PERFIL DE CELÍACOS, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA BÁSICA NO TRATAMENTO A PATOLOGIA DE PACIENTES CADASTRADOS NA ASSOCIAÇÃO DOS CELÍACOS DO BRASIL 1

Documentos relacionados
DIETOTERAPIA EM PACIENTES COM DOENÇA CELÍACA. RESUMO

O Glúten é realmente um vilão?

REVISTA DOENÇA CELÍACA

AVALIAÇÃO DA ADESÃO À DIETA ISENTA DE GLÚTEN E CONHECIMENTO DO PACIENTE CELÍACO DA CIDADE DE PELOTAS RS SOBRE SUA PATOLOGIA E TRATAMENTO

CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DE CURSO DE GASTRONOMIA ACERCA DA DOENÇA CELÍACA KNOWLEDGE OF GASTRONOMY STUDENTS ABOUT CELIAC DISEASE

O que é o glúten? Sintomas. O quadro clínico dadoença se manifesta com e sem sintomas. No primeiro caso, há duas formas:

Ação Social Sobre Conhecimento da Doença Celíaca e Dietas Sem Glúten Liga Acadêmica de Gastroenterologia

Introdução. Graduada em Farmácia - FACISA/UNIVIÇOSA. 2

Quando o glúten deve ser considerado um vilão e deve ser retirado da dieta?

IDENTIFICAÇÃO DE INCONFORMIDADES NAS PRESCRIÇÕES MÉDICAS DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE GUIRICEMA, MG

PERFIL DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE IDOSOS USUÁRIOS DAS UNIDADES DE SAÚDES DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB INTRODUÇÃO

CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM SAUDE MENTAL NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DOENÇA CELÍACA. Dr. Larissa Sterza Endocrinologista

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS NA FASE INICIAL E INTERMEDIÁRIA DA DOENÇA DE PARKINSON ATRAVÉS DO PDQ-39

AVALIAÇÃO DO USO DE INSULINA GLARGINA EM ATENDIDOS PELA FARMÁCIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE VIÇOSA-MG¹

PERFIL CLÍNICO, ANTROPOMÉTRICO E AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR EM IDOSOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

DOENÇA CELÍACA (DC) Diagnóstico, tratamento, hábitos e práticas alimentares

CÂMARA DOS DEPUTADOS Deputada Federal ROSE DE FREITAS

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E DA ACEITAÇÃO DE MEDICAMENTOS GENÉRICOS PELA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DO ANTA, MINAS GERAIS, BRASIL¹

Evaluation of gluten-free diet in patients sufferers from the celiac disease in Foz do Iguaçu PR.

Aveia contém glúten? O fato é que virou moda a dieta glúten-free ou seja, dieta livre de glúten e uma das coisas que mais gera dúvidas é: a

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

Introdução. Nutricionista FACISA/UNIVIÇOSA. 2

DESCARTE DE MATERIAL PERFURO-CORTANTE POR PACIENTES INSULINO DEPENDENTES USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA PÚBLICA DE VIÇOSA, MG

Qualidade de vida de pacientes idosos com artrite reumatóide: revisão de literatura

PIZZA DE BATATA DOCE: UMA ALTERNATIVA PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA

AVALIAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DE BENZODIAZEPÍNICOS EM UMA DROGARIA DA CIDADE DE SERICITA, MINAS GERAIS

5º Simposio de Ensino de Graduação ELABORAÇÃO DO NHOQUE DE INHAME SEM GLÚTEN. DESENVOLVIMENTO DO RÓTULO E PROPAGANDA DO NHOQUE DE INHAME SEM GLÚTEN.

