Relato de caso acompanhado durante estágio extracurricular em Medicina Veterinária da UNIJUÍ 2

Documentos relacionados
Sanidade da glândula mamária com foco em mastite

Mastite Bovina. Luciano Bastos Lopes Doutor em Ciência Animal

colostro: avaliação da qualidade e composição Exigências nutricionais de bovinos leiteiros no Brasil

Mastites e Contagem de Células Somáticas na Bovinocultura de Leite

Cultura microbiológica do leite na fazenda: uma nova ferramenta para o diagnóstico de mastite

Mastite ou mamite é um processo inflamatório da glândula mamária causada pelos mais diversos agentes. Os mais comuns são as bactérias dos gêneros

Mastite. Gustavo H. Barramansa Thaylene Maria do Amaral

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral MASTITE BOVINA

PREVALÊNCIA DE MASTITE EM BOVINOS LEITEIROS: IFSULDEMINAS CÂMPUS MUZAMBINHO

estresse térmico metabolismo, saúde, nutrição e produção Impactos econômicos da mastite Manejo preventivo da cetose em vacas leiteiras

Aspectos gerais do Manejo Preventivo da Mastite Bovina

Agenda. 1. Conceitos sobre mastite bovina e métodos diagnósticos. 2. Principais agentes causadores da mastite. 3. Prejuízos causados pela mastite

Adoção de práticas que auxiliam no controle da mastite e na melhoria da qualidade do leite

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUIMICA DO LEITE DE VACAS HOLANDESAS SUBMETIDAS A DIFERENTES TURNOS DE COLETAS¹ 1

8/22/13. Agenda. 1. Porque a CCS é um problema atual?! Fatores de risco de mastite subclínica em vacas leiteiras e implicações econômicas!

Marcelo Moreira Antunes Sofia del Carmen Bonilla de Souza Leal

ANÁLISE DA QUALIDADE DO LEITE UTILIZANDO O TESTE (CMT) NO DIAGNOSTICO DE MASTITE SUBCLÍNICA

RETENÇÃO DE ANEXOS FETAIS EM FÊMEA BOVINA HOLANDESA: RELATO DE CASO 1 RETENTION OF FETAL APPENDICES IN DUTCH BOVINE FEMALE: CASE REPORT

2015 InfoVer São João del-rei, fevereiro de 2013

Leite de qualidade LEGISLAÇÃO DO LEITE NO BRASIL. Leite de Qualidade. Histórico 30/06/ Portaria 56. Produção Identidade Qualidade

O DEAg- UNIJUÍ na Rede Leite: Contribuição nas Ações Interdisciplinares 2

20/05/2011. Leite de Qualidade. Leite de qualidade

Sanidade da glândula mamária com foco em mastite

PERFIL DE SENSIBILIDADE DE AGENTES CAUSADORES DE MASTITE BOVINA NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Tratamento de MASTITE CLÍNICA

Análise da qualidade do leite em pequenas propriedades de Barbacena

CONTROLE DA MASTITE E COLETA DE LEITE

Circular. Técnica. Recomendações Técnicas para Diagnóstico, Identificação de Agentes e Controle da Mastite. Autores. Introdução ISSN

INFLUÊNCIA DA MASTITE NA REPRODUÇÃO DE VACAS GIROLANDO

MASTITE MASTITE ETIMOLOGIA

PROTOCOLO DE INDUÇÃO DE LACTAÇÃO EM VACAS E NOVILHAS DA RAÇA HOLANDESA 1

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO HOMEOPÁTICO PREVENTIVO NO CONTROLE DA MASTITE SUBCLINICA

Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Veterinária Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pecuária. Otávio Madruga e Larissa Tavares

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

PADRONIZAÇÃO DE UMA NOVA METODOLOGIA PARA DETECÇÃO DE MASTITE SUBCLÍNICA CAUSADA POR Staphylococcus aureus

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DA UNIDADE DIDÁTICA DE BOVINOCULTURA LEITEIRA DA UNICENTRO

Uso de diferentes sanitizantes no manejo de pré e pós dipping de vacas leiteiras - avaliação da contagem de células somáticas.

IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IV Jornada Científica 06 a 09 de Dezembro de 2011

Mastite: o problema que acomete rebanhos leiteiros - Mastitis: the problem that affects dairy herds

MASTITE DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO: REVISÃO DE LITERATURA

MASTITE EM NOVILHAS LEITEIRAS

Produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de. animais, bem alimentados e descansados

BOVINOCULTURA LEITEIRA

Pesquisa Institucional desenvolvida no Departamento de Estudos Agrários, pertencente ao Grupo de Pesquisa em Saúde Animal, da UNIJUÍ 2

AVALIAÇÃO DA ROTINA DO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA CLÍNICA. Palavras chaves: Isolamento, antimicrobianos, leite, resistência.

Avaliação da porcentagem de Gordura em vacas leiteiras tratadas com diferentes sanitizantes no manejo pré e pós dipping.

PERFIL MICROBIOLÓGICO DO LEITE BOVINO ANALISADO NO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA VETERINÁRIA DA UNIJUÍ 1

PREVENÇÃO, CONTROLE E TRATAMENTO DAS MASTITES BOVINAS REVISÃO DE LITERATURA

Letícia C. Mendonça Veterinária, Msc. Analista P&D. Mastite bovina. Diagnóstico, prevenção e tratamento

Estudo caso-controle dos fatores de risco associados à mastite clínica em novilhas leiteiras no pós-parto

MASTITE CLÍNICA E SUBCLÍNICA EM REBANHOS LEITEIROS DA RAÇA HOLANDESA DA REGIÃO DE PALMEIRAS DE GOIÁS

SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS ISOLADOS EM MASTITES BOVINAS NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 1

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO E PREVALÊNCIA DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE ANIMAIS COM MASTITE BOVINA NA MICRORREGIÃO DE LEME, SÃO PAULO, BRASIL.

GUIA TÉCNICO. Eficiência e qualidade na produção leiteira

A POSIÇÃO DOS QUARTOS MAMÁRIOS E A INCIDÊNCIA DE MASTITE SUBCLÍNICA EM REBANHOS LEITEIROS DO SUL E SUDOESTE DE MINAS GERAIS

MANEJO REPRODUTIVO DE VACAS DE LEITE NO PRÉ- PARTO

Tecnologia de Leite e derivados

Programa Analítico de Disciplina ZOO436 Produção de Bovinos de Leite

Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Veterinária Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pecuária

AVALIAÇÃO DE MASTITE CLINICA E SUBCLINICA NO SETOR DE BOVINOCULTURA DO INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS CAMPUS BAMBUÍ.

PPGZOO UFVJM BOLETIM TÉCNICO ISSN Mastite: Importância, prevenção e controle. Raul Ribeiro Silveira Roseli Aparecida dos Santos

AVALIAÇÃO DOS POSSÍVEIS EFEITOS DE UMA FORMULAÇÃO CONTENDO O EXTRATO AQUOSO DE CASCA DE NOZ PECÃ SOBRE MASTITE SUBCLÍNICA EM BOVINOS

Importância Reprodutiva em Gado de Leiteiro

Análise da qualidade do leite em pequenas propriedades de Barbacena

Sepse Professor Neto Paixão

ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE ACIDEZ, ph E TESTE CMT PARA DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE INDIVIDUAL DE BOVINOS LEITEIROS

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

MASTITE (PARTE II) - COLETA DE AMOSTRAS PARA ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL

PARESIA NEUROMUSCULAR EM VACA HOLANDESA PÓS-PARTO 1 NEUROMUSCULAR PARESIA IN DUTCH AFTERNOON COW

IDENTIFICAÇÃO E PERFIL DE SENSIBILIDADE DE STREPTOCOCCUS UBERIS DE AMOSTRAS DE LEITE BOVINO 1

Transtornos clínicos do sistema genital dos ruminantes

Implantação de boas práticas de produção de leite no Setor de Bovinocultura de Leite do IF Sudeste MG Câmpus Barbacena

Periparto sem transtornos

BOAS PRÁTICAS DA PRODUÇÃO DE LEITE

CAFEÍNA COMO ADJUVANTE NO TRATAMENTO DE HIPOCALCEMIA EM VACA HOLANDESA 1

FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

AVALIAÇÃO DA CONTAGEM BACTERIANA TOTAL NO LEITE DE TANQUES COM DIFERENTES CONTAGENS DE CÉLULAS SOMÁTICAS. Apresentação: Pôster

TÍTULO: MENSURAÇÃO DE PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E DOSAGEM DE GLICOSE PLASMÁTICA EM DIFERENTES ESTÁGIOS DE LACTAÇÃO EM VACAS LEITEIRAS.

