CONCEPÇÕES DE PLANEJAMENTO POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL DE UMA CRECHE DO RECIFE



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Transcrição:

CONCEPÇÕES DE PLANEJAMENTO POR PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL DE UMA CRECHE DO RECIFE Resumo Edny Ribeiro Guerra¹ Andreika Asseker² Este artigo apresenta os resultados de um trabalho que buscou analisar as concepções de planejamento pedagógico na Educação Infantil a partir da percepção dos professores desta etapa. Construir uma proposta pedagógica que contemple educar, brincar e cuidar significa planejar ações pedagógicas, sendo um dos aspectos importantes que norteiam o trabalho do professor em sala. Os resultados evidenciam que mesmo entre os profissionais de uma única instituição de ensino, os planejamentos podem variar de professor para professor uma vez que sua formação acadêmica, suas experiências em sala e a importância que dão ao planejamento de aula diferenciam. Palavras-chave: Educação Infantil, Concepções, Planejamento Pedagógico. 1. INTRODUÇÃO O ato de planejar está presente em todas as ações humanas e faz parte da história do homem. Por exemplo, ao iniciar o seu dia, algumas pessoas podem organizar suas atividades de acordo com o seu tempo e suas necessidades, sem necessariamente registrar de forma técnica as ações que irá realizar. Essa prática é realizada, na maioria das vezes, mentalmente,sendo a forma mais simples de planejar. Essa ação tão presente e necessária na vida cotidiana se estende para o âmbito profissional, nas diferentes áreas, através de diferentes tipos de registros. No âmbito da prática docente se configura como um importante instrumento para sua atuação. Desta forma, a prática docente procura estabelecer diferenças entre as várias dimensões do planejamento em educação. ¹ Graduanda do curso de pedagogia Centro de Educação UFPE edny_guerra@hotmail.com ² Professora contratada do Deptº de Adm. Centro de Educação UFPE andreikaasseker@hotmail.com

2 Ao longo da minha trajetória universitária no curso de graduação em Pedagogia, especificamente, a partir das pesquisas realizadas nas aulas de PPP- Pesquisa e Prática Pedagógica pude contemplar várias etapas e/ou modalidades da educação. Porém, o meu olhar se voltou para a Educação Infantil por constatar, através das minhas observações, a ausência do planejamento de aula por parte dos professores das creches da cidade do Recife, que por sua vez realizavam suas aulas de forma aleatória, destinando grande parte do tempo das aulas em atividades repetitivas e enfadonhas. A importância do referido tema me chamou a atenção por se destacar no contexto educacional, uma vez que o ato de planejar é indispensável no processo educativo, já que é através dele que voltamos o olhar e as ações para os resultados desejados. Os tipos de planejamento que são realizados pelos professores podem variar de acordo com a concepção que se tenha de planejamento e de uma instituição para outra. Sendo assim, os educadores precisam cada vez mais estar seguros do que seja o ato de planejar, e de sua importância, como também dos instrumentos utilizados no momento do planejamento como uma ação constante no dia-a-dia visando um aumento na qualidade de sua prática pedagógica. Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar o que o professor entende por planejamento, seus limites e possibilidades para a Educação Infantil, assim como identificar a compreensão do professor sobre planejamento, identificar e caracterizar como o professor realiza seu planejamento. 2. CONCEPÇÕES SOBRE PLANEJAMENTO As idéias de planejamento são amplamente discutidas atualmente, porém, faz-se necessário compreender os conceitos atribuídos a esse termo. Compreendo, como já foi dito anteriormente, que para o bom desempenho da prática pedagógica, é imprescindível que seja feito um planejamento prévio para sondar os conhecimentos e experiências que os alunos já possuem. Conforme Silva (2003):

