12º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade Recrutamento e retenção de profissionais de saúde para áreas rurais Felipe Proenço de Oliveira Diretor Adjunto DEGES/SGTES/MS
O Plano Nacional de Saúde aponta para o SUS a necessidade de: contribuir para a adequada formação, alocação, qualificação, valorização e democratização das relações de trabalho dos profissionais e trabalhadores da saúde. Hoje, mais de 3,7 milhões de pessoas trabalham no setor saúde (setor público e privado)* e, em nenhum outro segmento econômico o trabalho humano é tão importante. *Dados da AMS IBGE - 2010 Contexto da Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde
Desafios do Sistema Único de Saúde Garantir acesso com qualidade em tempo oportuno a todos os cidadãos brasileiros; Concentração de profissionais em algumas regiões e escassez em outras; Abertura de novos cursos e programas de residência de forma espontânea, sem estudo de necessidade ou indução; Formação centrada em procedimentos e precária integração com o SUS; Desarticulação do trabalho multiprofissional nos serviços de saúde para o atendimento das necessidades de saúde da população.
Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde - SGTES Contribuição à adequada: Formação, Alocação, Qualificação, Valorização e, Democratização das relações de trabalho dos trabalhadores do SUS. Gestão da Educação na Saúde Gestão do Trabalho e da Regulação na Saúde 1- Educação Permanente 2 -PROFAPS 3- Telessaúde 4- Pró e Pet Saúde 5- Residência em Saúde 6 - PROVAB 1- Mesa de Negociação Permanente 2- Desprecarização das relações de trabalho
Diagnóstico da realidade médica no país
Médicos por mil habitantes Peru 0,9 Chile 1,0 Paraguai 1,1* Bolívia 1,2* Colômbia 1,4* Equador 1,7 Brasil 1,8 Venezuela 1,9* México 2,0 Canadá 2,0 Estados Unidos 2,4 Reino Unido 2,7 Austrália 3,0 Argentina 3,2* Itália 3,5 Alemanha 3,6 Uruguai 3,7 Portugal 3,9 Espanha 4,0 Cuba 6,7
A meta de 2,7 médicos por mil habitantes, usada como referência, é a proporção encontrada no Reino Unido que, depois do Brasil, tem o maior sistema de saúde público de caráter universal Para atingir 2,7 médicos, seriam necessários hoje mais 168.424 médicos
22 estados abaixo da média nacional Brasil: 1,8 médicos por mil habitantes 3,46 3,44 0,94 1,12 0,76 1,06 1,09 1,05 1,97 1,45 0,58 1,1 1,81 1,54 0,77 1,17 1,68 1,39 0,92 1,23 2,23 1,21 1,02 1,69 2,49 1,3 1,08
Realidade dos municípios do interior e periferia Mais de 1900 municípios tem menos de 1 médico para 3 mil habitantes na atenção básica 700 municípios apresentam altos índices de insegurança por escassez de médicos: sendo que a maioria não tem sequer 1 médico residindo no município Fonte: Rede Observatório de Recursos Humanos
Hoje, o Brasil gerou 54 mil postos de trabalho a mais do que o número de formados Esse número se refere ao acumulado de 10 anos de postos de trabalho que se abriram, 146.867, e o número de médicos que se formaram, 93.156. Carência de médicos no Brasil
Retrato do mercado de trabalho médico no Brasil Em 2011 foram criados quase 19 mil empregos, porém apenas 13 mil médicos se formaram. Ano Total de admissões Total de desligamentos Saldo admissões e desligamentos Admissões por 1º Emprego Vínculos ativos em 31/12 Egressos de medicina 2003 39.461 30.496 8.965 10.650 203.787 8.498 2004 43.969 34.987 8.982 12.050 210.733 9.113 2005 55.944 39.757 16.187 15.345 226.021 9.339 2006 59.019 45.290 13.729 15.943 235.191 10.004 2007 61.639 49.057 12.582 15.286 254.056 10.381 2008 67.749 57.389 10.360 17.865 261.558 10.133 2009 74.454 59.818 14.636 21.645 277.440 10.825 2010 75.070 59.360 15.710 19.361 280.426 11.881 2011 71.625 63.134 8.491 18.722 282.127 12.982 Acumulado 548.930 439.288 109.642 146.867-93.156
Retrato do mercado de trabalho médico no Brasil Gráfico 1 Evolução das admissões por primeiro emprego, do salário real* de médicos no mercado formal e de egressos de medicina no ano anterior Brasil, 1998/99 2009/10. EVOLUÇÃO DAS ADMISSÕES POR PRIMEIRO EMPREGO, DO SALÁRIO REAL* DE MÉDICOS NO MERCADO FORMAL E DE EGRESSOS DE MEDICINA NO ANO ANTERIOR BRASIL, 1998/99 2009/11 Fonte: EPSM EPSM a partir a partir do Censo do da Censo Educação da Superior Educação do INEP/MEC Superior e da Relação do INEP/MEC Anual de Informações e da Relação Sociais do Anual Ministério de Informações do Trabalho e Emprego Sociais (RAIS/TEM). do Ministério *Calculado do a Trabalho partir da remuneração e Emprego média (RAIS/MTE). anual de médicos *Calculado no mercado formal, a partir deflacionado da remuneração a preços constantes média de acordo com o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em relação ao primeiro ano da série. anual de médicos no mercado formal, deflacionado a preços constantes de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em relação ao primeiro ano da série.