Enfermidades das Glândulas Mamárias Elizabeth Schwegler Marcio Nunes Corrêa

CONTROLE DA MASTITE E REDUÇÃO DA CCS. Letícia C. Mendonça Veterinária, Msc.

PERFIL DE SENSIBILIDADE E DE APRESENTAÇÃO DO STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM MASTITES NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 1

Avaliação da produção de leite e incidência de mastite nas propriedades assistidas pelo Programa Mais Leite

Estágio Extracurricular

RESISTÊNCIA DE MICRORGANISMOS A PENICILINA E CLOXACILINA, PRINCIPAIS FÁRMACOS UTILIZADOS NA TERAPÊUTICA DA MASTITE BOVINA 1 INTRODUÇÃO

PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS DE CONFORMAÇÃO DE APRUMOS E DISTÚRBIOS PODAIS DE VACAS LEITEIRAS

SÉRIE NUPEEC PRODUÇÃO ANIMAL BOVINOCULTURA DE LEITE

Importância Reprodutiva em Gado de Leiteiro

IMPORTÂNCIA DO PRÉ-DIPPING E PÓS-DIPPING NO CONTROLE DA MASTITE BOVINA 1 INTRODUÇÃO

PERFORMANCE E BEM-ESTAR DE VACAS LEITEIRAS EM UM SISTEMA DE INSTALAÇÃO ALTERNATIVO DE MINNESOTA

Redução da contagem bacteriana na propriedade

Universidade Federal de São João del-rei UFSJ Campus Santo Antônio Praça Frei Orlando, nº 170 Centro São João del-rei Minas Gerais CEP:

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE: ESTUDO DE CASO EM PROPRIEDADES LEITEIRAS DE FERNANDES PINHEIRO E TEIXEIRA SOARES-PR

MATÉRIA DA CAPA Uso racional de antibióticos em fazendas leiteiras

TECNOLOGIA E CONFIABILIDADE DOS COLETORES DE AMOSTRAS INDIVIDUAIS DE LEITE DOS ANIMAIS IV CBQL FLORIANÓPOLIS - SC

ISOLAMENTO DE MICRO-ORGANISMOS CAUSADORES DE MASTITE BOVINA E EFEITO DA VACINAÇÃO AUTÓGENA NA CCS DO LEITE CRU REFRIGERADO¹

ACIDOSE METABÓLICA EM REBANHO LEITEIRO DIAGNOSTICADO ATRAVÉS DE ANÁLISE DE LEITE 1

BOAS PRÁTICAS EM MANEJO DE ORDENHA NAS PROPRIEDADES LEITEIRAS DA COMUNIDADE DO BARRO PRETO EM PITANGA

Prof. Marcelo Nogueira Reis UNITRI

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS INSTITUTO DE VETERINÁRIA

Pesquisa Institucional realizada pelo grupo de pesquisa Saúde Animal do Departamento de Estudos Agrários da Unijui 2

Transcrição:

