Release do Processo n.º 2007.61.11.002996-0 OPERAÇÃO OESTE CASO 3 X 1 Trata-se de ação penal que o Ministério Público Federal move em face de EMERSON LUIS LOPES e HENRIQUE PINHEIRO NOGUEIRA, dados como incursos nos arts. 288 (formação de quadrilha ou bando); 171 (estelionato) e 317, 1 (corrupção passiva qualificada); c.c 69 (em concurso material); SILVIO CÉSAR MADUREIRA, dado como incurso nos arts. 171, 288 e 333, parágrafo único (corrupção ativa qualificada); c.c 69; JOSÉ MÁRIO DE OLIVEIRA, JESUS ANTONIO DA SILVA, ELAINE CRISTINA DE OLIVEIRA, CARLOS ALBERTO DA SILVA, ORLANDO FELIPE CHIARARIA, FLÁVIO EDUARDO DE OLIVEIRA LEME DE GODOY, CRISTINA HELENA TURATTI LEITE, DOUGLAS SEBASTIÃO DA SILVA e ADEMILSON DOMINGOS DE LIMA dados como incursos nos arts. 171 e 288; c.c 69; JOÃO VICENTE CAMACHO FERRAIRO, dado como incurso nos arts. 171; 288; 317, 1; 321, e 325, 2 ; c.c 69; e ARINEU ZOCANTE, dado como incurso nos arts. 171, 288, 333, parágrafo único, c.c 69, todos do Código Penal. RESUMO DOS FATOS: A denúncia criminal narra que no período compreendido entre o mês de novembro de 2005 e 25 de abril de 2007, na cidade de Marília/SP, os réus, associaram-se permanentemente para o fim de cometer crimes de estelionato, corrupção ativa, corrupção passiva, advocacia administrativa e violação de sigilo funcional, dentre outros, ao terem participado de uma organização dedicada à prática de crimes, dentre eles a obtenção de vantagem indevida em prejuízo de terceira pessoa. O crime em estudo girou em torno do oferecimento de um negócio bastante vantajoso para a vítima que consistia na troca de notas de dólares por notas de reais, na proporção de três por um, daí o nome atribuído ao crime, Golpe 3x1. Ressalte-se que nesta época a cotação da moeda americana estava em aproximadamente R$2,238. Segundo a inicial acusatória a quantia transacionada era de U$ 100.000,00 (cem mil dólares). A vítima MÁRCIO AMARASCO veio à cidade de Marília, juntamente com uma pessoa (DORIVAL DEMARCHI) para celebrar o referido negócio, tendo encontrado com alguns membros da quadrilha num hotel desta cidade (Hotel Estoril), no dia 23 de novembro de 2005. 1
Na data aprazada, o interessado compareceu ao local mencionado e foi vítima de uma grande 'armadilha', consistente na simulação da prisão de um dos negociantes previamente aliado ao grupo no exato momento em que outro membro do grupo saía tranqüilamente do local, na posse dos dólares. A negociação era simulada até o momento em que os dólares eram entregues ao membro do grupo, o qual saia do local a pretexto de buscar dinheiro (notas de reais) da troca, oportunidade em que ocorria a simulação da prisão do outro membro do grupo, feita por seus parceiros policiais federais, desviando a atenção da vítima que, por sua vez, somente após a prisão e retirada dos policiais, percebia ter sido lesada num grande golpe, perdendo seus dólares sem receber a contraprestação em reais. No local pactuado para o encontro, havia outros membros do grupo, responsáveis pela preparação, segurança e fuga do local. Segundo narra a denúncia a quadrilha permaneceu em atividade promovendo diversas tratativas até o dia 25 de abril de 2007, quando foi integralmente desmantelada em virtude do cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão temporária de seus componentes pela Polícia Federal. A denúncia foi instruída com os autos do inquérito policial em que foram apurados os fatos nela narrados (fls. 20/1648), tendo sido recebida em 19 de junho de 2007 (fls. 1665/1670), quando foram decididos os pedidos de prisões, requisitadas as folhas de antecedentes e certidões criminais dos acusados e designadas audiências de interrogatório. procedente para: A pretensão punitiva foi considerada parcialmente ABSOLVER a ré CRISTINA HELENA TURATTI LEITE, com fundamento no art. 386, VII (não existir prova suficiente para a condenação), do Código de Processo Penal, da imputação de prática dos delitos previstos nos arts. 171, caput; e 288, combinados com os artigos 69, todos do mesmo estatuto repressivo ambos do Codigo Penal. CONDENAR o co-réu ARINEU ZOCANTE, como incurso nas penas dos artigos 171 caput, 288, 333, parágrafo único do Código Penal; combinados com os artigos 69, todos do mesmo estatuto repressivo, impondo-lhe a pena de 13 (treze) anos de reclusão, a ser 2
