Medicalização em saúde processos saúde doença e processos de trabalho em saúde



Documentos relacionados
Comorbidades que podem estar associadas a Dislexia (TDA/TDAH)

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH) Tania Zagury Filósofa, Mestre em Educação e Escritora

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE - TDAH P R O F E S S O R : H U M B E R T O M Ü L L E R S A Ú D E M E N T A L

TDAH. Rosania Morales Morroni. Rosana Talarico Pereira. Cintia Souza Borges de Carvalho.

e (Transtornos Específicos da Aprendizagem (TEA)) Dulcelene Bruzarosco Psicóloga/Terapeuta de Família e Casal.

Apresenta: Apresentação: Thais F., Francine S. R. e Rita (acadêmicas) Orientação: Profa Dra.Patrícia A. Pinheiro Crenitte

CONHECIMENTO DO PROFESSOR SOBRE TDAH E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO ESCOLAR DO ALUNO HIPERATIVO

Resumo Aula 9- Psicofármacos e Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na infância, na adolescência e na idade adulta

Fundamentos Teóricos e Práticos. com TDAH e Dislexia

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

Orientações a respeito do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

Você conhece a Medicina de Família e Comunidade?

GT Psicologia da Educação Trabalho encomendado. A pesquisa e o tema da subjetividade em educação

RELAÇÃO DE LINHAS DE PESQUISA, EMENTAS E TEMAS PARA ORIENTAÇÃO DE TCC PEDAGOGIA

Unidade 3: A Teoria da Ação Social de Max Weber. Professor Igor Assaf Mendes Sociologia Geral - Psicologia

GRITO PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Direitos Reservados à A&R - Reprodução Proibida

Definições. Classificação. Atendimento educacional especializado - Educação Especial. Escolas especializadas Escolas da rede regular de ensino

Apêndice IV ao Anexo A do Edital de Credenciamento nº 05/2015, do COM8DN DEFINIÇÃO DA TERMINOLOGIA UTILIZADA NO PROJETO BÁSICO

Dra. Nadia A. Bossa. O Olhar Psicopedagógico nas Dificuldades de Aprendizagem

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

CURSO PREPARATÓRIO PARA PROFESSORES. Profa. M. Ana Paula Melim Profa. Milene Bartolomei Silva

CENTRO DE ESTUDO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROPOSTA DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Elaboração de Projetos

0 ponto - Não há perda de memória óbvia. Esquecimentos irregulares que não interferem com as atividades diárias

Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência

INTERSETORIALIDADE E AUTISMO

Avaliação. Formulação de Caso BETANIA MARQUES DUTRA. MSc. Psicologia. Esp. Neusopsicologia. Esp.Psicopedagogia. Terapeuta Cognitivo-Comportamental

Homeopatia. Copyrights - Movimento Nacional de Valorização e Divulgação da Homeopatia mnvdh@terra.com.br 2

BOLETIM INFORMATIVO JAN/FEV.

Atividade Motora Adaptada

Atuação do psicólogo na Assistência Social. Iolete Ribeiro da Silva Conselho Federal de Psicologia

Centro de Estudos Avançados em Pós Graduação e Pesquisa

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA NO ENSINO REGULAR

Núcleo de Educação Infantil Solarium

CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA CONFEA III SEMINÁRIO NACIONAL DE OUVIDORES DO SISTEMA CONFEA/CREA E MÚTUA

Espiritualidade e Saúde: avaliação de uma proposta educacional para a graduação em Medicina e Enfermagem na UNIFESP

PARECER DOS RECURSOS

Capacitação docente para atendimento educacional especial:

Transtornos Mentais diagnosticados na infância ou na adolescência

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Como mediador o educador da primeira infância tem nas suas ações o motivador de sua conduta, para tanto ele deve:

Agrupamento de Escolas de Rio de Mouro Padre Alberto Neto CÓDIGO Sub-departamento de Educação Especial

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EDUCAÇÃO INCLUSIVA 400h. Estrutura Curricular do Curso Disciplinas

2- Objetivo 3- Método 4- Resultados 5-Conclusões

Dificuldades de aprendizagem

V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO.