MASTITE AMBIENTAL POR ESCHERICHIA COLI EM FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA: RELATO DE CASO 1 ENVIRONMENTAL MASTIQUE BY ESCHERICHIA COLI IN BOVINE FEMALE OF THE DUTCH RACE: CASE REPORT Mariani Schmalz Lindorfer 2, Karine Weiand Szambelan 3, Tiago Da Silva Bulegon 4, Felipe Libardoni 5 1 Relato de caso acompanhado durante estágio extracurricular em Medicina Veterinária da UNIJUÍ 2 Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, marie.lindorfer@gmail.com 3 Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, karineszambelan@hotmail.com 4 Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, tiago.bulegon@lactalisdobrasil.com.br 5 Professor Orientador, Doutor em Medicina Veterinária da UNIJUÍ, felipe.libardoni@unijui.edu.br INTRODUÇÃO Dentre todas as enfermidades que acometem a bovinocultura de leite, Tomazi e Santos (2016) citam a mastite como a maior causadora de prejuízos econômicos, por sua alta influência na queda da qualidade e produtividade leiteira, além de prejudicar o bem estar animal devido aos sinais clínicos que apresenta, sobretudo a dor causada nos casos clínicos. Fonseca e Santos (2000) caracterizam a mastite como a inflamação da glândula mamária, ocorrendo em grande parte devido a microrganismos, como as bactérias e os fungos, sendo as bactérias as principais causadoras. Quanto à qualidade, o leite é um alimento considerado completo, perante a sua composição nutricional. Com isso as exigências do mercado diante desses aspectos de qualidade crescem constantemente no cenário brasileiro. A qualidade do leite envolve inúmeros fatores, tal como a alimentação dos animais, higiene do ordenhador, sala de ordenha e utensílios, testes microbiológicos, entre outros (NASCIMENTO et al., 2016). O leite juntamente com os seus derivados exercem papel importante na nutrição humana. Sabe-se que um litro de leite é capaz de suprir todas as necessidades de cálcio para as diferentes faixas etárias, além de 100% das carências proteicas de crianças de até 6 anos, 60% das necessidades de idosos e 50% de adultos. O Brasil abriga um dos maiores rebanhos produtivos do mundo, com 23 milhões de cabeças, porém, quando comparado com os EUA, apresenta uma menor média de produção. A produção média de leite no Brasil encontra-se em 1.609 litros/vaca/ano. Esta baixa eficiência brasileira pode ser o reflexo de diversos fatores, entre eles: genética, manejo inadequado, mão de obra não qualificada e problemas sanitários nos rebanhos, sendo a mastite a principal causa (COSTA, 2014; BALDE BRANCO, 2016; ZOCCAL, 2017). A mastite é dividida em dois grupos, que dependem de sua forma de manifestação. O primeiro é de acordo com a apresentação de sinais clínicos. Quando estes estiverem presentes se denomina como mastite clínica, e na ausência de sinais como subclínica, apresentando apenas alterações na composição do leite, como aumento das células somáticas. A segunda forma de classificação é de

