Murais que contam histórias: modernidade e identidade através da arte pública em Criciúma



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Transcrição:

Murais que contam histórias: modernidade e identidade através da arte pública em Criciúma Michele Gonçalves Cardoso 1 Resumo: Criciúma/SC teve seu desenvolvimento urbano, econômico e populacional a partir da consolidação do setor carbonífero na região. Essa atividade atraiu milhares de trabalhadores promovendo uma grande mudança nas formas de se relacionar na cidade. A extração do carvão também possibilitou a chegada da ferrovia, símbolo de modernidade e porta de entrada para o novo. Assim, mais do que um fator econômico essa atividade também cunhou uma identidade em que o ouro negro e a máquina a vapor eram elementos fundamentais para construção do discurso de modernidade e progresso do Eldorado do sul. No entanto, por conta das diversas crises do setor e da necessidade de subsídios por parte do governo o setor enfraqueceu e entrou em colapso. Nesse contexto, se inicia os preparativos para as comemorações do centenário de fundação de Criciúma, momento privilegiado para repensar a história do município e sua identidade. O poder público busca consolidar a partir desse evento uma identidade pautada na etnicidade, diminuindo, portanto, o carvão como elemento determinante do crescimento da região. No entanto, essa transformação identitária ainda está em disputa na cidade. Podemos perceber momentos em que elas se contrapõem como também, em que elas se fundem num só discurso de modernidade e progresso. Para analisarmos essas disputas identitárias escolhemos três murais que buscam apresentar a identidade criciumense para seus visitantes e inculcá-la também aos seus moradores. Um está localizado no aeroporto Diomício Freitas, uma das portas de entrada da cidade. O outro estava localizado na prefeitura municipal durante a gestão Clésio Salvaro e o último estava localizado na avenida centenário nos muros da Alianda Revestimentos Cerâmicos, juntos os três recriam, reforçam e tecem novas narrativas para a história criciumense. Palavras-chave: Identidade, Cidade, Etnicidade, Modernidade. A cidade de Criciúma teve seu desenvolvimento econômico, urbano e populacional a partir da atividade carbonífera realizada na região. A exploração industrial deste minério se efetivou a partir da década de 1910. Contudo, no decorrer dos anos, a extração do carvão se mostrou uma atividade bastante instável, apresentando muitos momentos de crise. Dessa forma, para melhor entender as transformações do setor carbonífero, Carola (2002, p. 15-23) identificou cinco fases que caracterizaram o processo de surgimento, crescimento e crise da atividade carbonífera. 2 A primeira fase compreende o período entre 1880-1930. Foi neste momento que surgiu a Estrada de Ferro Donna Thereza Cristina e as primeiras companhias de mineração: 1 Mestre em história, Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. E-mail: michelegc@unesc.net 2 Utilizarei a periodização proposta por Carola, que adotou como critérios para a formação dos períodos as políticas institucionais implantadas pelo Estado e sua relação com a conjuntura mundial.

