RELATO DA IMPLANTAÇÃO DO REGISTRO HOSPITALAR DE CÂNCER NO SERVIÇO DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. COORDENADOR Prof a. Dr a. Denise Siqueira de Carvalho AUTOR DO ARTIGO Daniel Prochmann Rosa - Acadêmico em Enfermagem do 8 Período da Universidade Federal do Paraná, Bolsista em Extensão pelo Serviço de Epidemiologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. academicodaniel@ufpr.br EQUIPE EXECUTORA Drª Suzana Dal Ri Moreira (Médica Sanitarista, Coordenadora do Serviço de Epidemiologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná), Rosa Helena Silva Souza (Enfermeira, Coordenadora do Registro Hospitalar de Câncer do Hospital de Clínicas), Ana Valesca Gonçalves de Andrade (Enfermeira), Mônica K. Fernandes, Auxiliares de Escritório: Luis Henrique Prudêncio e Juçara Maleoni de Oliveira, Voluntários: Regis Daniel Soares Juliana Cortez Borges, Peter Schirmer e Matilde Guedes, Bolsista de Extensão: Daniel Prochmann Rosa, Bernardo Ferreira da luz, Priscila Lara Nogueira, Karine Wood, Michele Mance. Instituições Envolvidas: Departamento de saúde Comunitária, Serviço de Epidemiologia do Hospitalar. RESUMO Este trabalho tem o objetivo de relatar a vivência da equipe do Registro Hospitalar de Câncer, composta por 1 enfermeira, 1 registradora 1 médica e os bolsistas do projeto de extensão, no monitoramento dos casos de Neoplasias malignas atendidas no ano de 2003 no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. O Registro Hospitalar de Câncer é de vital importância no fornecimento de dados sobre 1
a assistência prestada a pacientes com neoplasias, nos oferecendo informações sobre o tratamento do paciente e a evolução do tumor. O Registro Hospitalar de Câncer do Hospital de Clínicas da UFPR foi implantado pelo Serviço de Epidemiologia Hospitalar em 2004. Os casos de neoplasia são detectados pela busca ativa nos resultados da anatomia patológica; listagens informatizadas; declarações de óbito e laudos de necropsias, sendo estabelecido o ano de 2003 para início dos registros de câncer. O Registro Hospitalar de Câncer é de grande importância no monitoramento dos casos de câncer. PALAVRAS-CHAVE Registro Hospitalar de Câncer, Câncer e Serviço de Epidemiologia Hospitalar. ABSTRACT This work has the objective to present the experience of the team of the Hospital Register of Cancer, composed by 1 nurse, 1 recorder 1 doctor and 1 academic student, in the monitoring of malignant cases of Neoplasias in the year of 2003 in the Hospital of Clinics of the Federal University of the Paraná. The Hospital Cancer Registry is of vital importance in the supply of data on the assistance given to the patients with neoplasias, offering the information on treatment and evolution of the tumor. The Hospital Cancer Registry of the Hospital of Clinics of the UFPR was introduced by the Service of Hospital Epidemiologia in 2004. The neoplasia cases are detected trough the active search in the results of the pathological anatomy; computirezed list; declaration of death and findings of autopsies, accurred during the year of 2003 when the cancer registry began. KEY WORDS Hospital register of Cancer, Cancer and Service of Hospital Epidemiologia. INTRODUÇÃO A Liga Paranaense de Combate ao Câncer (2003) apud Araújo (2004), afirma que: 2
O câncer é uma doença crônico-degenerativa, que muitas vezes pode expressar as características e condições de vida de uma sociedade. Segundo dados epidemiológicos da última década, constatou-se um aumento da incidência do câncer em todas as regiões do Brasil, com uma estabilização das taxas de mortalidade, indicando que não houve uma melhora nos métodos de controle da doença. O Registro Hospitalar de Câncer (RHC), é de suma importância no fornecimento de dados sobre a assistência prestada a pacientes com neoplasias, nos subsidiando de informações como: a qualidade da assistência realizada; aspectos culturais e demográficos dos pacientes; recursos utilizados no Diagnóstico e terapêutica; evolução do tumor; estado geral do paciente ao longo do tempo (Ministério da Saúde/INCA, 2000). O RHC tem por objetivo básico formar um banco de dados, com