3 Faz-se necessário ao educador, na intenção de alcançar o desenvolvimento esperado dos seus alunos, buscar estratégias passíveis de acompanhar o desenvolvimento das crianças em suas singularidades, de forma a verificar qual o seu percurso na construção de seus conhecimentos visando uma mediação segura, eficaz e desafiadora às novas descobertas. (2003, p. 11). Desta forma, acredito que o mais importante para o educador, é sensibilizar o olhar para observar de forma receptiva e aberta os seus alunos, buscando suas dificuldades e especificidades subjetivas, para dessa forma, colher informações que possam auxiliar na construção de atividades que busque o avanço de cada aluno. Para Padilha (2001, p.30) planejamento é um processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, que visa o melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organização grupais e outras atividades humanas. Para ele, o processo de planejar é sempre um processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação, um processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Libâneo define que, o planejamento escolar, é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social (1992, p. 221) Já para Luck, planejamento é o Processo de estruturação e organização da ação intencional realizado mediante: Analise de informações relevantes do presente e do passado, objetivando, principalmente o estabelecimento de necessidades a serem atendidas; Escolha e determinação de uma linha de ação capaz de produzir os resultados desejados, de forma a maximizar os meios e recursos disponíveis para alcançá-los (2002, p. 24). Segundo Gandin, Planejar é transformar a realidade numa direção escolhida, é organizar a própria ação, é implantar um processo de intervenção na realidade, é explicitar os fundamentos da ação do grupo, é realizar o que é importante

4 (essencial) e, além disso, sobreviver... Se isso for essencial (importante) (2005 p. 19-20) De acordo com as citações descritas, pode-se perceber que cada autor se utiliza de uma forma específica para conceituar o termo planejamento, e, embora todas concordem que o planejamento seja a previsão de uma ação a ser desenvolvida e o pensar sobre os melhores meios para atingir os fins, acredito que a melhor forma de conceituar a palavra planejamento, seria associar a organização estrutural necessária para um documento prospectivo à necessidade de transformação da realidade em direção cidadã. O mesmo se dá no processo educacional, pois o ensino tem como principal função garantir a coerência entre as atividades que o professor faz com seus alunos, e, além disso, as aprendizagens que pretende proporcionar a eles. Pode-se dizer que a forma de planejar a Educação Infantil deve focar a relação entre o ato de ensinar e o de aprender. No entanto, se realmente há a preocupação com a aprendizagem, deve-se questionar se a forma como o professor se planeja considera principalmente, o ato de ensinar, ou seja, em seu planejamento deve haver uma co-relação entre ensino-aprendizagem. É importante para o professor repensar a sua prática buscando intervir da melhor maneira possível na dificuldade da criança, percebendo-a como sujeito do seu desenvolvimento, que interage com o contexto de sua realidade, e deixar de pensar o planejamento como algo desnecessário, antes pensá-lo como uma ferramenta imprescindível ao processo educativo que deve ser contínuo, dinâmico e reflexivo. Vale destacar que uma das maneiras mais eficazes de se realizar o planejamento da educação infantil, é por meio do registro escrito, o qual tem grande relevância na ação educativa, como afirma Hoffmann (2001), ao dar orientações sobre a elaboração de registros: Ao mesmo tempo em que registra e refaz a historia de seu procedimento dinâmico de produção do conhecimento, sugere, encaminha, aponta possibilidades de ação educativas para pais, educadores e para a própria criança. (HOFFMANN, 2001. p.23). Nestes termos é de fundamental importância para o desenvolvimento integral da criança, que o professor reconheça as diferentes trajetórias de vida dos educandos, o que implica a flexibilização dos objetivos e conteúdos, as formas de ensinar, ou seja, contextualizar e recriar o currículo. Planejar é

5 encontrar nos registros informações valiosas que permitam o professor revisar sua prática, refletir sobre suas ações e principalmente buscar a melhor maneira de atender as dificuldades individuais de cada aluno. Assim, acredito que o planejamento na Educação Infantil deve ser um momento que possibilite o professor encontrar soluções para obter avanços no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, por isso deve ser uma atividade contínua, onde o professor não somente escolha os conteúdos a serem passados na sala de aula, mais como um acompanhamento individual, que deve ser feito através do registro. Em suma, o planejamento precisa ser considerado como um instrumento de orientação da prática docente e não ser utilizado apenas para nortear os conteúdos programáticos do currículo educacional. 3. REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil, durante muito tempo, era de responsabilidade exclusiva da família, e esta, via a criança como um adulto em miniatura, que deveria participar das atividades diárias do meio social. Nesse sentido, as contribuições de Rousseau (1762) proporcionam um repensar sobre o conceito de criança. Ele afirma que a verdadeira finalidade da educação é a de ensinar a criança a viver e a exercer a liberdade. Esse enfoque muda toda uma visão de criança com ações e vestimentas de adultos, para a criança com direto de ser criança, de brincar, de descobrir, de questionar, de construir sua identidade a partir das suas interações diárias. Com a Revolução Industrial surgem as creches que acolhem as crianças de pais trabalhadores. Nesse período, as mulheres passam a trabalhar fora de casa ocasionando uma modificação na estrutura familiar, tendo agora o pai e a mãe que trabalham. Neste sentido, a creche vem como a instituição que tem responsabilidade cuidar e educar os filhos dos trabalhadores, pois se vê nela o dever de tratar tanto do campo afetivo como intelectual e físico da criança, e para isso, se faz necessária uma infra-estrutura adequada, tanto interna como externamente, para atender as exigências de ser seguro, saudável e com atmosfera confortável e acolhedora.

