TÍTULO: IMPACTO DO TRATAMENTO QUIMIOTERAPICO NO ESTADO NUTRICIONAL E NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

Documentos relacionados
ESTADO NUTRICIONAL E SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS EM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

Influência do Câncer no Estado Nutricional. UNIFESP Profa. Dra. Nora Manoukian Forones Setor de Oncologia Disciplina de Gastroenterologia Clínica

ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES HIV/AIDS EM USO DE TERAPIA ANTI-RETROVIRAL 1 NUTRITIONAL STATUS OF HIV/AIDS PATIENTS IN USE OF ANTIRETROVIRAL THERAPY

Título principal. Modelo_3. Texto

FACULDADE PITÁGORAS TÓPICOS ESPECIAIS EM NUTRIÇÃO I AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PACIENTE ACAMADO

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA PRÁTICA CLÍNICA

Avaliação Nutricional de pacientes hospitalizados

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

Avaliação Nutricional

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO RISCO CARDIOVASCULAR DA CORPORAÇÃO DE BOMBEIROS DE MARINGÁ/PR

Os escolares das Escolas Municipais de Ensino Fundamental

SISTEMA ESPECIALISTA BASEADO EM REGRAS PARA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ATRAVÉS DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS IMPLEMENTADO NO EXPERT SINTA

Apostila de Avaliação Nutricional NUT/UFS 2010 CAPÍTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ADULTOS

FREQUÊNCIA DE DESNUTRIÇÃO EM IDOSOS À ADMISSÃO NO SERVIÇO DE GERIATRIA DO REAL HOSPITAL PORTUGUÊS EM RECIFE-PE

3. Material e Métodos

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN:

Período de Realização. De 3 de julho à 15 de setembro de População em geral. Sujeitos da Ação

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

TÍTULO: EFEITO DA TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA SOBRE O CONTROLE GLICÊMICO EM INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO2 E PERIODONTITE CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO

AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL. Prof (a). Drielly Rodrigues Viudes

Curso: Nutrição. Disciplina: Avaliação Nutricional Professora: Esp. Keilla Cardoso Outubro/2016

AUTOR(ES): LUIS FERNANDO ROCHA, ACKTISON WENZEL SOTANA, ANDRÉ LUIS GOMES, CAIO CÉSAR OLIVEIRA DE SOUZA, CLEBER CARLOS SILVA

TÍTULO: INCIDÊNCIA DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE JOSÉ BONIFÁCIO

Desenhos dos estudos de Epidemiologia Nutricional Analítica

Campus de Botucatu PLANO DE ENSINO ( X ) OBRIGATÓRIA ( ) OPTATIVA DOCENTE RESPONSÁVEL: CLÁUDIA RUCCO PENTEADO DETREGIACHI

SISTEMA ESPECIALISTA BASEADO EM REGRAS PARA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ATRAVÉS DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS IMPLEMENTADO NO EXPERT SINTA

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA CONCEPÇÃO DO USO DE SUPLEMENTOS ESPORTIVOS ENTRE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA EM NATAL/RN

ANÁLISE NUTRICIONAL E SENSORIAL DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES

PNS Pesquisa Nacional de Saúde 2013 Ciclos de vida, Brasil e grandes regiões Volume 3

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS ATENDIDAS NA USF VIVER BEM DO MUNICIPIO DE JOÃO PESSOA-PB

CURSO DE NUTRIÇÃO ROTEIROS E ORIENTAÇÕES PARA O ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA NO IDOSO

Aula prática. O roteiro da aula prática. O que se vai calcular no software Anthro/AnthroPlus. Anthro (WHO 2006) Anthro (WHO 2006) Anthro (WHO 2006)

c) Relacione as orientações a serem fornecidas à paciente, no momento de sua alta, considerando que sua contagem de neutrófilos era de células/m

TÍTULO: OFERTA HÍDRICA PELA TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM PACIENTES HOSPITALIZADOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

DIAGNÓSTICO DA PREVALÊNCIA DA OBESIDADE INFANTIL NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

QUAL O IMC DOS ALUNOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO ENSINO MÉDIO NO IFTM CAMPUS UBERLÂNDIA?

