Antonio Luiz Ribeiro Monteiro. Faculdade de Ciências de Administração de Pernambuco FCAP/FESP UPE Coordenadoria de Pesquisa



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Transcrição:

A SITUAÇÃO DOS EGRESSOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO FCAP/FESP UPE, DOS ANOS 1981-1989, NO MERCADO DE TRABALHO E SUA VISÃO SOBRE O CURSO REALIZADO AUTOR Antonio Luiz Ribeiro Monteiro INSTITUIÇÃO RESUMO Faculdade de Ciências de Administração de Pernambuco FCAP/FESP UPE Coordenadoria de Pesquisa Este trabalho teve por objetivo desenvolver uma avaliação do curso de graduação em Administração oferecido pela FCAP/FESP UPE, a partir da perspectiva de seus egressos, com vistas a incorporar ao processo ensino/aprendizagem elementos da realidade externa a instituição que apenas o diplomado está em condições de propiciar, uma vez que é ele quem experimenta pessoalmente as conseqüências dos aspectos positivos e negativos vivenciados durante sua graduação. A pesquisa foi desenvolvida através da aplicação de dois questionários junto a uma amostra aleatória dos ex-alunos da FCAP, do período 1981-1989. O primeiro deles dirigiu-se para a caracterização de um perfil profissional, acadêmico e pessoal do egresso, enquanto, o seguido procurou captar sua opinião sobre o curso que realizou.

Introdução A Faculdade de Ciências Administrativas de Pernambuco FCAP/FESP-UPE, através de sua Coordenadoria de Pesquisas, em convênio com o Instituto Euvaldo Lodi IEL/PE, acaba de concluir um trabalho de pesquisa, de caráter avaliativo, a partir da perspectiva de seus egressos. A investigação realizada procurou estudar a situação dos diplomados do curso de graduação em Administração no mercado de trabalho e suas opiniões sobre o curso que desenvolveram. A pesquisa funda-se na concepção que identifica a avaliação de cursos de terceiro grau por seus exalunos, como um importante passo no sentido de incorporar do processo ensino/aprendizagem elementos da realidade externa à instituição que apenas o diplomado está em condições de oferecer, na medida em que é de quem experimenta pessoalmente as conseqüências dos aspectos positivos e negativos vivenciados durante sua graduação. O presente documento é constituído pelo quarto capítulo do relatório final do trabalho descrito acima. Trata-se da parte na qual se procura desenvolver uma análise global dos resultados obtidos ao longo do processo de investigação, bem como as sugestões para uma série de ações e novas pesquisas que se afiguram necessárias para complementar os conhecimentos adquiridos na execução deste trabalho. 4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Como salientado no projeto original, presente pesquisa não se pretende final e conclusiva. Ao contrário, seu objetivo principal consiste em produzir indicadores para subsidiar o desenvolvimento de um processo de reflexão e debate em torno dos elementos essenciais que caracterizam o curso de graduação em Administração oferecido pela FCAP/FESP-UPE. No entanto, apesar do seu caráter descritivo e de instrumento de apoio para trabalhos futuros, a investigação realizada produziu algumas conclusões que devem ser ressaltadas. Este capítulo tem por propósito apresentá-las. Está estru turado em três seções: a primeira tem por objetivo relatar uma síntese do perfil dos egressos dos três grupos, evidenciando os pontos principais que os caracterizam; a Segunda seção tem por meta desenvolver uma análise global do trabalho realizado, procurando-se resgatar os elementos essenciais que os diplomados estão explicitando em suas respostas de modo a destacar as conclusões geradas ao longo do processo de pesquisa. Por fim, à luz das constatações indicadas nas duas seções anteriores, são introduzidas algumas recomendações para trabalhos futuros e de ações imediatas com vistas a sanar os problemas identificados. 4.1. O perfil dos Egressos síntese dos Resultados 4.1.1. O Primeiro Grupo Foram respondidos 33 questionários, dos quais 22 (66.7%) por homens e 11 (33,3%) por mulheres. A idade média de entrada na faculdade situa-se em torno dos 26,6 anos; a maioria dos egressos deste grupo 82,0% - desenvolveram a graduação vinculados a atividades profissionais que os ocupava em período integral. Atualmente é o setor público quem os absorve em maior proporção: 51,7% dos ex-alunos do grupo. Os demais (48,3%) estão ligados ao setor privado. A relação de trabalho predominante é o assalariamento, englobando 22 egresso (68,7%). Dos 11 restantes, tem-se 2 (6,3%) desempregados; 1 (3,1%) inativo e 7 (21,2%) atuando como empresários ou autônomos. o ramo de atividade que se destaca como empregador é Administração Pública/Autarquias, com 37,9% dos ex-alunos engajados em trabalho remunerado. Os níveis de rendimentos são relativamente elevados; 52,4% dos egressos que responderam à questão auferem ganhos acima de 20 salários mínimos/hora (S.M.h). A grande maioria destes diplomados têm mais de cinco anos na ocupação atual; esta, representa para 28,6% deles a primeira; para 25,0% a Segunda e para 46,4% a terceira ou mais na carreira profissional do ex-aluno. Grande parte deles, 79,0%, consideram-se atuando em atividade vinculada ao curso de graduação. Os principais instrumentos de acesso a ocupação atual foram: Concurso ou seleção; Indicação ou convite de parentes ou amigos; Indicação ou convite de professores e/ou profissionais da área.