6 Nesse período não se tinha uma preocupação pedagógica em relação ao desenvolvimento das crianças, o papel das creches se restringiu aos cuidados com os bebês e as crianças pequenas. Esse olhar perdurou até pouco tempo, no qual, os pequenos passavam os dias alimentados e limpos, cada um, seguro em seu berço. Apenas os maiores, da pré-escola (de 4 a 6 anos), eram propostas atividades, como colar bolinhas de papel em figuras mimeografadas. Foi somente a partir dos anos 1980 que passou a ocorrer um movimento na história das creches, possibilitando a luta dos profissionais da educação infantil. Esse movimento resultou especificamente na garantia do direito à Educação Infantil, assegurado através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. É então que a Educação Infantil ganha espaço no campo educacional e seus direitos passam a ser até certo ponto ampliados. A educação Infantil é apresentada na atual legislação brasileira como a primeira etapa da educação básica, que visa a construção do conhecimento entre crianças de 0 a 6 anos, conforme foi assegurado através do art. 29 da Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança ate seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, contemplando a ação da família e da comunidade (Brasil, 1996). Pode-se notar que após a inclusão de questões relacionadas especificamente aos cuidados da criança na LDB, a Educação Infantil passa a ganhar mais espaço no campo educacional, e seus direitos passam a ser mais ampliados. Logo, é de extrema importância que o professor tenha algum conhecimento sobre os avanços ocorridos ao longo dos anos nas creches e pré-escolas, mais especificamente na Educação Infantil, para que ele possa utilizar em sua Prática Pedagógica caminhos que levem a criança ao seu desenvolvimento pleno, visto que esta tem total capacidade de interagir em vários aspectos tanto do cotidiano como no meio escolar, e é o professor quem deve ter definido sua intenção ou objetivo, visto que numa nova perspectiva para que a escola possa cumprir seu papel social e educativo, o educador deve contextualizar a sua prática pedagógica de forma a ensinar o seu aluno a entender o significado do seu aprender, através de experiências inovadoras.

7 Ao professor desta fase tão significativa, cabe o despertar deste processo educativo, onde a escola busca uma proposta recriadora e transgressora para uma escolarização que proporciona desvincular-se de uma visão tradicional, tecnicista e descontextualizada. Quando se pensa e se percebe a necessidade de mudar o planejar, entende-se a real dimensão do grau de complexidade desta transformação, bem como a importância desta conscientização. As idéias se enraízam a partir da tentativa de colocá-las em prática, se ganha clareza à medida que se faz a mudança e se reflete sobre isso, coletiva e criticamente. Portanto, repensar o planejamento na Educação Infantil implica sanar as lacunas existentes entre o planejar e a prática efetiva do docente. Significa reimaginar e recriar as práticas pedagógicas aliadas às teorias educacionais numa convergência de significados. 3.1 RCNEI Um instrumento importante que nos permite, na condição de professor, repensar nossa prática e buscar soluções para nosso planejamento diário, é o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, RCNEI. Nele é possível encontrarmos indicações e sugestões que ajudam a subsidiar a reflexão e a prática do professor. É verdade que a prática educativa é bastante complexa e são que são inúmeras as questões que se apresentam no cotidiano e que transcendem o planejamento didático e, é na perspectiva de explicitar algumas indicações sobre o enfoque didático e apoiar o trabalho do professor, que as orientações didáticas situam-se no espaço entre as intenções educativas e a prática docente. As orientações didáticas oferecidas no RCNEI são subsídios que remetem ao como fazer, porém se faz necessária a intervenção direta do professor na promoção de atividades e cuidados alinhados com uma concepção de criança e de educação. Vale lembrar que estas orientações não representam um modelo fechado e não define um padrão único de intervenção, antes orienta o professor a organizar sua rotina didática, permitindo-lhe ter uma base legal para orientar sua prática pedagógica, é por isso que o professor deve ter o conhecimento prévio de sua turma para identificar como realizar suas atividades da melhor maneira possível, conforme cita o RCNEI