Cia. Brasileira Carbonífera Araranguá S.A (1917); Cia. Carbonífera Urussanga S.A (1918); Cia. Carbonífera Próspera S.A (1921); Cia. Carbonífera Ítalo-Brasileira Ltda (1921) e Cia. Nacional de Mineração Barro Branco S.A (1922) (CAROLA, 2002, p. 16). É importante ressaltar ainda que a Primeira Grande Guerra foi um elemento impulsionador desta atividade neste período. A segunda fase (1931-1953) é marcada pelas leis protecionistas aprovadas por Getúlio Vargas em prol do carvão nacional. Em 1931 o governo Vargas decretou a obrigatoriedade do consumo de 10,0% de carvão nacional. Em 1937 a cota foi elevada para 20,0%. Além desses dois decretos foram editados outros que beneficiaram diretamente o carvão catarinense, como o Decreto 4.613 de 1942 que dentro do esforço de guerra, encampou toda a produção elevando-a de 204.181 toneladas em 1939 para 815. 678 toneladas em 1945. (GOULARTI, 2001, p. 55) Já na década de 1940 a atividade carbonífera passou novamente a se fazer presente no cenário nacional por conta da Segunda Grande Guerra. Em 1946, Criciúma recebe o título de Capital Brasileira do Carvão, título que vai constituir o imaginário e a identidade de cidade carbonífera, atribuindo ao carvão o progresso criciumense. Neste mesmo ano é inaugurado o Monumento aos Homens do Carvão, importante ressaltar que o Monumento foi erguido por conta do Congresso Eucarístico do Sul do Estado de Santa Catarina realizado entre 25 a 29 de Dezembro na cidade. Segundo Dorval do Nascimento (2006, p. 43) através do Monumento conjugaram-se os esforços da igreja católica, na realização do Congresso Eucarístico, e dos empresários do carvão, em comemoração à implantação da indústria do carvão em Criciúma [...] Desta forma, buscava-se através do catolicismo reforçar um combate ao comunismo e as ideias esquerdistas de modo geral, que se faziam presentes na cidade naquele período. A terceira fase tem início em 1953 e se encerra em 1973. Em 1953 foram criados o Plano Nacional do Carvão e a CEPCAN (Comissão Executiva do Plano do Carvão Nacional), que tinham por objetivo conjugar as atividades de produção, beneficiamento, transporte e distribuição do carvão. (GOULARTI, 2001, p. 108) Ainda nesse ano, o governo editou o Decreto 33.233 que visava abrir crédito para 15 mineradoras no valor de 13,7 milhões de cruzeiros. Em 1956 foi estabelecida uma cota mensal de transporte de carvão de 120,000 toneladas a serem consumidas pela Companhia Siderúrgica Nacional, sendo que em Abril de 1960 esta cota passou para 324,000 toneladas. Contudo, em 1970 a CEPCAN foi extinta 2

anunciando assim, uma crise no setor, que já manifestava sua instabilidade perante a concorrência com o petróleo. No entanto, anos depois do encerramento das atividades da CEPCAN, o petróleo também passou por momentos de crise dando novo vigor ao setor carbonífero. É nesse período que se inicia a quarta fase do carvão criciumense. Com a crise mundial do petróleo o governo Federal revê sua política energética e projeta quintuplicar a produção no período entre 1980 a 1985, visando a substituição de 170 mil barris de petróleo/dia por equivalente em carvão. (VOLPATO, 2001, p. 32) O aumento da produção também elevou a mecanização das minas. No entanto, passado o período da crise do petróleo o governo reviu sua política energética e aboliu os subsídios ao setor carbonífero. Assim, encerra-se a quarta fase em 1985, Ano em que se atinge a maior produção de toda a história da indústria carbonífera catarinense. Nesse ano, havia cerca de 15 mil trabalhadores nas minas, e a produção de carvão bruto atingiu mais de 19 milhões de toneladas, maior índice da história. A partir de 1985 começa o processo de redução dos subsídios e abrem-se as portas para o carvão importado. (CAROLA, 2002, p. 23) É neste contexto que se inicia a quinta fase, uma fase marcada pela decadência da atividade carbonífera. Em 1992, o Governo Collor realiza o corte dos subsídios ao setor acentuando a crise. Desta forma, a atividade que foi durante muitos anos o carro chefe da economia criciumense passou a lutar pela sua sobrevivência. A crise do carvão deixou um saldo de intensa destruição ambiental e centenas de trabalhadores desempregados. Nesta breve periodização ficou em evidência que a atividade carbonífera apresentou muitos altos e baixos principalmente por conta da necessidade de subsídios por parte do governo. Nesse sentido, já se buscava falar de uma diversificação da economia criciumense desde a década de 1960. Nesse período a Associação Comercial e Industrial iniciou uma campanha propondo aos empresários locais que ampliassem seus negócios com o objetivo de atrair empresas externas ao município. Também criticavam a dependência ao setor carbonífero que por conta de sua inconstância não permitia a cidade um futuro estável. (NASCIMENTO, 2006, p. 52) 3