acordo com os agentes patogênicos causadores de mastite, que podem ser contagiosos ou ambientais. A mastite contagiosa (Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Mycoplasma bovis) apresenta alta incidência de casos subclínicos, normalmente é de longa duração e tem alta contagem de células somáticas. Esta enfermidade é transmitida durante o procedimento de ordenha, quando um quarto da glândula mamária doente entra em contato com um quarto mamário sadio (SANTOS e FONSECA,2007). Já a mastite ambiental é causada por bactérias presentes no meio ambiente, os chamados coliformes e streptoccocus ambientais, e são de difícil controle por estarem presentes no meio em que os animais vivem (esterco, água, solo, alimentos e no barro). Geralmente, este tipo está associado a sinais clínicos, podendo culminar com, grumos no leite, alterações no úbere (como o inchaço, edema e aumento de temperatura local), febre alta e falta de apetite (MAIA, 2016). Tomazi e Santos (2015) citam a E. Coli como o principal coliforme (patógeno ambiental) causador de mastite clínica, podendo variar de sintomatologia leve (com sinais inflamatórios na glândula mamária) a aguda, com sinais sistêmicos, como estase ruminal, desidratação, choque, e até mesmo, a morte do animal acometido. O tratamento utilizando antimicrobianos ou a secagem do quarto mamário afetado geralmente elimina a infecção, porém, o íntegro restabelecimento da glândula mamária pode estender-se para além da melhora clínica da vaca afetada. Devido a importância dessa enfermidade em rebanhos leiteiros, o presente trabalho tem por objetivo relatar um caso clínico de mastite ambiental causada por Escherichia coli em uma propriedade no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. METODOLOGIA Foi atendida no interior do município de Augusto Pestana RS uma vaca da Raça Holandesa, pesando aproximadamente 550 kg, escore corporal 3,5, que havia parido a 48 horas. Na anamnese realizada com o proprietário, o mesmo relatou que após o parto o animal havia diminuído a ingestão de alimentos, e que nas duas últimas ordenhas apresentou queda acentuada da produção leiteira. Na inspeção visual observou-se que o animal estava ofegante, além de apresentar edema e aumento de volume local no quarto mamário posterior direito, com presença de grumos no leite ordenhado. Foi realizada a limpeza do teto do quarto infectado com solução alcóolica, desprezando-se os três primeiros jatos e então coletou-se uma amostra para enviar para teste de cultura e antibiograma no laboratório de microbiologia da UNIJUÍ. No exame clínico geral verificou-se que a frequência cardíaca era de 60 batimentos por minuto, a frequência respiratória era de 28 movimentos por minuto e a temperatura retal de 40,2 C. Durante o exame clínico específico do trato digestivo constatou-se a ausência de movimentos ruminais Como tratamento, foi instituído aplicação por via intramuscular de 1,5 mg/kg de flunixin meglumine e 10 mg/kg de marbofloxacina. Não ocorreu o monitoramento do caso pelo médico veterinário responsável pelo atendimento, porém, na semana seguinte o produtor relatou que o animal havia apresentado melhora.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Santos e Fonseca (2007) citam três grupos de agentes causadores de mastite ambiental: os coliformes, os estreptococos ambientais e os enterococos. A cultura da amostra do leite da fêmea acometida demonstrou resultado positivo para a E. Coli, um microrganismo Gram negativo, o qual pertence ao grupo dos coliformes e possui grande potencial causador de mastite em bovinos. Esta bactéria é capaz de possuir diferentes fatores de virulência, sendo que estes contribuem para que a mesma aumente sua capacidade de causar infecção (FERNANDES, 2008). Suas endotoxinas podem ser isoladas tanto no leite, como no sangue, sugerindo assim que os fatores de virulência podem ser associados a septicemia, podendo afetar os animais em períodos após a fase clínica (TOMAZI e SANTOS, 2015). A fêmea bovina atendida havia parido há 48 horas. Segundo Santos e Fonseca (2007) a mastite ambiental é caracterizada por alta incidências de casos clínicos, normalmente de curta duração, porém, com manifestações agudas, geralmente no pré e pós parto imediato. Santos e Cortinhas (2009) citam que durante as duas semanas pré parto e mais as duas semanas pós parto os riscos de infecções intramamárias tendem a aumentar, devido a uma série de mudanças hormonais, a redução de consumo juntamente com o aumento das exigências nutricionais e a diminuição da capacidade de defesa do organismos perante a infecções. Entre as alterações ocasionadas pela reação inflamatória no tecido mamário incluem a passagem de componentes do sangue para o leite, em consequência, ao aumento da permeabilidade vascular, inicia-se a invasão local por fagócitos, onde prevalecem os leucócitos. Estas células predominam sobre outras e podem ser utilizadas como uma ferramenta para a detecção da mastite através das técnicas de Califórnia Mastite Teste (CMT) e Contagem de células somáticas (CCS) (DIAS, 2007). As infecções intramamárias causadas pelo grupo dos coliformes ocorrem geralmente em vacas com baixa contagem de células somáticas (CCS) e sem infecção por outro microrganismo. Após a invasão na glândula mamária, os coliformes podem multiplicar-se rapidamente ou permanecer em latência por alguns dias. Quando essas bactérias causam a doença, ocorre a produção de endotoxinas durante a fase de multiplicação, que são liberadas na corrente sanguínea, causando febre, depressão, diminuição do apetite, desidratação, perda de peso acentuada e diminuição da produção de leite (SANTOS e FONSECA, 2007). Destaca-se que o animal atendido apresentava-se com temperatura retal aumentada e teve queda acentuada em sua produção de leite e consumo alimentar, caracterizando um quadro clínico condizente. Feitosa (2014) descreve que a temperatura corporal, frequência cardíaca, respiratória e movimentos ruminais fisiológicos dos bovinos adultos são respectivamente de 38,5ºC a 39,5ºC,60 bpm, 10-30 mpm e duas a quatro movimentações ruminais a cada dois minutos. O que demonstra que fêmea em questão apresentou febre. Para tratamento desta, utilizou-se flunixin meglumine, na dose de 1,5 mg/kg. Esta dose está de acordo com Papich (2009) e Tasaka (2014), os quais descrevem que o flunixin meglumine é indicado no tratamento de mastites por E.Coli, como a apresentada pelo animal atendido. Além disso, esse medicamento também atua na prevenção de choques endotóxicos, que podem ocorrer nesses casos de mastite.

