Comparação da Qualidade de Vida em Crianças com Tonsilite Crônica Hipertrófica antes e após Adenotonsilectomia

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Comparação da Qualidade de Vida em Crianças com Tonsilite Crônica Hipertrófica antes e após Adenotonsilectomia 87 A rt i g o Thaysa Fernanda de Carvalho Rodrigues 1, Joyce Freire Gonçalves de Melo 2, Andrea Lins Tavares Bezerra 3, Cinthia Guedes Chaves 3, Erich Christiano Madriga de Melo 4 1 Médica graduada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), residente de Clínica Médica no HUOC- UPE; 2 Médica graduada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), residente de Radiologia; 3 Médica graduada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), especialista em Saúde da Família; 4 Prof. do Departamento de Cirurgia do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Autor para correspondência: Thaysa Fernanda de Carvalho Rodrigues E-mail: thaysa_rodriguez@hotmail.com Resumo A tonsilite crônica hipertrófica é bastante comum na infância e é a principal causa de Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono nesta faixa etária, sendo a adenotonsilectomia seu tratamento de escolha. Objetivo: Avaliar o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida de crianças com tonsilite crônica hipertrófica. Métodos: Estudo Clínico prospectivo. Foram entrevistados 20 cuidadores de crianças submetidas à adenotonsilectomia ou adenoidectomia isolada, antes do procedimento cirúrgico e um mês após, utilizando-se questionário específico para qualidade de vida que incluía os domínios: sofrimento físico, distúrbios do sono, problemas na fala e deglutição, desconforto emocional, limitação das atividades e preocupação dos cuidadores com o ronco da criança. Resultados: Houve melhora na qualidade de vida da maioria das crianças após a cirurgia. Os domínios preocupação com o ronco, distúrbios do sono e desconforto emocional obtiveram maior pontuação no pré-operatório. Os domínios que sofreram maior impacto após o tratamento cirúrgico foram: sofrimento físico, distúrbios da fala e deglutição e & Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP

88 desconforto emocional. Conclusão: A adenotonsilectomia ou a adenoidectomia isolada proporciona melhora significativa na qualidade de vida de crianças com tonsilite crônica hipertrófica. Palavras-chave: Tonsilite Crônica Hipertrófica, Adenotonsilectomia, Crianças, Qualidade de vida. Abstract The cronic Hipertrofic Tonsilitis is very common in childhood and the main cause of sleep apnea in this age group, being the adenotonsilectomy the best treatment option. Aim: To evaluate the impact of adenotonsilectomy on quality of life in chidren with cronic hipertrofic tonsillitis. Methods: Clinic Prospective study. The research interviewed 20 children s caregivers, before and one month after the adenotonsilectomy or adenectomy, using a specific questionnaire on quality of life that included the domains: physical suffering, sleep disturbance, speech and swallowing problems, emotional distress, activity limitations and caregiver concern. Results: Children s quality of life improved after the surgery. Caregiver concern, sleep disturbance and emotional distress were the domains with the highest scores before the surgery. Physical suffering, speech an swallowing problems and emotional disturbance were the most improved domains. Conclusion: The adenotonsilectomy and adenectomy improves the quality of life in children with cronic hipertrofic tonsilitis. Keywords: Cronic Hipertrofic Tonsillitis, Adenotonsillectomy, Children, Quality of life. Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