Avaliação antropométrica de crianças

ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS SEGUNDO A CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO E PREGA CUTÂNEA TRICIPITAL NA CIDADE DE JOÃO PESSOA- PB

ÍNDICE. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO Introdução Pertinência do trabalho Objectivos e Hipóteses de Estudo...

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

- avaliar os hábitos alimentares e o consumo de energia e nutrientes de adultos e idosos; - analisar e adequar macro e micronutrientes de planos

Desenvolvendo o Pensamento Matemático em Diversos Espaços Educativos A MATEMÁTICA EM SITUAÇÕES QUE ENGLOBAM ALIMENTAÇÃO E SAÚDE

AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DE PACIENTES SUBMETIDOS Á CIRURGIA BARIÁTRICA: HISTORICO DE PESO E COMPLICAÇÕES PÓS-CIRURGICAS

PROCESSO SELETIVO 2015 (NUTRICIONISTA)

AVALIAÇÃO IMC E DE CONSUMO DE ALIMENTOS FONTE DE PROTEÍNA, VITAMINA C E MAGNÉSIO POR ESCOLARES

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

USO DO PICTOGRAMA DE FADIGA EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA SUBMETIDAS À TELETERAPIA

Qualidade no Atendimento Nutricional do Paciente Oncológico. Nutricionista Fernanda Pires CRN 13358

Registro Hospitalar de Câncer - RHC HC-UFPR Casos de 2007 a 2009

TERAPIA NUTRICIONAL NA CIRURGIA E NO TRAUMA. Neily Rodrigues Romero Ma. em Ciências Fisiológicas Nutricionista do IJF

CARACTERÍSTICAS DA DIETA DO ADOLESCENTE D I S C I P L I N A : N U T R I Ç Ã O E D I E T É T I C A II P R O F : S H E Y L A N E A N D R A D E

RELAÇÃO ENTRE INDICADORES DE MUSCULATURA E DE ADIPOSIDADE COM MASSA CORPORAL E RISCO CARDIOVASCULAR EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

FIEP BULLETIN - Volume 82 - Special Edition - ARTICLE I (

Vigitel Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

Nutrição Aplicada à Educação Física. Cálculo da Dieta e Recomendações dietéticas. Ismael F. Freitas Júnior Malena Ricci

ESTUDOS DE COORTE. Baixo Peso Peso Normal Total Mãe usuária de cocaína

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: NUTRIÇÃO INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO

APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE RISCO NUTRICIONAL (IRN) E AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM IDOSOS. Kiss, S. A., Caselato de Sousa, V.M. 1

PERFIL NUTRICIONAL E SOCIOECONÔMICO DE PACIENTES INTERNADOS NO HOSPITAL E MATERNIDADE VITAL BRAZIL

Relação entre a Ingestão de Café e a Saúde

TÍTULO: ÍNDICE DE CONICIDADE EM ADULTOS SEDENTÁRIOS DA CIDADE DE CAMPO GRANDE-MS

Comparação entre métodos de Avaliação Subjetiva Global em oncologia

Perfil socioeconômico e nutricional das crianças inscritas no programa de suplementação alimentar do Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira

ALMEIDA, Vanilda de Fátima Oliveira 1.

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM CORREDORES DOS 10 KM TRIBUNA FM-UNILUS

I SIMPÓSIO DE ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR EM OBESIDADE, CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA

TÍTULO: ESTUDO ERGONÔMICO DA POSTURA SENTADA EM COLABORADORAS DE UMA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO.

Avaliação de treinamento multidisciplinar na triagem nutricional pela lógica difusa (fuzzy)

ISSN ÁREA TEMÁTICA:

Triagem Nutricional em Pacientes Idosos Oncológicos: Um Estudo Multicêntrico Luso-brasileiro

PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO DESTINADO À ELABORAÇÃO DE UMA DISSERTAÇÃO ORIGINAL NO ÂMBITO DO CURSO DE MESTRADO EM EPIDEMIOLOGIA (1ª EDIÇÃO)

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO E ACEITABILIDADE DE UMA BEBIDA A BASE DE FRUTA ENRIQUECIDA COM FERRO QUELATO

ESTÁGIO DE INVESTIGAÇÃO EM NUTRIÇÃO Relevância Para a Prática Clínica Em Medicina

Estado nutricional de gestantes em diferentes períodos de gestação

PROCESSO SELETIVO 2016 (Nutricionista)

Avaliação nutricional de indivíduos internados em hospital. público no município de Bebedouro/SP

O que é e para que serve a Próstata

DEPTO. DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO EXPERIMENTAL B14 Célia Colli. intervenções preventivas no início da vida trazem benefícios para a vida inteira

IMC DOS ALUNOS DO 4º PERÍODO DO CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS DO INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS CAMPI/INHUMAS.

