CONSELHO EXECUTIVO Décima Quarta Sessão Ordinária de Janeiro de 2009 Adis Abeba, ETIÓPIA EX.CL/484 (XIV) Rev.1

Documentos relacionados
CONSELHO EXECUTIVO 18ª Sessão Extraordinária 19 de Março 2018 Kigali, Ruanda DECISÕES. Ext/EX.CL/Dec.1-2(XVIII) Original: Inglês/Francês

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE

CONSELHO EXECUTIVO Vigésima-sexta Sessão Ordinária de Janeiro de 2015 Adis Abeba, Etiópia EX.CL/889(XXVI) Add.

DECISÃO SOBRE AS PARCERIAS ESTRATÉGICAS DOC. EX.CL/992 (XXX)iv

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DA COMISSÃO DE IMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO DA CONFERÊNCIA ACERCA DO ABUSO DO PRINCÍPIO DE JURISDIÇÃO UNIVERSAL

PROJECTO DE AGENDA. CONFERÊNCIA DA UNIÃO Vigésima Oitava Sessão Ordinária de Janeiro de 2017 Adis Abeba, ETIÓPIA UNIÃO AFRICANA

ESTABELECIMENTO DE UM FUNDO ESPECIAL DA UNIÃO AFRICANA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO TERRORISMO E AO EXTREMISMO VIOLENTO EM ÁFRICA

DECISÕES E DECLARAÇÃO

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE

CONFERÊNCIA DA UNIÃO Décima-sexta Sessão Ordinária de Janeiro de 2011 Adis Abeba, Etiópia EX.CL/654 (XVIII) Add.3 Original: Francês

PRIMEIRA REUNIÃO SEMESTRAL DE COORDENAÇÃO 8 de Julho de 2019 Niamey, Níger

DECISÕES, DECLARAÇÕES E RESOLUÇÃO

PROJECTO DE NOTA CONCEPTUAL

RELATÓRIO DA 1ª REUNIÃO DO COMITÉ DOS DOZE CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO SOBRE O GOVERNO DA UNIÃO

PROJECTO DE NOTA DE CONCEITO

COMITÉ DE REPRESENTANTES PERMANENTES (CRP) Trigésima Quinta Sessão Ordinária de Janeiro de 2018 Adis Abeba, Etiópia PROJECTO DE AGENDA

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone : Fax :

COMITÉ DOS REPRESENTANTES PERMANENTES Vigésima Sessão Ordinária 12 a 15 de Julho de 2010 Adis Abeba, Etiópia

DECLARAÇÃO DA 10 ª REUNIÃO ORDINÁRIA DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO DE DEFESA E SEGURANÇA

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone Fax: Website:

PROGRAMA DE TRABALHO PROVISÓRIO PARA A REUNIÃO DOS PERITOS (8 9 DE ABRIL DE 2013)

CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO AFRICANO DE JUSTIÇA CONSTITUCIONAL

Compromisso de Sharm El Sheikh para a Aceleração da Realização dos Objectivos sobre a Água e o Saneamento em África

CONFERÊNCIA DA UNIÃO Trigésima Sessão Ordinária de Janeiro de 2018 Adis Abeba, Etiópia PROJECTO DE AGENDA UNIÃO AFRICANA

DECLARAÇÃO SOLENE SOBRE A IGUALDADE DO GÉNERO

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DA COMISSÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DAS DECISÕES DA CONFERÊNCIA DA UNIÃO RELATIVAS A ÁFRICA E TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

PROJECTO DE ESTATUTO DO CENTRO INTERNACIONAL DA UNIÃO AFRICANA PARA A EDUCAÇÃO DE RAPARIGAS E MULHERES EM ÁFRICA (CIEFFA-UA)

PRIMEIRA SESSÃO DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, TRABALHO E EMPREGO (STC-SDLE-1) ADIS ABEBA, ETIÓPIA DE ABRIL DE 2015

PROTOCOLO À CONVENÇÃO DA OUA SOBRE A PREVENÇÃO E O COMBATE AO TERRORISMO

CONSELHO EXECUTIVO Décima-Sexta Sessão Ordinária de Janeiro de 2010 ADIS ABEBA, ETIÓPIA EX.CL/546 (XVI)