Introdução 89 O aumento crônico do volume das tonsilas palatinas e faríngea, denominado tonsilite crônica hipertrófica, é a principal causa de obstrução crônica das vias aéreas superiores na infância, sendo uma das etiologias mais frequentes da Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutivas do Sono nas crianças (SAHOS) 1,2, além de estar associado às alterações ortognáticas, da mastigação, da deglutição e às deformidades da arcada dentária 3-5. Os distúrbios do sono causados pela SAHOS são muito frequentes e comprometem a qualidade de vida da criança, já que estão relacionados à apneia, causando pesadelos, despertares recorrentes e enurese noturna 3. Os despertares contínuos, por sua vez, ocasionam uma secreção irregular do hormônio do crescimento (GH), comprometendo assim o crescimento 6,7. Outras consequências importantes da obstrução estão relacionadas aos distúrbios do comportamento não-específicos (hiperatividade, depressão, ansiedade, agressividade), baixo rendimento escolar 8 e, até mesmo, insuficiência cardíaca e cor pulmonale 3,7,9. Existem algumas possibilidades de tratamento clínico da SAH- OS, como o uso dos aparelhos de pressão positiva contínua (CPAP) e a perda de peso nos obesos, porém, essas alternativas são pouco toleráveis em crianças e raramente são adotadas como terapia primária 10. A remoção das tonsilas (adenotonsilectomia) é o tratamento de escolha, sendo um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados pelos otorrinolaringologistas 11,12. Embora as consequências da tonsilite crônica hipertrófica no desenvolvimento físico e cognitivo das crianças estejam bem evidenciadas, assim como a melhora dos sintomas após a adenotonsilectomia, existem poucos estudos que documentam as repercussões do tratamento cirúrgico sobre a qualidade de vida 13. Desta forma, o objetivo deste estudo é avaliar o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida das crianças, bem como identificar quais domínios (sofrimento físico, distúrbio do sono, problemas na fala e deglutição, desconforto emocional, limitação nas atividades, preocupação dos pais ou responsáveis) foram afetados após a realização da cirurgia, além das principais queixas que levaram os cuidadores a procurar o serviço médico. Método Estudo observacional prospectivo no qual foram entrevistados 20 cuidadores (pais ou responsáveis) de crianças com tonsilite crônica hipertrófica submetidas à adenotonsilectomia ou adenoi- & Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP

90 dectomia no Serviço de Otorrinolaringologia Pediátrica do Hospital Infantil Arlinda Marques, no período de Agosto a Novembro de 2012. As alterações na qualidade de vida (QV) foram determinadas por meio de um instrumento baseado no questionário específico desenvolvido por Serres et al. 14 adaptado e validado por Di Francesco et al. 1 (Apêndice 1) aplicado em dois momentos pelo mesmo entrevistador ao mesmo cuidador: no dia do procedimento cirúrgico e um mês após. O questionário é composto por seis domínios: (1) sofrimento físico, (2) distúrbios do sono, (3) problemas na fala e deglutição, (4) desconforto emocional, (5) limitações das atividades, (6) preocupação/incômodo dos cuidadores relacionados aos roncos da criança durante o sono. Cada item do domínio deveria ser classificado em uma escala de 0 (nunca) a 5 (não poderia ser pior) com base no grau de preocupação com os sintomas/limitações apresentados pelas crianças. Desta forma, uma menor pontuação em cada domínio indica uma melhor qualidade de vida. Considerando que a pontuação máxima para cada item do domínio é 5 e o número de pacientes entrevistados foi 20, o domínio que possui quatro itens terá como pontuação máxima 400 pontos; os domínios que possuem cinco itens, 500 pontos e o último domínio, 100 pontos, uma vez que apresenta apenas um item. Os cuidadores responderam ao questionário considerando a história de dois meses prévios e 1 mês posterior ao procedimento. As pontuações obtidas antes e após a cirurgia foram comparadas a fim de estabelecer se houve melhora na qualidade de vida e quais domínios foram mais afetados. Foram incluídos neste estudo pacientes com idade entre 2 e 19 anos, com hiperplasia de tonsilas grau III ou IV segundo a Classificação de Brodsky 15 e/ou hiperplasia de tonsila faríngea ocupando 75% ou mais do cavum avaliada pela radiografia de cavum, nasofibroscopia ou palpação cirúrgica. Crianças com deformidades craniofaciais, distúrbios neurológicos ou com outras doenças obstrutivas (polipose nasal, rinite) que não sofram de hiperplasia faríngea ou palatina foram excluídas da pesquisa. Os resultados foram expressos utilizando a estatística descritiva, e as diferenças entre antes e após a cirurgia foram comparadas através do Teste t student. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW/UFPB), em 31/08/12, conforme Certificado para Apreciação Ética (CAAE): 03037712.1.0000.5183. Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

