA Mesmo com o USDA aumentando a produtividade da safra norte-americana de milho, as cotações em Chicago terminaram a semana com ganhos, em meio a cobertura de vendidos e a dados aquecidos de demanda. O vencimento para dezembro encerrou a sexta-feira em 352,75 cents por bushel. CHICAGO // MILHO (c/bu) Contrato Fech. 06/10 Fech. 13/10 Var. C.Abert Dez/17 350,00 352,75 0,8% 784.895 Mar/18 363,25 366,50 0,9% 293.146 Mai/18 372,00 375,25 0,9% 107.195 Jul/18 379,75 382,50 0,7% 134.344 Set/18 386,75 389,25 0,6% 43.955 TOTAL 1.363.535 Fonte: Reuters. Elaboração: INTL FCStone. As cotações do milho iniciaram a semana próximas da estabilidade e com tendência de leve baixa. Apesar da pressão exercida pelo progresso da colheita nos EUA, a perspectiva de chuvas no Meio Oeste no meio da semana gerou preocupações com a evolução dos trabalhos, limitando a baixa no pregão. Na terça-feira, os preços futuros do cereal voltaram a encerrar a sessão próximos da estabilidade e com tendência de queda, em meio às vendas técnicas e ajustes de posições antes das atualizações do USDA que ocorreram durante a semana. Pelo lado da demanda, as inspeções de exportação do grão norte-americano alcança-
Gráfico 3: Inspeções semanais de exportação Milho ram 524,17 mil toneladas na semana encerrada no último dia 05. Este nível ficou abaixo do piso das estimativas do mercado, que iam de 650 a 850 mil toneladas no período, além de ter mantido os embarques em um patamar inferior ao observado na safra anterior no país. Após o encerramento do pregão, o USDA indicou que 22% da área destinada ao milho já tinha sido colhida até o dia 08/10, patamar abaixo do piso das estimativas do mercado, que variavam entre 23 e 30 p.p. Quando comparado ao patamar registrado em 2016 nessa mesma época do ano, nota-se um atraso de 11 p.p. Esse menor ritmo se deve as precipitações registradas na semana passada nas áreas destinadas ao cultivo do cereal, o que atrapalhou os trabalhos de retirada do milho das lavouras. Ademais, houve alguns atrasos no período de plantio, devido ao excesso de chuvas em maio. Apesar deste atraso nos trabalhos nos campos estadunidenses, os contratos futuros do cereal apresentaram quedas consideráveis na quarta-feira. Essa movimentação ocorreu devido à expectativa do mercado para uma possível recuperação nas estimativas de produtividade do USDA em seu relatório mensal. Fonte: USDA. Elaboração: INTL FCStone. Gráfico 4: Progresso de safra nos EUA Milho Fonte: USDA. Elaboração: INTL FCStone. Tabela 2: Estimativas para a safra 2017/18 de milho Fonte: Reuters. Elaboração: INTL FCStone Apesar de o Departamento confirmar o aumento nas perspectivas para os rendimentos das plantações nos EUA, o milho conseguiu encerrar o pregão de quinta-feira com ganhos, sob influência do suporte técnico derivado da soja e pela perspectiva de demanda. Ao longo do dia, o USDA reportou que 120 mil toneladas do grão dos EUA foram negociados com o México, a segunda venda em poucos dias. Já em seu relatório mensal de oferta e demanda, a agência elevou a previsão de produtividade dos EUA para 10,78 toneladas por hectare, nível cerca de 1% acima da média das estimativas dos agentes privados. Apesar da leve redução na estimativa de área colhida, a perspectiva para a produção norte-americana de milho foi elevada, agora em 362,71 milhões de toneladas, volume também acima do estimado pelo mercado. Para o balanço global, por outro lado, os dados neste mês de outubro foram mais altistas. Mesmo com a elevação da estimativa de produção para 1,038 bilhão de toneladas, o USDA estimou que os estoques se reduzirão para pouco menos de 201 milhões de toneladas, frente aos 202,5 milhões previstos em setembro. Caso este cenário seja
observado, a relação estoque/uso global para o milho cairá de 19,15% na safra 2016/17 para 18,87% no ciclo 2017/18, um patamar ainda bastante confortável, mas mais reduzido. Ainda na quinta-feira, a Agência de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês) apontou que a produção de etanol no país norte-americano somou 284,3 milhões de galões durante a primeira semana de outubro, o menor volume desde o início do mesmo mês em 2016. No comparativo semanal, a produção do biocombustível foi 4,3% abaixo do que o visto uma semana antes. Gráfico 5: Produção semanal de etanol nos EUA (milhões de galões) Apesar da queda significativa, o movimento é sazonal e corresponde ao período no qual destilarias americanas interrompem a produção para realização de manutenção periódica, preparando-se para a época do ano de maior disponibilidade de milho no país que chegará em breve. Na sexta-feira, os contratos de milho em Chicago acumularam ganhos, com cobertura de posições vendias e dados melhores que o esperado de vendas de exportação dos EUA. Pela manhã, o USDA anunciou que 1,59 milhão de toneladas de milho da safra 2017/18 foram negociadas na semana encerrada no último dia 05, nível acima do teto das estimativas do mercado, que variavam entre 800 mil e 1,1 milhão de toneladas no período. Apesar deste volume aquecido, no acumulado, as vendas deste ciclo estão abaixo do observado na safra passada nesta mesma época do ano. Clima EUA Nesta semana, o clima nos EUA deve ficar bastante seco e quente, beneficiando os trabalhos de colheita. Previsão de precipitação nos EUA 16/10 a 20/10 Fonte: EIA. Elaboração: INTL FCStone Gráfico 6: Vendas semanais de exportação dos EUA Safra 2017/18 Fonte: USDA. Elaboração: INTL FCStone.