UNIÃO AFRICANA PROTOCOLO RELATIVO AO FUNDO MONETÁRIO AFRICANO

PLANO DE ACÇÃO DA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE A REGIÃO DOS GRANDES LAGOS PARA A ERRADICAÇÃO DA APÁTRIDA Contexto

Programa da CUA sobre o Quadro Regulamentar Continental Harmonizado do Sector de Energia em África: O Caso do Sector de Electricidade

DOCUMENTO DE SÍNTESE REUNIÃO DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO (CTE) SOBRE MIGRAÇÃO, REFUGIADOS E PESSOAS DESLOCADAS INTERNAS

TEMA ANO AFRICANO DOS DIREITOS HUMANOS: PROMOÇÃO DA ÉTICA E DA DIVERSIDADE CULTURAL COMO UM DIREITO ESSENCIAL DOS POVOS DA ÁFRICA

TERCEIRA CONFERÊNCIA AFRICANA SOBRE A APLICAÇÃO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ESPACIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

RELATÓRIO INTERCALAR DA COMISSÃO RELATIVO À IMPLEMENTAÇÃO DAS DECISÕES DA CONFERÊNCIA DA UNIÃO AFRICANA SOBRE O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

RELATÓRIO SOBRE A ELEIÇÃO DOS DEZ (10) MEMBROS DO CONSELHO DE PAZ E SEGURANÇA DA UNIÃO AFRICANA

REUNIÃO DE PLANIFICAÇÃO DA REDE EPIDEMIOLÓGICA E CONSULTA CONTINENTAL PARA OS PONTOS FOCAIS SOBRE REDUÇÃO DA DEMANDA DE DROGAS.

MECANISMO DE ACOMPANHAMENTO PARA IMPLEMENTAÇÃO, MONITORIA E AVALIAÇÃO

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE. Addis-Abeba (ETHIOPIE) P. O. Box 3243 Téléphone (251-11) Fax : Website :

TEMA: AS DROGAS MATAM MAS AS MÁS POLÍTICAS MATAM MAIS INTENSIFICAÇÃO DE RESPOSTAS EQUILIBRADAS E INTEGRADAS PARA O CONTROLO DE DROGAS EM ÁFRICA

DOCUMENTO SÍNTESE SOBRE. Revisão dos Deveres e Responsabilidades do Órgão de Monitorização da Decisão de Yamoussoukro

REGULAMENTO INTERNO DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

PROJECTO DE DOCUMENTO SÍNTESE PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO DA UNIÃO AFRICANA EM MATÉRIA DE

(Ponto proposto pela República do Chade)

DECISÃO SOBRE AS PARCERIAS ESTRATÉGICAS DE ÁFRICA Doc. EX.CL/785(XXIII)iv

PROCESSO CONSULTIVO DA DIÁSPORA AFRICANA (Ponto Proposto pela República da África do Sul)

DOCUMENTO SÍNTESE UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone Cables: OAU, ADDIS ABABA

Addis Ababa, Ethiopia, P.O. Box: 3243 Tel.: (251-11) Fax: (251-11)

SEGUNDA REUNIÃO DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO SOBRE SAÚDE, POPULAÇÃO E CONTROLO DE DROGAS (CTE-SPCD-2) ADIS ABEBA, ETIÓPIA DE MARÇO DE 2017

PROJECTO DE REGULAMENTO DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO PARA COMUNICAÇÃO E TIC

PROTOCOLO SOBRE O BANCO AFRICANO DE INVESTIMENTO

UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone Fax : Website :

PROJECTO DE ESTATUTO DO CENTRO AFRICANO DE FORMAÇÃO ESTATÍSTICA (PANSTAT)

PROJECTO DE REGULAMENTO INTERNO DA ESTRUTURA DE GOVERNAÇÃO

Addis Ababa, Etiópia PO Box 3243 Telefone: Fax: website: www. africa-union.org

RELATÓRIO SOBRE AS ACTIVIDADES DO SUBCOMITÉ DO CRP PARA OS REFUGIADOS, REPATRIADOS E DESLOCADOS INTERNOS: JANEIRO JULHO DE 2010

SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO EM JUVENTUDE, CULTURA E DESPORTOS de Junho de 2016 Adis Abeba, Etiópia TEMA

PROJECTO REGULAMENTO INTERNO DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO EM DEFESA, SEGURANÇA E PROTECÇÃO

RELATÓRIO SOBRE A ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone Fax : Website :

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone: Fax: website: www.