Resultados 91 Foram estudados 20 pacientes, com idade variando entre 3 e 15 anos (média de 6,6); sendo 14 do sexo feminino (70%) e 6 do sexo masculino (30%). Na Tabela 1 estão expostas as queixas que levaram os cuidadores a procurar o serviço médico. Tabela 1 - Frequência dos sintomas relatados pelos cuidadores. Queixas Frequência Roncos 100% Respiração Bucal 85% Sono agitado 30% Amigdalites de repetição 25% Dificuldade para respirar 10% Otites de repetição 5% Obstrução nasal 5% Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados da pesquisa. Considerando o grau de hipertrofia da tonsila faríngea, 1 paciente (5%) apresentava obstrução entre 25-50%, 12 (60%) entre 50-75% e 7 (35%) entre 75-100%. Em relação à hipertrofia das tonsilas palatinas, verificou-se que 3 (15%) dos pacientes apresentavam hipertrofia classificada como grau II, 12 (60%) grau III e 5 (25%) grau IV. Quanto ao tipo de procedimento cirúrgico, 90% dos pacientes foram submetidos à adenotonsilectomia, enquanto 10% foram submetidos à adenoidectomia isolada, já que não apresentavam hipertrofia de tonsilas palatinas associada. Nas Tabelas 2 e 3 estão documentadas as pontuações obtidas em cada domínio, antes e após a cirurgia, respectivamente. Tabela 2 - Pontuação obtida nos domínios antes da cirurgia. Domínio N Pontuação Soma Pontuação % Mínima Máxima Sofrimento físico 20 0 212 400 53% Distúrbios do sono 20 0 297 500 59,4% Fala e deglutição 20 0 259 500 51,8% Desconforto emocional 20 0 270 500 54% Limitações às atividades 20 0 162 500 32,4% Preocupação com o ronco 20 0 93 100 93% Soma 0 1293 2500 51,7% Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados da pesquisa. & Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP

92 Tabela 3 - Pontuação obtida nos domínios após a cirurgia Domínio N Pontuação Soma Pontuação % Mínima Máxima Sofrimento físico 20 0 62 400 15,5 % Distúrbios do sono 20 0 48 500 9,6% Fala e deglutição 20 0 73 500 14,6% Desconforto emocional 20 0 108 500 21,6% Limitações às atividades 20 0 40 500 8% Preocupação com o ronco 20 0 9 100 9% Soma 0 340 2500 13,6% Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados da pesquisa. A comparação entre as médias dos escores pré e pós operatórios está representada na Tabela 4. Tabela 4. Comparação entre as médias dos escores pré e pós-operatórios. Domínio Média Pré dp Média pós dp P Sofrimento físico 10,6 4,7 3,1 4,02 0,013 Distúrbios do sono 14,85 6,2 2,4 4,53 0,192 Fala e deglutição 12,95 6,06 3,65 5,01 0,024 Desconforto emocional 13,5 6,18 5,4 5,58 0,030 Limitações às atividades 8,1 6,16 1,95 3,57 0,081 Preocupação com o ronco 4,65 0,74 0,45 1,09 0,561 Teste t student para dados pareados com significância para pd o,o5. Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados da pesquisa. Discussão Embora não sejam conhecidas todas as consequências do aumento das tonsilas palatinas e faríngea, acredita-se que a SAHOS apresente a maior morbidade 16. Outras consequências, como distúrbios do desenvolvimento pôndero-estatural 6,7, respiração oral e suas repercussões craniofaciais, problemas de mastigação e deglutição 3-5, aumento no número de infecções das vias aéreas superiores são descritas como menores 4. No entanto, não devemos considerar apenas as consequências físicas da doença na escolha do tratamento, mas analisar também o impacto da mesma sobre a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores. Recentemente, a qualidade de vida tem sido utilizada para avaliar o impacto da doença sob o ponto de vista do paciente 1. O questionário utilizado neste estudo, baseado no trabalho de Serres e adaptado e validado por Di Francesco 2004 1, foi adotado com o Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

