A Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental das escolas estaduais em Minas Gerais: professor especialista X professor generalista

Documentos relacionados
A miséria das políticas públicas de esporte em Barbacena/MG

O Ensino Médio no Brasil desafios da flexibilização RICARDO CORRÊA COELHO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

ANEXO I - REGULAMENTO DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA

FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DOCENTE NO ENSINO MÉDIO: A BUSCA PELA QUALIFICAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE M.R.F.L.

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I: ANALISANDO AS DIFICULDADES DOS ALUNOS DE UM CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

Plano de Ensino Docente

A UTILIZAÇÃO DO JOGO BINGO DOS ELEMENTOS QUÍMICOS COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE QUÍMICA

Aprovação do curso e Autorização da oferta

O CURSO DE PEDAGOGIA COMO LÓCUS DA FORMAÇÃO MUSICAL INICIAL DE PROFESSORES Alexandra Silva dos Santos Furquim UFSM Cláudia Ribeiro Bellochio UFSM

REFLEXÕES SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO DO (A) PEDAGOGO (A) DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPB

DIAGNÓSTICO DO ENSINO DE GEOCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA NA REGIÃO METROPOLITANA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO-RJ

COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO. RS 377 Km 27 Passo Novo CEP Alegrete/RS Fone/FAX: (55)

FÍSICA ELÉTRICA, CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA O ENSINO DE ELETROQUÍMICA

MATRIZ CURRICULAR - LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Palavras-Chave: Valorização docente; Legislação Educacional; Educação Básica Pública.

O ENSINO DE MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: DESAFIOS E NECESSIDADES DOCENTES

A PERCEPÇÃO DE FUTUROS PROFESSORES ACERCA DA LIBRAS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS 1

ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): PROPOSTA INTERDISCIPLINAR A PARTIR DA PEDAGOGIA DO MOVIMENTO RESUMO

I - duzentas horas anuais, incluindo atividades extra-classe, para os orientadores de

POTENCIALIDADE.COM: inclusão digital e transformação social

Regulamento das Atividades Complementares do Curso de Bacharelado em Agronomia - Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena

III SEAD ANÁLISE DO PROCESSO DE DESIGNAÇÃO DO PROFESSOR: O MOVIMENTO ENTRE LÍNGUA, HISTÓRIA E IDEOLOGIA

AS CONCEPÇÕES DOS GRADUANDOS DE QUÍMICA DA UFCG/CES SOBRE A GRADE CURRICULAR

COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO. RS 377 Km 27 Passo Novo CEP Alegrete/RS Fone/FAX: (55)

Universidade Pública na Formação de Professores: ensino, pesquisa e extensão. São Carlos, 23 e 24 de outubro de ISBN:

A PERCEPÇÃO DA CARREIRA DOCENTE A PARTIR DAS AÇÕES DO (PDVL) NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

GT1: Formação de professores que lecionam Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental

DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES ORIENTADORES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

PLANO DE ENSINO. CURSO Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais MATRIZ 763

PROCESSOS DE PRODUÇÃO E LEGITIMAÇÃO DE SABERES PARA O CURRÍCULO DE PÓS EM LIBRAS NA FORMAÇÃO DE INTÉRPRETES. PARA UMA ESPECIALIZAÇÃO?

GT 32 FORMAÇÃO, PROFISSIONALIZAÇÃO E TRABALHO DOCENTE

Palavras-chave: Educação Legislativa. Política Pública. Educação.

MINHA VIDA E A REVISTA AO PÉ DA LETRA

COMO ESTÃO AS ESCOLAS PÚBLICAS DO BRASIL?

A PROFISSIONALIZAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: FORMAÇÃO ACADÊMICA OU FORMAÇÃO TÉCNICA?

Professores no Brasil

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: O LUGAR DA DIDÁTICA NOS CURSOS DE LICENCIATURA DA UNICENTRO

MATERIAL DIFERENCIADO PARA O ENSINO DE TRANSFORMAÇÕES LINEARES Rafael Ferreira Correa¹ Tahieny Kelly de Carvalho², Liliane Martinez Antonow ³

PROJETO PEDAGÓGICO CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID. Detalhamento de SUBPROJETO (Licenciatura)

Eixo Temático 3-Currículo, Ensino, Aprendizagem e Avaliação

DEFINIÇÃO DE PÚBLICO / ÁREAS DE FORMAÇÃO PARA A SEGUNDA LICENCIATURA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

POR UM NOVO LUGAR INSTITUCIONAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