CONFERÊNCIA DA UNIÃO Décima-sexta Sessão Ordinária de Janeiro de 2011 Adis Abeba, Etiópia

PROGRAMA DE EVENTOS DURANTE O PERÍODO DE JUNHO/JULHO DE 2018 CONFERÊNCIA DA UNIÃO NOUAKCHOTT, MAURITÂNIA REUNIÕES ESTATUTÁRIAS DA UNIÃO AFRICANA

Addis Ababa, Ethiopia, P.O. Box: 3243 Tel.: (251-11) Fax: (251-11)

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone Fax: A NOVA PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE ÁFRICA (NEPAD)

CONFERÊNCIA DA UA DOS MINISTROS RESPONSÁVEIS PELO DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS MINERAIS 3ª SESSÃO ORDINÁRIA de Outubro de 2013 BAMAKO - MALI

NOTA INFORMATIVA RELATIVA À RENOVAÇÃO DO MANDATO DA MISSÃO DA UNIÃO AFRICANA NO SUDÃO (AMIS)

DECISÃO SOBRE O RELATÓRIO DO COMITÉ MINISTERIAL DE CANDIDATURAS AFRICANAS NO SISTEMA INTERNACIONAL Doc. EX.CL/1096(XXXIII)

Junto se envia, à atenção das delegações, a versão parcialmente desclassificada do documento em epígrafe /10 EXT 2 ml DG H 2B

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone: Fax: website: www. africa-union.org

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE RELATÓRIO DO COMITÉ MINISTERIAL AD-HOC SOBRE A TABELA DE CONTRIBUIÇÕES

Estatutos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa

CONFERÊNCIA DA UNIÃO Trigésima Segunda Sessão Ordinária de Fevereiro de 2019 Adis Abeba, ETIÓPIA

PROTOCOLO ADICIONAL AO TRATADO CONSTITUTIVO DA COMISSÃO DO GOLFO DA GUINÉ (CGG) RELATIVO AO MECANISMO ARBITRAL AD HOC

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 8 de Junho de /11 FREMP 66 JAI 405 COHOM 159 DROIPEN 60 NOTA

sobre o papel do Ministério Público fora do sistema de justiça penal

RELATÓRIO DO SUB-COMITÉ SOBRE ESTRUTURAIS

CONSELHO EXECUTIVO Décima-Sétima Sessão Ordinária de Julho de 2010 Kampala, Uganda

TEMA: Melhorar a capacidade das Instituições do Mercado de Trabalho em África para abordar os desafios actuais e futuros

RELATÓRIO DO PARLAMENTO PAN-AFRICANO (PAP)

POSIÇÃO COMUM DE ÁFRICA SOBRE A RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

RELATÓRIO SOBRE A ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA

SEGUNDA REUNIÃO DO COMITÉ TÉCNICO ESPECIALIZADO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL, TRABALHO E EMPREGO (CTE-DSTE-2) ARGEL, ARGÉLIA DE ABRIL DE 2017 TEMA:

REDUÇÃO DA MORTALIDADE E DA MORBIDADE MATERNA, NEONATAL E INFANTIL EM ÁFRICA (Ponto proposto pela República de Benim)

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE

35/126. Ano Internacional da Juventude: Participação, Desenvolvimento e Paz

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA CIMEIRA DE DAKAR SOBRE O ENSINO SUPERIOR (Ponto proposto pela República do Senegal)

UNION AFRICAINE AFRICAN UNION UNIÃO AFRICANA. Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone: Ext. 255

6058/16 ll/jc 1 DG C 1

PROJECTO PROVISÓRIO DO PROGRAMA DE TRABALHO. Tema: Materializar o Potencial de África como um Pólo de Crescimento Global

UNIÃO AFRICANA. African Commission on Human & Peoples Rights

S/RES/2267 (2016) Security Council. United Nations. Resolução 2267 (2016) * *

CONSELHO EXECUTIVO Vigésima Sessão Extraordinária de Novembro de 2018 Adis Abeba, ETIÓPIA DECISÃO UNIÃO AFRICANA

CONSELHO EXECUTIVO Décima-Sétima Sessão Ordinária de Julho de 2010 Kampala, Uganda