Buscamos compreender como ocorrem os processos de desenvolvimento humano, organizacional e social

TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA DE UMA ESCOLA INCLUSIVA. Profa. Maria Antonia Ramos de Azevedo UNESP/Rio Claro.

COLÉGIO VICENTINO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio Rua Rui Barbosa, 1324, Toledo PR Fone:

estão de Pessoas e Inovação

CartilhaEscola_Final.qxp:escola 9/16/08 6:23 PM Page 1

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

PARECER Nº, DE RELATORA: Senadora MARISA SERRANO

Plano Municipal de Ações Articuladas para as pessoas com deficiência da Cidade de São Paulo

Encontro de Empresas Mesa redonda: Programa de Assistência ao Empregado: para onde encaminhar. Ambulatório

DISLEXIA E TDAH: SUBSÍDIOS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ERONICE DE SOUZA LEÃO PSICOPEDAGOGA

Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL. Prof. José Junior

Curso de Especialização Educação Infantil 2ª Edição EMENTA DAS DISCIPLINAS

Resumo Aula-tema 04: Eu e os outros (Competência Social)

Seminário Regional Semana da Água Alta bacia Consórcio PCJ Bragança Paulista, 27 de março de 2014.

Instituto Educacional Santa Catarina. Faculdade Jangada. Atenas Cursos

Profª Iris do Céu Clara Costa - UFRN iris_odontoufrn@yahoo.com.br

Maus -tratos. ACÇÃO DE FORMAÇÃO ANO de 2010 FÁBIA SOUZA

O Programa Educação Gaia

O Indivíduo em Sociedade

ESTRATÉGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES. Profa. Me. Michele Costa

BRINCAR É UM DIREITO!!!! Juliana Moraes Almeida Terapeuta Ocupacional Especialista em Reabilitação neurológica

RESOLUÇÃO. Bragança Paulista, 30 de maio de Prof. Milton Mayer Presidente

Secretaria de Meio Ambiente - Deficiência Mental - Profa Maria Cecília Toledo

COMPORTAMENTO SEGURO

Projeto Prevenção Também se Ensina

Ao Conselho Municipal de Saúde do Município de. Excelentíssimo Sr(a). Presidente

EDUCAÇÃO EM SAÚDE AMBIENTAL:

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

A Tecnologia e Seus Benefícios Para a Educação Infantil

O TEMPO NO ABRIGO: PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA, GARANTIA DE SINGULARIDADE

Avaliação Psicossocial: conceitos

Planejamento de Aula - Ferramenta Mar aberto

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Decanato Acadêmico

Mau desempenho escolar

I Colóquio de Deficiência Visual de Leiria Uma visão diferente

Modelos de mudanças comportamentais: da teoria à prática

Ensine a Regra Aqui ninguém toca aos seus filhos.

Dra. Margareth Diniz Coordenadora PPGE/UFOP

Tudo o que você precisa saber para ter filhos éticos, inteligentes, felizes e de sucesso

II Encontro MPSP/MEC/UNDIME-SP. Material das Palestras

I Seminário. Estadual de enfrentamento ao CRACK. O papel da família no contexto da prevenção e do enfrentamento aos problemas decorrentes do CRACK

PROJETO MEIO AMBIENTE NA SALA DE AULA

O que é Distúrbio Bipolar Bipolar Disorder Source - NIMH

PROJETO MEIO AMBIENTE NA SALA DE AULA

ESTA PALESTRA NÃO PODERÁ SER REPRODUZIDA SEM A REFERÊNCIA DO AUTOR. 15:04 1

Visitem a escola de seus filhos sempre que puderem. Conversem com os professores. Perguntem como seus filhos estão nos estudos.

