COISA JULGADA. Conceito Previsão legal Coisa julgada material e formal Limites da coisa julgada Coisa julgada nas ações coletivas

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Transcrição:

COISA JULGADA Professora Bianca Bastos Conceito Previsão legal Coisa julgada material e formal Limites da coisa julgada Coisa julgada nas ações coletivas

COISA JULGADA Dizem que a coisa julgada é EFEITO DA SENTENÇA, Na verdade é QUALIDADE da sentença e de seus efeitos = envolve a ideia de IMUTABILIDADE e de INDISCUTIBILIDADE DEFINIÇÃO : é qualidade adquirida pela sentença = imutável e indiscutível! É eficácia de que se reveste a sentença não mais sujeita a recurso, que a torna imutável e indiscutível (Cleber Lúcio de Almeida) Humberto Theodoro Junior = qualidade da sentença assumida em determinado momento processual. Não é efeito da sentença, mas qualidade dela representada pela imutabilidade do julgado e de seus efeitos (...)

COISA JULGADA Artigo 5º, XXXVI da CF dita que a lei não prejudicará à coisa julgada Art. 836 da CLT Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor Função: de um lado, define, vinculativamente, a situação jurídica das partes; de outro lado, impede que se restabeleça, em outro processo, a mesma controvérsia Celso Neves

COISA JULGADA Humberto Theodoro Júnior Enquanto pende o prazo de recurso, ou enquanto este pende de julgamento, a sentença apresenta-se como um ATO JUDICIAL, ato do magistrado tendente a traduzir a vontade da lei no caso concreto. ATO JUDICIAL = SITUAÇÃO JURÍDICA Mas a VONTADE DA LEI, somente pode ser ÚNICA. Somente pelo esgotamento dos prazos dos recursos, excluída a possibilidade de nova formulação, é que a sentença, de simples ato do magistrado, passará a ser reconhecida pela ordem jurídica como a emanação da vontade da lei

COISA JULGADA Humberto Theodoro Júnior QUAIS SÃO OS EFEITOS DA SENTENÇA? São de natureza declaratória, constitutiva e condenatória! E eles existem desde o momento em que a sentença seja exequível! Mesmo provisoriamente! Quanto o ato judicial se torna INDISCUTÍVEL, a sentença não ganha um NOVO efeito! Seus efeitos (de natureza declaratória, constitutiva ou condenatória) é que ganham QUALIDADES: imutabilidade e indiscutibilidade!! A autoridade da res judicata se manifesta sobre todos os efeitos da sentença, sejam eles declaratórios, condenatórios ou constitutivos

COISA JULGADA Humberto Theodoro Júnior Imutabilidade do próprio conteúdo da sentença, como norma jurídica concreta referida à situação sobre que se exerceu a atividade cognitiva do órgão judicial José Carlos Barbosa Moreira

COISA JULGADA Humberto Theodoro Júnior EXEMPLOS: Reconhecimento de uma relação jurídica com força de coisa julgada = relação de emprego/representatividade sindical = nunca mais poderá negar o contrato de emprego ou a representatividade sindical; Decretação nulidade de um negócio jurídico = nulidade de norma coletiva = nunca mais poderá ser tida como válida; Dissolução de contrato =rescisão indireta = nunca mais se poderá ter como vigorante o contrato entre as partes; Condenação a uma obrigação = nunca mais poderá pretender ngar que estava sujeito, ao tempo da sentença, àquela dívida.

COISA JULGADA em RELAÇÃO CONTINUATIVA = SENTENÇAS DETERMINATIVAS Há coisa julgada em relação de direito material continuativa. Ex.: adicional de periculosidade/insalubridade. As sentenças determinativas podem ser declaratórias, constitutivas ou condenatórias Vide.: posição contrária Carlos Henrique Bezerra Leite embasado em Wagner Giglio = dizem que relação continuativa não faz coisa julgada