4.1.2. O Segundo Grupo Neste grupo devido a problemas no processo de localização dos ex-alunos não se logrou completar a amostra definida originalmente; dos 47 egressos incluídos inicialmente, foram encontrados e entrevistados 45. Dentre eles, 24 (53,3%) são homens e 21 (46,7%) mulheres. A idade média de entrada na faculdade situa-se em torno dos 21,6 anos. Aproximadamente 56% desses ex-alunos trabalhavam em regime de tempo integral, na época da graduação. Hoje, a maioria deles vinculam-se ao setor privado: 55,0% dos ex-alunos com trabalho remunerado. Os 45,0% restantes estão ligados ao setor público. Dos egressos que se encontram engajados em atividade remunerada, a maior parte são assalariados (72,7%). Além desses, têm-se: 1 (2,3%) desempregado; 1 (2,3%) inativo e 10 (22,7%) atuando como empresários ou autônomos. O ramo de atividade com maior presença é Administração Pública/Autarquias, com 30,9% dos ex-alunos que trabalham. Os níveis de rendimentos auferidos são bem inferiores aos observados no grupo 1; a maioria destes egressos (54,3%) obtém retorno financeiro igual ou menor que 10 salários mínimos/hora; apenas 14,3% deles atingem o extrato superior de remuneração. O tempo de trabalho na ocupação atual situa-se acima dos dois anos, sendo que a maioria deles concentram-se na faixa de dois a cinco anos. O nível de mudança de atividade é relativamente elevado; 39,0% encontram-se na terceira ou mais ocupação; 29,2% na segunda. As formas mais indicadas de acesso ao trabalho atual são: Concurso ou seleção e Indicação ou convite de parentes ou amigos. 4.1.3. O Terceiro Grupo No total, 48 egressos preencheram os questionários, sendo 21 (43,7%) do sexo masculino e 27 (56,3%) do sexo feminino. A idade média de entrada na faculdade situa-se ao redor dos 19,8 anos. Na época da graduação, 23 ex-alunos (48%) atuavam em tempo parcial e 8 (16,6%) não trabalhavam. Atualmente a maior parte dos diplomados do grupo 3., isto é 25 egressos (64,1%) exercem atividades profissionais no setor privado. Os demais (14 ou 35,9%) estão ligados ao setor público. O vínculo de trabalho que predomina é o assalariado; nesta condição tem-se 28 diplomados ou 58,4% do total. Na posição de empregador os empresários ou autônomos têm-se 11 ex-alunos ou 22,9% do total. Os demais encontram-se desempregados 6 egressos ou 12,5% - e inativos 3 ou 6,2%. O maior contingente de diplomados desse grupo está trabalhando no ramo Bancos e Instituições de Crédito: são 11 ex-alunos ou 28,2% dos que têm trabalho remunerado. Os níveis salariais são relativamente baixos: 60% dos ex-alunos auferem rendimentos inferiores a 10 salários mínimos/hora. O tempo de trabalho na ocupação atual está abaixo dos 5 anos para a grande maioria dos entrevistados deste grupo. Observa-se um índice elevado de mudança de trabalho, principalmente quando se recorda o pouco tempo de formatura e a baixa idade média de entrada na faculdade; 28,9% estão na Segunda ocupação e 36,9% encontram-se na terceira. Os principais instrumentos de acesso ao trabalho atual são Concurso ou seleção e Indicação de parentes e/ou amigos. 4.2. Análise Global Esta seção tem por meta resgatar os aspectos principais que, implícitos ou explícitos ao longo do relatório, constituem-se em elementos importantes para a compreensão do objeto de estudo desta pesquisa. Trata-se, em última instância, das conclusões que o trabalho realizado produziu, as quais são retomadas neste momento em uma análise global com vistas a salientar suas repercussões sobre as perspectivas de desenvolvimento futuro para o curso sob avaliação. Inicialmente cumpre ressaltar uma questão que se afigura fundamental enquanto resultado da investigação desenvolvida. Diz respeito à inexistência de diferenças expressivas entre os grupos estudados, quer no que se refere às informações fornecidas pelos egressos em suas respostas ao primeiro questionário, quer no que concerne às opiniões que estão manifestando na avaliação que fazem sobre o curso realizado. Em outras palavras, significa dizer que os grupos, constituídos de modo sistemático a partir do tempo de diploma dos egressos, na verdade não se sustentam enquanto tal, ou seja, as populações que lhes dão origem são homogêneas. Esta constatação produz repercussões que merecem destaque. Em primeiro lugar apresenta-se como um reforço à proposta mercadológica desenvolvida pelo professor Bogaard (Boogard, 1984). Em seu trabalho, Boogard deixa evidente a inutilidade de um período muito longo enquanto universo de investigação para pesquisas com egressos. Ao contrário, sugere como população o conjunto de três turmas de diplomados,

