A ATUAÇÃO DAS TROPAS DE PAZ DA ONU NO HAITI Marcello Renato Alves de Araújo Universidade de Fortaleza marcellorenatto@hotmail.com



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Transcrição:

A ATUAÇÃO DAS TROPAS DE PAZ DA ONU NO HAITI Marcello Renato Alves de Araújo Universidade de Fortaleza marcellorenatto@hotmail.com O Haiti, uma pequena ilha localizada no Caribe, tem uma história de miséria desde sua independência. Em 2003, o país ganhou repercussão internacional quando seu presidente fugiu de um ataque rebelde. O Brasil, a partir de 2004, começou a enviar tropas para o Haiti numa missão de paz promovida pela ONU, MINUSTAH. A missão é considerada bem sucedida pelos padrões da ONU, mas a realidade aparenta ser outra. Para entender a situação do país, a pesquisa foi realizada através de levantamento de material bibliográfico em diversas revistas, jornais, artigos científicos, relatórios oficiais e a pesquisa em campo, nos quartéis do Exército e entrevistas com seus oficiais. As missões de paz comandadas pelo Brasil tem sido um sucesso e nossas tropas estão adquirindo a experiência necessária para esse tipo de missão. Entretanto, a situação do Haiti continua bastante frágil e que uma Missão de Paz Armada não é a única solução para se salvar um país a longo prazo. INTRODUÇÃO As Forças de Paz das Organizações das Nações Unidas, mais conhecidos como PKO Peace Keeping Operations, [...] numa tradução mais literal, Operações de Manutenção da Paz [...] (Proença Júnior: 2002, pág. 147) são as forças militares multinacionais instituídas pela ONU para atuar em zonas de conflito armado, geralmente supervisionando cessar-fogo, dirigindo a retirada de tropas da região e o mais relevante de todos: prestar assistência humanitária à população civil segundo a ONU sendo assim [...] aliviando o sofrimento humano e criando condições para uma paz auto-sustentável [...]. Essa tarefa é incumbida aos Capacetes Azuis, ou Boinas Azuis, uma tropa de elite, os instrumentos de uma política de paz e resolução dos conflitos. As Forças de Paz da ONU têm sua origem junto com a criação da Carta às Nações Unidas, em 26 de junho de 1945. A Carta da ONU descreve em seu Capitulo VII Ação relativa à ameaça à paz, ruptura da paz e atos de agressão que vai do artigo 39 ao 51. O artigo 39 diz que [...] o Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça a paz... e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas [...]. As missões tem a função de implementar tratados de paz, promover a segurança e direitos humanos.

Depois de sua criação, a primeira missão ocorreu em junho de 1948, na missão UNTSO UN Truce Supervision Organisation. Foram enviados observadores militares que ficaram em Israel para supervisionar o cessar fogo e tratados de paz, entre Árabes e Israelitas. Dezenas de missões foram executadas, em destaque está a missão UNEF I (First UN Emergency Force), de novembro de 1956, no Canal de Suez. Foi a primeira missão armada da história das PKOs com objetivo de conter o conflito Egito-Israel. As Forças de Paz são supervisionadas pelo Departamento de Operações de Paz (DPKO Department of Peace Keeping Operations), criado em 1992, e tem a missão de ajudar o Secretário Geral na manutenção e direção da paz e segurança internacional. De acordo com a Mission Statement a função da DPKO é planejar, preparar, gerenciar e direcionar missões de paz, só assim será eficaz. O DPKO encontra-se sob o comando do Secretário Geral. Em março de 2000, uma comissão de especialistas nomeada pelo Secretário Geral, Kofi Annan, apresentou um relatório acerca dos padrões mínimos necessários ao sucesso de uma missão de paz. As exigências são três: mandado claro e específico emitido por órgão competente, concordância das partes do conflito e recursos suficientes e adequados. A missão do Brasil no Haiti preenche todos esses requisitos. Depois da chegada de Colombo, os espanhóis estabeleceram fortes no litoral da ilha e assim se inicializou a colonização. Os ameríndios residentes, os Arawak foram virtualmente aniquilados pelos colonizadores espanhóis. Os nativos chamavam o lugar de Haiti (terra montanhosa). Em 1697, a Espanha cedeu à França parte da ilha que seria oficialmente chamada de Haiti. Houve uma intensa importação de escravos africanos durante os séculos XVII e XVIII. Os escravos trouxeram consigo a bagagem cultural e a religião vodu. [...] a chegada dos africanos também criou uma terceira classe de pessoas, os mullatos, resultados das relações entre senhores franceses e as escravas [...] (KLEIN, 2004 p. 138). A situação de ódio e opressão entre as classes levou em 1791 ao inicio das revoltas que culminariam em 1804 com a primeira independência de um país negro das Américas. O que deveria ser o inicio de uma história de vitórias, tornou-se uma de pobreza e revoltas. O Haiti é um caldeirão de problemas políticos, sociais e econômicos. Descendentes europeus (mullatos), líderes rebeldes e ex-escravos disputariam o lugar de governo do Haiti, levando a sua divisão em Haiti e República Dominicana em 1844. Em 1957, entra na história o personagem mais famoso da ilha, François Duvalier, o Papa Doc. Começou sua carreira como médico preocupado com as causas sociais e ao combate de doenças tropicais e ganhou força junto a população. Eleito em setembro de 1957, com o apoio militar, tomou medidas drásticas tais quais criação de uma guarda particular palaciana que se encontrava sobre a proteção vodu. Eram os Tontons Macoute (demônios mitológicos das sombras). Os opositores eram