Além do debate em torno da diversificação econômica surgiram também nesse período algumas iniciativas que buscavam repensar a identidade criciumense. Essas ações visavam desvincular a identidade urbana centrada no setor carbonífero para um discurso cujo objetivo era buscar na etnicidade uma nova fundamentação identitária. Uma das primeiras iniciativas públicas cujo objetivo era exaltar o elemento étnico ocorreu em 1955 quando José Pimentel propôs uma campanha para que fosse construído um monumento em homenagem aos imigrantes que teriam fundado a cidade. Na visão dele, teriam sido os primeiros habitantes os responsáveis por instaurarem as bases para o progresso criciumense 3. Ao destacar a valorização dos imigrantes, a proposta em contrapartida, diminuía a importância da atividade carbonífera como determinante econômico exaltando os colonizadores como os responsáveis pela base do desenvolvimento da cidade. Este texto de José Pimentel foi uma das primeiras iniciativas étnicas públicas em Criciúma. A idéia encontrou diversos adeptos tendo sido consolidada em 1980, ano das comemorações do Centenário da cidade. O poder público municipal percebeu no Centenário um momento ímpar para recontar a história criciumense. Seria o momento de desvincular a cidade de sua identidade carbonífera. Nesse sentido, a nova identidade apresentada à cidade no período de seu Centenário estaria pautada na etnicidade, centrada nos grupos formadores da cidade. Vale ressaltar, que a história oficial criciumense apresentava até este período os grupos italiano, polonês e alemão como os três grupos étnicos fundadores da cidade. No entanto, o poder público municipal incluiu na proposta do Centenário mais dois grupos étnicos: portugueses e negros. A inclusão destes grupos visava inserir no discurso identitário uma grande parcela da população que não se identificava com os três grupos tidos oficialmente como fundadores da cidade. Esta prática demonstra uma preocupação inclusiva e eleitoral por parte do poder público do período. Importante frisar que este discurso identitário baseado na etnicidade não partia da iniciativa popular, mas sim, do poder público municipal. Nesse período, segundo Maria Marlene Milanez Just, então secretária municipal de educação e uma das organizadoras do Centenário, a população não conhecia a palavra etnia não sabia seu significado, sendo, portanto necessário um trabalho nas escolas para divulgar a etnicidade criciumense. 4 Evidentemente, que as pessoas vivenciavam suas relações identitárias e étnicas em seu 3 PIMENTEL, José. Monumento ao Imigrante. Tribuna Criciumense, Criciúma, 01 de agos. 1955. 4 Maria Marlene Milanez Just. Entrevista concedida no dia 23 de Março. 2007 a Dorval do Nascimento e Michele Gonçalves Cardoso. A entrevistada foi Secretária de Educação no Município de Criciúma no período das Comemorações do Centenário, tendo participado ativamente como organizadora do evento. 4

cotidiano, no entanto, não utilizavam este termo para salientar as diferenças entre os grupos. Os criciumenses utilizavam em seu cotidiano marcadores identitários com os quais estavam habituados a identificarem os diferentes grupos presentes na cidade. Contudo, a etnicidade apresentada pelo poder público municipal estava centrada em danças e comidas típicas, em vestimentas típicas e numa linguagem que eram estranhas a maior parte dos criciumenses. Mesmo que o povo não compartilhasse do mesmo conceito de etnia que o poder público, as relações étnicas eram vivenciadas na cidade, fato que auxiliou na constituição desta nova identidade, pois segundo Hobsbawm, as tradições inventadas somente são aceitas quando alguns elementos já estão presentes no cotidiano do grupo. A partir deste reconhecimento se inicia a normatização da prática que ocorre através da repetição gerando continuidade em relação ao passado. (HOBSBAWM, 1997, p. 9) Assim, em 6 de Janeiro de 1980 teve início o ano comemorativo do Centenário. Um ano marcado por diversas festas que visavam a divulgação da nova identidade criciumense. Contudo, a nova proposta identitária não poderia ser reduzida a apenas uma comemoração. Desta forma, buscou-se a continuidade da nova identidade através de alguns marcos constituídos na cidade: o Museu Histórico e Geográfico Augusto Casagrande, o Monumento às Etnias e posteriormente a Quermesse de Tradição e Cultura. Ao discorrer sobre as disputas identitárias vivenciadas em Criciúma podemos inferir que essas identidades ainda estão em amplo debate. A identidade de cidade carbonífera ainda é usada de maneira recorrente, pois além da identificação de uma grande parcela da população, a cidade é reconhecida por grupos externos a ela como Capital do carvão. No entanto, percebemos que muitos grupos citadinos evitam rememorar o carvão por conta das crises e demais problemáticas que o setor gerou. Podemos inferir que a cidade possui uma estreita relação com a concepção de moderno, uma ânsia pelo novo e um desejo pelo esquecimento de determinados passados. Podemos perceber esse discurso de modernidade em diferentes momentos da história criciumense. O novo é celebrado, mas logo que se torna obsoleto é descartado e relegado ao esquecimento. Poderíamos citar diversas situações em que os patrimônios culturais da cidade foram simplesmente destruídos sem a participação da população, para dar lugar ao novo. Os ventos da modernidade sopram forte pela administração pública que avalia que o descarte é a única forma de se olhar para o futuro. 5