PREÇOS FÍSICOS Praça 13-out Há 1 sem Var. % Praça 13-out Há 1 sem Var. % São Paulo Campinas 32,50 30,00 8,33% Cascavel 26,50 26,50 0,00% Santos 29,50 29,30 0,68% Maringá 25,50 25,50 0,00% Goiás Ponta Grossa 28,00 28,00 0,00% Rio Verde 23,50 22,50 4,44% Guarapuava 27,00 27,00 0,00% Jataí 22,50 22,00 2,27% Londrina 25,50 25,50 0,00% Acreúna 24,00 23,50 2,13% Campo Mourão 25,50 25,50 0,00% Cristalina 26,00 25,50 1,96% Santa Catarina Mato Grosso do Sul Chapecó 30,50 30,50 0,00% Dourados 22,00 21,50 2,33% Rio Grande do Sul Chapadão do Sul 22,50 21,50 4,65% Erechim 31,00 30,50 1,64% São Gabriel 21,50 21,00 2,38% Carazinho 31,00 31,00 0,00% Minas Gerais Passo Fundo 31,00 31,00 0,00% Uberlândia 28,00 28,00 0,00% Cruz Alta 30,50 30,00 1,67% Pará de Minas 32,00 32,00 0,00% Panambi 31,00 31,00 0,00% Uberaba 27,50 27,50 0,00% Mato Grosso Patrocínio 27,50 27,50 0,00% Rondonópolis 19,50 19,80-1,52% Unaí 27,00 27,00 0,00% Lucas do Rio Verde 16,50 16,50 0,00% Bahia Sorriso 16,30 16,30 0,00% Barreiras 27,70 27,70 0,00% Campo Verde 18,30 18,30 0,00% Sapezal 16,30 16,30 0,00% Fonte: INTL FCStone; IMEA; Agrolink Paraná
AGENDA DA SEMANA (Horários de Brasília) BRASIL ESTADOS UNIDOS 16 08h25 - Boletim Focus - semanal / Bacen 15h - Balança Comercial - semanal / MDIC 09h30 - Pesquisa industrial de Nova York - out / Fed de NY 13h - Esmagamento de soja - set / NOPA 17h - Progresso da safra - semanal / USDA 17 09h - Pesquisa Mensal de Serviços - ago / IBGE 09h30 - Preços de bens exportados e importados - set / BLS 10h15 - Produção Industrial - set / Fed 11h - Índice do Mercado de Habitação - out / NAHB 17h - Compra de títulos por estrangeiros - 18 08h - Índice Geral de Preços (IGP-10) - out / FGV 12h30 - Fluxo Cambial - semanal / Bacen 09h30 - Início da construção de imóveis - set / DOC 11h30 Relatório de O&D de Petróleo - semanal / DOE 19 Não há indicadores relevantes previstos 09h30 - Vendas Semanais de Exportação - semanal / USDA 09h30 - Pedidos de auxílio desemprego - semanal / DOL 09h30 - Sondagem da conjuntura de negócios - out / Fed da Filadélfia 20 09h - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) - out / IBGE 11h - Venda de imóveis usados - set / Associação dos Corretores Imobiliários Fala de Janet Yellen