Teatro na aula de História: encenando. O auto da compadecida de Ariano Suassuna 1

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Transcrição:

Teatro na aula de História: encenando. O auto da compadecida de Ariano Suassuna 1 Romulo Henrique Andrade Silva 2 professor, Bem que toda aula podia ser com uma peça teatral. Aluno do 9ano após apresentação da peça teatral. (2017) Resumo: Esse artigo visa apresentar a experiência docente na disciplina de História, fazendo uso do teatro como metodologia de ensino. Esse trabalho apresenta um relato sobre a experiência usando o teatro para apresentar a cultura regional, local inserida em um trecho da peça o Auto de Compadecida, de Ariano Suassuna, baseada no filme de mesmo nome. Para realizar esse artigo contamos com a leitura de referências teóricos da história e do teatro. Por fim mostramos a participação dos alunos do projeto. O projeto nos mostrou a possibilidade de usar o teatro como forma de apresentar conhecimentos de qualquer disciplina, especialmente da história. Ao mesmo tempo possibilita dar visibilidade aos alunos inseridos. Palavras chaves: História Teatro Auto da Compadecida. 1 Artigo fruto das experiências de ensino na cidade de Barra de São Miguel PB no ano de 2017 2 Professor efetivo da disciplina de História em redes de ensino da Paraíba ( Barra de São Miguel pb Queimadas pb) Mestre em História pela UFCG. Especialista em Educação pela UFCG, Licenciado e Bacharel Pela UFCG.

Introdução: Nosso trabalho visa apresentar nossa pratica em sala de aula e como uso do teatro como pratica docente em uma aula de História. Sabemos que nossa temática tem sido muito discutida e trabalhada em sala de aula ou em trabalhos de nível acadêmico. Mesmo assim acreditamos na sua grande contribuição para a práticas docentes de várias disciplinas em especial a aula de história. A escolha por essa temática está ligada a possibilidade de abrir diálogos com outros saberes, disciplinas, além de construir uma prática docente que ultrapasse as paredes da escola e facilita o ensinar e aprender dos alunos. Nessa mesma linha, a terceira geração dos Annales, integrantes da chamada História Cultural, permitem uma abordagem com possibilidade de novos diálogos com outros saberes e demais fontes de pesquisa. Além de buscar analisar e compreender sujeitos que por vezes estiveram a margem dos olhares da história. 3 Por isso partimos de diálogos com alguns teóricos como Roger Chartier 4 e sua reflexão sobre o conceito de representação social e Michel de Certeau e sua reflexão sobre o cotidiano 5. Esse trabalho foi fruto de evento IV Feira Literária de Barra de São Miguel Pb. Lá nossa escola apresentou vários referentes a Ariano Suassuna e em especial o nosso trabalho que foi realizado em conjunto com colegas das disciplinas de português, geografia em conjunto com os alunos das turmas do 9ano a e b. Esse artigo passa a ser uma analise do que foi apresentado pelos alunos e do diálogo construído pela parceria com os demais colegas de trabalho. Tem o papel de elencar o valor do trabalho interdisciplinares e da necessidade de uma prática docente que ultrapassa o lugar da sala de aula. 3 BURKE. Peter. A revolução Francesa da Historiografia: A Escola dos Annales 1929 1989. Trad. Nilo Odália. São Paulo Editora Universidade Estadual Paulista, 1991. A insatisfação que os jovens Marc Bloch e Lucien Febvre demonstravam, nas décadas de 10 e 20, em relação à história política, sem dúvida estava vinculada à relativa pobreza de suas análises, em que situações históricas complexas se viam reduzidas a um simples jogo de poder entre grandes homens ou países ignorando que, aquém e além dele, se situavam campos de forças estruturais, coletivas e individuais que lhe conferiam densidade e profundidade incompatíveis com o que parecia ser a frivolidade dos eventos. (p.06) 4 CHARTIER, Roger. CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Tradução Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990. 5 DE CERTEAU, Michel. A invenção do Cotidiano. Tradução: Ephrainm Ferreira Alves. Petrópolis, Rj, 1994