cumprida inicialmente no regime fechado. Condeno-o, também, ao pagamento de 90 (noventa) dias-multa, na base de 2 (dois) salários mínimos vigentes ao tempo da prática do crime. CONDENAR o co-réu SILVIO CÉSAR MADUREIRA como incurso nas penas dos artigos 171 caput, 288, 333, parágrafo único do Código Penal; combinados com os artigos 69, todos do mesmo estatuto repressivo, impondo-lhe a pena de 8 (oito) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime fechado. Condeno-o, também, ao pagamento de 80 (oitenta) dias-multa, na base de 1/30 (um trigésimo) de salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. CONDENAR o co-réu ORLANDO FELIPE CHIARARIA nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; impondo-lhe a pena de 6 (seis) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime semi-aberto. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 30 (trinta) dias-multa, na base de 1/30 (um trigésimo) de salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. Tendo em vista que o réu respondeu ao processo preso, e persistindo os pressupostos que o levaram ao cárcere, quais sejam, a garantia da ordem pública e o risco de subtrair-se à aplicação da lei penal, não poderá recorrer em liberdade. CONDENAR o co-réu FLÁVIO EDUARDO DE OLIVEIRA LEME DE GODOY nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; combinados com os artigos 69, todos do mesmo estatuto repressivo, impondo-lhe a pena de 04 (quatro) anos de reclusão, a ser 3
cumprida inicialmente no regime aberto. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, na base de 1/30 (um trigésimo) de salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. pena nos seguintes termos: (i) pagamento de 4 (quatro) cestas básicas, no valor de 1 (um) salário mínimo cada, a serem depositadas em entidade pública ou particular com destinação social indicada pelo juízo da execução; (ii) prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, tal como vier a ser determinado pelo juízo da execução. CONDENAR o co-réu CARLOS ALBERTO DA SILVA nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; impondo-lhe a pena de 7 (sete) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime fechado, eis que além da reincidência existente na espécie, as circunstâncias judiciais aplicáveis desaconselham a aplicação do regime semi-aberto. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 40 (quarenta) dias-multa, na base de 1/30 (um trigésimo) de salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. CONDENAR o co-réu DOUGLAS SEBASTIÃO DA SILVA nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; impondo-lhe a pena de 4 (quatro) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime aberto. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 20 4
(vinte) dias-multa, na base de 1/30 (um trigésimo) de salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. pena nos mesmos moldes da pena restritiva de direitos acima mencionada relativamente ao outro co-réu. CONDENAR o co-réu EMERSON LUIS LOPES como incurso nas penas dos artigos 171 caput, 288, e 317 1º do Código Penal; impondo-lhe a pena de 9 (nove) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime fechado. Condeno-o, também, ao pagamento de 90 (noventa) dias-multa, cada um na base de 1,5 (um e meio) salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. E com fulcro no art. 92, I, a e b do Código Penal, decreto-lhe, a perda do cargo público, em razão do crime ter sido cometido com violação do dever para com a Administração Pública (art. 92, I, a do CP), conforme disposto na fundamentação desta sentença, e também devido ao montante da pena ser superior ao limite estabelecido no art. 92, I, b do CP. CONDENAR o co-réu HENRIQUE PINHEIRO NOGUEIRA como incurso nas penas dos artigos 171 caput, 288, e 317 1º do Código Penal; combinados com os artigos 69, todos do mesmo estatuto repressivo, impondo-lhe a pena de 9 (nove) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime fechado. Condeno-o, também, ao pagamento de 90 (noventa) dias-multa, cada um na base de 1,5 (um e meio) salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. 5