POLÍTICAS DE CURRÍCULO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL ( ): DISPUTAS DISCURSIVAS PARA A FIXAÇÃO DE UMA IDENTIDADE PARA O PROFESSOR

PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA - PNAIC

ANEXO I PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FIC

FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL E CONTINUADA: DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA

EDITAL Nº 02/2018 SELEÇÃO INTERNA DE PROFESSORES COORDENADORES DE ÁREA PARA O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PRÓ REITORIA DE EXTENSÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

O PIBID E AS RELAÇÕES TEORICO/PRATICAS NA FORMAÇÃO DOCENTE RESUMO. Palavras-chave: Instituições, Formação de docentes, Pibid.

[...] levaram para as escolas livros com saberes geográficos extremamente empobrecidos em conteúdos escolares, desvinculados da realidade então

MATEMÁTICA, AGROPECUÁRIA E SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES. Palavras-chave: Matemática; Agropecuária; Interdisciplinaridade; Caderno Temático.

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão

ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA CURRICULAR PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA A PARTIR DO PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA FÉLIX ARAÚJO

Aprovação do curso e Autorização da oferta PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FORMAÇÃO CONTINUADA PARA DOCENTES DE MATEMÁTICA. Parte 1 (solicitante)

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

ATLAS MUNICIPAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES: A SITUACÃO DO ENSINO DE CARTOGRAFIA

O PROFESSOR-GESTOR E OS DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE. Palavras-chave: Professor-gestor, desafios, docência.

A CONCEPÇÃO DE ENSINO ELABORADA PELOS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS

PLANO DE ENSINO. Curso: LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Componente Curricular: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO E GESTÃO ES- COLAR

MERCADO DE TRABALHO: APOSENTADOS E JOVENS PERMANENTEMENTE NA LUTA

A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇAO FÍSICA: NECESSIDADES PARA ALÉM DA SOCIEDADE DO CAPITAL

ENSINANDO UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA ALUNOS SURDOS: SABERES E PRÁTICAS

ASPECTOS DAS RELAÇÕES ENTRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE NO ENSINO DAS CIÊNCIAS NATURAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Plano de Ensino Docente

Palavras-Chave: Didática. Ensino Superior. Plano de Curso.

Estágio I - Introdução

PERCEPÇÕES SOBRE FORMAÇÃO CONTINUADA E INCLUSIVA DE PROFESSORES VOLUNTÁRIOS DE UM CURSINHO COMUNITÁRIO PRÉ- VESTIBULAR

Dimensão 1 - Organização Didático-Pedagógica do Curso

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE FÍSICA NA MESORREGIÃO DO CENTRO SUL DA BAHIA. HISTÓRICO, FORMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE

O perfil do professor de Matemática de Minas Gerais

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE Concurso Público de Ingresso no Magistério Público Estadual PARECERES DOS RECURSOS SOCIOLOGIA

A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA: Realidade da Rede Pública de Educação de Ouro Fino MG RESUMO

SABERES DOCENTES NECESSÁRIOS À PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL TECNOLÓGICA

PERFIL, FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIASE BIOLOGIA EM ESCOLAS ESTADUAIS DEBRAGANÇA, PARÁ, BRASIL

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS À ALUNOS CEGOS NO INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO, CAXIAS, MA

A EDUCAÇÃO FÍSICA, SUA RELAÇÃO HISTÓRICA COM O MUNDO DO TRABALHO E SUAS POSSIBILIDADES PARA O ENSINO MÉDIO INTEGRADO

Ementas curso de Pedagogia matriz

11º Congreso Argentino y 6º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias REFLEXÃO ACERCA DA CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES PARA A INCLUSÃO ESCOLAR

A INFLUÊNCIA DAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS DA EAD NO ENSINO SUPERIOR PRESENCIAL

TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS DOS EGRESSOS DE CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA DA FIBRA ( )

O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NAS ESCOLSA ESTADUAIS DE DOURADOS/MS RESUMO INTRODUÇÃO

Autor: Marcio Tadeu Manfrin Co-autor: Ivo Ribeiro de Sá 1. INTRODUÇÃO

A PROFISSIONALIDADE DO BACHAREL DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

VII CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA

O ALUNO CEGO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO CAMPO DA MATEMÁTICA: A PERCEPÇÃO DE DOIS EDUCADORES.

A IMPORTÂNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO DOS LICENCIANDOS EM QUÍMICA DO IFPB CAMPUS SOUSA

MATRIZ CURRICULAR CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA E ESPANHOL VIGÊNCIA: A PARTIR DE 2013

Palavras-chave: Educação Matemática. Educação Inclusiva. Formação de professores.

A Influência da Informática no Desempenho dos Alunos na Disciplina de Matemática

PLI E FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA: IMPACTOS DE UMA EXPERIÊNCIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO NO CONTEXTO DE UM INSTITUTO FEDERAL

O PROFESSOR DE ENFERMAGEM EM SUA FASE INICIANTE: QUE ANGÚSTIAS, QUE DIFICULDADES, QUAIS CAMINHOS?

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS CAÇAPAVA DO SUL PROGRAMA DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA SUBPROJETO QUÍMICA PORTFÓLIO

DESAFIOS DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E DULTOS: Uma reflexão sobre a inclusão de alunos com deficiência na modalidade da EJA.

O ENADE COMO SINALIZADOR DE MUDANÇAS NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO DA MATA NORTE

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino 1º Quadrimestre de 2012

Transcrição:

A Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental das escolas estaduais em Minas Gerais: professor especialista X professor generalista Helenice Karina dos Reis 1, Thiago Barreto Maciel 2, Paulo Henrique de Oliveira Correa³, Rafael de Melo Rail³ 1. Bolsista BIC IF Sudeste MG e discente do Curso de Licenciatura em Educação Física; 2. Professor do IF Sudeste MG Campus Barbacena; 3. Bolsistas voluntários e discentes do Curso de Licenciatura em Educação Física. helenice12.reis@gmail.com 1. Introdução O presente trabalho possui como principal mediação impulsionadora a resolução da Secretaria Estadual de Educação n 2.253, de 09 de janeiro de 2013 (MINAS GERAIS, 2009), a qual prevê em seu artigo 4 que Nos anos iniciais do Ensino Fundamental os componentes curriculares de Educação Física e Educação Religiosa serão ministrados pelo próprio regente da turma, exceto quando na escola já houver professor efetivo ou efetivado pela Lei Complementar nº 100, de 2007, nesses componentes curriculares. (p. 02). De certo que não se constitui em uma política educacional fortuita, mas em franca relação com o processo de sucateamento dos serviços públicos, em especial a educação, consoante com o receituário neoliberal que prevê o estado mínimo para a garantia de bens e serviços públicos consoante com o assolamento privatizador em todas as esferas. Juntamente à transformação político-econômica neoliberal, vemos um reordenamento do mundo do trabalho, o qual passa agora a se organizar fundamentalmente em torno de outro padrão, o toyotismo. Essa nova etapa na forma de se organizar as fábricas passa a exigir um novo modelo de trabalhador, caracterizado por uma necessidade de polivalência, ocasião em que há uma supervalorização das competências interacionais-cognitivas e lógico-matemáticas. No sistema educacional disciplinas de cunho formativo mais imediato e funcional terão nova centralidade, tais como a informática e a matemática, enquanto outras serão relegadas ao segundo plano ou, até mesmo, descartadas.

A Educação Física, historicamente central no sistema educacional brasileiro devido o seu papel de legitimação do modo de produção capitalista (CASTELLANI FLHO, 2007), identificada principalmente na repetição de movimentos/gestos técnicos e amparada no viés anátomo-fisiológico se torna uma dessas disciplinas que perde a centralidade (NOZAKI, 2004). Essa afirmação materializa-se nas disputas que se deram acerca da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 (BRASIL, 1996) ocasião em que, se não fosse a luta de setores organizados da sociedade civil, a disciplina estaria fadada a ser extinta da matriz curricular como componente obrigatório (CASTELLANI FILHO, 2002). Esse breve detóur ilustra um pouco o cenário em que está imersa a resolução citada no início desse texto. Um sucateamento histórico da educação pública que, neste momento, é protagonizada pelo governo de Anastasia/PSDB, conjuntamente com uma desvalorização da Educação Física enquanto componente curricular obrigatório. Assim, o presente trabalho vem tentar perquirir as principais mediações que se dão na especificidade e peculiaridade desse imbróglio. Palavras chave: Educação Física; Formação Profissional; Ensino Básico. Categoria/Área: Nível Superior (BIC) / (c) Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas. Linguística, Letras e Arte. 2. Objetivos O objetivo geral foi perquirir as principais mediações acerca da resolução da Secretaria Estadual de Educação n 2.253, de 09 de janeiro de 2013 (MINAS GERAIS, 2009), em especial o seu artigo 4 e as implicações na qualidade da escola pública, na vida dos trabalhadores da educação estadual e na garantia da oferta de uma educação/educação física de qualidade para os filhos da classe trabalhadora, valendo-se do recorte da cidade de Barbacena/MG. Nesse sentido, temos como objetivos específicos: a) Identificar nos currículos das faculdades de formação em pedagogia da cidade de Barbacena/MG o trato com o conhecimento acerca da cultura corporal; b) Identificar juntos aos professores regentes do estado que lecionam na cidade de Barbacena/MG a sua percepção sobre a sua qualificação para o trato com a Educação Física nas escolas.