Com o objetivo de analisar essas disputas entre a identidade do carvão e a identidade étnica percebendo traços desse conceito de modernidade em que o novo entra como um turbilhão destruindo marcas de um passado considerado por muitos como símbolo do atraso é que nos propomos a refletir sobre três murais públicos. Um dos murais estava localizado na avenida centenário, principal avenida da cidade. O outro no aeroporto Diomício Freitas e o terceiro na prefeitura municipal. Murais que contam histórias No ano de 2006 a empresa criciumense Alianda Pisos e Azulejos, especializada na distribuição de revestimentos cerâmicos, inaugurou uma nova loja. A instituição já atuava na cidade desde 1993, período de grande crescimento do setor cerâmico na região. O estabelecimento recém inaugurado estava localizado às margens da Avenida Centenário, principal eixo de ligação da cidade, pois a avenida corta o perímetro urbano criciumense de norte a sul. A Avenida Centenário possui um trafego intenso, pois por ela passam muitos moradores da cidade e também de cidades vizinhas que buscam serviços em Criciúma. Assim, a Alianda estava situada em um ponto privilegiado para o comércio. A empresa possuía uma parede de grandes proporções na lateral da loja que era facilmente visualizada pelos dois sentidos na Avenida e foi nesta parede que a empresa decidiu registrar momentos da história criciumense. Momentos considerados importantes e que estariam expostos ao grande público rememorando e positivando algumas características da urbe. Para a confecção do painel a empresa buscou auxílio da Universidade da cidade, no entanto, o curso de Artes Visuais afirmou não possuir pessoas especializadas na técnica que seria envolvida. Com esta dificuldade inicial, a empresa buscou artistas em outros estados contratando, assim, o artista mineiro Renato Brito. Segundo o jornal criciumense A Tribuna o trabalho foi iniciado depois de uma pesquisa de três meses. Funcionários da Alianda Pisos e Azulejos levantaram as informações e as colocaram no papel. A expressão dos desenhos e a mistura das cores ficaram por conta do artista plástico Renato Brito. (PIVA, 2006, p.8) Parte da pesquisa realizada pelos funcionários teve acompanhamento do artista, pois este deveria entrar em contato com os ambientes que iria retratar. Assim, o painel já possuía uma estrutura proposta pela empresa ao artista. Nesta estrutura algumas passagens da história criciumense estariam sendo retratadas em vagões de um trem. O painel é puxado pela locomotiva, uma 6

representação da Maria Fumaça, e na sequência o vagão que representa a formação da cidade com seus grupos étnicos; a extração do carvão; o setor cerâmico; o setor do vestuário e o futebol criciumense. Imagem 1 Mural Alianda A representação do trem foi chamada pelo jornal A Tribuna de locomotiva educativa, pois este painel estaria ensinando a história criciumense àqueles que passariam pelo local: Nem só nos livros a história de Criciúma pode ser encontrada. Às margens da Avenida Centenário, um muro está servindo de suporte a uma locomotiva educativa. Um painel está sendo produzido para ilustrar as cinco principais frentes responsáveis em levar o nome da cidade a atravessar divisas e fronteiras. Para voltar ao passado ou lembrar o presente basta olhar atentamente o desenho que ilustra a parede. (PIVA, 2006, p.8) A escolha da empresa pela locomotiva está diretamente vinculada a presença deste meio de transporte na história da cidade. O carvão extraído na região era escoado pela ferrovia, no entanto, o papel da Estrada de Ferro Tereza Cristina vai muito além desta utilização. O espaço urbano criciumense foi alterado significativamente pelos trilhos da ferrovia, assim como, o cotidiano dos moradores da cidade e da região. 7