No primeiro momento iremos apresentar uma breve historiografia referente a história da arte, discutindo importantes conceitos como por exemplo os princípios da história do teatro, a presença do teatro no mundo primitivo e na antiguidade, para por fim chegarmos na nossa experiência de sala. História e teatro : um breve comentário sobre a história do teatro A relação dos homens com o teatro remonta a civilizações mais antigas, em especial desde a origem da humanidade quando o ato de encenar estava articulado com a religião, em especial com a figura do Xama, um líder espiritual, que unia a vida mortal com um universo místico e espiritual. Segundo Margot Berthold (2001) 6 : O xamã que é o porta voz do deus, o dançarino mascarado que afasta os demónios. o atol' ljue traz a vida à obra do poeta - todos obedecem ao mesmo comando, que é a conjuração de uma outra realidade, mais verdadeira. Assim ve-se como havia uma ponte necessária entre a humanidade e o teatro na história, onde o ato de encenar estava associado as práticas mais primitivas das práticas ritualísticas. Além disso, a autora nos mostra que o xamã pode ser visto como um artista moderno, segundo Margot Berthold (2001) O artista de culturas primitivas e primevas arranja- se com um chocalho de cahaça e uma pele de anima l; a ópera barroca mohiliza toda a parafernália cénica de sua época. lonesco desordena o palco com cadeiras e faz uma proclamação surda-muda da triste nulidade da incapacidade humana 7 Um artista de culturas primitivas atua como um sujeito moderno, com menos adereços que o moderno, como menos roupas, efeitos áudio visuais entre outros, possivelmente, o praticante primitivo fazia uma de restos de animais, pinturas e materiais naturais para produzir 6 BERTHOLD, Margot. A História mundial do Teatro. Trad: Maria Paula V. Zurawski, J. Guinsburg. Sergio Coelho e Chóvis Garcia. São Paulo Perspectiva, 2001. 7 BERTHOLD, Margot. A História mundial do Teatro. Trad: Maria Paula V. Zurawski, J. Guinsburg. Sergio Coelho e Chóvis Garcia. São Paulo Perspectiva, 2001

seu rito, arte e peça teatral. O teatro tinha um papel e um elemento ritualista que inclusive é colocado como um elemento integrante das caçadas dos primórdios da sociedade 8. Outro momento histórico importante é a contribuição que a Grécia antiga trouxe ao teatro. Pois por volta do século VI a.c. o teatro apresentava se como comemoração ao deus grego Dionísio 9. Nessas festas aconteciam rituais sagrados, procissões e recitais que duravam vários diais. Acontecendo nos períodos da primavera, em comemoração as safras de vinho do referido ano. Desde a antiguidade o teatro já mostrava sua ligação com a ensinar, a religiosidade e o cotidiano. Isso porque ele ocupa esse lugar de falar sobre seu cotidiano, por meio do ato de encenar ou representar 10. A partir da leitura de Roger Chartier (1988) O ato de representar alguém no teatro é fundamental visto que busca um paralelo em que busca mostrar o cotidiano a partir das cenas, personagens, situações representadas pelo teatro. Pois os personagens incorporam características dos indivíduos que busca representa-los, por meio de roupas, gestos, frases e vozes. História do projeto Em nosso caso, o projeto referente Ariano Suassuna, ganhou forma a partir de um evento de caráter local, denominado Feira Literária 11, que tinha como tema central apresentação de trabalhos, documentários, livros, sobre Ariano Suassuna ou mesmo sobre a cultura regional. Sendo assim cada escola trataria de apresentar pesquisas, peças, musicais sobre o autor já citado. 8 BERTHOLD, Margot. A História mundial do Teatro. Trad: Maria Paula V. Zurawski, J. Guinsburg. Sergio Coelho e Chóvis Garcia. São Paulo Perspectiva, 2001 9 Deus grego Dionísio, deus do Vinho, do teatro. 10 Conceito de representação A partir das ideias de Roger Chartier pode se entender a representação enquanto uma construção de estudo de conceitos e questões sociais. Que por meios de símbolos sociais busca se representar elementos presentes na sociedade. CHARTIER. Roger. A História Cultural: Entre práticas e representações. Trad. Maria Manuela Galhardo. Portugal. Difusão Editorial. 1988. 11 Evento esse realizado a 4 anos na cidade de Barra de São Miguel Pb localiza- se no Cariri Paraibano. Uma cidade com cerca de 7000 habitantes.