descartando-se os dois anos imediatamente anteriores ao início de trabalhos, considerandos este intervalo como suficiente para a obtenção de resultados plenamente satisfatórios, capazes de revelar a perspectiva que o exaluno possui sobre sua graduação. Um outro aspecto que a questão acima levantada revela, inscreve-se nos limites do caso FCAP-FESP. Como salientado anteriormente, o curso oferecido pela instituição foi submetido a uma reforma em sua estrutura curricular, cuja implantação verificou-se no ano de 1984. Desta forma, observando-se a composição dos grupos, pode-se concluir eu os diplomados pertencentes ao terceiro grupo período 1987/89 frequentaram um currículo diverso daquele em vigor para os ex-alunos dos dois grupos. No entanto as opiniões que os egressos manifestam em sua avaliação do curso, apontam para uma quase unanimidade, verificando-se, com variações mínimas, as mesmas críticas aos diferentes pontos investigados. Portanto, à primeira vista, as alterações processadas no conteúdo curricular não foram suficientes para determinar uma mudança na percepção que os exalunos formaram sobre o curso realizado. No âmbito deste trabalho fica muito difícil estabelecer as causas para os resultados obtidos. Pode-se pensar, a nível de hipótese, que pontos essenciais do processo ensino/aprendizagem como por exemplo, a relação professor/aluno, a questão da didática/método de ensino, a definição clara e precisa dos objetivos do curso, métodos e mecanismos de avaliação, entre outros foram esquecidos, quer na elaboração, quer na implantação/execução, ou mesmo em ambas as fases da reforma de 1984. De qualquer modo, a explicitação daqueles resultados recoloca em debate todos estes aspectos, impondo-se a dirigentes, professores e alunos que se manifestem e organizem-se com vistas a identificar os esquemas e procedimentos capazes de reverter a situação atual. A seguir procura-se retomar alguns elementos presentes nos depoimentos dos ex-alunos, os quais encontram-se vinculados de modo evidente às opiniões que revelam em suas respostas ao segundo questionário. O primeiro ponto a salientar diz respeito à concepção que manifestam sobre como deveria ser a graduação em Administração. Em síntese, estão declarando que consideram necessário enfatizar a preparação técnica, cobrando do curso uma postura essencialmente pragmática, dirigida para o fornecimento de instrumentos necessários à inserção imediata no mercado de trabalho; isto é, sugerem que o processo de ensino deve ser efetivamente formador de mão-de-obra especializada. Esta demanda aparece em vários depoimentos de egressos dos diversos grupos e encontra-se também refletida na avaliação que expressam sobre o preparo prático que vivenciaram no curso realizado. Aliás, vale salientar, em flagrante divergência em relação à proposta de curso em vigor na instituição. Em outras palavras, nota-se claramente explicitado no discurso de grande parte dos dirigentes da instituição que a grande vantagem do curso que oferecem encontra-se na presença marcante de professores que têm sua atividade principal fora da escola, e que, com isso, estariam quebrando o excesso de academicismo que identificam no docente de carreira e, particularmente, pelo componente de vivência prática que caracterizaria o profissional que ensina. Significa dizer que, ao contrário do que os alunos estão afirmando, para os que fazem FCAP, o curso de graduação em Administração apresenta-se essencialmente voltado para a prática profissional. A guisa de contribuição para aprofundamento futuro, considera-se necessário abordar dois aspectos básicos sobre a questão levantada. Em primeiro lugar, deve-se salientar, esta discussão recoloca a polêmica sobre o papel dos cursos de terceiro grau: a formação generalista versus a formação especialista/tecnicista. Este debate é bastante antigo e tem evidenciados os perigos de uma opção pelo ensino exclusivamente técnico, na medida em que tende a inviabilizar a formação conceitual e humana e, consequentemente, a qualificação profissional. Por outro lado, não se pode perder de vista que uma das razões da existência dos cursos de terceiro grau encontra-se na formação de profissionais aptos a exercer atividades produtivas no âmbito de sua especialidade. No entanto, os comentários que os egressos externam estão a indicar que a formação que lhes foi oferecida durante a graduação não os preparou para enfrentar as condições efetivas presentes no mercado de trabalho. Os dois aspectos salientados acima não são necessariamente antagônicos. Ao contrário, constituem-se no grande desafio para a escola de administração, a saber, estabelecer um processo de ensino que equilibre a formação conceitual essencialmente teórica com aprendizado de métodos e técnicas necessárias ao desempenho profissional de seus diplomados.