Declaração de Sharm El Sheikh de Lançamento da Zona de Comércio Livre Tripartida da COMESA-EAC-SADC

Transcrição:

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, Ethiopia P. O. Box 3243 Telephone: 5517 700 Fax: 5517844 Website: www. Africa-union.org CONSELHO EXECUTIVO Décima Quarta Sessão Ordinária 29-30 de Janeiro de 2009 Adis Abeba, ETIÓPIA EX.CL/484 (XIV) Rev.1 RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DA COMISSÃO RELATIVO À IMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO DA CONFERÊNCIA SOBRE O ABUSO DO PRINCÍPIO DE JURISDIÇÃO UNIVERSAL

Pág. 1 I. INTRODUÇÃO 1. O princípio da jurisdição universal está bem estabelecido no Direito Internacional. A jurisdição universal não se aplica à todos os crimes internacionais, mas a uma categoria limitada de crimes. Permite que um Estado exerça a sua jurisdição doméstica para indiciar e julgar os perpetradores de crimes graves, tais como a pirataria, a tortura, o genocídio, os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade, que ocorram fora do seu território independentemente da nacionalidade dos perpetradores. A União Africana respeita este princípio, que consta na alínea (h) do Artigo 4º do Acto Constitutivo. 2. De recordar que, após as grandes preocupações expressas em relação à aplicação abusiva do princípio da jurisdição universal, bem como uma petição apresentada pela Conferência dos Ministros da Justiça e/ou Procuradores Gerais da UA, realizada na Sede da UA em Adis Abeba, no dia 18 de Abril de 2008, a Comissão efectuou um estudo abrangente sobre a aplicação e o âmbito do princípio da jurisdição universal. O estudo foi submetido ao Conselho Executivo e à Conferência da União Africana em Sharm El-Sheikh, Egipto, em Julho de 2008. II. Decisão da Conferência Assembly/AU/DEC.199 (XI) 3. Após devida apreciação do Relatório da Comissão, a 8ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, realizada em Sharm El-Sheikh, no Egipto, em Julho de 2008, na sua decisão Assembly/AU/Dec.1999 (XI), manifestou preocupação em relação ao uso abusivo do princípio por parte de alguns Estados não-africanos e decidiu, entre outras, o seguinte: 1. TOMA NOTA do Relatório da Comissão sobre o abuso do Princípio da Jurisdição Universal, em conformidade com a recomendação dos Ministros da Justiça/Procuradores Gerais em Adis Abeba, Etiópia, de 18 de Abril de 2008; 2. EVOCA a Declaração de Joanesburgo do Parlamento Pan-Africano, datada de 15 de Maio de 2008; 3. RECONHECENDO que a jurisdição universal é um princípio do Direito Internacional, cujo objectivo é de garantir que indivíduos que cometam crimes graves, tais como crimes de guerra e crimes contra a humanidade, não o façam com impunidade e sejam levados à justiça, o que é em conformidade com a alínea (h) do Artigo 4º do Acto Constitutivo da União Africana; 4. EVOCANDO a Declaração de Brazzaville emitida pelo Comité Interministerial da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, datada de 22 de Maio de 2008; 5. DECIDE o seguinte:

Pág. 2 i. Que o abuso do Princípio da Jurisdição Universal é um acontecimento que pode pôr em perigo o Direito, a ordem e a segurança internacionais; ii. iii. iv. A natureza política e o abuso do princípio da jurisdição internacional por parte de Juízes de alguns Estados não-africanos contra líderes africanos, especialmente no Ruanda, é uma violação flagrante da soberania e da integridade territorial desses Estados; O abuso e a gestão imprópria das acusações contra líderes Africanos têm um efeito desestabilizador, que produzirão um impacto negativo no desenvolvimento político, social e económico dos Estados e na sua capacidade de manter relações internacionais; Esses mandatos de captura não devem ser executados nos Estados Membros da União Africana; v. Há a necessidade de criar um órgão regulador internacional, com competência para rever e/ou tratar de reclamações ou interposições de recurso resultantes do abuso do princípio de jurisdição universal por Estados individuais. 6. SOLICITA que o Presidente da União Africana apresente a questão perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas (UN) e perante a Assembleia Geral das NU para consideração; 7. SOLICITA IGUALMENTE que o Presidente da Comissão da União Africana convoque urgentemente uma reunião entre a UA e a União Europeia (EU), a fim de debater a questão com o intuito de encontrar uma solução duradoira para este problema e, em particular, para garantir que esses mandatos de captura sejam retirados e não sejam exequíveis em qualquer país; 8. SOLICITA AINDA que todos os Estados Membros das NU imponham uma moratória a implementação desses mandatos de captura até que todas as questões jurídicas e políticas sejam exaustivamente debatidas entre a União Africana, a União Europeia e as Nações Unidas. 4. As acusações feitas por juízes individuais, em alguns países europeus, contra personalidades africanas foram também questiondas pelo Parlamento Pan-Africano, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), a Conferência Internacional sobre a região dos Grandes Lagos (IC/GLR), o Mercado Comum para a África Oriental e Ocidental (COMESA), a Comunidade da África Oriental (CAO), a Assembleia Legislativa da África Oriental (ALAO) e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), bem como por alguns indivíduos; Estados Africanos. De igual modo, foram contestadas pelos próprios acusados em tribunais franceses e belgas e pelo Governo Ruandês no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia. Para além disso, esses mandatos de captura não foram aceites pela Interpol e, por isso, não emitiram a circular vermelha nessa base.

Pág. 3 5. Este relatório apresenta um sumário das acções levadas a cabo para a implementação da decisão da Conferência acima indicada em relação às Nações Unidas e à União Europeia. III. ACÇÕES LEVADAS A CABO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO DA CONFERÊNCIA Assembly/AU/Dec.199 (VIII) a) Acções levadas a cabo em relação às Nações Unidas 6. A decisão da Conferência solicitou, entre outras coisas, que o Presidente da União Africana apresente a questão perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e perante a Assembleia Geral da ONU para consideração. 7. Em conformidade com essa decisão, o assunto foi levado a atenção da Assembleia Geral das Nações Unidas pelo S.E Sr. Jakaya M. Kikwete, Presidente da República Unida da Tanzânia, na sua declaração à Assembleia Geral da ONU em Setembro de 2008. Subsequentemente, a Tanzânia enviou uma comunicação ao Presidente da Assembleia Geral. A Comissão da UA levou ainda a questão à atenção do Secretariado das Nações Unidas. Este assunto consta também na agenda da Comissão sobre o Direito Internacional que o examinará, no contexto do seu trabalho em curso sobre a imunidade dos Funcionários de Estado. 8. Alem disso, uma delegação da União Africana liderada pelo Ministro da Justiça da Tanzânia (Hon. Mathias Chikawe), acompanhado pelo Ministro da Justiça/Procurador-Geral do Ruanda (Hon. Tharcisse Karugarama) e o Conselheiro Jurídico da UA (Sr. Ben Kioko), viajou à Nova Iorque em Dezembro de 2008, e manteve conversações sobre esta matéria com o Grupo Africano e, subsequentemente, com o Grupo do Movimento dos Não-alinhados. A delegação realizou também uma reunião com S.E. Sr. Miguel d'escoto Brockmann, Presidente da 63ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, desde 16 de Setembro de 2008, na presença do Emb. Lamamra, Comissário para a Paz e Segurança e com os Representantes Permanentes da Tanzânia e da UA na ONU. b) Acções empreendidas em relação à União Europeia 9. A Decisão da Assembleia solicitou, inter alia, ao Presidente da Comissão da UA para convocar urgentemente uma reunião entre a UA e a União Europeia (UE) para discutir a matéria, com vista a encontrar uma solução duradoura para o problema e, em particular, assegurar que esses mandatos sejam retirados e não sejam aplicáveis em nenhum país. 10. Na implementação da decisão da Assembleia, esta matéria foi levada à atenção da União Europeia, na 10ª Reunião da Troika Ministerial Africa-EU, realizada em Bruxelas, a 16 de Setembro de 2008, no contexto da parceria entre a União Africana e a União Europeia. Notando as preocupações da União Africana, os Ministros acordaram que se realiza mais debates sobre o assunto entre a União Africana e a União Europeia. A questão foi também debatida numa reunião de