ORGANIZAÇÃO PARANAENSE DE ENSINO TÉCNICO OPET TECNOLOGIA EM GESTÃO COMERCIAL

GLUTALYTIC. Reduza o Desconforto Digestivo Causado por Sensibilidade ao Glúten. Informações Técnicas DESCRIÇÃO

DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE SENSORIAL DE SNACKS SABOR COUVE ISENTOS DE GLÚTEN E LACTOSE. Apresentação: Pôster

ENTENDENDO A DOENÇA CELÍACA

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

Olá!! Meu nome é Carol Faria. Sou nutricionista Materno infantil, Esportiva e Coach. Trabalho com mudança de comportamento alimentar, qualidade de vid

TÍTULO: PERFIL DE UTILIZAÇÃO DE ANTI INFLAMATORIOS NÃO ESTEROIDAIS DE UMA DROGARIA DE AGUAÍ-SP

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Reduza o Desconforto Digestivo Causado por Sensibilidade ao Glúten

PREVALÊNCIA DA HIPERTENÇÃO ARTERIAL SISTEMICA EM IDOSOS PERTENCENTES AO GRUPO DE CONVÍVIO DA UNIVERSIDADE ABERTA A MATURIDADE EM LAGOA SECA-PB.

TÍTULO: O CUIDADO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL

APLV - O que é a Alergia à Proteína do Leite de Vaca: características, sinais e sintomas. Dra. Juliana Praça Valente Gastropediatra

EFEITOS DA ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA EM ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DA CIDADE DE QUIXADÁ

JADIR RODRIGUES FAGUNDES NETO Gerência DST-AIDS e Hepatites virais

PERFIL DOS PACIENTES DO PROGRAMA DE CONTROLE DE ASMA E RINITE DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS/GO

ÍNDICE DE AUTOMEDICAÇÃO ENTRE ACADÊMICOS DA UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

CUIDADO FARMACÊUTICO A IDOSOS HIPERTENSOS DA UNIVERSIDADE ABERTA À MATURIDADE (UAMA)

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

AÇÃO DE CONSCIENTIZAÇÃO DA DOENÇA CELÍACA EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE PELA LIGA ACADÊMICA DE GASTROENTEROLOGIA

PERFIL DO PACIENTE ATENDIDO NO PROJETO DE EXTENSÃO:

PERFIL DOS CELÍACOS NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU-PR. Curso de Enfermagem 1,2

FORMULÁRIO PADRÃO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS

Terapia nutricional (APLV e Doença Celíaca)

COMPREENSÃO DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS DA PÓS- DISPENSAÇÃO EM USUÁRIOS DA REDE PÚBLICA DA CIDADE DE MARINGÁ-PR

VII Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - Campus

diferenciação adotados foram as variáveis: gênero, faixa etária, caráter do atendimento e óbitos.

ANÁLISE DA PRESCRIÇÃO DE PAROXETINA EM UMA DROGARIA DO MUNICÍPIO DE PONTE NOVA, MINAS GERAIS

UMA QUESTÃO DE DIREITO

Inquérito Domicliar Primeiros resultados

CONHECIMENTO DOS CHEFES DE COZINHA ACERCA DA DOENÇA CELÍACA

Secretaria de Estado da Educação do Paraná Superintendência de Desenvolvimento da Educação DEFINIÇÃO DA DOENÇA

Mestranda: Marise Oliveira dos Santos Orientador: Prof. Dr. José Fernando de Souza Verani

INTOXICAÇÃO EM IDOSOS REGISTRADAS PELO CEATOX CG ( ): ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

Por SAÚDE SUPLEMENTAR. Dentro. Edição Setembro/17

PRÁTICAS DE AUTOCUIDADO E MEDICAÇÕES UTILIZADAS PELOS IDOSOS EM UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Terminologias e conceitos básicos em alimentação e Nutrição. Profª Patrícia Ceolin

Multimorbidade e medidas antropométricas em residentes de um condomínio exclusivo para idosos

AVALIAÇÃO DA PRESCRIÇÃO, DISPENSAÇÃO E USO DE QUETIAPINA EM UMA FARMÁCIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE TERESINA, PI.

FATORES ASSOCIADOS À NÃO-ADESÃO DOS IDOSOS AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL

PREVALÊNCIA DE HIV/AIDS EM IDOSOS NO NORDESTE BRASILEIRO: UM ESTUDO EPIDEMIOLOGICO

Resumo. Palavras-Chave: Sífilis. Puérpera. Fatores de Risco. INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DOS ACHADOS MAMOGRÁFICOS CLASSIFICADOS CONFORME SISTEMA BI RADS¹. Beatriz Silva Souza², Eliangela Saraiva Oliveira Pinto³

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA EM GOIÂNIA, GO, BRASIL.