18º Congresso de Iniciação Científica ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES INTERNADOS EM UM HOSPITAL DO INTERIOR PAULISTA

4ª Reunião do GT de Oncologia. Projeto OncoRede

Unidade: APLICAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO PLANEJAMENTO DE DIETAS. Unidade I:

A AMAMENTAÇÃO COMO FATOR DE PROTEÇÃO DO CÂNCER DE MAMA. Evidências em Saúde Pública HSM 0122 Novembro/2015

Testes de Aderência, Homogeneidade e Independência

Avaliação nutricional do paciente

TÍTULO: INGESTÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS RICOS EM SÓDIO E ADIÇÃO DE SAL ÀS PREPARAÇÕES PRONTAS

Apostila de Avaliação Nutricional NUT/UFS 2010 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ADOLESCENTES

ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL NOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS

PERFIL DE TÉCNICOS DE ENFERMAGEM QUE TRABALHAM NO PERÍODO NOTURNO

GRUPO COPPA: ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR NO PATOLOGIAS ASSOCIADAS BRIGITTE OLICHON LUMENA MOTTA REGINA BOSIO

Educação alimentar e analise dos hábitos em relação à alimentação em estudantes do ensino fundamental 2 no município de Itapuranga Goiás

19/04/2016. Profª. Drª. Andréa Fontes Garcia E -mail:

Minha Saúde Análise Detalhada

PERFIL SOCIOECONÔMICO, CLÍNICO E NUTRICIONAL DE UM GRUPO DE IDOSOS PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO

Transcrição:

16 TÍTULO: IMPACTO DO TRATAMENTO QUIMIOTERAPICO NO ESTADO NUTRICIONAL E NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: NUTRIÇÃO INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCA AUTOR(ES): PAULA LOMBREM MASSINE ORIENTADOR(ES): VIVIANE RODRIGUES ESPERANDIM COLABORADOR(ES): TEODORA LEMOS COSTA BITTAR MUSSALEM

2 RESUMO Introdução: A quimioterapia pode provocar alterações nutricionais que podem ocorrer de ações diretas destes medicamentos no metabolismo, ou de efeitos adversos sobre o trato gastrointestinal. Entre os efeitos colaterais mais presentes estão: náuseas e vômitos, anorexia, diarreia, constipação intestinal, xerostomia, perda de apetite, alterações de paladar como digeusia e hipogeusia, mucosite, fraqueza, depleção da imunidade, toxicidade renal e anemia.objetivo: Avaliar o impacto do tratamento quimioterápico no estado nutricional e no comportamento alimentar de pacientes oncológicos. Trata-se de um estudo descritivo, realizado com 27 pacientes em tratamento oncológico. Os dados foram coletados a partir de avaliação de medidas antropométricas: índice de massa corporal; dobra cutânea tricipital; circunferência do braço; circunferência muscular do braço; porcentagem de perda de peso; dietéticas; recordatório de 24 horas; e alterações do comportamento alimentar através de questionário elaborado pela pesquisadora. Foi observado um índice de massa corporal médio de 26,09 kg/m². A média da adequação da circunferência muscular do braço foi de 83,11%, da circunferência do braço 94,04% e da prega cutânea tricipital foi de 99,89%. Considerando a alteração do peso, 59% apresentaram perderam peso durante o tratamento. A média do consumo energético foi de 909,79kcal/dia, e o consumo médio de ingestão de fibras foi de 19g/dia. Em relação aos macronutrientes o médio de proteína foi de 20,24%/dia, carboidrato 51,81%/dia e lipídeo 28,85%/dia. Verificou-se que a terapia antineoplasica afetou significativamente o comportamento alimentar da população estudada. Este estudo demostrou a importância do acompanhamento e da interpretação da avaliação nutricional completa, ressaltando-se que a analise do estado nutricional do paciente oncológico poderia ser utilizada como medida preventiva. PALAVRAS-CHAVE: Neoplasia, Estado Nutricional, Avaliação Nutricional, Quimioterapia, Preferências alimentares, Hábitos alimentares, Comportamento Alimentar. INTRODUÇÃO O câncer é caracterizado pela presença de uma massa denominada tumor e quando identificado como maligno, interfere no suprimento sanguíneo e nas funções orgânicas de células normais. Sua formação ocorre pela replicação de células