intuito de avaliar o impacto da doença sobre os pacientes, visando adicionar este critério às implicações médicas para gravidade e importância na avaliação das crianças com aumento das tonsilas 17. As queixas mais frequentes que levaram os cuidadores a procurar o serviço médico foram: roncos (presente em todos pacientes), respiração bucal e sono alterado, demonstrando sintomas obstrutivos das vias áreas superiores. Os domínios que apresentaram maior pontuação antes da cirurgia foram: preocupação com o ronco (93%), seguido por distúrbios do sono (59,4%), o que corresponde às queixas referidas pelos cuidadores. Os dois domínios também obtiveram pontuação elevada em trabalhos semelhantes realizados por Serres 14 e Beraldin 2. O desconforto emocional recebeu a terceira maior pontuação (54%). Na literatura, encontramos resultados distintos e conflituosos quanto a este domínio 1,2,14, o que pode ser atribuído às diferenças socioculturais das populações avaliadas. O domínio limitação das atividades obteve a menor pontuação no período pré-operatório, conforme também observado por Serres 14 e Beraldin 2. Isso também pode ser explicado pela maior valorização dos distúrbios do sono ou pelo fato de o aumento no volume das tonsilas não ser capaz de limitar as atividades cotidianas das crianças. Comparando-se as pontuações obtidas antes e após a cirurgia, a maioria das crianças demonstrou uma melhora na qualidade de vida após o procedimento, com diminuição das médias referentes a todos os domínios, semelhante aos resultados obtidos por outros autores 1,2,14. Os domínios que sofreram maior impacto foram: sofrimento físico, distúrbios da fala e deglutição e desconforto emocional, todos com significância estatística. Em nossos resultados, verificamos que a adenotonsilectomia parece exercer maior benefício em crianças com sintomas de SAH- OS, visto que estas crianças, possivelmente, apresentavam uma obstrução mais significativa das vias aéreas superiores, obtendo uma melhora importante com o tratamento cirúrgico. 93 Conclusões Concluímos que a adenotonsilectomia ou a adenoidectomia isolada proporciona um impacto positivo na qualidade de vida em crianças com tonsilite crônica hipertrófica, diminuindo de forma significativa o sofrimento físico, o desconforto emocional e os distúrbios da fala e deglutição. MP & Nº 1 - janeiro/abril 2015

94 Agradecimentos Agradecemos ao Dr. Jorge Alberto Trigueiro Filho, médico responsável pelo Serviço de Otorrinolaringologia Pediátrica do Hospital Infantil Arlinda Marques, que colaborou para que esta pesquisa fosse realizada. Referências 1. Di Francesco RC, Felipe SG, Komatsu CL. Melhora da qualidade de vida em crianças após adenoamigdalectomia. Rev Bras Otorrinolaringol. 2004;70(6):748-51. 2. Beraldin BS, Rayes TR, Villela PH, Ranieri, DM. Avaliação do impacto da adenotonsilectomia sobre a qualidade de vida em crianças com hipertrofia das tonsilas palatinas e faríngea. Rev Bras Otorrinolaringol. 2009;75(1):64-9. 3. Guilleminault C, Pelayo R. Sleep-disordered breathing in children. Ann. Med. 1998;30(4):350-356. 4. Junqueira PAS, Di Francesco RC, Trezza P, Frizzarini R, Faria MEJ de. Alterações funcionais do sistema estomatognático pré e pós adenoamigdalectomia. Pró-fono. Revista de atualização científica 2002;14(1):17-22. 5. Di Francesco RC. Respirador bucal: a visão do otorrinolaringologista. J. bras. ortodon. ortop. facial. 1999;4(21):241-247. 6. Owen G, Evans A, Canter R, Robinson A. The reproducibility ofurinary growth hormone measurement in children undergoing adenotonsillectomy. Clin Otolaryngol. Allied Sci. 1996; 21(1):54-8. 7. Di Francesco RC, Junqueira PA, Frizzarini R, Zerati F. Crescimento pondero-estatural de crianças após adenoamigdalectomia. Rev Bras Otorrinolaringol. 2003; 69(2):193-6. 8. Goldstein NA, Post JC, Rosenfeld RM. et al. Impact of tonsillectomy and adenoidectomy on child behavior. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2000;126(4):494-498. 9. Görür K, Döven O, Ünal M, Akkus N, Özcan C. Preoperative and pos- Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