Fonte:

Jardim Infantil Popular da Pontinha. Projeto Educativo Creche

Estado de Santa Catarina CÂMARA MUNICIPAL DE PALHOÇA Setor de Expediente

Transcrição:

Medicalização em saúde processos saúde doença e processos de trabalho em saúde Fernando Cesar Chacra VI Seminário Internacional de Atenção Básica Rio de Janeiro - 2012

A verdade raramente é pura e jamais é simples Oscar Wilde

Medicalização Jean Clavreul Relação médico-paciente tende, historicamente, a uma relação duplamente dessubjetivada 1ª Dessubjetivação = o médico confunde-se com a Medicina ( Ciências aplicadas ao cuidado do corpo e de suas doenças) 2ª Dessubjetivação = o paciente confunde-se com a doença ou o corpo em risco de adoecer

Dimensões da consciência de si Eu Pessoa Cidadão Sujeito DIMENSÃO PSICOLÓGICA Fluxo de estados corporais e mentais, que retêm o PASSADO pela MEMÓRIA; percebe o PRESENTE pela ATENÇÃO e espera O FUTURO pela IMAGINAÇÂO DIMENSÃO ÉTICO e MORAL Espontaneidade para ESCOLHER, DELIBERAR e AGIR conforme à LIBERDADE e à RESPONSABILI- DADE, considerando os DIREITOS alheios, o DEVER de cada um e o senso de VIRTUDE DIMENSÃO POLÍTICA Reconhecimento de si no tecido social como portador de DIREI- TOS e DEVERES, relacionando-se com a ESFERA PÙBLICA do PODER, das LEIS e dos interesses de CLASSE DIMENSÃO DA CONSCIÊNCIA REFLEXIVA Entendida como atividade sensível e intelectual, capaz de ANALISAR, SINTETISAR, CRI- AR, REPRESEN- TAR, PENSAR, reconhecer-se reflexivo e diferente dos objetos

Violência Considerando que a humanidade dos humanos reside no fato de serem racionais, dotados de vontade livre, de capacidade para comunicação, para a vida em sociedade, para a interação com a Natureza e com o tempo, nos definimos como SUJEITOS do CONHECIMENTO e de nossa AÇÃO, localizando assim VIOLÊNCIA em tudo aquilo que reduz nossa condição de SUJEITO à condição de OBJETO (Marilena CHAUÍ, Convite à Filosofia, 1994)

medicalização Medicalização é o processo pelo qual o modo de vida dos homens é apropriado pela medicina e que interfere na construção de conceitos, regras de higiene, normas de moral e costumes prescritos sexuais, alimentares, de habitação e de comportamentos sociais. Este processo está intimamente articulado à idéia de que não se pode separar o saber LUZ, Madel Therezinha. Natural, racional, social: razão médica e racionalidade científica moderna. Rio de Janeiro, Campus, 1988 produzido cientificamente em uma estrutura social - de suas propostas de intervenção na sociedade, de suas proposições políticas implícitas. A medicalização tem, como objetivo, a intervenção política no corpo social.

Processo saúde doença e medicalização Processo saúde doença como processo histórico-social A determinação social só é percebida quando analisada na perspectiva coletiva Está sujeito a processos medicalizantes Produza perspectivas que entram em disputa Visão biomédica ecológica e a histórico-social

Exemplos de medicalização Peter Conrad (2010) sociólogo da medicina (medical sociologist) Menopausa Disfunção erétil Sexualidade Infertilidade Risco de malformação intra-uterina Calvície masculina Imagem corporal Obesidade Tristeza Dificuldades de concentração nas atividades escolares Condutas opositoras e desafiantes Distúrbios do sono Consumo de substâncias psicoativas

Puericultura e medicalização

Medicalização e patologização das dificuldades escolares Maria Aparecida Afonso Moysés A medicalização da vida de crianças e adolescentes articula-se com a medicalização da educação na invenção das doenças do não-aprender. A medicina afirma que os graves e crônicos problemas do sistema educacional seriam decorrentes de doenças que ela, medicina, seria capaz de resolver; cria, assim, a demanda por seus serviços, ampliando a medicalização.