3 anormais e o seu desenvolvimento envolve danos ao ácido desoxirribonucléico (DNA) das células, alterando o mecanismo das mesmas, e quando danificadas, iniciam um processo descontrolado de crescimento e disseminação de células neoplásicas 1-2. A incidência de desnutrição nesta patologia foi abordada no Brasil, em um estudo multicêntrico, através do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBANUTRI), onde foi revelado que pacientes internados com diagnostico de câncer possuem constância quase três vezes maior de desnutrição que os demais sem a doença, tornando a patologia um fator de risco para desnutrição 3. Os tipos de tratamento são complexos sendo eles o tratamento cirúrgico, a radioterapia, a quimioterapia, a hormonioterapia e a imunoterapia 4. O tratamento quimioterápico é sistêmico, podendo afetar o corpo como um todo, resultando em toxicidade para o trato gastrointestinal (TGI), com surgimento de efeitos colaterais, e sintomas gastrointestinais, como anorexia, vômitos, náuseas, xerostomia, alterações de preferências alimentares, digeusia, estomatite, mucosite, boca seca, constipação e diarréia, resultando ainda na redução da ingestão alimentar, além da ocorrência de aversões à alimentos específicos, e consequentemente depleção do estado nutricional 5,6. Avaliar o estado nutricional do paciente oncológico em quimioterapia é essencial para a conduta terapêutica e para a qualidade de vida do paciente, uma vez que a desnutrição seria um fator preditor da morbimortalidade e está frequentemente presente no paciente oncológico 7. Para prevenir os efeitos prejudiciais ao estado nutricional que este tratamentos pode ocasionar, seria de extrema importância a implementação da terapia nutricional para o paciente adulto oncológico em tratamento quimioterápico 8. Durante o tratamento quimioterápico podem ocorrer diversas alterações no perfil antropométrico e no consumo alimentar, sendo necessário o controle por parte de profissional habilitado 9. A intervenção nutricional é essencial para o controle de sintomatologia desenvolvida pelo tratamento 10. Sobretudo, o déficit nutricional esta relacionado com a diminuição da resposta ao tratamento oncológico e à qualidade de vida, com maior risco de complicações pós-operatórias, aumento da morbimortalidade, assim como o aumento do tempo de internação 11,12. OBJETIVOS

4 Avaliar e identificar o impacto que o tratamento quimioterápico causa no estado nutricional, na mudança de comportamento, hábitos e preferências alimentares, de pacientes em tratamento quimioterápico. MÉTODOLOGIA Tratou-se de um estudo descritivo, realizado em Ambulatório de Quimioterapia do no interior da cidade de Franca-SP. A amostra constituiu-se de 27 pacientes. Foram inclusos no estudo paciente em tratamento quimioterápico endovenoso exclusivo, com idade superior a 18 anos de idade, de ambos os sexos, diagnosticados com câncer em tratamento quimioterápico que concordaram em participar da pesquisa. Foram excluídos os indivíduos diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço, os que estavam em primeiro dia de tratamento, pacientes sem capacidade de deambulação e os edemaciados. Foi realizada a aplicação de um questionário, o mesmo contava com perguntas sobre nome, idade, peso habitual, tempo da perda de peso, tipo de neoplasia, tempo de tratamento, numero de sessões de quimioterapias semanais, presença de dificuldade para mastigar, dificuldade para deglutir, alergia alimentar, mudança da ingestão dietética, alteração de paladar, se havia algum alimento que após ter iniciado o tratamento pensar em comê-lo o deixava desconfortável, se ingeria algum alimento e após o início do tratamento não conseguia ingeri-lo mais, e se pensar em comer algum alimento lhe trazia uma sensação confortável. As variáveis antropométricas coletadas para analise do estado nutricional foram: peso atual, peso habitual, altura, índice de massa corporal (IMC), prega cutânea tricipital (PCT), circunferência do braço (CB) e circunferência muscular do braço (CMB). A partir dos valores encontrados com relação ao peso atual e peso habitual foi calculada a % de perda de peso. Esses procedimentos seguiram as orientações contidas no Manual do Sistema de Vigilância do Ministério da Saúde 13. A avaliação do consumo alimentar foi feita através de Recordatório de 24horas. Para avaliação dos dados obtidos foi utilizado o software Diet Pro 5.1. Os dados obtidos foram tabulados em planilhas eletrônicas do programa Microsoft Excel. As variáveis quantitativas foram descritas em relação aos parâmetros média aritmética, desvio padrão e as variáveis qualitativas, em