presos, torturados e assassinados. Ele proibiu a criação de partidos políticos de oposição. Em 1964, Papa Doc mudou a constituição para ser declarado presidente vitalício. Com sua morte, seu filho, Jean-Claude Duvalier, assumiu a ilha, mas poucas coisas mudaram. Somente em 1986 é que os militares forçaram Baby Doc a abdicar. Em dezembro de 1990, Jean- Bertrand Aristide foi eleito. [...] entretanto em menos de um mês Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cedras e se exilou nos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder [...].Revoltas marcaram o governo de Aristide por toda a década de 90 e inicio do século XXI. Em 2003, protestos anti-aristide acarretaram várias mortes na capital Port-au-Principe. O avanço dos rebeldes forçaram a Aristide a fugir para África. Em 2004. O Haiti sofre intervenção internacional da ONU, a operação chama-se MINUSTAH. O envio das tropas brasileiras era para assegurar as novas eleições para presidente desde a queda de Jean-Bertrand Aristide e garantir a segurança dos civis nesse processo de transição. Desde o envio dos nossos soldados, em 2004, diversos problemas surgiram, um deles é o fato das divergências políticas dentro do Haiti que fogem do controle das tropas (NUNES, 2006 p. 48). A reportagem mostra a Policia Nacional Haitiana (PNH) matando civis nas favelas da cidade. Uma análise dessas missões mostrará quais são as funções das tropas da ONU, sua participação efetiva num país em colapso social e econômico. O que a política externa do Governo Lula pretende com isso, a real eficácia dos nossos militares em terra estrangeiras, e as conseqüências para os Haitianos de nossa intervenção pacifica. Em junho de 2006 o Exército Brasileiro enviou mais um batalhão com 280 militares ao Haiti. Essa já é a quinta missão no sistema de rodízio que ocorre a cada 6 meses. Esse é o primeiro contingente de soldados nordestinos como afirmou o Coronel Paulo Sérgio da 10ª Região Militar. Dentre eles estão 30 soldados cearenses que foram treinados no 23º Batalhão de Caçadores (23º BC), na cidade de Fortaleza. [...] e para chegarem até o Haiti, passaram por diversos exames, inclusive os de natureza psicológica [...]"(PEIXOTO, 5 jun, 2006). Parte do contingente é composto por médicos e engenheiros. Todos tiveram aulas de francês, direitos humanos, e treinamentos físicos num período de 4 meses, como afirmou o coronel Paulo Sérgio. As funções dos soldados brasileiros é prestar assistência humanitária, médica, segurança (a políticos, autoridades e grupos), infra-estrutura (como construção de pontes, estradas) e desarmamento dos bairros. O Ministério da Defesa destinou 1.200 homens e mais

