O Poder Público e a Produção de Espaços Livres na Cidade Sílvio Soares MACEDO PAISAGISMO BRASILEIRO (São Paulo, 2012) EDUSP e EDUNICAMP
Os grandes projetos envolvem conjuntos de ações feitas de modo programado. Resultantes de programas especiais de ação urbanística-paisagística por parte do Poder Público e, por vezes, em parceria com a iniciativa privada. Por uma administração específica, de modo a readequar ou valorizar uma área urbana de alto valor simbólico, cultural e ou econômico e que, portanto, implicará em um alto retorno político para seus mandantes.
É como se os projetos nos espaços de alta visibilidade pudessem representar, através de suas estruturas físicas, tudo que o Estado, em tese, busca fazer pelo cidadão. Remodelados, os espaços públicos têm o papel de construir, junto à sociedade, a imagem de um poder público presente, eficiente e moderno.
Esplanada de La Defénse (foto: Sílvio Macedo)
Misto de parque urbano e centro cultural Parc de La Villette, Paris França (Tschumi, 1987 1991)
Complexo Promenade Plantée Jardin de Reully Square Charles Péguy Construído sobre um antigo conjunto ferroviário
Parque de Bercy, com seu expressivo conjunto de parterres e águas.
O centro financeiro Canary Wharf, em Londres. Como o La Défense.
As margens do Tamisa, convertidas em uma promenade.
Parques na emblemática Barcelona Parc Creueta del Col
Parc de l Estacion del Nord
Parc del Clot Antiga fábrica, que demolida tem seus restos, arcadas e muros utilizados pelos projetistas como elementos compositivos.
Singapura como tantas outras grandes cidades, possui orlas tratadas, verdadeiras promenades, utilizadas pela população local e por milhões de turistas.
O emblemático complexo de Puerto Madero em Buenos Aires. Antigos armazéns reciclados para se tornarem edifícios residenciais, escritórios e restaurantes e seus espaços livres tratados com piso simples e de extrema qualidade, por onde é possível passear tranquilamente em meio a fonte e equipamentos urbanos de design de qualidade.
O caso brasileiro No Brasil, o tratamento de espaços livres públicos de visibilidade é um fato que remonta ao fim do século XIX e início do XX, com as conhecidas obras de embelezamento e adequação das áreas centrais e dos bairros de elite aos padrões europeus urbanísticos e paisagísticos de então, considerados de vanguarda e, portanto, adequados à tropicalidade brasileira. Neste período é o Estado o principal promotor das novas obras, que envolvem a construção de avenidas, promenades, jardins, parques, praças e uma série de edifícios públicos de porte, período em que foram modernizadas as áreas centrais de praticamente todas as cidades brasileiras de algum significado, destacando-se as ações no Rio de Janeiro, São Paulo, Belém do Pará e Manaus, então as mais ricas do país.
Avenida 23 de Maio, São Paulo SP. Construída sobre um antigo corpo d água.
Parque Barragem Santa Lúcia, Belo Horizonte MG.
Praça fronteiriça à Assembléia Legislativa em Vitória ES.
As ações de grande porte são resultado dos seguintes tipos de intervenção: I - Isoladas São a tônica no cotidiano público urbano brasileiro. Este é o caso de grande parte dos mais importantes projetos públicos contemporâneos brasileiros. Feitas de modo a valorizar ou sobrequalificar uma determinada área urbana. II Articuladas Destacam-se por seu porte, significado na época em termos de inovações funcionais ou formais e abrangência. Inseridas em um programa de governo definido, visam a atender demandas específicas. II Semiarticuladas Extremamente comuns, derivados de ações paralelas e desconexas entre órgãos da mesma administração, resultam após algum tempo na construção de um conjunto expressivo de logradouros de intensa utilização pública.
Parque Ambiental da Praia de Ramos (O Piscinão de Ramos) um absurdo conceitual, um sucesso de público.
Largo do Maracanã, Rio de Janeiro RJ (Projeto Rio Cidade).
Foto e planta da Praça José de Alencar, Rio de Janeiro RJ.
Ações nas orlas de Belém do Pará: Orla do Outeiro, Calçadão Icoaracy.
A Produção de Espaços Livres na Cidade Espaços Simbólicos Sílvio Soares MACEDO PAISAGISMO BRASILEIRO (São Paulo, 2012) EDUSP e EDUNICAMP
Associados a conjunto ou edifício de alto significado cultural os espaços simbólicos têm sido freqüentes na constituição da paisagem oficial das cidades brasileiras. Estão em geral vinculados a uma ação urbanística e paisagística estruturada pela arquitetura, na qual esta é utilizada como elemento referencial ou balizador do espaço e cujos espaços livres resultantes, extremamente generosos, devem permanecer totalmente despojados de modo a não se perder a percepção total do edifício.
Mube Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo SP.
Praça do Patriarca, São Paulo SP.
Caminho Niemeyer, Niterói RJ.
Biblioteca Nacional, Brasília DF.
Museu Nacional Belas Artes, Brasília DF.
O Parque Contemporâneo figura urbana em consolidação O parque urbano contemporâneo brasileiro é, essencialmente, um espaço de convívio social múltiplo, tendo como base o lazer e possibilitando as mais diversas formas de interação, tanto entre os indivíduos entre si como destes com elementos naturais (vegetação e águas) e com diferentes formas de vida animal. Morfologicamente, um parque urbano é um tipo de espaço livre estruturado por elementos naturais, como o relevo, água e vegetação, destinado à recreação nas suas diferentes modalidades.
Parque do Ibirapuera, São Paulo SP.
Parque da Redenção, Porto Alegre RS.
Parque Lagoa do Iriry, Rio das Ostras RJ.
Parque da Água Mineral, Brasília DF.
Praça da República, São Paulo SP.
Praça Vinícius de Morais, São Paulo SP.
Praça D. Pedro II, Belém do Pará PA.
Contexto urbano O parque é uma figura tardia na cidade brasileira, consolidando-se como equipamento urbano somente a partir das últimas décadas da segunda metade do século XX. Até então, apenas a construção de praças públicas era feita de um modo sistemático, em geral por divisões de secretarias de obras ou equivalentes. Formal e funcionalmente a figura do parque brasileiro é bastante tradicional. São entendidos exclusivamente como espaços livres de grandes dimensões em que predominam elementos naturais, em cujo interior as massas edificadas das cidades
Campo de Santana, Rio de Janeiro RJ.
Jardim da Luz, São Paulo SP.
Parque Madureira, Rio de Janeiro RJ.
Bosque Rodrigues Alves, Belém do Pará PA.
Parque Américo Renné Giannetti, Belo Horizonte BH.
Parque do Ingá, Maringá PR.
Consolidado e em uso somente 60 anos após a fundação da cidade.
Bosque Capão da Imbuia, Curitiba PR.