Pág. 4 homólogos (União Europeia e Comissão da União Africana), realizada em Bruxelas, Bélgica, no dia 1 de Outubro de 2008. 11. Apesar da decisão da Conferência Assembly/AU/Dec. 199 (XI), que solicita à todos os Estados da EU a imporem uma moratória à implementação dos mandados de captura, até que todas as questões políticas e jurídicas sejam debatidas de forma exaustiva entre a União Africana, a União Europeia e as Nações Unidas, bem como ao alto nível entre a CUA e a EU, a srª Rose Kabuye, Chefe dos Serviços de Protocolo junto do Presidente do Ruanda, foi detida na Alemanhã, a 9 de Novembro de 2008, na sequência de um mandado de captura emitido por um juíz francês, quando se encontrava em missão de serviço. Posteriormente, ela foi transferida para a França, depois de ter estado detida cerca de uma semana. Ao chegar à França, foi levada a tribunal, de onde foi libertada sob caução, aguardando julgamento. 12. A Comissão enviou uma nota de protesto aos governos da França, da Alemanha e a EU, manifestando a sua grande decepção pelo facto de, apesar da decisão da Conferência, bem como das consultas em curso, o mandado de captura foi executado e um funcionário superior foi detido. O Parlamento Pan-africano, o Quénia, o Uganda e o Ruanda, também manifestaram o seu desapontamento e grande preocupação por isso ter acontecido. 13. Além disso, o assunto foi discutido também na 11 Reunião da Troika Ministerial UA/UE, realizada em Adis Abeba, Etiópia, de 20 a 21 de Novembro de 2008, durante a qual as duas partes reconheceram que o mesmo tem conseqências negativas nas relações entre a UA e a UE. A Troika concordou com a criação de um grupo técnico ad hoc para clarificar a sua respectiva compreensão, das partes africana e europeia, sobre o princípio da jurisdição universal, informar a próxima reunião da Troika, em Abril de 2009, e submeter um relatório preliminar antes do fim do mês de Janeiro de 2009. 14. A parte relevante do Comunicado (parágrafo 12) da 11ª Troika Ministerial UA-UE realizada de 20 a 21 de Novembro de 2008 (Adis Abeba), refere o seguinte: Os Ministros discutiram e sublinharam a necessidade de lutar contra a impunidade no quadro do Direito Internacional, de modo a garantir que aqueles que cometem crimes graves, tais como crimes de guerra e crimes contra a humanidade, sejam levados a justiça. A parte africana afirmou que se tem constatado a aplicação abusiva do princípio, que pode pôr em perigo o Direito Internacional e manifestou-se preocupado por isso estar a acontecer. A UE tomou nota da preocupação Africana, tal como foi expresso na Cimeira de Sharm El Sheik. As duas partes reconheceram que o assunto tem consequências negativas na relação entre a UE e a União Africana. Os Ministros acordaram em continuar a debater este assunto, bem como em constituir um grupo técnico ad hoc com vista a clarificar a respectiva compreensão, do lado Africano e da EU, sobre o princípio universal de

Pág. 5 jurisdição e a informar a próxima Reunião Ministerial da Troika, com um relatório preliminar a ser submetido antes do final do mês de Janeiro de 2009. 15. Ao abrigo desta decisão da 11ª Reunião Ministerial da Troika UA-EU, foi constituída um Grupo Técnico Ad hoc Consultivo por ambas as partes, a União Africana e a União Europeia, a fim de apoiar as discussões entre a UE e UA sobre o princípio de jurisdição universal, em particular, clarificar a respectiva compreensão da parte da UA e da UE sobre o Princípio de Jurisdição Universal, bem como apresentar um relatório na 12ª Reunião Ministerial da Troika EU-UA a ter lugar nos finais do mês de Abril de 2009. 16. Em conformidade com os Termos de Referência definidos para o Grupo de Peritos, o relatório deveria expor o seguinte: Uma descrição da noção jurídica do princípio da jurisdição universal, fazendo a distinção entre a jurisdição dos Tribunais Penais Internacionais e o exercício da jurisdição universal, bem como conceitos relacionados por Estados individuais na base das suas legislações nacionais. A respectiva compreensão por parte Africana e da UE relativa ao princípio de Jurisdição Universal e sua aplicação, bem como formular recomendações apropriadas com vista a levar a uma melhor compreensão mútua entre a UA e UE sobre o propósito e a prática da jurisdição universal. 17. A Comissão da UA e a Comissão Europeia nomearam, cada uma delas, três (3) peritos (seis no total ) apoiados por um Secretariado de quatro (4) funcionários, sendo dois da UA e dois da UE. A equipa de peritos da UA é chefiada por um antigo Presidente do Tribunal Internacional da Justiça e dois académicos. A parte da União Europeia é composta por três (3) académicos, um dos quais antigo Presidente da Câmara de Apelação do Tribunal Penal Internacional da antiga Jugoslávia. 18. Na sua primeira reunião em Bruxelas, de 14-15 de Janeiro de 2009, o Grupo de Peritos concordou, inter alia, com os seus métodos de trabalho elegendo os seus Co-presidentes (Dr. Mohammed Bedjaoui e Professor António Cassese). IV. SÍNTESE DO PROGRESSO DO TRABALHO DOS PERITOS E SUAS RECOMENDAÇÕES PRINCIPAIS 19. Durante a primeira reunião, os peritos identificaram a questão que requer a sua atenção, de modo a tratar de forma exaustiva este assunto. Discutiu-se o princípio de jurisdição universal no âmbito do Direito Internacional e fez-se a