toperative cardiac and clinical findings of patients with adenotonsillar hypertrophy. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2001; 59(1):41-6. 95 10. American Academy of Pediatrics. Clinical practice guideline: diagnosis and management of childhood obstructive sleep apneasyndrome. Pediatrics 2002;109(4):704-12. 11. McNanama F, Sullivan CE. Treatment of obstructive sleep apnea syndrome in children. Sleep 2000;23 (Suppl. 4):142-6. 12. Paradise J. Tonsillectomy and Adenoidectomy. In: Bluestone C. Pediatric Otolaryngology. Philadelphia: W. B. Saunders; 1996. 13 Baldassari CM, Mitchell RB, Schubert C, Rudnick EF. Pediatric obstructive sleep apnea and quality of life: A meta-analysis. Otolaryngol Head Neck Surg. 2008;138(3):265-273 14. Serres LM, Derkay C, Sie K, Biavati M, Jones J, Tunkel D. et al. Impact of adenotonsillectomy on quality of life in children with sleep disorders. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2002; 128(5):489-96. 15. Brodsky L. Tonsillitis, tonsillectomy and adenoidectomy. In: Bailey BJ, ed. Head and Neck Surgery Otolaryngology. Philadelphia: JB Lippincott; 1993. p. 833-47. 16. Nimubona L, Jokic M, Moreau S, Brouard B, Guillois B, Leacheux C. Les yndrome d apnées obstructives du sommeil et hyper trophieamygda lienne chez le nourisson. ArchPédiatr 2000; 7:961-4 17. Serres LM, Derkay C, Astley S, Deyo RA, Rosenfeld RM, Gates GA. Measuring quality of life in children with sleep disorders. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2000; 126(12):1423-9. Apêndice 1 Questionário sobre qualidade de vida em crianças por hiperplasia de tonsilas palatinas e faríngea. (Questionário de avaliação de qualidade de vida em crianças com aumento das tonsilas palatina e faríngea) Nome: Idade: Raça: branco pardo negro Sexo: M F & Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP

96 Tonsila Faríngea: Obstrução da nasofaringe no raio-x perfil 0-25% 25-50% 50-75% 75-100% Tonsila Palatina: Obstrução da orofaringe Grau I II III IV* Legenda: 0 nunca, 1 quase nunca, 2 às vezes, 3 freqüente, 4 muito, 5 não poderia ser pior 1. Sofrimento físico Score: obstrução nasal 0 1 2 3 4 5 6 cansaço diurno 0 1 2 3 4 5 6 baixo peso 0 1 2 3 4 5 6 fôlego ruim 0 1 2 3 4 5 6 2 Distúrbio do sono Score: roncos 0 1 2 3 4 5 6 engasgos/sufocamento 0 1 2 3 4 5 6 sono sem descanso 0 1 2 3 4 5 6 dificuldade de acordar pela manhã 0 1 2 3 4 5 6 afundamento do tórax enquanto dorme 0 1 2 3 4 5 6 3. Problemas de fala e deglutição Score: dificuldade de engolir alimentos sólidos 0 1 2 3 4 5 6 engasgos 0 1 2 3 4 5 6 fala abafada 0 1 2 3 4 5 6 fala anasalada 0 1 2 3 4 5 6 pronúncia ruim 0 1 2 3 4 5 6 4. Desconforto emocional Score: irritabilidade 0 1 2 3 4 5 6 impaciente 0 1 2 3 4 5 6 apetite ruim 0 1 2 3 4 5 6 desatento 0 1 2 3 4 5 6 é ridicularizado porque ronca 0 1 2 3 4 5 6 5. Limitações de atividade Score: brinca normalmente 0 1 2 3 4 5 6 participa de esportes 0 1 2 3 4 5 6 brinca com amigos 0 1 2 3 4 5 6 freqüenta a escola ou creche 0 1 2 3 4 5 6 desempenho escolar 0 1 2 3 4 5 6 6. Os pais ou responsáveis se incomodam ou se preocupam com o ronco da criança? 0 1 2 3 4 5 6 Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

Apêndice 2 97 Relação entre hipertrofia da AMÍGDALA com a presença ou n dos sintomas. respbucal * Grau de hipertrofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 2 3 4 respbucal sim 3 9 5 17 não 0 3 0 3 Total 3 12 5 20 roncos * Grau de hipertrofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 2 3 4 roncos sim 3 11 5 19 não 0 1 0 1 Total 3 12 5 20 dificuldade respirar * Grau de hipertrofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 2 3 4 dificuldade sim 0 2 0 2 respirar não 3 10 5 18 Total 3 12 5 20 amigdalite de repetição * Grau de hipertrofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 2 3 4 amigdalite sim 1 3 1 5 de repetição não 2 9 4 15 Total 3 12 5 20 MP & Nº 1 - janeiro/abril 2015