de R$ 266,8 milhões para garantir que a reestruturação do país seja mantida e que possíveis enfrentamentos com gangues dissidentes sejam feitos de forma eficaz. [...] além da ajuda humanitária a participação brasileira na Minustah é fruto da obstinação do país em conquistar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança [...] (PEIXOTO, 5 de jun 2006). Colocase que a política externa do governo Lula tem esse objetivo uma vez que o país está a frente da missão com o General brasileiro José Elito Carvalho Siqueira como seu líder. METODOLOGIA A pesquisa foi do tipo bibliográfica, realizada em artigos científicos, livros, revistas, sites da internet e nos jornais, de natureza qualitativa e com fins exploratórios e descritiva. Segundo à utilização dos resultados, a pesquisa é pura. Na segunda etapa realizou-se também pesquisa de campo em dois quartéis de Fortaleza: o 23 Batalhão de Comando de Caçadores do Exército e a 10ª Região Militar. Nesses locais entrevistou-se oficiais (patente de coronel) do exército brasileiro no setor de assessoria de impressa. Os oficiais responderam a vinte perguntas de um questionário do tipo estruturado, aplicado de forma presencial. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Missão de Paz MINUSTAH é considerada pela ONU e pelo Exército Brasileiro como bem sucedida, pois conseguiu promover sua mais importante tarefa: garantir as eleições desse ano para presidente O Haiti se encontra em situação melhor do que aquela em 2003, os bairros e distritos estão voltando a normalidade graças as ações dos capacetes azuis em suas atribuições como segurança e reconstrução. Em entrevista o Coronel Paulo Sérgio informou que as gangues estão sendo desarmadas e as restantes estão sendo acuadas para os extremos da cidade e no futuro terão a opção ou de se render ou entrar num confronto com os soldados. Porém ainda há muita violência no país mesmo com os esforços dos soldados, como informa a BBC News em diversas reportagens. O Factsheet do site da ONU indica: Missões de paz são um elemento central na resposta a conflitos internacionais; Missões de paz fazem a diferenças nos países em necessidade; Missões de paz evoluem em aprendizado. O numero de fatalidades militar é mínima, com um total de 17, e apenas 1 brasileiro morto. O Exército brasileiro ganhou experiência militar na área de manutenção da paz e,

como afirma o Coronel Paulo Sérgio, o Exército adquiriu mais respaldo internacional nas áreas diplomáticas e militares, gerando uma auto-afirmação que dará ao governo atual maiores chances a uma vaga permanente no Conselho de Segurança. Entretanto, para conseguir isso, o governo terá que investir muito em ajuda econômica e de pessoal, pois o Brasil não está entre os 20 primeiros em contribuições monetárias e é o 13º em contribuições com soldados, como indica os dois gráficos extraído do Fact Sheet da ONU: ILUSTRAÇÃO 1 - Contribuintes à ONU (Factsheet da ONU, 2006) Maiores Contribuintes a Missões de Paz da ONU - 2006 Percentagem das Contribuições 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% EUA Japão Alemanha Reino Unido Países contribuintes França Italia Canadá Espanha China Holanda Austrália Coréia Rússia ILUSTRAÇÃO 2 - Contribuintes à ONU (Factsheet da ONU, 2006) Maiores Contribuidores em Militares da ONU - 2006 Países Contribuidores 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 Bangladesh Paquistão Índia Jordânia Nepal Etiópia Gana Uruguai Nigéria Número de Soldados África do Sul Senegal Marrocos Brasil China Sabe-se que as autoridades nacionais e internacionais afirmam veementemente que o sucesso das missões é bastante claro, mas [...] compreende-se que a pacificação é ilusória, e mais longínquas são as tentativas de se retomar o desenvolvimento [...] (PEIXOTO, 2006, p. 10). De acordo com o World Factbook da CIA, a condições do Haiti ainda estão longe de atingir a esperada estabilidade econômica e social.