O maquinista da locomotiva retratado no painel é um Tigre mascote do principal time de futebol da cidade o Criciúma Esporte Clube. No período em que o mural é pintado a Alianda Pisos e Azulejos era um de seus principais patrocinadores, por isso a presença marcante do time na locomotiva e também no último vagão. 5 O primeiro vagão representa os grupos considerados como fundadores da cidade. Há de se ressaltar algumas questões: primeiramente as mulheres retratadas no painel estão representando as sete etnias formadoras da cidade sem, no entanto, definir ao certo qual corresponde ao seu grupo étnico. Em uma leitura superficial podemos conceber as nacionalidades de cada mulher pela sua vestimenta, seriam as três mulheres a esquerda provenientes da Itália, Alemanha e Polônia, complementadas pela mulher sentada ao centro, vinda de Portugal. As três mulheres mais ao fundo, uma árabe, outra negra e outra espanhola, ou as quatro mulheres unindo-se a elas a alusiva a Portugal, seriam provenientes de uma imigração posterior e então localizadas em segundo plano. Nitidamente as três mulheres posicionadas a esquerda estão em um primeiro plano ressaltando a importância maciça atribuída ao seu processo migratório. No segundo vagão temos uma representação do setor carbonífero. O desenvolvimento dessa atividade já foi apresentado brevemente neste texto. Assim vale ressaltar que o setor é apresentado como elemento constituidor da história da cidade (que está representada de forma linear), no entanto sua apresentação no mural se iguala aos outros setores, como por exemplo, o cerâmico que esta retratado no terceiro vagão. Na esteira das discussões sobre a diversificação da economia criciumense, o setor cerâmico passou a receber diversos estímulos, principalmente na década de 1960. Nesse período a política do Sistema Financeiro Nacional de Habitação impulsionou e dinamizou a produção de pisos e azulejos. Esta atividade realizada paralelamente a extração do carvão se tornou bastante representativa na economia da região, sendo que em 1985 o setor de revestimentos cerâmicos representava 25% do VTI (Valor de Transformação Industrial) (SANTOS, 2007, p. 45). Contudo, em 1990, as indústrias ceramistas passaram por uma profunda crise que restringe as vendas ao mercado interno. Assim, para se adequar ao mercado externo essas indústrias passam a incorporar novas tecnologias. Essa reestruturação, pautada na incorporação de tecnologias provindas da Itália, teve efeitos na produção ceramista: levou o Brasil a ocupar o 4º lugar na produção. 5 O último vagão busca homenagear o futebol criciumense dando ênfase a dois momentos: as conquistas do Metropol e os títulos do Criciúma E.C. 8