98 alteração sono * Grau de hipertrofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 2 3 4 alteração sono sim 0 2 4 6 não 3 10 1 14 Total 3 12 5 20 HIPERTROFIA DA ADENOIDE x SINTOMAS: respbucal * graudehipertofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 25-50% 50-75% 75%-100% respbucal sim 1 10 6 17 não 0 2 1 3 Total 1 12 7 20 roncos * grau de hipertofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 25-50% 50-75% 75%-100% roncos sim 1 11 7 19 não 0 1 0 1 Total 1 12 7 20 dificuldade respirar * grau de hipertofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 25-50% 50-75% 75%-100% dificuldade sim 0 2 0 2 respirar não 1 10 7 18 Total 1 12 7 20 Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

amigdalite de repetição * grau de hipertofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 25-50% 50-75% 75%-100% amigdalite sim 0 3 2 5 de repetição não 1 9 5 15 Total 1 12 7 20 99 alteração sono * grau de hipertofia Crosstabulation Grau de hipertrofia Total 25-50% 50-75% 75%-100% alteração sim 1 2 3 6 sono não 0 10 4 14 Total 1 12 7 20 CORRELAÇÃO ENTRE OS DOMÍNIOS ENTRE SI. Coeficiente p de Spearman Sofrimento físico e distúrbio do sono 0,787 <0.001 Sofrimento físico e desconforto emocional 0,525 0,018 Sofrimento físico e fala 0,498 0,025 Sofrimento físico e preocupação dos pais com ronco 0,483 0,031 Distúrbios do sono e fala 0,657 0,002 Distúrbios do sono e preocupação dos pais com ronco 0,484 0,031 Fala e preocupação dos pais com ronco 0,510 0,022 Limitações com preocupações dos pais com ronco 0,469 0,037 Spearman's rho Graudehipertrofia sofrimento dist falaa desconfortoa limitaçõesa preocupação físicoa sonoa paisroncoa Correlation,092 -,221 -,009 -,121 -,460* -,070 Coefficient Sig. (2-tailed),701,350,968,612,041,770 N 20 20 20 20 20 20 MP & Nº 1 - janeiro/abril 2015

100 GRAU DE HIPERTROFIA ADENOIDEANA X ESCORE DE SINTOMAS Descriptives a,b,c,d,e,f graudehipertofia Statistic Std. Error sofrimento 50-75% Mean 9,50 1,459 físico A 95% Confidence Lower Bound 6,29 Interval for Mean Upper Bound 12,71 5% Trimmed Mean 9,56 Median 10,50 Variance 25,545 Std. Deviation 5,054 Minimum 0 Maximum 18 Range 18 Interquartile Range 6 Skewness -,428,637 Kurtosis,238 1,232 75%-100% Mean 11,57 1,360 95% Confidence Lower Bound 8,24 Interval for Mean Upper Bound 14,90 5% Trimmed Mean 11,86 Median 13,00 Variance 12,952 Std. Deviation 3,599 Minimum 4 Maximum 14 Range 10 Interquartile Range 4 Skewness -2,005,794 Kurtosis 3,987 1,587 distsonoa 50-75% Mean 12,42 1,593 95% Confidence Lower Bound 8,91 Interval for Mean Upper Bound 15,92 5% Trimmed Mean 12,41 Median 12,50 Variance 30,447 Std. Deviation 5,518 Minimum 2 Maximum 23 Range 21 Interquartile Range 8 Skewness,046,637 Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

Cont. graudehipertofia Statistic Std. Error Kurtosis,560 1,232 75%-100% Mean 17,57 2,045 95% Confidence Lower Bound 12,57 Interval for Mean Upper Bound 22,58 5% Trimmed Mean 17,80 Median 21,00 Variance 29,286 Std. Deviation 5,412 Minimum 8 Maximum 23 Range 15 Interquartile Range 7 Skewness -,970,794 Kurtosis -,023 1,587 falaa 50-75% Mean 11,25 1,805 95% Confidence Lower Bound 7,28 Interval for Mean Upper Bound 15,22 5% Trimmed Mean 11,39 Median 11,00 Variance 39,114 Std. Deviation 6,254 Minimum 1 Maximum 19 Range 18 Interquartile Range 11 Skewness -,547,637 Kurtosis -,786 1,232 75%-100% Mean 14,86 1,945 95% Confidence Lower Bound 10,10 Interval for Mean Upper Bound 19,62 5% Trimmed Mean 14,90 Median 15,00 Variance 26,476 Std. Deviation 5,146 Minimum 7 Maximum 22 Range 15 Interquartile Range 9 Skewness -,080,794 Kurtosis -,508 1,587 & Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP 101