8 A rotina representa a estrutura sobre a qual ser organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações de aprendizagens orientadas. A apresentação de novos conteúdos às crianças requer sempre as mais diferentes estruturas didáticas, desde contar uma nova história, propor uma técnica diferente de desenho até situações mais elaboradas, como, por exemplo, o desenvolvimento de um projeto, que requer um planejamento cuidadoso com um encadeamento de ações que visam a desenvolver aprendizagens específicas. Estas estruturas didáticas contêm múltiplas estratégias que são organizadas em função das intenções educativas expressas no projeto educativo, constituindo-se em um instrumento para o planejamento do professor. (p. 54, Brasil, 1998) Outro aspecto que podemos encontrar orientação no RCNEI diz respeito à Seqüência de atividades, pois estas devem ser planejadas e orientadas com o objetivo de promover uma aprendizagem específica e definida. Devem ser preferencialmente seqüenciadas com a intenção de oferecer desafios com graus diferentes de complexidade para cada criança, de acordo com as suas possibilidades, para que as crianças possam ir paulatinamente resolvendo problemas a partir de diferentes proposições. Estas seqüências derivam de um conteúdo retirado de uma das atividades a serem trabalhadas, definidas previamente pela instituição de ensino ou pelo professor, e estão necessariamente dentro de um contexto específico, conforme podemos observar na citação a seguir A realização de um projeto depende de várias etapas de trabalho que devem ser planejadas e negociadas com as crianças para que elas possam se engajar e acompanhar o percurso até o produto final. O que se deseja alcançar justifica as etapas de elaboração. O levantamento dos conhecimentos prévios das crianças sobre o assunto em pauta deve se constituir no primeiro passo. Por exemplo: se o objetivo é fazer com que as crianças avancem em relação à representação da figura humana por meio do desenho, pode-se planejar várias etapas de trabalho para ajudá-las a reelaborar e enriquecer seus conhecimentos prévios sobre esse assunto, como observação de pessoas, de desenhos ou pinturas de artistas e de fotografias; atividades de representação a partir destas observações; atividades de representação a partir de interferências previamente planejadas pelo educador etc. (p.57, Brasil, 1998) No entanto, não é somente no que diz respeito à realização de aulas que o professor deve organizar suas atividades. O dia a dia de uma criança numa instituição de ensino, sobretudo numa creche, onde elas passam normalmente

9 grande parte do dia, deve ser cautelosamente planejado, desde a chegada da criança na instituição até o momento desta ir embora passando por momentos de banho, troca de fraldas e a hora do sono Os bebês e crianças pequenas que ainda usam fraldas e que permanecem durante muitas horas na instituição educativa podem precisar de um banho, tanto para maior conforto como para prevenção de assaduras e brotoejas... No momento em que é incluído na rotina, o banho precisa ser planejado, preparado e realizado como um procedimento que tanto promove o bem-estar quanto um momento no qual criança experimenta sensações, entra em contato com a água e com objetos, interage com o adulto e com as outras crianças. A organização do banho na creche precisa prever condições materiais, como banheiras seguras e higiênicas para bebês, água limpa em temperatura confortável. É necessário organizar o tempo de espera para o banho, oferecendo materiais, jogos e brincadeiras em um espaço planejado para isso. A organização do ambiente e o planejamento dos cuidados e das atividades com o grupo de bebês devem permitir um contato individual mais prolongado com cada criança. (Brasil, 1998) É importante ainda que o professor permita que as crianças maiores em alguns momentos do dia, realizem atividades na qual elas necessitem de pouca ajuda, para fortalecer a auto-estima das crianças, pois neste momento, elas notam que são capazes de fazer, iniciando assim o processo de independência do adulto. Para crianças maiores que freqüentam instituições de período integral é aconselhável prever um momento em que possam relaxar com atividades mais livres e tranqüilas A arrumação da sala após uma atividade, é um exemplo que contém várias ações que elas podem realizar sozinhas ou com pouca ajuda. Considerar um tempo ao final de cada atividade dedicado para a arrumação é uma boa oportunidade para que elas possam de um lado, aprender a cooperar e perceber que a arrumação é algo da responsabilidade de todos. De outro lado, essa atividade pode permitir que elas percebam que são capazes de realizar ações de forma independente, como guardar materiais, brinquedos, varrer a sala, jogar restos de papel no lixo, devolver materiais que foram tomados emprestados de outras salas ou locais da instituição etc. (Brasil, 1998) Embora tudo que foi abordado pelo RCNEI seja de grande importância para nós, professores, em nossa pratica docente, outro ponto bastante