E com fulcro no art. 92, I, a e b do Código Penal, decreto-lhe, a perda do cargo público, em razão do crime ter sido cometido com violação do dever para com a Administração Pública (art. 92, I, a do CP), conforme disposto na fundamentação desta sentença, e também em razão do montante da pena ser superior ao limite estabelecido no art. 92, I, b do CP. CONDENAR o co-réu JOÃO VICENTE CAMACHO FERRAIRO como incurso nas penas dos artigos 171 caput, 288, 317 1º, 321 (duas vezes), e 325 2º do Código Penal; combinados com os artigos 69, todos do mesmo estatuto repressivo, impondo-lhe a pena de 7 (sete) anos e 6 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime fechado. Condeno-o, também, ao pagamento de 85 (sessenta) dias-multa, na base de 115 (cento e quinze) dias-multa, cada um na base de 1 (um) salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. E com fulcro no art. 92, I, a e b do Código Penal, decreto-lhe, a perda do cargo público, em razão do crime ter sido cometido com violação do dever para com a Administração Pública (art. 92, I, a do CP), conforme disposto na fundamentação desta sentença, e também em razão do montante da pena ser superior ao limite estabelecido no art. 92, I, b do CP. CONDENAR o co-réu JESUS ANTONIO DA SILVA nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; impondo-lhe a pena de 4 (quatro) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime fechado. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, na base de 1,5 (um e meio) salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. 6
CONDENAR o co-réu ELAINE CRISTINA DE OLIVEIRA nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; impondo-lhe a pena de 2 (dois) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime aberto. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, na base na base de 1/30 (um trigésimo) de salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. pena, nos termos acima mencionados relativamente às penas restritivas aplicadas aos outros co-réus. CONDENAR o co-réu JOSÉ MÁRIO DE OLIVEIRA nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; impondo-lhe a pena de 2 (dois) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime aberto. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, na base de 1/30 (um trigésimo) de salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. pena, nos termos acima mencionados relativamente às penas restritivas aplicadas aos outros co-réus. CONDENAR o co-réu ADEMILSON DOMINGOS DE LIMA nas penas dos artigos 171 caput e 288 do Código Penal; impondo-lhe a pena de 2 (dois) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime aberto. Condeno-lhe, também, ao pagamento de 20 (vinte) dias-multa, na base de 1,5 (um e meio) salário mínimo vigente ao tempo da prática do crime. pena, nos termos acima mencionados relativamente às penas restritivas aplicadas aos outros co-réus. CONDENO, ainda, todos co-réus ao pagamento das custas do processo, ficando autorizadas as providências necessárias ao recebimento. 7
Disposições Gerais: Em relação ao artigo 387, IV do Código de Processo Penal, deixo de fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, na consideração de que esta norma possui caráter material não tendo, portanto, aplicabilidade imediata. E, também, há que se destacar a referida alteração legislativa trouxe uma novatio legis in pejus o que impossibilita neste momento a fixação da reparação dos danos. Permanecidos os pressupostos do decreto preventivo, conforme considerado na fundamentação, recomendo que os co-réus presos neste processo continuem mantidos no mesmo cárcere em que se encontram, com exceção daqueles beneficiados pela substituição de pena, tal como acima considerado. De tal forma deverá ser expedido alvará de soltura em favor de ELAINE CRISTINA DE OLIVEIRA, JOSÉ MÁRIO DE OLIVEIRA e ADEMILSON DOMINGOS DE LIMA. Com relação ao co-réu DOUGLAS SEBASTIÃO DA SILVA, expeça-se contramandado de prisão. Em sendo localizados eventuais recursos pendentes de julgamento comuniquem-se os respectivos relatores. sentença. Intime-se a vítima acerca da prolação desta Transitada esta em julgado, inscrevam-se os nomes dos co-réus no rol dos culpados e promova-se a conclusão dos autos. Comuniquem-se aos órgãos de praxe acerca do teor da presente sentença. Marília, 11 de setembro de 2008. RENATO CÂMARA NIGRO Juiz Federal Substituto 8