todos os casos de câncer que ocorram na instituição, tendo em vista a particularidade individual de cada paciente com câncer e as características clínicas e patológicas de sua doença, contínua e sistematicamente coletadas, oriundas de várias fontes de dados (Ministério da Saúde/INCA, 1995). Também tem função clínica, nos oferecendo dados para avaliar a qualidade da assistência realizada nos hospitais e os seus resultados finais, auxiliando na monitorização e avaliação dos cuidados prestados aos pacientes com câncer, e no acompanhamento de seus casos, fornecendo dados estatísticos sobre os resultados dos tratamentos aplicados (Ministério da Saúde/INCA, 2000). O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, considerado referência para o Estado do Paraná, foi credenciado como CACON I (Centro de Alta Complexidade em Oncologia), realizando diagnóstico e tratamento do câncer. Conforme a portaria n 3.535/98 do Ministério da Saúde, as instituições CACON I devem dispor do serviço de diagnóstico; cirurgia oncológica; oncologia clínica; suporte; reabilitação e cuidados paliativos, além de manter um Registro Hospitalar de Câncer. Tomando por base as informações acima, o Serviço de Epidemiologia do 3
Hospital de Clínicas implantou o RHC em 2004, estabelecendo que as fontes de detecção de casos seria: a) Busca ativa nos resultados da anatomia patológica. A anatomia patológica, com uso do microscópio, estuda as alterações estruturais (tecidos e células) causadas por doenças em pacientes vivos ou mortos, especialidade que diagnostica as doenças, estudando, em laboratório os órgãos afetados (Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro); b) Listagens informatizadas dos pacientes internados ou atendidos a nível ambulatorial, incluídos em 2003 no hospital que foram cadastrados com CID oncológico, sendo esta lista fornecida pelo setor de Informática HC; c) Declarações de óbito e laudos de necrópsias. Ficou determinado que o inicio dos registros de câncer corresponderiam aos casos diagnosticados durante o ano de 2003 pela necessidade de haver um período de no mínimo 6 meses após o diagnóstico e inicio do tratamento para avaliação da sobrevida. Segundo dados de mortalidade do INCA (2002), no Estado do Paraná, os tumores malignos mais comum estão apresentados nos gráficos abaixos. GRÁFICO 1 DISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL DO TOTAL DE MORTES POR CÂNCER, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA DO TUMOR, EM HOMENS, PARA O PERÍODO ENTRE 1979 E 1983 E ENTRE 1995 E 1999. 4
Localização Primária Outras localizações Vesicula biliar e vias biliares extrahepáticas Tecido Linfático Laringe Encéfalo Pâncreas Neoplasia M aligna sem especificação de Localização Boca Cólon e Reto Fígado Leucemia Próstata Esôfago Pulmão Estômago 1,02 0,92 2,47 3,09 3,46 3,49 2,76 3,51 3,69 3,59 3,76 3,71 4,25 3,88 5,21 4,23 3,98 4,36 3,64 5,1 6,53 16 10,6 8,69 9,36 13,99 12,01 14,01 18,45 20,24 1995-1999 1979-1983 Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil 1979-1999. Rio De Janeiro: 2002. GRÁFICO 2 DISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL DO TOTAL DE MORTES POR CÂNCER, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA DO TUMOR, EM MULHERES, PARA O PERÍODO ENTRE 1979 E 1983 E ENTRE 1995 E 1999. 5
Localização Primária Outras localizações Laringe Boca Tecido Linfático Vesicula biliar e vias biliares extrahepáticas Encéfalo Pâncreas Esôfago Neoplasia Maligna sem especificação de Localização Leucemia Cólon e Reto Fígado Pulmão Colo do Útero Mama Estômago 0,79 0,82 1,27 1,09 2,29 2,04 2,47 2,08 2,79 3,39 3,87 3,55 3,67 4,12 3,72 4,65 3,8 5,16 7,09 5,43 4,17 5,68 9,04 6,09 8,09 7,3 8,38 13,48 11,22 11,68 25,08 25,71 1995-1999 1979-1983 Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil 1979-1999. Rio De Janeiro: 2002. Uma visão geral do HC mostra que foram realizados em.2003 um total de 808.934 atendimentos e 18.801 internações. A equipe de RHC do Hospital de Clínicas da UFPR registrou 941 casos novos de pacientes com neoplasias malignas em 2003. Para realizar a rotina de trabalho foi utilizado o relatório dos pacientes que foram