10 relevante que podemos citar, é a maneira como se pode planejar a rotina pedagógica das crianças na creche ou pré-escola. Como já vimos, o planejamento pode ser feito de varias maneiras, porém, a maneira mais segura para que essas informações sejam guardadas para eventuais consultas e aprimoramento, é sem duvida, o registro escrito desse planejamento Para que as observações não se percam e possam ser utilizadas como instrumento de trabalho, é necessário que sejam registradas. (Brasil, 1998). Sendo assim, acreditamos ser de extrema importância a consulta de materiais como ferramenta de trabalho e o registro de tudo que foi feito, visando uma rotina saudável em sala de aula. 4. MÉTODO Esse trabalho teve como método de coleta a entrevista semiestruturada que buscou, através das falas dos professores, compreender suas concepções sobre planejamento. Participaram da pesquisa três professoras de Educação Infantil de uma creche da Rede Pública do Município do Recife, mais especificamente de uma creche bem conceituada de um bairro da periferia. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada (segue roteiro em anexo), composta de duas partes. A primeira destinou-se a conhecer o perfil das professoras e a segunda parte que visou entender os processos de construção do planejamento para a Educação Infantil. A entrevista foi realizada individualmente com cada professora, em local calmo e longe de interrupções, para que fosse possível oferecer tranqüilidade as entrevistadas nesse momento. O momento da entrevista foi audiogravado e posteriormente transcrito em protocolos para análise minuciosa de conteúdo. Em seguida, dentro dos procedimentos para a coleta de dados, foram coletados e observados no local da pesquisa, os cadernos de registro dos planejamentos, e destacadas partes importantes que pudessem ser confrontadas com as concepções produzidas pelas professoras através de suas falas.

11 5. RESULTADOS Após a realização das entrevistas, foi feito um quadro no qual comparamos as informações fornecidas pelas professoras entrevistadas, buscando encontrar pontos relevantes sobre suas concepções de planejamento e em seguida, destacar a forma como cada uma realiza seus planos de aula. Os resultados encontrados serão apresentados em seguida de modo a caracterizar a creche e as professoras em questão, a forma como elas planejam o dia a dia da Educação Infantil. 5.1 CARACTERIZAÇÕES DA CRECHE CAMPO DE PESQUISA A creche pesquisada localiza-se num bairro do subúrbio do Recife, e é característico por ser um local violento e ter grande influência na venda e no consumo de drogas. É uma escola da Rede Pública da cidade do Recife. Apresenta uma estrutura física razoável, pois no que diz respeito ao espaço físico, esta é bem equipada. Possui seis salas de Educação Infantil, que funcionam em horário integral, das 7:00h às 17:00h, sendo duas turmas com crianças com idades entre 0 e 1 ano (estas turmas tem cada uma 6 crianças); duas turmas com crianças com idades entre 1 ano e um mês a dois anos, sendo uma turma com cinco e outra com quatro crianças; e duas turmas com crianças com idades entre 2 e 3 anos, sendo uma com sete crianças e outra com seis crianças. As salas apresentam uma pequena quantidade de brinquedos, entre eles jogos de encaixe, bonecas, bolas, carrinhos (para as crianças maiores), uma televisão e um aparelho de DVD, para um momento dedicado aos programas infantis, e um espaço reservado para a hora do sono, com caminhas e um aparelho de som que é utilizado para embalar o sono das crianças com canções para ninar. A creche conta ainda com uma sala de professores, uma sala de direção, sala da secretaria e um pequeno hall, destinado a espera de pais em atendimento. Quanto aos funcionários este são: seis professoras, uma diretora, uma secretaria, duas auxiliares, duas zeladoras e uma cozinheira e um vigilante, que trabalha somente durante o horário de funcionamento da creche. A área externa de creche apresenta um parquinho, com balanços, escorregadores e gangorras, tudo isso em uma área cercada de areia onde é