Retrato do mercado de trabalho médico no Brasil Melhoria na empregabilidade da categoria e inexistência de desemprego Formalização dos postos de trabalho e evolução dos salários mensais O número de candidatos por vaga no vestibular passou de 25 para 41 em uma década, mostrando atratividade crescente do curso A demanda por postos de trabalho formais foi superior à oferta de profissionais, sendo indicativo de escassez.
Retrato do mercado de trabalho médico no Brasil Distribuição do número de médicos* por condição de atividade e ocupação na semana de referência - Brasil, 2010. 2000 2010 N % N % Ocupado 256.282 91,3 356.117 92,4 Ocupado como médico 196.765 70,1 316.431 82,1 Ocupado em outra função 59.517 21,2 39.686 10,3 Desocupado 3.416 1,2 1.873 0,5 Não economicamente ativo 21.116 7,5 27.578 7,2 Total 280.814 100 385.568 100 Fonte: EPSM a partir do Censo Demográfico 2010 do IBGE. *Pessoas que declararam possuírem graduação em medicina ou que estavam ocupados no trabalho principal da semana de referência como médicos, sendo as condições não excludentes.
População pede mais médicos Em estudo realizado pelo IPEA, 58,1% dos 2.773 entrevistados disseram que a falta de médicos é o principal problema do SUS Os mesmos entrevistados sugeriram o aumento do número de médicos como a principal melhoria necessária Fonte: SIPS-IPEA/2011
O SUS precisa de mais médicos 26.311 novos postos de trabalho abertos somente com investimentos do Ministério da Saúde até 2014 UBS: 8.069 Melhor em Casa: 1841 Viver sem Limites: 180 Saúde Mental: 826 Atendimento ao câncer: 338 UPAs: 14.479 Saúde indígena: 578
Medidas estruturantes 1 2 3 4 5 Abertura de 2.415 vagas em cursos de medicina até 2014 Abertura de novas vagas de residência, em especialidades nos estados que mais precisam 4 mil bolsas até 2014 Provab: 3.800 médicos atuam com recursos federais nas periferias das grandes cidades e no interior. Desconto na dívida do FIES para os profissionais que trabalham onde o SUS precisa Carreira de estados e municípios com financiamento tripartite
Vagas de ingresso na graduação para cada 10.000 hab Inglaterra: 1,6 EUA: 1,5 Austrália: 1,4 Canadá: 0,8 Brasil: 0,8 UF Nº de vagas por 10.000 Acre 0,55 Alagoas 0,40 Amapá 0,45 Bahia 0,51 Ceará 0,75 Goiás 0,60 Maranhão 0,35 Mato Grosso 0,39 Mato Grosso do Sul 0,78 Pará 0,48 Pernambuco 0,72 Rio Grande do Norte 0,76 Roraima 0,63 São Paulo 0,75
Abertura de Cursos de Graduação OBJETIVO: cobrir os vazios assistenciais e de formação CRITÉRIOS: Vazio de Formação na Graduação: distância em relação ao município com curso de medicina mais próximo; Existência e disponibilidade da rede de serviços de saúde suficientes para ofertar estágio com qualidade; Menor Relação Vaga de Ingressante/10.000 habitantes Menor Relação Médico/10.000 habitantes
Ampliação de 129% no investimento para bolsas em residência médica, chegando a R$ 46,4 milhões em 2013 Especialidades prioritárias: Anestesiologia, Cancerologia nas áreas Clínica/Cirúrgica/Pediátrica, Cardiologia, Cirurgia do Trauma, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Medicina de Família e Comunidade, Medicina de Urgência, Medicina Intensiva Adulto/Pediátrica, Nefrologia, Neonatologia, Neurologia/Neurocirurgia, Obstetrícia e Ginecologia, Ortopedia e Traumatologia, Pediatria, Psiquiatria, Radioterapia, Radiologia. Ampliação de residência médica
Residência de Medicina de Família e Comunidade Complementação da bolsa do residente pelo município Incentivo para qualificação do serviço e para preceptoria Formação de preceptores Matriciamento para abertura de novos programas Carência/Abatimento do FIES
PROVAB Apoio e incentivo para atuação de forma supervisionada na Atenção Básica de municípios com carência de profissionais Escolha Voluntária do profissional graduado no Brasil ou com diploma revalidado de onde deseja atuar 54 Instituições supervisoras, envolvendo um total de 551 supervisores Suporte de Telessaúde para todos os médicos