TABELA 1- Informações Gerais do Haiti (CIA: World Factbook-2006) Mortalidade Infantil Expectativa de Vida Analfabetismo AIDS/HIV Renda per capita anual 71,65 mortes/1.000 nascimentos 53,23 anos 47,1% analfabetos 280.000 infectados. Pop. Total: 8 milhões 1.700 U$ anuais. 80% da população abaixo da linha de miséria TABELA 2- Gastos Gerais (JB Online, 16-jan-2006) 2004 2005 2006 Total 142,5 R$ milhões 86,3 R$ milhões Não definido ainda 266,8 R$ milhões TABELA 3- Gastos Gerais -2005 (JB Online, 16-jan-2006) Armamentos Equi. Esportivo Festividades/Homenagens Soldo Militares Uniformes 2,2 R$ milhões 59,0 R$ mil 16,9 R$ mil 33,5 R$ milhões 4,8 R$ milhões As tabelas 2 e 3 mostram como foram os gastos. Uma comparação poder ser feita, pois o governo aplicou de investimentos diretos do Fundo Nacional de Segurança Pública do Rio no mesmo período, um total de R$ 46 milhões. CONCLUSÃO O governo brasileiro a fim de se destacar como potência mundial envolveu-se numa missão de paz ao Haiti, um país de consideráveis problemas. As missões que se encontram no 5º envio de pessoal está alcançando seus objetivos como a estabilização da ordem civil em pontos do país e a eleição presidencial de 2006. [...] O exercício do enquadramento das PKOs... revela-se um empreendimento frutífero [..] (PROENÇA JÚNIOR, 2002, p. 186). Ambos o Exército Brasileiro e a DPKO (Departamento de Operações de Paz) afirmam que as intervenções são um instrumento necessário para a manutenção da paz presente e futura. Porém, a realidade da República do Haiti é uma contradição constante, um país assolado pela miséria, disputa de água potável e domínio de regiões acarreta em violentos levantes que

fogem ao controle das tropas. O Exército Brasileiro executa suas tarefas de forma exemplar, entretanto a reconstrução de um país, com aproximadamente 80% da população vivendo abaixo da linha da miséria, levará muito mais tempo. O Governo Brasileiro começa a compreender que para adquirir respaldo internacional deverá investir bem mais militar e financeiramente. Isso significaria gastos polpudos e despesas ao contribuinte. Os frutos dessa campanha serão assuntos no futuro do Brasil e do Haiti. Ao Haiti só resta esperar os desdobramentos de sua própria política interna e como a ONU deixará o país assim que considerar concluída a Missão MINUSTAH. REFERÊNCIAS (NBR 6023/2002) MARQUES, Hugo; PARDELLAS, Sérgio. Brasil gasta fortuna no Haiti. JB Online,16 jan. 2006. Disponível em: <http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2006/01/15/jorbra20060115001.html> Acesso em 23 jul. 2006. PROENÇA JÚNIOR, Domício. O enquadramento das missões de paz (PKO) nas teorias da guerra e de polícia. Revista Brasileira de Politica Internacional, v. 45, n 2, p. 147-197, 2002. CIA - The World Factbook Haiti. 20 julho, 2004. Disponível em: <https://www.cia.gov/cia/publications/factbook/geos/ha.html> Acesso em: 05 jun, 2006. BBC News- Americas. Hatians vote for new parliament. BBC News 22 abril, 2006. Disponível em: <http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/4929610.stm> Acesso em: 11 maio 2006. PEIXOTO, Marcus. País não tem saida a curto prazo. Diário Do Nordeste, Fortaleza, p. 08, 5 jun 2006. PEIXOTO, Marcus. Diário do Nordeste, Fortaleza, 08 jun 2006. NUNES, Walter. O que estamos fazendo no Haiti. Revista Época, p. 48, fev. 2006. KLEIN, Shelley. Os Piores ditadores da história. 2004 pág. 138. UNITED NATIONS Peacekeeping, 2006. Disponível em: <http://www.un.org/depts/dpko/dpko/index.asp> Acesso em: abr, maio, jun, jul 2006.

Carta das Nações Unidas. Disponível em: <http://www.un.org/aboutun/charter>. Acesso em: abr, maio, jun, jul 2006. EXÉRCITO BRASILEIRO. Missão de Paz no Haiti - Minustha. Disponível em: <http://www.exercito.gov.br/04maoami/missaopaz/minustah/histori.htm>. Acesso: em 12 jul 2006. O FACTSHEET do site da ONU. Disponível em: <http://www.un.org/depts/dpko/factsheet.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2006.