Em nosso caso, o trabalho teatral sobre o Auto da compadecida foi construído partir de um diálogo entre professores de diversos áreas do conhecimento, entre história, Português e Geografia. Em conjunto com os alunos das turmas dos 9anos A e B. Na Escola de Ensino Fundamental João Pinto da Silva, localizado na Barra de São Miguel PB. O trabalho foi realizado a partir de inicialmente de reuniões dos professores, sobre o que seria abordado. Após uma serie de discussões chegamos a ideia de encenar um trocho da peça do Auto da Compadecida 12. Inicialmente percebemos a necessidade dos alunos conhecessem a obra de literatura de Ariano Suassuna. Pois os mesmos afirmavam não conhecer as obras do autor, apenas tinham ideia a partir de um filme com o nome O Auto da Compadecida(2000) 13, obra adaptada da obra de literatura citada anteriormente. Posteriormente foi convidado os alunos dos 9anos para assistir o filme o Auto da Compadecida, adaptação da obra de mesmo nome, do autor Ariano Suassuna. A partir daí perceber os possíveis personagens e cenas. Como também observar como os estudantes podiam participar da realização da mesma. Nesse processo foi organizado o grupo de alunos por setores de trabalho, buscando coloca-los em grupos de trabalho: 1 - os personagens do filme o auto da compadecida 2 Grupo de Dança para encerrar com a presença de cangaceiros e do xote 3- Grupo de apoio com o intuito de realizar apoio aos demais participantes do grupo. Para a sonoplastia da apresentação foi necessários trechos do áudio do filme o Auto da Compadecida, visto que, os alunos poderiam gesticular, movimentar e encenar melhor. Assim iniciamos nosso trabalho com uma serie de ensaios que visavam inserir os personagens e os alunos. O interessante desse trabalho foi o real empenho dos jovens na construção do projeto. 12 SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 34 ed./3ª imp. Rio de Janeiro: Agir, 1999. 13

A partir daí foi possível apresentar o resultado do projeto na Feira Literária. As apresentações chamaram tanta atenção que era programado apenas uma, mas após a primeira realização, que foi convocado os alunos e professores para uma segunda apresentação num espaço ainda maior Considerações Finais Esse artigo é fruto de um projeto ainda em andamento, portanto, ainda em processo de construção, por isso mesmo aqui não apresentaremos conclusões que busquem finalizar o projeto. Nossas primeiras observamos permitem compreendermos a grande riqueza e contribuição que o teatro possibilita ao professor de história, ao utiliza-lo como instrumento de ensino e aprendizagem. Onde através dele é possível representar acontecimentos históricos que são apresentados em sala de aula. O teatro apresenta os objetivos em estudo, como também permitem a participação dos alunos no processo de ensino e aprendizagem. Dando aos alunos uma condição de sujeitos ativos na representação dos acontecimentos. Para compreender o que foi apresentado nesse artigo, foi importante o diálogo com autores e teóricos de diversos campos, em especial da história do teatro, visto que contextualizamos uma breve historiografia do teatro. Bem como foi necessário um dialogo com história cultural, visto que podemos compreender o conceito chave de representação, trazido por Roger Chartier. Referencia Cientifica BERTHOLD, Margot. A História mundial do Teatro. Trad: Maria Paula V. Zurawski, J. Guinsburg. Sergio Coelho e Chóvis Garcia. São Paulo Perspectiva, 2001.

BURKE. Peter. A revolução Francesa da Historiografia: A Escola dos Annales 1929 1989. Trad. Nilo Odália. São Paulo Editora Universidade Estadual Paulista, 1991. CHARTIER. Roger. A História Cultural: Entre práticas e representações. Trad. Maria Manuela Galhardo. Portugal. Difusão Editorial. 1988. DE CERTEAU, Michel. A invenção do Cotidiano. Tradução: Ephrainm Ferreira Alves. Petrópolis, Rj, 1994