Outro elemento que se identifica nos comentários dos ex-alunos encontra-se em sua visão sobre teoria e prática. Aparentemente estão indicando que sua inexperiência profissional decorre de um processo de ensino excessivamente teórico e deficiente em termos de preparo prático. Significa dizer que, se a equação fosse invertida isto é, a redução do conteúdo teórico em prol da ênfase no ensino prático, estariam habilitados a enfrentar o mercado de trabalho com maiores possibilidades de sucesso. Entretanto, deve-se salientar, a dicotomia teoria/prática afigura-se equivocada. Na realidade a, matériaprima de um curso de terceiro grau, é essencialmente, a teoria; a prática, para um profissional da área de administração, constituir-se-á a partir do enfentramento do cotidiano organizacional, onde os conhecimentos se transformam e se reproduzem. Em outras palavras, a prática só será alcançada na atuação profissional; não, é, neste sentido, função da escola. Naturalmente não se está afirmando que a formação profissional não é responsabilidade da faculdade; apenas procura-se evidenciar os limites que a escola tem neste terreno. O que pode fazer é simular a realidade, e aí, o docente desempenha papel fundamental, uma vez que, é ele quem define a formulação teórica que apresentará aos estudantes e, mais importante, é quem deve explicitar as conexões com o real, isto é, a passagem do nível teórico abstrato por natureza, - para o real concreto por natureza -. Atrelado à questão da inexperiência profissional surge o problema do acesso ao mercado de trabalho. Novamente os egressos cobram da escola um papel que ela não tem condições de desempenhar. Trata-se de, em síntese, colocar a faculdade como um agente viabilizador de uma colocação profissional. Neste sentido vários egressos propõem a integração escola empresa, não visando a melhoria de seu preparo para o trabalho, mas sim como um instrumento facilitador em sua busca por emprego remunerado. Naturalmente, alguns elementos externos estão jogando papel importante neste nível, sendo o principal, a crise por que passa a economia brasileira. Esta destrói postos de trabalho e torna o mercado muito mais seletivo e concorrencial, dificultando sobre modo a colocação profissional. A par deste aspecto, a própria escola contribui de forma decisiva ao não levar em consideração as perspectivas futuras para o nível de atividade econômica quando define o número de vagas que oferece. Por fim, um outro elemento objeto de crítica por parte dos ex-alunos, diz respeito ao comportamento de colegas de escola e dos professores. No caso do primeiro, chama atenção para o descompromisso e pouco interesse que manifestam quanto ao curso que desenvolvem. Identificam nesta forma de atuação uma das causas para o descrédito que tem marcado os profissionais da área e dificultado seu acesso ao mercado de trabalho. No caso dos professores, notam o mesmo desinteresse, que se reflete de forma decisiva sobre os cursos que oferecem. Naturalmente não entram na discussão das condições de trabalho que os docentes estão enfrentando. A idéia de que o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende, parece permear esta visão que os egressos manifestam e que, de certa forma, não está muito distante do que ocorre na realidade. Também a desorganização administrativa aparece nas colocações dos ex-alunos: dizem da ineficiência do atendimento que recebem e dos reflexos que provocam em seu rendimento escolar. Todos os pontos salientados acima representam um alerta aos que fazem a graduação em Administração da FCAP/FESP-UPE, uma vez que revelam distorções e problemas em sua estrutura e nos mecanismos de funcionamento que utiliza em sua operação. Naturalmente, deve-se ressaltar, este trabalho, não pode ser considerado, concluído; ao contrário, como já indicado anteriormente, trata-se de um primeiro passo que a faculdade dá, visando perceber-se enquanto Instituição de Ensino Superior, restando, neste sentido, um longo caminho a ser percorrido para que se alcance o seu objetivo maior, qual seja, dotar-se dos conhecimentos necessários à deflagração de um processo permanente e contínuo de avaliação, enquanto instrumento de identificação e correção de suas falhas e de realização de seus potenciais. 4.3. Recomendações e Sugestões As recomendações incluídas nesta seção, surgem como decorrência dos principais aspectos analisados ao longo do trabalho desenvolvido e que se afiguram importantes para a reestruturação do curso de graduação em administração ministrado na FCAP/FESP-UPE. Dizem respeito, basicamente, a dois níveis de ações que devem ser implementados: o primeiro em relação ao curso e ao processo de formação e se referem ao currículo e a atuação docente; o segundo trata de futuras pesquisas dirigidas para a avaliação do processo ensino/aprendizagem.