Uma das características que sempre marcou o desempenho do setor de revestimentos cerâmicos no sul de Santa Catarina foi a sua forma agressiva de atuar no comércio internacional. Em função da retração do mercado interno, durante a década de 80, a conquista do mercado externo tornou-se condição sine qua non para a manutenção e a reprodução da capacidade instalada das cerâmicas, obrigando as cerâmicas a introduzirem prematuramente comparado com a inserção de outros setores os novos métodos de produção e gestão. No início dos anos 80, as exportações de pisos e azulejos em Santa Catarina eram de, aproximadamente, US$ 5 milhões, representando 9,0% das exportações nacionais, chegando, no final da década, próximo dos US$ 50 milhões, 28,7% das exportações nacionais. No final dos anos 90, as exportações já ultrapassavam os US$ 100 milhões, representando 43,8% das exportações nacionais (Secex/SED-SC). (GOULARTI FILHO, 2002, p.993) É o que está retratado no terceiro vagão, quando se pode vislumbrar esta representação de uma tomada de posição a nível internacional. Essa representação do setor cerâmico ganhando mercados internacionais também está retratado no painel do aeroporto Diomício Freitas. O aeroporto atualmente pertence ao município de Forquilhinha, cidade emancipada de Criciúma na década de 1980. No entanto, a maioria absoluta dos usuários deste local são criciumenses ou passageiros destinados à Criciúma. O mural possui o patrocínio da Eliane Revestimentos Cerâmicos uma das maiores empresas do ramo da região sul. O mural foi inaugurado em Abril de 1999 tendo como artista executor José Nunes Teixeira. Para compreendermos melhor as ideias presentes no mural que recepciona criciumenses e visitantes no aeroporto, destacamos o texto da placa que registra a inauguração da obra: Os campos das atividades agropastoris, cederam lugar às minas de carvão, esse rico mineral que embasou o nosso amanhecer industrial... pela estrada de ferro, foram transportadas as riquezas das cidades nas quais as chaminés apontam para o seu grande amanhã... a jovem e cobiçada indústria da cerâmica de revestimento projeta, para o mundo, capacidade produtiva da nossa gente. Tendo como pólo Criciúma, esta é uma Região de gente ordeira, cristã e trabalhadora. Assim fomos pintados por José Nunes Teixeira, este autodidata que enriquece Santa Catarina e que as empresas Eliane perpetuam neste mural do nosso aeroporto. 9

Imagem 2 Mural aeroporto O discurso presente no mural, segundo a narrativa da placa que acompanha a obra, inicia com a agricultura remetendo de certa forma para a migração. No entanto, pelos campos cultivados já podemos ver os trilhos da ferrovia construída para escoar a produção do carvão, produção esta, retratada pelo trabalho dos mineiros cujos instrumentos de trabalho dão ênfase ao esforço e as dificuldades da extração carbonífera. As minas são retratadas com uma coloração mais escura e a medida que a chaminé, que representa a indústria, aparece na obra, as cores se tornam mais vivas e alegres. O ponto alto dessa vivacidade é a mulher que está de costas tocando um piso cerâmico. Ela, como tantas outras representações femininas em obras de arte, simboliza o progresso, a modernidade. Ela é também o elo entre a cidade e o mundo, é através do seu toque que a produção cerâmica se internacionaliza iniciando um novo ciclo. Este mural foi pintado anos antes da primeira obra citada. Ambas possuem forte vínculo com o setor cerâmico, pois mesmo sendo obras em locais públicos, elas são patrocinadas por empresas deste ramo. As duas também buscam expressar diversos elementos da história criciumense buscando na linearidade uma forma de retratar os processos que levaram o setor cerâmico a ser bem sucedido na cidade. Assim como o primeiro painel percebemos a fusão dos discursos identitários que permeiam o cotidiano criciumense. A identidade ligada a migração e aquela vinculada ao carvão dialogam em diversos espaços da urbe evidenciando que o debate identitário ainda 10

continua em pauta. Mesmo com uma forte iniciativa por parte do poder público no período do centenário visando diminuir a relação da cidade com o carvão, podemos perceber que a população ainda se percebe nessa identidade refletindo esse elemento identitário e sendo refletida por ele. Da mesma forma, o discurso étnico é extremamente forte e positivado na cidade, pois o patronímico é considerado um status diferenciado nas relações da cidade. Essas disputas entre os elementos que remetem a identidade étnica e carbonífera podem ser evidenciados também no terceiro painel a ser analisado. O painel localizado no hall da prefeitura municipal de Criciúma no ano de 2010 (autoria desconhecida) apresenta diversos elementos já expostos nos outros murais. A agricultura junto com as casas de estilo colonial e ainda a presença da igreja católica remetem ao discurso étnico. A abertura das minas, a utilização dos animais para a mineração, assim como a chegada da ferrovia lembram a importância do carvão para a cidade. Outros elementos como o Tigre que faz referência ao mascote do Criciúma E.C; o processo de verticalização da cidade; a indústria cerâmica, a indústria de tintas e solventes; e de confecção. Mural 3 Prefeitura municipal 11