5 relação às frequências porcentuais. As variáveis numéricas correlacionadas e aquelas que foram submetidas a teste de significância passaram pelo teste de normalidade de D Agostino & Pearson, para definição da natureza paramétrica ou não-paramétrica da estatística a ser utilizada. Como os dados amostrais a serem correlacionados acusaram populações de origem não normalizadas, seguindo proposições de Siegel e Castellan 14, as correlações foram verificadas pelo coeficiente de correlação de Spearman. A normalidade das populações de origem dos grupos de variáveis submetidas a testes de significância remeteu ao uso da estática t de Student. A associação entre variáveis não numéricas foi verificada pela estatística de χ² (qui quadrado). Em todos os testes estatísticos o nível de significância αpré fixado foi de 0,05. DESENVOLVIMENTO O projeto de pesquisa deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Franca, com parecer nº 50985815.8.0000.5495). Os pacientes foram convidados a participar do estudo e em caso de concordância assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi feita em salas individuais e reservadas, sendo a identidade dos pacientes mantida em sigilo. RESULTADOS O estudo foi composto por 27 pacientes, sendo 12 (44%) do sexo masculino, e 15 (56%) do sexo feminino, com idade média de 56 anos e variação de 25 a 80 anos. Caracterizando a amostra segundo a localização do tumor, observou-se prevalência em tumoração no colón 55% (15), conforme demonstrado a Tabela 1. Tabela 1. Caracterização da população segundo a localização do tumor Localização do tumor % Colón 55 Linfoma de Hodgkin 4 Ovário 7 Mama 7 Colo de útero 4 Melanoma 4 Gástrico 4

6 Linfoma não-hodgkin 7 Adenocarcinoma 4 Bexiga 4 Na avaliação antropométrica (Tabela 2), o IMC médio encontrado para adultos e idosos foi de 26,09 kg/m² com desvio padrão 6,19, e revelou que dos 13 adultos avaliados 2 (15%) encontram-se desnutridos, 1 (7%) encontra-se estrófico, 5 (39%) encontram-se com sobrepeso, 5 (39%) encontram-se em algum grau de obesidade, enquanto que dos 14 idosos avaliados 3 (21,5%) encontram-se abaixo do peso, 6 (43%) encontram-se eutróficos e 5 (35,5%) acima do peso. A média da adequação da CMB foi de 83,11% e desvio padrão 28,36 e demonstrou um total de 15 (55%) dos indivíduos classificados com algum grau de desnutrição. Na avaliação da PTC a média encontrada foi de 99,89% e desvio padrão 43,40,e revelou eutrofia para a maioria isto é 11 (41%) dos indivíduos. A média encontrada para CB foi de 94,04% e desvio padrão de 18,72, que demonstrou 10 (37%) dos indivíduos classificados em desnutrição, 12 (44%) eutrofia, 5 (19%) com excesso de peso. Tabela 2. Estado nutricional dos pacientes oncológicos segundo dados antropométricos. Variáveis N % Obesidade grau III 1 7,5 Obesidade grau II 0 0 Obesidade grau III 4 31 Sobrepeso 5 39 IMC adultos Eutrofia 1 7,5 Desnutrição grau I 1 7,5 Desnutrição grau II 0 0 Desnutrição grau III 1 7,5 Acima do peso 3 21 IMC idosos Eutrofia 6 43 Abaixo do peso 5 36 Desnutrição grave 9 33 CMB Desnutrição 3 11 moderada Desnutrição leve 3 11 Eutrofia 12 45 PCT Obesidade 3 11 Sobrepeso 4 15 Eutrofia 11 41 Desnutrição leve 1 3,5

