EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GO

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GO Inquérito Policial n.º: 234/2005 Vítima: Administração Pública Réu: Honestino Guimarães Rosa O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu representante que ao final assina, no uso da atribuição conferida pelo artigo 129, I, da Constituição Federal e artigo 41 do Código de Processo Penal, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, oferecer DENÚNCIA em face de: HONESTINO GUIMARÃES ROSA, brasileiro, casado, R.G. nº Serviço de Criminalística/Goiás, C.P.F , filho de Geraldo Garcia Rosa e Guilhermina Guimarães Rosa, residente e domiciliado à Rua 8 de maio, Lt. 01, Qd 22, Setor Nossa Morada, nesta Capital; O presente inquérito da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor, requisitado por esta 8 a

2 Promotoria de Justiça, foi instaurado para a apuração de crime tipificado na Lei Federal 6.766/79, em tese praticado pelo denunciado. Noticiam os autos que o acusado realizou subdivisão de gleba, parte integrante da Fazenda Planície, localizada na região norte de Goiânia, próximo ao Setor Village Atalaia, em lotes urbanos sem decreto de aprovação emitido pela Prefeitura Municipal de Goiânia, infringindo o artigo 1º da Lei nº 4.526/71, do Município de Goiânia, que dispõe sobre os loteamentos urbanos e remanejamento. A referida lei ainda dispõe que seja aplicado o EMBARGO do loteamento clandestino pela Secretaria de Obras do Município. Diante de tais previsões legais, em 16 de julho de 2003, a Secretaria Municipal de Fiscalização Urbana realizou vistoria no local e constatou que área destinada ao loteamento estava piqueteada e que já estavam realizando a venda de lotes (conforme cópia de compromisso de compra e venda que consta nas fls.16/17), sem a aprovação da Prefeitura de Goiânia, o que motivou a lavratura do Auto de Infração nº 3729 em nome do acusado. Efetuou-se também o embargo do parcelamento, evitando ainda prejuízos a terceiros de boa-fé. O denunciado compareceu nesta Promotoria de Justiça para prestar declaração (fls. 24), onde informou que a referida área nunca foi loteada e que não se lembra de ter sido notificado pela Secretaria de Fiscalização Urbana (no entanto certidão constante na fls. 13 diz que o autuado recusou-se a assinar o auto de infração). Declarou ainda que não vendeu lotes, apenas prometeu vender, assinando com algumas pessoas contrato de compromisso de compra e venda, onde consta cláusula informando sobre a irregularidade do loteamento, e que está disposto a devolver o valor

3 recebido corrigido monetariamente, mas que nenhum dos promitentes compradores pediu a restituição do valor pago, esperando a expansão urbana. Na Polícia, o denunciado ratificou as declarações prestadas no Ministério Público. No entanto, no dia 04 de maio de 2005, a Sra. Jane da Silva Rocha compareceu nesta Promotoria de Justiça e prestou declaração (fls. 25), onde informa que comprou um lote do Sr. Honestino no referido local, e que no ato da compra o denunciado teria se comprometido a regularizar o loteamento perante a Prefeitura de Goiânia no prazo de três meses, o que efetivamente não ocorreu, pois o parcelamento ainda não possui o decreto de aprovação da Prefeitura, nem o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Mesmo diante do descumprimento da promessa, o acusado, que não entregou o lote, não devolveu o valor pago pela Sra. Jane e mostra-se resistente em fazê-lo, uma vez que a declarante diz que procurou-o por diversas vezes na tentativa de receber de volta o que pagou, mas que o Sr. Honestino sempre adia o pagamento e marca data futura, nunca cumprindo com o prometido. A Sra. Jane foi à delegacia, onde ratificou em todos os seus termos a declaração prestada nesta Promotoria (fls. 30/31), informando ainda que, no mês de outubro deste ano, o Sr. Honestino entrou em contato com ela pedindo paciência pois iria pagá-la, porém mais uma vez não cumpriu com o prometido, até a data da declaração. Analisando-se a informação da Secretaria Municipal de Fiscalização Urbana, por meio da Decisão nº 117/2003 (fls.05/06) e Parecer nº 64/2003 (fls. 07/09), referentes ao Processo nº , e por meio do Auto de Infração nº 3729 (fls. 10) e Relatório Circunstanciado (fls.11/12) referente à esta autuação, no qual informam que foi realizada vistoria no local, constatando-se parcelamento irregular de solo, sem a devida autorização do órgão público competente; a cópia do Contrato Particular de Compromisso

4 de Compra e Venda de Imóvel (fls. 16/17); os Termos de Declaração prestados nesta 8ª Promotoria de Justiça em 25/04/2005 (fls. 24) e também no dia 04/05/2005 (fls. 25); depoimento do denunciado às fls. 26/27 e Termo de Declaração às fls.30/31, feitos na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor; todos do Inquérito Policial, fica evidenciada a prática do crime contra a Administração Pública, tipificado na Lei Federal n.º 6766/79 em seu Art. 50, I e parágrafo único, inciso I. Diante ainda da falsa promessa de regularização do loteamento feita aos promitentes compradores, conforme consta no Termo de Declaração de Jane da Silva Rocha feita à Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (fls. 30/31), prova-se a prática do crime do art. 171 do Código Penal. Face ao exposto, apurada a materialidade e a autoria, o Ministério Público do Estado de Goiás requer que Vossa Excelência receba a presente denúncia, com a devida instauração do processo legal e a conseqüente citação do denunciado, HONESTINO GUIMARÃES ROSA, incurso no Art. 50, I e parágrafo único, I, da Lei nº 6.766/79 e no Art. 171, c/c Art. 69, ambos do Código Penal Brasileiro, para ver-se processar, aplicando-lhe as penas cominadas. Requer ainda a notificação das testemunhas adiante arroladas, para vir depor em juízo, em dia e hora designada por Vossa Excelência, sob pena das cominações legais. Também, peticiona, pela produção das demais provas legalmente permitidas, principalmente o interrogatório do denunciado, a fim de que, ao final da instrução, provada a acusação, seja determinada a sua condenação.

5 Finalmente requer, a realização e o cumprimento das demais diligências faltantes durante o curso do processo. Goiânia, 09 de dezembro de Maurício José Nardini Promotor de Justiça Rol de Testemunhas: 1 VALDIVINO VIEIRA REIS, brasileiro, divorciado, motorista, R.G. nº SSP-GO, C.I.C nº , residente e domiciliado na Rua Cônego e Campos, Qd. 39, Lt. 41, C-3, Setor Criméia Oeste, nesta Capital. 2 JANE DA SILVA ROCHA, brasileira, solteira, auxiliar administrativa, R.G. nº DGPC-GO, C.P.F. nº , residente e domiciliado na Rua da Harmonia, Qd. 47, Lt. 26, Jardim Pompéia, nesta Capital. 3 MANOEL TAVEIRA DE MORAES FILHO, solteiro, R.G. nº SSP GO, C.P.F , residente e domiciliado na Rua Pires do Rio, Qd. 07, Lt. 09, Jardim da Luz, Aparecida de Goiânia.