Quanto ao primeiro ponto, as sugestões são as que seguem: - Trabalhar junto a professores da escola de administração com vistas à reavaliar a metodologia de ensino da Administração. Trata-se de buscar, a partir da análise de aspectos como métodos de ensino, processo ensino/aprendizagem, relação professor/aluno, nível de formação intelectual do corpo discente, entre outros, novos procedimentos de sala de aula de modo a eliminar a dicotomia entre teoria e prática, muito evidente na avaliação que o ex-aluno apresenta sobre o curso da FCAP. Na implementação deste trabalho seria interessante o concurso de profissionais da área de Administração e de educação; - Trabalhar, se possível em articulação com o IEL e CIEE (Centro de Integração Escola- Empresa), no sentido de reavaliar o papel de estágio curricular, visando a redefinição de seu conteúdo e método de trabalho, de modo a resgatar sua função no processo de formação do aluno e de elemento de integração entre a vida escolar e profissional do estudante; - Reestruturar o currículo do curso de Administração procurando-se identificar as capacitações necessárias ao desempenho profissional do Administrador, dotando-as de conteúdo atualizado e relevante, sem perder de vista a postura crítica e questionadora. Trata-se em essência de, considerando as limitações da realidade, desenvolver propostas de novas alternativas viáveis, capazes de formar profissionais habilitados ao exercício da profissão, mas também com potencial para mudar. Com relação ao segundo ponto, as recomendações são as seguintes: - Continuar o trabalho iniciado com o egresso, incorporando os demais atores do processo ensino/aprendizagem, isto é, alunos e professores do curso de Administração. Trata-se, em síntese, de aplicar instrumentos semelhantes aos utilizados na pesquisa como ex-aluno, aos corpos discentes e docente da faculdade de modo a compor uma visão global do curso hoje ministrado na FCAP/FESP. - Preparar o material síntese deste trabalho para distribuição entre os alunos e ex-alunos como instrumento de reflexão para futuro debate e discussão em torno do curso sob avaliação. - Montar uma série de seminários para apresentação dos resultados deste trabalho, envolvendo professores, alunos, egressos, empresários e dirigentes do setor público, visando debater os problemas identificados e encaminhar possíveis soluções. - Desenvolver trabalho de investigação junto ao aluno aprovado no vestibular e que se encontra em processo inicial de matrícula na faculdade, com vistas a identificar sua percepção sobre o curso que começa a desenvolver, buscando apreender sua formação intelectual atual, as razões que determinaram sua opção pela área de administração e seus planos em termos de atuação profissional. - Desenvolver trabalho de pesquisa junto às empresas como universo pode-se adotar as empresas do Estado de Pernambuco com vistas a identificar seus critérios de seleção e contratação de profissionais da área de administração. Trata-se de investigação que tem por propósito caracterizar os mecanismos e meios que as empresas tanto do setor público quanto do setor privado adotam em sua política de formação de recursos humanos. A ênfase vai no sentido de identificar as capacitações que as empresas procuram em profissionais da área. - Desenvolver esquemas de avaliação institucional permanente de modo a manter a escola em contínuo processo de revisão e redefinição de seus procedimentos e conteúdos. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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