O tratamento utilizando antimicrobianos ou a realização da secagem do quarto mamário afetado na maioria das vezes, elimina a infecção, porém, o completo restabelecimento da glândula mamária pode levar mais tempo do que a melhora clínica da vaca acometida (SANTOS, 2015). O antibiótico de escolha para o tratamento do animal foi a marbofloxacina. A marbofloxacina é um antibiótico da classe das Fluorquinolonas, apresentando amplo espectro de ação, tendo enorme potencial para uso no tratamento de um grande número de doenças infecciosas, pela sua ação em bactérias Gram positivas, Gram negativas, mycoplasmas e clamydia. O seu uso nos quadros de mastite vem aumentando nos últimos anos, tanto nos casos clínicos no período de lactação, como nos subclínicas no tratamento de secagem (COSTA, 2014). Segundo Santos (2015) os efeitos causados por infecções intramamárias causadas por E. coli vão muito além do impacto econômico direto em torno do episódio de mastite clínica. Nesses casos pode ocorrer prejuízos de longo prazo sobre a produção e composição do leite, em decorrência do processo inflamatório da mastite causada por E. coli, bem como a perda de qualidade do produto in natura e de seus derivados. Além disso, o potencial de persistência de infecções intramamárias causadas por E. coli é uma informação relativamente nova e que deve ser considerada em práticas de manejo e prevenção de mastite nos rebanhos. CONCLUSÕES A mastite por E. coli, é caracterizada como um quadro clinico agudo, porém, quando tratada em tempo hábil unido a uma terapêutica adequada, pode ser solucionado com precisão. Palavras chaves: bovinocultura de leite; coliformes; glândula mamária; impacto econômico REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALDE BRANCO. IBGE: em 2015, produção de leite brasileira caiu 0,4% em relação ao ano de 2014. 2016. (Online). Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/ibge-em-2015-producao-de-leite-brasileir a-caiu-04-em-relacao-ao-ano-de-2014-102304n.aspx Acesso em: 18/06/17. COSTA, O. E. Uso de antimicrobianos na mastite. In: SPINOSA, S. H. et al. Farmacologia aplicada a medicina veterinária. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 487-500 p. DIAS, R. V. C. Principais métodos de diagnóstico e controle da mastite bovina. Acta Veterinaria Brasílica, v.1, n.1, p.23-27, 2007. FEITOSA, F. L. F. Semiologia Veterinária, a arte do diagnóstico. 3. Ed. São Paulo: Roca, 2014. 627 p. FERNANDES, C. B. J. Caracterização de fatores de virulência em isolados de Escherichia Coli de mastite bovina. Viçosa 2008.FONSECA, L. F. L., SANTOS, V. M. Qualidade do leite e controle de mastite. São Paulo: Lemos editorial, 2000. MAIA, V. P. Mastite ambiental: prevenção é a melhor estratégia de combate. Balde Branco, n

622. 66-70 p. Agosto, 2016. NASCIMENTO, M. R. et al.; Caracterização físico-química do leite em propriedades do Município de Santa Rita do Passa Quatro. SP. Revista Investigação Medicina Veterinária, n.15, v.1, 2016. PAPICH, M. G. Manual Saunders terapêutico veterinário. 2. ed. São Paulo: MedVet, 2009. 774 p. SANTOS, V. M., FONSECA, L. F. L. Estratégias para controle da mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. SANTOS, V. M., CORTINHAS, S. C. Mastite em vacas leiteiras pós parto. 2009. (Online) Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/qualidade-do-leite/mastite-em-vacas-leiteiras-posparto -54289n.aspx# Acesso em: 18/06/17. SANTOS, M. V. Prejuízos de longo prazo da mastite clínica causada por Escherichia coli. 2015. Acesso em: 10/06/2017. Disponível em:< https://www.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_prejuizos_de_longo_prazo_da_mastite_clinica_causa da_por_escherichia_coli_5758.aspx>. TASAKA, A. C. Anti-inflamatórios não Esteroidais. In:. SPINOSA, H. S. et al. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Cap. 21, p. 254-255. TOMAZI, T., SANTOS, V. M. Prejuízos de longo prazo da mastite clínica causada por Escherichia coli. 2015. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_prejuizos_de_longo_prazo_da_mastite_clinica_causa da_por_escherichia_coli_5758.aspx Acesso em: 16/05/17; TOMAZI, T., SANTOS, V. M. O que aumenta a chance da vaca ter mastite clínica? 2016. (Online) Disponível em: http://m.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_o_que_aumenta_a_chance_da_vaca_ter_mastite_clinica_ mastite_pecuaria_leiteira_fator_de_risco_lactacao_vacas_rebanhos_leiteiros_5973.aspx Acesso em: 24/02/17. TRONCO, M. V. Manual para inspeção da qualidade do leite. 4. ed. Santa Maria: Editora Ufsm. 2010 ZOCCAL, R. Dez países TOP no leite 2017. Balde Branco, n 630, 8-9 p. Abril/2017.