No entanto, o maior destaque da obra é dado no centro do painel. A impressão é de que a figura do centro esta rasgando a obra, mostrando o nascimento da cidade. Ao redor da imagem o preto sobressalta lembrando o carvão, ao mesmo tempo que do lado interno o amarelo reluz, evidenciando o carvão como o ouro negro, e a cidade como o Eldorado. É desse foco que nasce dentro de um vagão para transportar o carvão, o desenho do monumento as etnias, inaugurado no período do centenário da cidade, localizado no parque centenário. O monumento possui cinco colunas dispostas de maneira hierárquica, cujo objetivo do autor do projeto era evidenciar que do chão, da terra (centrado mais na agricultura do que no carvão) brotou através das mãos das cinco etnias fundadores a cidade de Criciúma. O monumento é um dos principais cartões postais da cidade e símbolo máximo do discurso identitário. Nesse painel podemos ver a junção das duas identidades em que o autor faz a fusão dos símbolos de cada discurso identitário tornando essas identidades imbricadas. Esse último painel parece remeter as muitas Criciúmas vivenciadas cotidianamente por seus moradores. Identidades múltiplas e em constante debate em busca de espaços, de símbolos, sejam eles de aceitação ou de negação. Segundo Emerson César de Campos Criciúma é uma cidade que tem pouco mais de três dezenas de bairros, vista como capital do carvão, terra das etnias, capital do azulejo, terra da emigração, ou atributos outros que possam ser aventados, onde os lugares e circunstâncias se constituem em imbricadas manifestações híbridas que nada têm deserenas e tranqüilas [...] (CAMPOS, 2003, p 97) Essas múltiplas formas de se representar dialogam criando novos espaços de disputa. A legitimação dessas formas de se representar ocorre cotidianamente através da mídia, dos históricos escritos sobre a cidade, nos símbolos constituídos, como também através de discursos em locais de grande circulação, em que a função destes murais se torna de certa forma educativa visando a reprodução desses discursos. Assim Criciúma é uma cidade híbrida e fraturada em sentidos, construída sobre referenciais diversos, é um lugar onde fronteiras, territórios, identificações, diferenças, etnização, globalismo, são vividos e experimentados. (Idem). É nesse espaço de disputas que homens e mulheres constroem suas relações com a cidade vivenciando novos debates e a construção de novas formas de se representar. 12

Referências CAMPOS, Emerson César de. Territórios deslizantes: Recortes, miscelâneas e exibições na cidade contemporânea - Criciúma (SC) (1980-2002). Florianópolis, 2003. 235 p. Tese (Doutorado em História) Universidade Federal de Santa Catarina - Centro de Filosofia e Ciências Humanas. CAROLA, Carlos Renato. Dos subterrâneos da história: as trabalhadoras das minas de carvão de Santa Catarina (1937-1964) Florianópolis: Ed. da UFSC, 2002. GOULARTI, Alcides. Padrões de crescimento e diferenciação econômica em Santa Catarina. Campinas, 2001. 391 p. Tese (Doutorado em Economia) Universidade Estadual de Campinas - Instituto de Economia. HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence. A Invenção das Tradições. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. NASCIMENTO, Dorval do. Faces da urbe: processo identitário e transformações urbanas em Criciúma/SC (1945-1980). Porto Alegre, 2006. 242 p. Tese (Doutorado em História) Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. PIVA, Andresa. Um painel da história da cidade. A Tribuna, Criciúma, 28-29 out. 2006. Geral. p. 8. SANTOS, Gislene Aparecida. Estados, redes sociais e fronteira: a migração do sul catarinense para os Estados Unidos. Florianópolis, 2007. 206 p. Tese (Doutorado em Geografia) Universidade Federal de Santa Catarina - Centro de Filosofia e Ciências Humanas. VOLPATO, Terezinha Gascho. Vidas marcadas: trabalhadores do carvão. Tubarão: Editora Unisul, 2001. 13