7 Desnutrição 1 3,5 moderada Desnutrição grave 7 26 CB Desnutrição grave 5 19 Desnutrição 2 7,5 moderada Desnutrição leve 3 11 Eutrofia 12 44 Sobrepeso 3 11 Obesidade 2 7,5 %PP Sem perda de peso 13 48 Perda significativa 8 30 Perda grave 6 22 Analisando a perda de peso recente (Tabela 2), foi possível concluir que 16 indivíduos (59%) perderam peso durante o tratamento. Perda de peso significativa foi encontrada em 56% (n=9) dos pacientes, e ainda 44% (n=7) apresentaram perda de peso grave. A media percentual de perda de peso foi de 5,35% e desvio padrão 8,02. Entretanto foi observado que 26% (n=7) ganharam peso. Apenas 15% (n=4) não tiveram alteração de peso durante o tratamento quimioterápico. Com relação ao questionário aplicado (Figura 1), 18 pacientes (66,5%) sentiram alteração do paladar à todos os tipos de alimentos. (%) 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 18,50 26,00 3,50 7,50 48,00 66,50 41,00 70,00

8 Figura 1: Respostas do questionário em porcentagens para as questões do questionário aplicado. As queixas relacionadas à preferências alimentares, alterações de paladar, hábitos alimentares, e desconforto alimentar não apresentaram correlação significativa em relação ao tempo de tratamento e ao número de sessões semanais de quimioterapia. (Tabela 3) Tabela 3: Correlação entre tempo de tratamento e sessões de quimioterapia semanais, com o questionário aplicado. Variáveis N % Valor de p para tempo de tratamento Dificuldade para mastigar? 5 18,5 0,7377 0,2196 Valor de p para quantidade de sessões Dificuldade para engolir? 7 26 0,5337 0,5715 Alergia alimentar 1 3,5 0,2820 0,7934 Alteração da Ingestão Dietética 2 7,5 0,8923 0,7409 Há algum alimento que após ter 13 48 0,0933 0,5681 iniciado o tratamento pensar em comê-lo lhe causa desconforto? Alteração de paladar? 18 66,5 0,1678 0,8750 Há algum alimento que comia, e após ter iniciado o tratamento não consegue comer mais? Há algum alimento que você tenha preferência em comer, e que pensar em comê-lo lhe deixa mais confortável? 11 41 0,0828 0,5963 19 70 0,3612 0,4458 Analisando o consumo dietético de macronutrientes desses indivíduos, foi observado que o percentual médio de consumo de proteínas foi de 20,24% do valor

9 calórico total da ingestão alimentar, com desvio padrão de 4,29, a média de carboidrato foi de 51,81% e desvio padrão 11,51, para lipídeos 28,85% e desvio padrão de 9,45. A média do consumo energético foi de 909,79kcal/dia, enquanto que a média da necessidade ideal foi em torno de 2020,876 kcal, sendo assim o consumo é significativamente menor que o ideal (p=<0,0001). Observou-se média de ingestão de fibras de 19g/dia com desvio padrão de 18,09. A partir do IMC correlacionou-se o estado nutricional do paciente com o tipo de câncer por ele apresentado (Figura 2), e não foram encontradas associações significativas (χ²=21,93; p=0,235), portanto, deve-se observar que os resultados podem apresentar pouca validade em frente das baixas frequências esperadas. Contudo, pode-se observar, maior índice de excesso de peso nos pacientes com neoplasia de colón seguido de mama. 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Figura 2. Estado nutricional dos pacientes oncológicos segundo o IMC nos diferentes tipos de tumores. Excesso de peso Eutrófico Abaixo do peso CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da prevalência de excesso de peso observada pelo método IMC, verificou-se que grande parte dos pacientes apresentaram depleção do estado nutricional nos parâmetros que avaliaram o compartimento muscular que associado à alta prevalência de perda de peso, encontrada no presente estudo, pode piorar o