Pág. 6 distinção entre a jurisdição dos tribunais penais internacionais,, por um lado, e o exercício da jurisdição universal e conceitos relacionados por Estados individuais com base nas suas legislações nacionais, por outro. Os Peritos trocaram também impressões sobre as abordagens da jurisdição universal nas legislações nacionais dos Estados europeus e registaram a posição da União Africana relativamente à questão de jurisdição universal. As legislações nacionais dos Estados africanos referentes à jurisdição universal serão discutidas pelos peritos na sua próxima reunião. Os peritos analisaram também as preocupações expressas pelos Estados africanos e europeus no que concerne ao exercício da jurisdição universal. Finalmente, os peritos examinaram igualmente possíveis recomendações relativas ao exercício da jurisdição universal, de modo a criar uma melhor compreensão mútua entre a UA e a UE sobre os objectivos da jurisdição universal. 20. No final desta reunião, os peritos concordaram nas seguintes recomendações previstas nos parágrafos que vão de 18 a 21: a) Conteúdos Propostos para o Relatório de Peritos 21. O relatório abarcará os seguintes pontos: (1) Conteúdo e definição da jurisdição universal no âmbito do Direito Internacional, e a sua distinção com as outras bases de jurisdição no âmbito do Direito Internacional; e, a falta de hierarquia das jurisdições internacionalmente admissíveis; (2) Linhas gerais sobre as abordagens da jurisdição universal nas legislações nacionais dos Estados Membros da UE e da UA; (3) Jurisdição do Tribunal Penal Internacional; (4) Pontos-chave sobre as preocupações da UA-UE relativamente à jurisdição universal; e (5) Recomendações e Directrizes sobre as condições para o exercício da jurisdição universal pelos Estados Membros da UE e da UA. b) Projecto de Recomendações Proposto 22. As recomendações propostas seriam destinadas essencialmente às autoridades do Estado, que desejassem exercer a jurisdição universal em relação a crimes internacionais alegadamente cometidos no estrangeiro contra cidadãos não nacionais por pessoas com um estatuto de funcionários séniores do Estado e que tratam do seguinte: Determinação do equilíbrio entre a luta contra a impunidade e a preservação de relações internacionais pacíficas; Tratamento do alegado criminoso (respeito pela presunção de inocência e pelo exercício de funções oficiais); Respeito pelas imunidades que os funcionários do Estado possam ter direito;