12 possível as crianças brincarem sem o risco de se machucarem e com o contato direto com a terra. Além disso, tem uma pequena casinha de madeira onde é possível trabalhar com a imaginação dos pequenos. 5.2 AS PROFESSORAS Antes de analisarmos as entrevistas das professoras entrevistadas, fizemos um quadro onde analisamos o perfil de cada uma das professoras envolvidas e nele podemos destacar as segintes características: PROFESSORA 1 PROFESSORA 2 PROFESSORA 3 FORMAÇÃO MAGISTÉRIO / PEDAGOGIA PEDAGOGIA MAGISTÉRIO/ PEDAGOGIA IDADE 38 ANOS 25 ANOS 37 ANOS IDADE DA TURMA 1 A 2 ANOS 2 E 3 ANOS 2 E 3 ANOS TEMPO ED. INFANTIL 8 ANOS 5 ANOS MENOS DE 1 ANO De acordo com o que verificamos no perfil e nas entrevistas realizadas com as professoras, como também nas observações de seus registros de planejamento de aulas, buscamos analisar como os registros contribuem para a reflexão sobre a prática pedagógica dos decentes na Educação Infantil, de modo que percebemos de modo geral, que elas têm no registro um ponto de apoio importante na busca de aperfeiçoar sua prática. No interesse das docentes, percebemos a preocupação de acompanhar o desenvolvimento das crianças envolvidas, destacando pontos que precisam ser trabalhados e os objetivos alcançados. Professora Ana Maria¹, 38 anos, começou com o Magistério, mas em seguida cursou pedagogia numa Universidade particular, trabalha atualmente numa sala com crianças de 1 a 2 anos. Aqui (na escola) o planejamento é feito somente no começo do ano, no mês de Janeiro, que é quando os meninos estão de férias. Nós nos

13 reunimos e conversamos a respeito do que será feito no ano que vai começar a partir de fevereiro. Perguntada sobre se é feito um planejamento pessoal, independente do que é apresentado pela creche no inicio do ano, e como esse planejamento auxilia em sua pratica, a professora diz: Geralmente faço meu planejamento semanalmente, nas sextas-feiras. É que nesse dia, segundo o planejamento da creche, é dedicado apenas para a recreação. Então enquanto eles brincam na sala, eu deixo eles com os brinquedos de sua preferência, ou com massa, ou desenhando... Enfim, nesse momento eles fazem a atividade que querem, ficam a vontade, e eu faço meu planejamento da semana seguinte antes de levá-los ao parque para o recreio. O planejamento que a creche faz me ajuda, porque eu sei o que eu tenho que passar pra eles, mas no que eu faço, eu invento estratégias para alcançar os objetivos pretendidos da melhor maneira possível... É que tem menino que tem dificuldade de entender assuntos simples como, por exemplo, o nome das letrinhas (vogais), e isso exige que eu procure outras formas para fazê-lo entender. Por isso, o plano que eu faço é importante, porque a creche me diz o que devo ensinar, e eu procuro maneiras de como ensinar. Acho que é uma ferramenta indispensável porque já que eles são pequenos, é exigida uma forma de transmissão amorosa para que eles não se sintam frustrados se não souberem responder o que eu pergunto. Se nesse momento eu não tivesse um roteiro, não saberia qual seria o próximo passo a dar diante de uma situação como essa. A segunda professora entrevistada foi a Viviane, formada em pedagogia, possui experiência de cinco anos na Educação infantil, trabalha atualmente com as crianças entre 2 e 3 anos. Diante da questão abordada sobre como é feito e aplicado seu planejamento em sala de aula esta nos disse: O planejamento aqui é feito só no começo do ano. A gente se reúne e levanta a questão dos desafios do ano anterior e durante uma semana ou duas, isso depende dos espaços que encontramos que devemos preencher diante das lacunas que ficaram do ano anterior, planejamos os assuntos que serão transmitidos no ano letivo. Honestamente eu num faço nenhum planejamento diferente do que e escola me entrega como o planejamento é feito em conjunto com todos os professores acho que é desnecessário planejar algo diferente depois. Diante de suas respostas descritas acima, nos chamou a atenção saber ainda, se somente este planejamento que a creche entrega no inicio de cada