incluídos no Serviço de Informação Hospitalar (SIH) com CID Oncológico em 2003, sejam internados ou ambulatoriais. Utilizou-se também a listagem informatizada com os casos para investigação, que foi impressa em formato de apostila e utilizada para controle da inclusão ou descarte do caso, após a investigação. Concomitantemente, foram consultados todos os laudos de Anatomia Patológica (AP) de 2003 por ordem cronológica de resultado, e selecionados os que constavam neoplasia maligna. Os registradores, após consultar os resumos de alta no SIH, com o objetivo de identificar CID e ano de diagnóstico, solicitaram os prontuários a Assessoria de Informação. 6
A assistência oncológica é realizada pelas diversas especialidades, nas unidades de internação do hospital, como Clínica do Aparelho Digestivo, Clínica de Cirurgia Geral, Neurocirurgia, Transplante de Medula Óssea, Cirurgia Pediátrica, Hemato Onco Pediatria, Urologia, Transplante Hepático, Hematologia, Quimioterapia, Ginecologia, Otorrinolaringologia, Dermatologia e outros. OBJETIVO Relatar a experiência da equipe que implantou o RHC no Hospital de Clínicas (HC) no monitoramento dos casos de Neoplasia maligna atendidos no ano de 2003. METODOLOGIA Estudo descritivo da implantação do RHC do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, que aconteceu em 2004, buscando registros e história do RHC. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Inicialmente foi utilizada uma lista, fornecida pelo setor de Informática contendo os casos de neoplasia diagnosticados em 2003, que a princípio apresentava 2669 pacientes. Foram analisados 1318 laudos de Anatomia Patológica que tinham diagnóstico de neoplasia maligna, porém apenas 763 foram confirmados com câncer em 2003. Deste total, 588 casos constavam na listagem informatizada e 175 foram incluídos na mesma. Também foram capturados 3 casos pela Declaração de Óbitos e 1 caso pela necropsia que não estavam na listagem. Daquele total de casos iniciais, foram confirmados e registrados apenas 941 casos, que correspondem a 35,25%. Os 64,75% que foram descartados, ou não eram casos de 2003 ou estavam com CID errado. A Liga Paranaense de Combate ao Câncer (2003); INCA(2000) apud Araújo (2004), afirma que as principais vantagens da implementação do RHC são: Aumento da eficiência do seguimento do individuo atendido (ou seja, todas as atividades de acompanhamento realizadas pós-alta); facilidade das atividades de auditoria (fornecendo dados quanto ao custo dos procedimentos, diagnósticos, etc); contribuindo, portanto, para o planejamento hospitalar; fornecimento de dados para a vigilância quanto aos fatores de risco como tabagismo, histórico familiar ou 7
incidência da doença em determinadas áreas geográficas, e quanto ao tempo de sobrevida, freqüência, e eficácia de certos tratamentos. A implantação do RHC no Hospital de Clínicas, que se deu em 2004, poderá contribuir para pesquisas relacionadas aos tumores malignos, fornecendo dados referentes ao tratamento e evolução dos tumores de uma instituição de grande porte. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ARAUJO, R. L. F. Perfil Epidemiológico dos Usuários com Câncer do Sistema Nervoso Central Atendidos no Hospital de Clínicas/UFPR no ano de 2003: A construção do Registro Hospitalar de Câncer. Curitiba, 2004. 38 f. Monografia (Graduação em Enfermagem) Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil 1979-1999. Rio De Janeiro: 2002. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Registro de Câncer: Princípios e Métodos. Rio De Janeiro: 1995. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em:<http://dtr2001.sa ude.gov.br/sas/portarias/port98/gm/gm-3535.html>, Acesso em: 01/10/2005. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Registros Hospitalares de Câncer: Rotinas e Procedimentos. Rio De Janeiro: 2000. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/tratamento/loca is_tratamento.asp?estado=pr >, Acesso em: 01/10/2005. SECRETARIA DO ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO. Disponível em:< http://www.sa ude.rj.gov.br/guia_sus_cidadao/voca.shtml>, Acesso em: 01/10/2005. 8