Biomassa de Banana Verde Polpa - BBVP

número 30 - outubro/2016 RELATÓRIO PARA A SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

ELABORAÇÃO E ACEITAÇÃO DE BOLO DE CENOURA SEM GLÚTEN PARA PORTADORES DE DOENÇA CELÍACA

ANÁLISE CROMATOGRÁFICA DO EXTRATO DE GINKGO BILOBA Kelli Tamiris Pimentel 1, Adriana Maria Patarroyo Vargas 2. Introdução

TÍTULO: INTOLERÂNCIA AO GLÚTEN: PESQUISA SOBRE O DIAGNÓSTICO E ALTERNATIVAS PARA OS PACIENTES

ANSIEDADE FRENTE AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO EM PSFS DO MUNICÍPIO DE PONTE NOVA 1

A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO NUTRICIONAL NAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS.

- Descrito na década de 70, mas com aumento constante na incidência desde os anos 90

ANÁLISE DA VARIAÇÃO DO PESO CORPORAL E DO COMPORTAMENTO DE CÃES APÓS OVÁRIO-HISTERECTOMIA E ORQUIECTOMIA ELETIVA. Introdução

INFLUÊNCIA NA TEXTURA DE PÃES DE FORMA SEM GLÚTEN ADICIONADOS DE FIBRA DE BAMBU

Weliton Nepomuceno Rodrigues 2, Larissa Luiza Fonseca Ferreira 2, Eliangela Saraiva Oliveira Pinto 3

PERFIL DE USUÁRIOS DE PSICOFÁRMACOS ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO DO SUL DO BRASIL

MORTALIDADE POR ACIDENTE DE TRÂNSITO ENTRE JOVENS EM MARINGÁ-PR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Avaliação da prevalência de ansiedade e depressão dos pacientes estomizados da microregião de Divinopólis/Santo Antonio do Monte-MG

CLINICAL-LABORATORY CORRELATION OF SOROLOGICAL MARKERS FOR THE DIAGNOSIS AND MONITORING OF CELIAC DISEASE

AVALIAÇÃO DO USO DE ADOÇANTES ALTERNATIVOS NA ACEITABILIDADE DE BISCOITOS AMANTEIGADOS SEM GLÚTEN COMO ALTERNATIVA PARA PACIENTES CELÍACOS

FARMACOTÉCNICA. Glauce Desmarais

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO ATENDIDA PELA APAE DE VIÇOSA, MG Tamara Carolina Figueiredo 1, Isabel Cristina Silva 2.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE HANSENÍASE NA CIDADE DE SOBRAL 2010

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

simeticona EMS SIGMA PHARMA LTDA cápsula mole 125 mg

AVALIAÇÃO DO DESCARTE DE PERFURO CORTANTES POR PACIENTES USUARIOS DE INSULINA ATENDIDOS POR UMA DROGARIA DE VIÇOSA, MG

Análise das prescrições médicas que chegam a uma drogaria na cidade de Muriaé (MG): uma abordagem farmacoepidemiológica

SEMINÁRIO TRANSDISCIPLINAR DA SAÚDE - nº 04 - ano 2016 ISSN:

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE

PALAVRAS-CHAVE doença celíaca; intolerância ao glúten; enteropatia;

Curitiba Outubro/2017

ANÁLISE DESCRITIVA DAS INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS EM GOIÁS

Transcrição:

459 PERFIL DE CELÍACOS, ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA BÁSICA NO TRATAMENTO A PATOLOGIA DE PACIENTES CADASTRADOS NA ASSOCIAÇÃO DOS CELÍACOS DO BRASIL 1 Mauricia Bebiana Silva 2, Cinthia Soares Cardoso Quintão Condé 3, Adriana Maria Patarroyo Vargas 4, Erica Vieira 5. Resumo: A doença celíaca (DC) é uma doença do intestino delgado, caracterizada pela intolerância ao glúten. O único tratamento é uma alimentação isenta desse elemento. Embora as pessoas portadoras dessa doença estejam geralmente concentradas nos alimentos que irão ingerir, é importante lembrar a exposição ao glúten por meio dos medicamentos. O glúten é usado em muitos medicamentos como excipiente, que é o complemento que dá cor, estabilidade e forma ao medicamento, tanto em cápsulas, como em comprimidos ou suspensões orais. O presente trabalho tem como objetivo analisar, por meio de questionário, o perfil dos pacientes celíacos cadastrados na Associação dos Celíacos do Brasil, bem como avaliar o acesso à informação sobre a possível presença do glúten em alguns medicamentos. O estudo se caracteriza por uma pesquisa descritiva, sendo aplicado um questionário a 54 voluntários cadastrados na Associação dos Celíacos do Brasil. Dos 54 entrevistados, 85% tem idade entre 19 e 59 anos. A população do presente estudo caracterizou-se por ter, em sua maioria, indivíduos do sexo feminino (94%). Em relação ao acesso à informação sobre a presença do glúten nos medicamentos, essa apresentou um valor alto, sendo que 81% não sabem da presença de glúten nos medicamentos. A assistência farmacêutica é a alternativa para auxiliar esses pacientes sobre a presença do elemento em alguns medicamentos e suas possíveis interações com medicamentos. Palavras chave: Glúten, medicamentos, excipiente, intolerância. 1 Parte do Trabalho de Conclusão de Curso do primeiro autor; 2 Graduanda em Farmácia FACISA/UNIVIÇOSA. E-mail: mauricia.silva@yahoo.com.br 3 Graduanda em Farmácia FACISA/UNIVIÇOSA. E-mail: cinthiasoares2@yahoo.com.br 4 Professora do curso de Farmácia FACISA/UNIVIÇOSA. E-mail: adrianapatarroyo@yahoo.com.br 5 Professora do curso de Farmácia FACISA/UNIVIÇOSA. E-mail: ericanrv@yahoo.com.br

460 Mauricia Bebiana Silva et al. Introdução A doença celíaca (DC) é uma doença do intestino delgado, caracterizada pela intolerância ao glúten. O glúten é uma mistura de proteínas responsável pelas propriedades de panificação, sendo encontrado no trigo, centeio, cevada e aveia. Essas proteínas são resistentes às enzimas digestivas, resultando em derivados peptídeos que podem levar à resposta imunogênica em pacientes com DC, caracterizando um processo inflamatório que envolve a mucosa do intestino delgado (ID). Tal processo pode levar também à má absorção e atrofia das vilosidades intestinais, além de uma variedade de manifestações clínicas (RAUEN; BACK; MOREIRA, 2005). O único tratamento é uma alimentação isenta de glúten por toda a vida (HÄUSER et al., 2010). Embora as pessoas portadoras dessa doença estejam geralmente concentradas nos alimentos que irão ingerir, é importante lembrar que é possível estarem expostas ao glúten ao usarem medicamentos. O glúten é usado em muitas drogas como excipiente, que é o complemento que dá cor, estabilidade e forma ao medicamento, tanto em cápsulas, como em comprimidos ou suspensões orais (OLSON & GALLO, 1983). O presente trabalho tem como objetivo analisar, por meio de questionário, o perfil dos pacientes celíacos cadastrados na Associação dos Celíacos do Brasil, bem como avaliar o acesso à informação sobre a possível presença do glúten como excipiente em alguns medicamentos. Material e Métodos O estudo constou de uma pesquisa descritiva, em que foram aplicados 54 questionários a voluntários cadastrados na Associação dos Celíacos do Brasil. O questionário é composto por perguntas sobre faixa etária e sexo, e sobre o nível de acesso à informação sobre a presença do glúten em alguns medicamentos. O questionário foi disponibilizado aos voluntários por um website para facilitar a coleta dos dados. O trabalho foi registrado no Comitê de Ética da UNIVIÇOSA, com número de protocolo 081/2013, sendo executado em concordância com as normas vigentes.