14 ano é suficiente para nortear a realização das atividades desenvolvidas em sala, como este planejamento auxilia sua rotina pedagógica, e ela nos diz: Sigo a risca o planejamento da creche, tento não sair de nada do que é proposto pela instituição, se a creche quer dar aquele conteúdo, é aquele conteúdo que eu dou. Só que o planejamento não chega detalhado aula a aula, ai, quando eu entro em sala, vejo o que pode ser feito dentro do que foi previamente planejado. Podemos perceber que neste caso a referida professora não dá a devida importância ao ato de planejar. Ela faz uso somente do planejamento geral oferecido pela instituição, sem se preocupar com a maneira como ira transmitir aquele conteúdo, nem como fazer para conduzir sua pratica de forma agradável e amorosa, visto se tratar de crianças tão pequenas. Acreditamos que em se tratando da pratica docente, é necessário ainda mais desenvolver um planejamento. Neste caso, o ensino, tem como principal função garantir a coerência entre as atividades que o professor faz com seus alunos e, além disso, as aprendizagens que pretende proporcionar a eles. Desta forma pode-se dizer que a forma de planejar deve focar a relação entre o ato de ensinar e o de aprender. Dentro do planejamento de ensino, é importante se desenvolver um processo de decisão sobre a atuação concreta por parte dos professores, na sua ação pedagógica, envolvendo ações e situações do cotidiano que acontecem através de interações entre alunos e professores. O professor que deseja realizar uma boa atuação docente sabe que deve participar elaborar e organizar planos em diferentes níveis de complexidade para atender, em classe, seus alunos. Pelo envolvimento no processo ensino-aprendizagem, ele deve estimular a participação do aluno, a fim de que este possa, realmente, efetuar uma aprendizagem tão significativa quanto o permitam suas possibilidades e necessidades. O planejamento, neste caso, envolve a previsão de resultados desejáveis, assim como também os meios necessários para alcançá-los. A responsabilidade do mestre é imensa. Grande parte da eficácia de seu ensino depende da organicidade, coerência e flexibilidade de seu planejamento. (TURRA et ali, 1995, p. 18-19)

15 Em paralelo com o que foi dito pela professora anterior, comparamos com as palavras da terceira e ultima professora entrevistada. A professora Juliana tem 37 anos, concluiu o curso de Magistério e o curso superior em Pedagogia. Apesar de sua experiência na Educação, somente este ano iniciou seu trabalho com a Educação Infantil, atualmente trabalha também com as crianças de 2 e 3 anos. Perguntada sobre seu planejamento ela nos disse: No início do ano é feito uma reunião onde é levantada a questão do que vai ser trabalhado no ano seguinte, depois colocamos as idéias nos diários de classe para nortear nossas aulas... Porém, eu, particularmente fujo um pouco da regra, e faço meu planejamento e minhas anotações toda semana... Acho deficiente o que é feito no inicio do ano. Acho que o conteúdo programático até pode ser previamente definido, mas somente o professor em sala de aula é quem sabe das dificuldades que vai encontrar por isso a importância do planejamento, é só diante do conhecimento prévio do aluno que o professor busca estratégias para desenvolver da melhor forma possível suas aulas......como já disse, acho deficiente o professor se basear apenas em conteúdos, sem se preocupar com a melhor maneira de ensinar. Faço uso de vários livros, mas prefiro fazer minhas anotações, observações individuais da cada aluno para saber depois quais objetivos foram alcançados e quais ainda faltam alcançar. Através da observação feita no caderno de registro desta professora verificamos que esta realmente se preocupa em atender cada aluno em sua dificuldade ou particularidade, tendo sempre em mente a clareza que este trabalho não é fácil e exige do professor um compromisso consigo mesmo e com o aluno. De uma maneira geral, as docentes entrevistadas demonstram ter alguma preocupação em acompanhar o planejamento para garantir o desenvolvimento das crianças e para repensar sua prática como forma de intervir nas dificuldades dos alunos. Assim, vemos na função do planejamento didático, a possibilidade do professor acompanhar o desenvolvimento do aluno, bem como analisar de modo peculiar cada aluno e verificar quais dificuldades enfrentadas pelos alunos em situações diferentes.