c) Identificar e discutir as contradições no desenvolvimento e aplicação da referida resolução nas escolas estaduais. 3. Material e métodos Resumidamente, pretende-se como metodologia: 1) Revisão bibliográfica sobre o objeto de estudo. 2) Análise documental da legislação nacional e estadual pertinente ao assunto. 3) Aplicação de questionário em professores regentes das escolas estaduais da cidade de Barbacena/MG. 4. Resultados e discussão O questionário foi aplicado a 73 professores, das 13 escolas estaduais da área urbana de Barbacena que oferecem os primeiros anos do ensino fundamental. Como resultados da pesquisa, podemos elencar alguns itens que julgamos relevantes quanto à formação dos professores regentes que atuam nas escolas estaduais de Barbacena. Do total de entrevistados, 53,4% afirmaram-se formados em Pedagogia e 46,6%, no Normal Superior. Quanto a algum tipo de pós-graduação, 69,9% deles afirmaram possuir e outros 30,1% disseram não possuir. Do total da amostra, observamos que 86,3 % dos entrevistados são formados nas universidades presenciais da cidade de Barbacena (34,2% na UEMG e 52,1% na Unipac). Quanto ao currículo dos primeiros anos do ensino fundamental, 75,3% dos entrevistados afirmaram existir a disciplina Educação Física nas escolas em que trabalham, enquanto 24,7% afirmaram não existir essa disciplina. 87,7% dos entrevistados apontaram que a Educação Física é ministrada pelo professor regente de turma na escola em trabalha, enquanto 11% disse que a disciplina é ministrada por professor especialista de Educação Física e 1,3% afirmou que é a supervisora quem leciona a Educação Física. Quanto à especificidade da Educação Física, 86,3% dos entrevistados afirmaram que a sua formação acadêmica não lhes permitiu apreender os conteúdos e a especificidade da didática da Educação Física, enquanto 13,7% afirmam ter apreendido tais conteúdos.

Todos os entrevistados julgam necessária a presença de um professor especialista para ministrar a disciplina de Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental. 98,6% dos entrevistados são contrários à resolução da Secretaria Estadual de Educação n 2.253, de 09 de janeiro de 2013 que desobriga as escolas do Estado de Minas Gerais a garantir a presença do professor especialista de Educação Física nas aulas dos anos iniciais do ensino fundamental, enquanto apenas 1,4% é favorável a ela. 5. Conclusão Conclui-se, portanto, que os regentes de turma das escolas estaduais de Barbacena não se sentem preparados para lecionar as aulas de Educação Física, pois entendem que sua formação não lhes dá amparo suficiente para isso. Há, também, um consenso quanto à necessidade da presença do professor especialista em Educação Física para esta etapa da educação básica, reforçando a concepção que a Educação Física é uma disciplina com a especificidade de um conhecimento legítimo a ser assegurado no processo de formação humana, em especial na escola. 6. Referências bibliográficas BRASIL. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. CASTELLANI FILHO, Lino. Política Educacional e Educação Física. Campinas: Autores Associados, 2002.. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 13.ed. Campinas,SP: Papirus, 2007. MINAS GERAIS. SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Resolução n. 2.253, de 09 de janeiro de 2013. Estabelece normas para a organização do Quadro de Pessoal das Escolas Estaduais e a designação para o exercício de função pública na rede estadual de educação básica. Disponível em http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/banco_objetos_crv/8af44f7006be4e 7FBB4E35C2F0CAE7402412013165242_RESOLU%C3%87%C3%83O%20SEE %20N%C2%BA%202253,%20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202013..pdf. Acesso em 17 de abril de 2013

NOZAKI, Hajime. Educação Física e reordenamento no mundo do trabalho: mediações da regulamentação da profissão. 2004. 399f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2004. Apoio financeiro: Agradecemos ao IF Sudeste MG Campus Barbacena pelo apoio na realização do pesquisa.