Perfil de celíacos, assistência farmacêutica... 461 Resultados e Discussão O gráfico a seguir ilustra a faixa etária do universo de portadores da doença entrevistados. Gráfico 1: faixa etária entrevistada. Em relação à faixa etária da população analisada, 2% são crianças, 3% adolescente, 85% adulto e 8% idosos. Valores semelhantes foram encontrados por Pratese (2003), em que os portadores da DC apresentaram uma prevalência na fase adulta. O Gráfico a seguir ilustra a diversidade de gênero do universo de portadores da doença entrevistados. Gráfico 2. Gênero entrevistado

462 Mauricia Bebiana Silva et al. De acordo com o gráfico 2, podemos observar que a população do presente estudo caracterizou-se por ter, em sua maioria, indivíduos do sexo feminino, totalizando 94%. Quando comparado ao estudo de Sdepanian e colaboradores (2001ª), em relação ao sexo, a maioria dos entrevistados desse estudo foi do gênero feminino, apresentando 62,0% representantes do sexo feminino e 38,0% do sexo masculino. A Acelpar (Associação dos Celíacos do Paraná) acrescenta que A Doença Celíaca acomete indivíduos de qualquer idade e de ambos os sexos, com predomínio do feminino numa proporção de 3:1. Em relação ao acesso à informação sobre a presença do glúten nos medicamentos, 81% dos entrevistados afirmou não saberem da presença de glúten nos medicamentos. Conclusões De acordo com os resultados, foi possível observar que as drogas são uma das questões mais importantes que o paciente celíaco deve ter em mente, depois de uma alimentação livre de glúten, visto que diversos medicamentos podem conter esse elemento como excipiente. Nesse sentido, o profissional farmacêutico é o grande aliado do paciente, prestando assistência, selecionando e documentando terapias farmacológicas e outras intervenções relativas ao cuidado com saúde do mesmo, visando a promoção e proteção, bem como esclarecer todas dúvidas do paciente celíaco a respeito da composição de medicamento de qualquer classe terapêutica antes da sua administração. Com isso, poderá promover a tranquilidade e possibilidade de acesso à informação sobre a possível presença do glúten como excipiente nos medicamentos. Referências Bibliográficas ACELPAR. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE DOENÇA CELÍACA. Disponivel em http://www.fbg.org.br/arquivos/inform_j9jvvs.pdf. Acesso em: 22/09/2013. HÄUSER, W et al. Anxiety and depression in adult patients with celiac disease on a gluten-free diet. World J Gastroenterol. v.16, n. 22, p. 2780-7, 2010.

Perfil de celíacos, assistência farmacêutica... 463 OLSON GB, GALLO GR. Gluten in pharmaceutical and nutritional products. Am J Hosp Pharm. v. 40, p.121-122, 1983. PRATESI R, GANDOLFI L, GARCIA SG, MODELLI IC, LOPES DE ALMEIDA P, BOCCA AL, CATASSI C. Prevalence of coeliac disease: unexplained agerelated variation in the same population. Scand J Gastroenterol v. 38, p. 747-50, 2003. RAUEN, M. S; BACK, J. C. V; MOREIRA, E. A. M. Doença celíaca: sua relação com a saúde bucal. Rev. Nutr., Campinas, v. 18, n. 2, Apr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1415-52732005000200011&lng= en&nrm=iso>. Accesso em:24 set. 2013. SDEPANIAN, V. L; MORAIS, M. B.; FAGUNDES-NETO, U. Doença celíaca: avaliação da obediência à dieta isenta de glúten e do conhecimento da doença pelos pacientes cadastrados na Associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA). Arq. Gastroenterol., São Paulo, v. 38, n. 4, Oct. 2001 b. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0004-28032001000400005&lng= en&nrm=iso>. Acesso em: 22/09/2013. SILVA, T. S. G.; FURLANETTO, T. W. Diagnóstico de doença celíaca em adultos. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 56, n. 1, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-42302010000100027&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22/09/2013.

464 Mauricia Bebiana Silva et al.