PROVAB Maior programa de interiorização de médicos MS e MEC: especialização e pontuação adicional na seleção de residência médica 2012: 381 médicos - 350 obtiveram conceito satisfatório para recebimento de pontuação de 10% nas provas de seleção para residência 2013. 2013: Demanda das prefeituras: 13 mil médicos para municípios de interior e periferias Realidade do Provab: 3,8 mil médicos começam a atuar em 1,3 mil municípios
Distribuição de médicos SEGMENTO TERRITORIAL DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL 2012 44% 56% Zona urbana Zona rural Fonte: 293 médicos entrevistados na unidade de saúde pelos técnicos da SGTES
Distribuição de médicos por estado 694 488 400 325 10 87 36 7 17 91 171 154 14 26 95 191 116 79 151 138 25 11 123 111 63 187 AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP
Distribuição de médicos por estado
Distribuição de médicos por estado
Ministério da Saúde -Inscrição dos Médicos -Edital de Adesão dos Municípios -TC com Estados -Financiamento das Bolsas -Telessaúde Estados - Participação por TC - Comissão de Coordenação Estadual - Coordenador Estadual - Planejamento da supervisão -Plano de Trabalho Municípios -Aderir ao Programa -Prover Estadia S/N -Validar Bolsa -Avaliação do Médico - COSEMS na Comissão Estadual UNASUS -Especialização -Planejamento e logística -Consolida Web portfólio Instituição Supervisora -Percursos Formativos do Supervisor - Plano de Trabalho - Supervisão -Avaliação do Médico
FIES Abatimento mensal de 1% do saldo devedor para o médico que trabalhar em equipes de saúde da família em regiões de carência de profissional Carência estendida para os residentes de especialidades estratégicas, entre elas a Medicina de Família e Comunidade
Carreira Portaria GM/MS Nº. 2.517 de 1º/11/2012 Apoia os estados na implantação de carreira e na desprecarização do trabalho em saúde Aprovados e em desenvolvimento: - Projetos de Planos de Carreira intermunicipal e/ou regional com a participação dos estados; e - Iniciativas de desprecarização e implantação de Carreira.
O Ministério da Saúde vem analisando experiências de outros países para atração de médicos com formação de qualidade para o interior e periferias das grandes cidades
Atuação dos médicos estrangeiros no mundo Inglaterra: 37% dos médicos se graduaram no exterior EUA: 25% dos médicos se graduaram no exterior Canadá: 22% Austrália: 17% Brasil: apenas 1,79% dos profissionais se formou no exterior
O Ministério da Saúde estuda duas estratégias complementares, adotadas por outros países: 1. O médico se submete a exame de validação do diploma e obtém o direito de exercer a medicina em qualquer região 2. O médico participa de programa para atuação restrita nas áreas de escassez de médicos como periferias das grandes cidades e municípios de interior, por um período fixo Estratégias estudadas
Estratégias estudadas Não será considerado atrair profissionais de países com menos médicos por mil habitantes que o Brasil, caso de Bolívia e Paraguai, por exemplo. Só serão atraídos profissionais formados em instituições de ensino autorizadas e reconhecidas e que tenham licença para atuar em seus países de origem. Com isso, atrair profissionais qualificados será mais uma das medidas para levar mais médicos para onde os brasileiros mais precisam.
Estratégias estudadas Não haverá validação automática de diploma Os municípios que tiverem interesse em receber médicos estrangeiros deverão, necessariamente, acessar recursos do Ministério da Saúde para estruturar suas unidades de saúde
Melhorar sua vida, nosso compromisso Obrigado!! felipe.proenco@saude.gov.br @felipeproenco