COISA JULGADA em RELAÇÃO CONTINUATIVA = SENTENÇAS DETERMINATIVAS HÁ! Na relação continuativa (e em todas as sentenças!!) há uma cláusula rebus sic stantibus que atua sobre um dos elementos da ação : causa de pedir. Neste caso, alterando-se a situação fática há mudança dos fatos e fundamentos do pedido (causa petendi). Isto porque a sentença tem como objeto um quadro FÁTICO-JURÍDICO existente no momento da propositura da ação, e são estranhos a esse quadro os eventos que depois do julgamento da causa venham a envolver os litigantes e suas relações jurídica (Liebman)

EXISTE? COISA JULGADA ADMINISTRATIVA Sim. São questões em que a composição é feita fora do Poder Judiciário e tendo como uma das partes o ESTADO. Ex.: Tribunal de Contas e Conselho de Contribuintes Setor de Benefícios do INSS Há uma coisa julgada administrativa. Mas como não há no Brasil o contencioso administrativo, essa coisa julgada pode ser rediscutida em processo judicial. Art. 5º, XXXV da CF: nenhuma lesão ou ameaça a direito poderá ser excluída de apreciação do Judiciário = há monopólio da jurisdição

TRÂNSITO EM JULGADO COISA JULGADA OCORRE QUANDO A SENTENÇA NÃO PODE SER MAIS REFORMADA POR MEIO DE RECURSOS 1 GERA SEMPRE A COISA JULGADA FORMAL = preclusão máxima dentro do mesmo processo 2 Julgamento de mérito é aquele que acolhe ou rejeita o pedido, decidindo a causa A COISA JULGADA MATERIAL depende da existência de julgamento de mérito do processo = torna imutável os efeitos da sentença lançados fora do processo

COISA JULGADA MATERIAL E FORMAL Coisa julgada material é a qualidade dos efeitos da sentença e causa imutabilidade quando o caso é resolvido pelo MÉRITO Coisa julgada formal é a qualidade que se dá a efeito de sentença quando há extinção sem resolução do mérito e não cabe mais recurso Procedência/Improcedência Prescrição Decadência Transação Renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação Art. 485 (antigo 267) Indeferimento inicial Ausência pressuposto Condições da ação Perempção Desistência, etc

PREVISÃO LEGAL : não há norma na CLT Coisa julgada formal é DEGRAU NECESSÁRIO para que se forme a coisa julgada material (Didier) Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. ( - acrescidos ao antigo artigo 468 da CLT)

EFICÁCIA PRECLUSIVA NA COISA JULGADA A eficácia preclusiva da COISA JULGADA é uma APTIDÃO para produzir o efeito de impedir novas discussões sobre aquilo que foi por ela alcançado Na COISA JULGADA FORMAL, essa eficácia preclusiva impede novas discussões apenas no processo onde a sentença foi proferida EFICÁCIA PRECLUSIVA ENDOPROCESSUAL Na COISA JULGADA MATERIAL, essa eficácia preclusiva impede qualquer nova discussão, em qualquer outro processo EFICÁCIA PRECLUSIVA PANPROCESSUAL Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.

COISA JULGADA e PRECLUSÃO = DIFERENÇA Alexandre Freitas Câmara PRECLUSÃO é a perda de uma posição processual. O processo caminha para frente (PRO CEDERE = andar para frente) Durante o processo as partes vão perdendo posições, ao que se dá o nome de PRECLUSÃO. Espécies de PRECLUSÃO = TEMPORAL/LÓGICA/CONSUMATIVA A COISA JULGADA se relaciona com IMUTABILIDADE e DEFINITIVIDADE e é outro fenômeno processual. Não há dúvida que a COISA JULGADA possui EFICÁCIA PRECLUSIVA, mas não se confunde com PRECLUSÃO!!

COISA JULGADA e PRESSUPOSTO PROCESSUAL NEGATIVO DE VALIDADE DA RELAÇÃO PROCESSUAL A existência de coisa julgada IMPEDE a formação de válida relação processual noutro processo. É pressuposto extrínseco da validade da relação PROCESSUAL; CONSEQUÊNCIA = EXTINÇÃO DO SEGUNDO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO Art. 267, V do CPC COISA JULGADA SOBERANA Ocorre quando se esgota o prazo decadencial de propositura da ação rescisória (art. 495 do CPC), ou quando esta ação seja julgada improcedente.