16 6. CONSIDERAÇOES FINAIS Como se pôde perceber durante todo o texto, o ato de planejar faz parte da vida do ser humano e sem ela não se chega a lugar algum, pois é preciso estabelecer metas e objetivos do que se quer alcançar. O planejamento de ensino esboça uma situação futura a partir da situação atual e prevê o quê, como, onde, quando e o porquê de se realizar tal objetivo, a fim de garantir a objetividade, a funcionalidade, a continuidade, a produtividade e a eficácia das ações planejadas, tornando o ensino produtivo e a aprendizagem garantida. No entanto, percebemos que o ato de planejar ainda não está presente no cotidiano de todos os professores, infelizmente poucos o fazem e os que fazem ainda é forma incompleta ou imprecisa, o que continua a deixar as aulas seguirem de forma aleatória e enfadonha tanto para a criança quanto para o professor. Um planejamento de ensino eficaz só funciona se houver o comprometimento do professor, a busca de sempre estar atualizado e de querer o melhor para suas aulas. O professor, ao planejar o trabalho, deve estar familiarizado com o que pode pôr em prática, de maneira que possa selecionar o que é melhor, adaptando tudo isso às necessidades e interesses de seus alunos. Na maioria das situações, o professor dependerá de seus próprios recursos para elaborar sues planos de trabalho. Por isso deverá estar bem informado dos requisitos técnicos para que possa planejar, independentemente, sem dificuldades. Ainda temos a considerar que as condições de trabalho diferem de escola para escola, tendo sempre que adaptar seus projetos às circunstâncias e exigências do meio. Considerando que o ensino é o guia das situações de aprendizagem e que ajuda os estudantes a alcançaremos resultados desejados, a ação de planejá-lo é predominantemente importante para incrementar a eficiência da ação a ser desencadeada no âmbito escolar. (TURRA et alii, 1995, p. 20). Finalizando, é necessário que na prática docente aconteça simultaneamente a preocupação com a melhoria da qualidade da educação. Só assim se planejará melhor, se ensinará melhor e se aprenderá melhor. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

17 PADILHA, R.P. Planejamento dialógico: como construir o projeto políticopedagógico da escola. São Paulo. Cortez; instituto Paulo Freire, 2001. GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. 10. Ed. São Paulo: Loyola, 1999. LIBÂNEO, J.C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 4. Goiânia: Alternativa, 2001. LUCK, H. Planejamento em orientação educacional. 10. ed. Petrópolis: vozes, 2002. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.394/96, de 20 de Dezembro de 1996. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Vol. 1 e 2. Brasília: MEC. 1998. TURRA, C.M.G.; ENRICONE, D SANT ANNA, F.M.; ANDRÉ, LENIR CANCELLA. Planejamento de ensino e avaliação. 11. Ed. Porto alegre: Sagra DC Luzzato, 1995.

Anexos 18

19 Roteiro da entrevista semi- estruturada 1. Nome do professor entrevistado: 2. Idade: 3. Qual sua formação? (médio/magistério, graduação, teve algum estudo ou especialização na área?) 4. Qual seu tempo de experiência em sala de aula? 5. E na educação Infantil? 6. Como é realizado o planejamento da escola? Em que momento? 7. Com que freqüência é realizado o planejamento na escola? 8. O planejamento da escola auxilia a realização do planejamento de aula? Como? 9. Na sua opinião, qual a importância do planejamento para a sua prática nas turmas de Educação Infantil? 10. Você consegue citar algum exemplo de planejamento de aula exitoso na sua perspectiva na sua sala? 11. Que referencias ou fontes de pesquisas você utiliza para construir o seu planejamento?