10 prognostico do paciente, e pode levar à baixa tolerância ao tratamento quimioterápico. Verificou-se que a terapia antineoplasica afetou significativamente o comportamento alimentar da população estudada, fato demonstrado pelas modificações às preferencias a certos alimentos, aversões alimentares adquiridas e a presença de alterações de paladar, o que afetam no momento da escolha e ingestão dos alimentos. Neste sentido, diante dos dados apresentados, o estudo demostra a importância do acompanhamento e da interpretação da avaliação nutricional completa, ressaltando-se que a analise do estado nutricional do paciente oncológico seria uma ferramenta de apoio essencial ao tratamento antineoplasico, e deve ser utilizada precocemente como medida preventiva. Esta medida matéria o estado nutricional, melhoraria a resposta ao tratamento e a recuperação, além de preservar a qualidade de vida reduzindo a morbimortalidade do paciente. REFERÊNCIAS 1. Ulsenheimer A, Silva ACP, Fortuna FV. Perfil nutricional de pacientes com câncer segundo diferentes indicadores de avaliação. Revista Brasileira de Nutrição Clínica; 2007; 4(22):292-297. 2. Maham LK, Escott-Stump S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 13ª. ed., Elsevier, Rio de Janeiro; 2012; 1227p. 3. Waitzberg DL, Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: the Brazilian national survey (IBRANUTRI): a study of 4000 patients. Nutrition 2001;17(7-8):573-80. 4. Ikermori EHA, Oliveira T, Serralheiro FD, Shibuya E, Cotrim TH, Trintin LA, et al. Nutrição em oncologia. 1ª. ed., Marina e Tecmedd, São Paulo; 2003. 5. Gottschlich MM (Ed.) The A.S.P.E.N. Nutrition Support Core Curriculum: a casebased approach: the adult patient. Silver Spring: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition, 2007. 6. Ravasco P, Monteiro-Grillo I, Vidal PM, Camilo ME. Impact of nutrition on outcome: a prospective randomied controlled Trial in patientes woth head and neck câncer undergoing radiotherapy. Head & neck, New Yoirk, 2005; 27(8):659-668.

11 7. Leuenberger M, Kurmann, S, Stango Z. Nutritional screening tools in daily clinical practice: the focus on câncer. Support Care Cancer 2010; 18 Suppl2:S17.27.Epub2010. Jan 29. Pubmed PMID:20087607. 8. Motoori MA, Yano MA, Yasuda TB, et al. Relationship between imunological parameters and the severity of neutropenia and effect of enteral nutrition on imune status during neoadjuvant chemotherapy on patients with advanced esophageal câncer. Oncology Basel 2012; 83(2):91-100. 9. Souza IGS (organizadora). Nutrição: Clínica, esportiva, saúde coletiva e unidades de alimentação e nutrição. 1ª. Ed., Martinari, São Paulo; 2016; 168-174p. 10. Mahan LK, Stump-SE. Krause, Alimentos Nutrição e Dietoterapia, : Roca,São Paulo; 2005. 11. Sampaio HAC, Oliveira NM, Sabry MOD, Carioca AAF, Pinheiro LGP. Influência do tipo de terapia antineoplásica sobre marcadores antropométricos e dietéticos em mulheres portadoras de câncer de mama. Revista Brasileira de Cancerologia 2012; 58(2):223-30. 12. Borges LR, Paiva SI, Silveira DH, Assunção MCF, Gonzalez MC. Can nutritional status influence the quality of life of cancer patients?. Revista de Nutrição 2010; 23(5):745-53. 13. Ministério da Saúde; Vigilância Alimentar e Nutricional; Sisvan: Orientações básicas para a coleta, processamento, análise de dados e informações em serviço de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004, 118. 14. Siegel S, Castellan JR. Estatística Não-Paramétrica para Ciências do Comportamento. Artmed, Porto Alegre; 2006.