LIMITES SUBJETIVOS DA COISA JULGADA QUEM é atingido pela autoridade da coisa julgada? Art. 506 do CPC = fixa limites às partes entre as quais é dada Eficácia natural da sentença vale erga omnes, enquanto a autoridade da coisa julgada somente existe entre as partes Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.

Por quê se limita às partes? Há um fundamento político referente às partes: quem não foi sujeito do contraditório, não tendo a possibilidade de produzir razões e provas, influindo na formação do convencimento judicial, não pode ser prejudicado pela coisa julgada Há um fundamento político referente ao Estado-juiz Entre nós não há sujeição do julgador a parâmetros jurisprudenciais anteriores precedentes judiciais como ocorre no common law Portanto, salvo caso de súmulas vinculantes, não há compromisso do Estado em repetir idêntica solução de conflitos em casos semelhantes

LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. 2º A hipótese do 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.

LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA No CPC de 1973 se falava em sentença que julga a LIDE LIDE no CPC tem o significado de OBJETO DO PROCESSO ( Streitgegenstand) = MÉRITO DA CAUSA Hoje, o CPC fala no art. 503 em MÉRITO = a sentença faz coisa julgada nos limites do PEDIDO! Ficou mais claro!! Mas além disto: temos os 1º e 2º = que substituem o art. 470 Elementos identificadores da demanda CAUSA DE PEDIR = próxima/remota PEDIDO = petitum PARTES

PEDIDO e RELAÇÃO JURÍDICA entre as PARTES A expressão COISA JULGADA = RES JUDICATA se une a outra expressão em latim RES IN IUDICIUM DEDUCTA = a relação jurídica que é afirmada como existente na inicial e que une o autor ao réu Ex.: numa ação de cobrança = se afirma relação obrigacional; numa ação de divórcio = se afirma existência do casamento Uma vez proferida a decisão a relação que havia sido deduzida no processo se torna uma relação já JULGADA! Pode-se dizer: RES JUDICATA é a RES IN IUDICIUM DEDUCTA depois que foi IUDICATA

PEDIDO e RELAÇÃO JURÍDICA entre as PARTES O JUÍZO DE VALOR realizado sobre a existência ou inexistência de relação jurídica, não pode ser alterado pela alteração do pedido. Exemplo: processo em que há coisa julgada sobre prescrição em relação a um pedido de diferença salarial decorrente de um benefício contratual que foi suprimido. Há trânsito em julgado material. Após 3 anos, a parte pedido equiparação salarial com outro funcionário que ganhou esse benefício em juízo, e cuja pretensão não estava prescrita! A relação jurídica já havia sido decidida de forma definitiva e irreversível!

LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA Quais partes da sentença ficam cobertas pela autoridade da coisa julgada? RELATÓRIO OS MOTIVOS; Não fazem coisa julgada A VERDADE DOS FATOS; APRECIAÇÃO DE QUESTÃO PREJUDICIAL Art; 504. Não fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. (idêntica redação ao art. 469 do CPC)

PREJUDICIAIS/PRELIMINARES As questões prejudiciais são rejeitadas na fundamentação da sentença e não é alcançada pela autoridade da coisa julgada, salvo se tiver havido AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL. E se constar da PARTE DISPOSITIVA: rejeito as PRELIMINARES, rejeito a PRESCRIÇÃO/DECADÊNCIA/TRANSAÇÃO?? Há PRECLUSÃO, mas não COISA JULGADA, já que essas matérias podem ser suscitadas novamente em outro processo, entre as mesmas partes!! São decisões INCIDENTER TANTUM Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.

MATÉRIA PRELIMINAR As matérias preliminares do art. 337 do CPC/2015 (antigo art. 301), não estão sujeitas à preclusão. Devem ser alegadas em contestação, e podem ser suscitadas a qualquer momento, sendo reconhecidas ex officio, até o trânsito em julgado da decisão = Art. 301, 4º do CPC De novo : Art. 508 do CPC Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.

RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA Relativização da coisa julgada ocorre em CASOS EXCEPCIONAIS, em que a coisa julgada deva ser DESCONSIDERADA; Há divergência doutrinária, sendo que aqueles que são contrários entendem que a coisa julgada somente pode ser revista por ação rescisória, porque a COISA JULGADA é garantia constitucional = segurança pública. Além disto, aqueles que são contrários apontam os artigos 505 e 508 do CPC

RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA Outros sustentam que há casos em que a coisa julgada não pode subsistir, já que a intangibilidade da declaração transitada em julgado não pode ser aplicada sem exceções; NÃO É PERMITIDA A REVOGAÇÃO ou ALTERAÇÃO DA SENTENÇA por SIMPLES INCORREÇÃO!

RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA Relativização da coisa julgada somente é possível quando haja FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL Somente é possível desconsiderar a coisa julgada quando a mesma tenha incidido sobre coisa julgada inconstitucional Seria mais correto dizer : sentença inconstitucional transitada em julgado!! Já contrariava a CF antes de transitar em julgado. Exemplo: decisão que em processo de recuperação de empresas, que permita a uma sociedade empresária em má situação econômica deixe de pagar o 13º salário de seus empregados como forma de viabilizar sua recuperação (Alexandre Freitas Câmara)

RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA O trânsito em julgado de sentenças inconstitucionais ficou mais comum a partir do momento em que a admissão do RECURSO EXTRAORDINÁRIO foi subemetido ao pressuposto da repercussão geral da questão constitucional nele versada. A inconstitucionalidade não é vício sanável. Então, a relativização da coisa julgada vem para realizar um controle de constitucionalidade. Caso contrário se admitiria ao juiz um poder que ninguém mais tem, que é o de, POR ATO SEU, modificar a Constituição, ou afastar a incidência de norma constitucional no caso concreto

COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS São aquelas que visam tutelar interesses metaindividuais (difusos e coletivos), bem como interesses individuais homogêneos (aqueles que têm caráter individual mas recebem tratamento coletivo) AÇÃO CIVIL PÚBLICA = Art. 16 da Lei 7.347/85 AÇÕES COLETIVAS DO CDC = Art. 103 e art. 104 da Lei 8.078/90

COISA JULGADA NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA Há coisa julgada SECUNDUM EVENTUM LITIS, ou seja a formação da coisa julgada se dará segundo o resultado do processo Na ação civil pública, nos termos do art. 16 da Lei 7.347/85: A sentença na ação civil pública fará coisa julgada erga omnes nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

COISA JULGADA NA AÇÃO COLETIVA DO CDC Também há coisa julgada SECUNDUM EVENTUM LITIS, ou seja a formação da coisa julgada se dará segundo o resultado do processo Existem diversas ESPÉCIES DE COISA JULGADA, dependendo da natureza do direito material litigioso (interesse difuso/individual homogêneo/coletivo) e do resultado da ação (extinção sem resolução do mérito, procedência, improcedência, improcedência por ausência de provas)

CDC x Art. 506 do CPC Aplicando o art. 506 do CPC na legitimação extraordinária no processo individual, a coisa julgada independe do resultado. Ex.: substituição processual em insalubridade com reclamante identificado CDC : ações coletivas = processo coletivo: aplica-se o art. 103/104 do CDC Há uma nova disciplina da coisa julgada, segundo o resultado da demanda porque o CDC tem um microssistema processual coletivo em que o CPC é que é norma subsidiária. Redefine os limites subjetivos da coisa julgada e altera o sistema do art. 506 do CPC Porque quem age é representante institucional de um número indeterminado de pessoas (MP; associação; órgão público

COISA JULGADA NA AÇÃO COLETIVA DO CDC INTERESSES DIFUSOS (TUTELA DO MEIO AMBIENTE, PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO, CULTURAL): Coisa julgada atinge a todos que estão na esfera jurídica da proteção (art. 5º da Lei n. 7.347/85 + art. 82 da Lei 8.078/90 São interesses que possuem como titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato

COISA JULGADA NA AÇÃO COLETIVA DO CDC INTERESSES DIFUSOS (Ronaldo Lima dos Santos Procurador MPT) Natureza da decisão Extinção processo sem resolução mérito Formação da coisa julgada Coisa julgada formal Consequências Nova demanda com mesmo objeto e causa de pedir, inclusive pelo autor que havia proposto ação anterior Procedência do pedido Improcedência do pedido por qualquer motivo que não a insuficiência de provas Improcedência do pedido por insuficiência de provas Coisa julgada material Coisa julgada material Coisa julgada secundum eventum probationis Eficácia erga omnes. Impossibilidade de propositura de nova demanda, por qualquer ente legitimado Eficácia erga omnes. Impossibilidade de propositura de nova demanda, por qualquer ente legitimado Nova demanda baseada em novas provas, com o mesmo objeto e causa de pedir, inclusive pelo autor anterior

COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS Nas ações que discutam direitos coletivos (art. 103, II do CDC) A coisa julgada é limitada ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas Não há eficácia erga omnes Porque os interesses defendidos possuem titularidade de um grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica

COISA JULGADA NA AÇÃO COLETIVA DO CDC DIREITOS COLETIVOS (Ronaldo Lima dos Santos Procurador MPT) Natureza da decisão Extinção processo sem resolução mérito Formação da coisa julgada Coisa julgada formal Consequências Nova demanda com mesmo objeto e causa de pedir, inclusive pelo autor que havia proposto ação anterior Procedência do pedido Improcedência do pedido por qualquer motivo que não a insuficiência de provas Improcedência do pedido por insuficiência de provas Coisa julgada material Coisa julgada material Coisa julgada secundum eventum probationis Eficácia ultra partes. Impossibilidade de propositura de nova demanda, por qualquer ente legitimado Eficácia ultra partes. Impossibilidade de propositura de nova demanda, por qualquer ente legitimado Nova demanda baseada em novas provas, com o mesmo objeto e causa de pedir, inclusive pelo autor anterior

Jurisprudência do TST Planos econômicos OJ 262 - Coisa julgada. Planos econômicos. Limitação à data-base na fase de execução. (Inserida em 27.09.2002) Não ofende a coisa julgada a limitação à data-base da categoria, na fase executória, da condenação ao pagamento de diferenças salariais decorrentes de planos econômicos, quando a decisão exequenda silenciar sobre a limitação, uma vez que a limitação decorre de norma cogente. Apenas quando a sentença exequenda houver expressamente afastado a limitação à data-base é que poderá ocorrer ofensa à coisa julgada. Entre 1987 e 1990 Planos Bresser, Verão e Collor, com política de reajustes salariais por gatilhos (sempre inflação atingisse a 20%). Nos meses de julho de 1987 e fevereiro de 1.989 o índice atingiu 26,06%. TST inicialmente disse que havia direito adquirido. Mas o STF na ADin 694-DF disse que não. O TST cancelou as Súmulas 316 e 317 e se iniciou discussão acerca da coisa julgada quanto aos processo que já haviam deferido o percentual. Foram consideradas antecipações salariais, e a limitação ocorrida na negociação da data-base

Jurisprudência do TST Planos econômicos OJ 262 - Coisa julgada. Planos econômicos. Limitação à data-base na fase de execução. (Inserida em 27.09.2002) Não ofende a coisa julgada a limitação à data-base da categoria, na fase executória, da condenação ao pagamento de diferenças salariais decorrentes de planos econômicos, quando a decisão exequenda silenciar sobre a limitação, uma vez que a limitação decorre de norma cogente. Apenas quando a sentença exequenda houver expressamente afastado a limitação à data-base é que poderá ocorrer ofensa à coisa julgada. Entre 1987 e 1990 Planos Bresser, Verão e Collor, com política de reajustes salariais por gatilhos (sempre inflação atingisse a 20%). Nos meses de julho de 1987 e fevereiro de 1.989 o índice atingiu 26,06%. TST inicialmente disse que havia direito adquirido. Mas o STF na ADin 694-DF disse que não. O TST cancelou as Súmulas 316 e 317 e se iniciou discussão acerca da coisa julgada quanto aos processo que já haviam deferido o percentual. Foram consideradas antecipações salariais, e a limitação ocorrida na negociação da data-base