Medicalizações mais antigas das dificuldades escolares Desnutrição Proteico-calórica ou Subnutrição Anemias carenciais Parasitoses Pobreza Ignorância Doenças carenciais infecto-parasitárias e do desenvolvimento físico e emocional e cognitivo

Hoje: o mundo dos transtornos neuropsiquiátricos e outras síndromes Discurso médico neuropsiquiátrico hegemônico - Transtornos sensoriais (TS): déficits auditivos e visuais - Transtornos Específicos da Aprendizagem (TEA): dislexia, discalculia, disgrafia, disortografia e disartria - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H) link - Transtorno de Conduta (TC) link - Transtorno de Desafio e Oposição (TDO) link - Transtorno de Agressividade

O mundo dos transtornos e síndromes Transtornos de aprendizagem não verbais Transtorno primário do sono Transtornos de ânimo Transtorno de Ansiedade Transtornos Depressivos Transtornos Adaptativos com condutas disruptivas Transtornos de Personalidade (TP) Transtornos Obcessivo-compulsivos (TOC) Transtorno Bipolar

Critérios Diagnósticos do TDAH (e de todos os codinomes...) IMPORTANTE: Lembre-se que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional.

Como avaliar 1) se existem pelo menos 6 itens marcados como BASTANTE ou DEMAIS de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperadonuma criança ou adolescente 2) se existem pelo menos 6 itens marcados como BASTANTE ou DEMAIS de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios. CRITÉRIO A: Sintomas CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade. CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa). CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas. CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

Diagnóstico de TDAH - SNAP IV 1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas. 2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer 3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele 4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações. 5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades 6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado. 7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros). 8. Distrai-se se com estímulos externos 9. É esquecido em atividades do dia-a-dia

Diagnóstico de TDAH - SNAP IV 10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira 11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado 12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado 13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma 14. Não pára ou freqüentemente está a mil por hora. 15. Fala em excesso. 16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas 17. Tem dificuldade de esperar sua vez 18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).

A quem interessa a epidemia de MUITOS INTERESSES: Econômicos: Indústria farmacêutica (metilfenidato, D-anfeta- mina, antidepressivos, anticonvulsivantes, etc) Políticos: Projetos de Lei (Serviços de diagnóstico e tratamento, licitação de medicamentos) Corporativos: Especialidades, clínicas, associações Pessoais: Profissionais, de pesquisa, etc diagnósticos???? Compra e dispensação e de metilfenidato em 87 municípios paulistas Fonte: estudo preliminar do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade

Alternativas de cuidado Estudo singular de cada situação de dificuldade escolar que busca cuidado no Centro de Saúde Projetos terapêuticos singulares e intersetoriais para crianças, adolescente e familiares em situação mais complexa de vida Grupos de orientação à queixa escolar para crianças, adolescentes, familiares e professores Rede da Criança e do Adolescente Protocolo de dispensação do Metifenidato em Campinas acompanhamento Gestão do cuidado e trabalho com especialistas prescritores, e profissionais diretamente implicados na assistência

Movimento

Psiquiatrização

Medicalização e processo de trabalho na Atenção Primária em Saúde Sociedade medicalizada, em busca de relações dessubjetivadas, pouco singularizadas Biopoder e o campo do cuidado das equipes Núcleos profissionais: médicos, odontólogos, enfermeiros, profissionais de saúde mental, profissionais técnicos, agentes de saúde, entre outros Diferentes processos de formação e diferentes normas de trabalho reguladas por entidades de classe O agir medicalizante gerando desafios para política de saúde proposta

Desafios Formação profissional em saúde incluindo estratégias transdisciplinares e que tematizem de forma crítica o modelo biomédico Linhas de cuidado x autogestão do trabalho Gestão do cuidado e clínica ampliada x clínica simplificadas e fragmentadas O poder das entidades de classe e os interesses políticos em jogo Apoio de outros olhares e biopoder do ato médico (o papel dos NASFs) Práticas não violentas, singularizadas e humanizadas e as necessidades de cuidados adequados as melhores evidências das pesquisas clínicas e epdemiológicas

Finalizando Nosso desafio então é pensar e agir... De que modo, no interior do agir soberano, disciplinar e do controle, nos seus imperativos de governar a vida, gerir a vida e produzir a vida, pode-se desenhar uma outra biopolítica que aponte para as suas desconstruções, possibilitando novas formas de construção de viveres coletivos, autopoiéticos e solidários, dentro de um novo modo ético (da vida como eixo) e estético (democrático e do comum) que permita um devir totalmente distinto daquele para o qual o capitalístico está nos levando.