102 Cont. graudehipertofia Statistic Std. Error desconfortoa 50-75% Mean 13,00 1,923 95% Confidence Lower Bound 8,77 Interval for Mean Upper Bound 17,23 5% Trimmed Mean 13,17 Median 14,50 Variance 44,364 Std. Deviation 6,661 Minimum 2 Maximum 21 Range 19 Interquartile Range 12 Skewness -,385,637 Kurtosis -1,431 1,232 75%-100% Mean 14,86 2,241 95% Confidence Lower Bound 9,37 Interval for Mean Upper Bound 20,34 5% Trimmed Mean 14,90 Median 15,00 Variance 35,143 Std. Deviation 5,928 Minimum 6 Maximum 23 Range 17 Interquartile Range 11 Skewness -,236,794 Kurtosis -,696 1,587 limitaçõesa 50-75% Mean 6,33 1,394 95% Confidence Lower Bound 3,26 Interval for Mean Upper Bound 9,40 5% Trimmed Mean 5,98 Median 4,50 Variance 23,333 Std. Deviation 4,830 Minimum 1 Maximum 18 Range 17 Interquartile Range 7 Skewness 1,364,637 Kurtosis 1,946 1,232 75%-100% Mean 12,29 2,388 Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &

Cont. graudehipertofia Statistic Std. Error 95% Confidence Lower Bound 6,44 Interval for Mean Upper Bound 18,13 5% Trimmed Mean 12,37 Median 11,00 Variance 39,905 Std. Deviation 6,317 Minimum 2 Maximum 21 Range 19 Interquartile Range 9 Skewness -,249,794 Kurtosis -,059 1,587 preocupação 50-75% Mean 4,58,260 paisroncoa 95% Confidence Lower Bound 4,01 Interval for Mean Upper Bound 5,16 5% Trimmed Mean 4,70 Median 5,00 Variance,811 Std. Deviation,900 Minimum 2 Maximum 5 Range 3 Interquartile Range 1 Skewness -2,539,637 Kurtosis 6,768 1,232 75%-100% Mean 4,71,184 95% Confidence Lower Bound 4,26 Interval for Mean Upper Bound 5,17 5% Trimmed Mean 4,74 Median 5,00 Variance,238 Std. Deviation,488 Minimum 4 Maximum 5 Range 1 Interquartile Range 1 Skewness -1,230,794 Kurtosis -,840 1,587 103 MP & Nº 1 - janeiro/abril 2015

104 COMPARAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS DOS ESCORES PRÉ E PÓS- OPERATÓRIOS. (TESTE T DE STUDENT PARA DADOS PAREADOS COM SIGNIFICÂNCIA PARA P<0.05.) Paired Samples Statistics Mean N Std. Std. Error Deviation Mean Pair 1 sofrimento 10,60 20 4,706 1,05 fisicoa soffisicod 3,10 20 4,025,900 Pair 2 distsonoa 14,85 20 6,226 1,392 distsonod 2,40 20 4,535 1,014 Pair 3 falaa 12,95 20 6,065 1,356 falad 3,65 20 5,019 1,122 Pair 4 desconfortoa 13,50 20 6,186 1,383 desconfortod 5,40 20 5,586 1,249 Pair 5 limitaçõesa 8,10 20 6,164 1,378 limitaçõesd 1,95 20 3,576,800 Pair 6 preocupação 4,65 20,745,167 paisroncoa preocupação,45 20 1,099,246 roncospaisd Paired Samples Correlations N Correlation Sig. Pair 1 sofrimentofisicoa & soffisicod 20,544,013 Pair 2 distsonoa & distsonod 20,304,192 Pair 3 falaa & falad 20,503,024 Pair 4 desconfortoa & desconfortod 20,486,030 Pair 5 limitaçõesa & limitaçõesd 20,399,081 Pair 6 preocupaçãopaisroncoa 20,138,561 & preocupaçãoroncospaisd Nº 1 - janeiro/abril 2015 MP &