Pág. 7 Forma de notificação de acusações (por exemplo, intimação a comparecer ou medidas equivalentes em vez de mandados de captura); Implementar as directrizes propostas para o exercício da jurisdição universal; Possíveis mecanismos da UE para a coordenação de acções processuais e judiciais no exercício da jurisdição universal relativo a um crime, incluindo a consulta directa e a coordenação com os Estados Membros da União Africana e da União Europeia; Capacitação em questões jurídicas, incluído a formação judicial no âmbito da Parceria Estratégica África- UE Adopção da legislação nacional e de outras medidas em África, visando a prevenção e a punição relativa à crimes de guerra, genocídio, tortura e crimes contra a humanidade; Ratificação por todos os Estados de tratados internacionais relevantes, incluindo a Convenção de 1984 contra a Tortura e o Tratamento Degradante ou Desumano e a aceitação do direito de petição individual aos organismos relacionados com os tratados da ONU ; Instituição rápida em todos os Estados de procedimentos penais contra os perpetradores de crimes internacionais, ou extradição de tais pessoas c) Directrizes propostas sobre as condições para o Exercício da Jurisdição Universal 20. Em conformidade com as recomendações propostas, os peritos propõem igualmente a formulação de directrizes detalhadas para o exercício da jurisdição universal, cobrindo as três matérias seguintes: (A) Princípios Gerais sobre a Jurisdição Universal relativamente aos Crimes Internacionais (B) Condições para o exercício da Jurisdição Universal; e (C) a Detenção de pessoas acusadas de comissão de crimes internacionais no estrangeiro e as condições para a sua extradição para o país requerente. d) Passos Seguintes 21. Os peritos irão realizar uma segunda reunião em Adis Abeba, em Março de 2009, durante a qual irão decidir sobre a necessidade da realização de quaisquer outras reuniões. O relatório final será elaborado a tempo para ser apresentado na 12ª Troika Ministerial UE- UA que irá ter lugar em Abril de 2009:

Pág. 8 V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 22. Este relatório é apresentado para efeitos de informação, no âmbito das acções que visam a implementação da Decisão Assembly/AU/Dec.199 sobre o abuso do princípio de Jurisdição Universal. 23. A Comissão acredita que o trabalho levado a cabo pelo Grupo de Peritos Independente é credível e contribuiu muito para a resolução de todas as preocupações expressas pela União Africana e para encontrar uma solução que possa resolver o problema das consequências negativas que a aplicação abusiva do princípio da Jurisdição universal acarreta para a parceria África e a União Europeia. 24. A Comissão recomenda que se deve dar ao exercício iniciado uma oportunidade e que a questão deve ser analisada na próxima Cimeira em Julho de 2009. 25. Com efeito, recomenda-se a Conferência o seguinte: 1. TOME NOTA do Relatório de Actividades da Comissão sobre a Implementação da Decisão da Conferência Assembly/AU/Dec.199 (XI) adoptada pela Conferência em Sharm El-Sheikh, Egipto, em Julho de 2008, relativa ao Abuso do Princípio da Jurisdição Universal; 2. TOME NOTA IGUALMENTE do trabalho do Grupo Técnico ad hoc de Peritos da UA-UE estabelecido pela 11ª Troika Ministerial UA-UE com o mandato de esclarecer os respectivos entendimentos da parte Africana e da UE sobre o princípio de Jurisdição Universal; 3. REITERE o compromisso de lutar contra a impunidade de acordo com as provisões do Artigo 4 (h) do Acto Constitutivo; 4. LAMENTE que, apesar da decisão da Cimeira anterior solicitar uma moratória e, enquanto a União Africana e a União Europeia estivessem a discutir na busca de uma solução duradoira a esta questão, foi emitido um mandato de detenção e captura contra a Srª Rose Kabuye, Chefe do Protocolo do Presidente do Rwanda, criando assim uma tensão entre a UA e a UE; 5. REITERE o seu apelo a todos os Estados Membros da ONU, especialmente os Estados da UE, para suspenderem a execução dos mandatos de captura emitidos pelos Estados europeus individuais até que todas as questões jurídico-políticas sejam sido debatidas exaustivamente entre a União Africana, a União Europeia e as Nações Unidas; 6. REITERE AINDA o seu apelo ao Presidente da União Africana no sentido de acompanhar esta questão com vista a garantir que seja debatida de

Pág. 9 forma exaustiva ao nível do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e da Assembleia Geral da ONU; 7. EXORTE às Comissões da UA e da UE a prestarem o apoio necessário ao Grupo Técnico AD HOC de Peritos; 8. SOLICITE a Comissão a fazer o acompanhamento desta questão com vista a garantir que seja alcançada uma solução definitiva para este problema e informar à próxima Sessão Ordinária da Conferência através do Conselho Executivo em Julho de 2009; 9. SOLICITE o Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos para analisar as implicações e todos os aspectos do Tribunal que está a ser capacitado para lutar contra a impunidade, de modo a que os perpetradores do genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra, sejam apresentados ao Tribunal em África.