O Setor Sucroalcooleiro e os Indicadores da Rede de Agricultura Sustentável para o Trabalho no Corte da Cana: uma possibilidade de aplicação



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Transcrição:

O Setor Sucroalcooleiro e os Indicadores da Rede de Agricultura Sustentável para o Trabalho no Corte da Cana: uma possibilidade de aplicação Valdir Specian Licenciado em Geografia, Prof. Assistente, Depto de Geografia, UEG- UnU Iporá e Aluno do Curso de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental EESC - USP, vspecian@sc.usp.br Mário Augusto Guerzoni Figueiredo Engenheiro Ambiental Especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos, fcachoeira@sc.usp.br Resumo O setor sucroalcooleiro vive um novo momento com as mudanças ocorridas no mercado de combustíveis a partir da primeira década do século XXI. Este setor que no final dos anos 90 esteve em crise, com a falência de usinas, desregulamentação do setor, falta de financiamento do governo e dividas com BNDS, apresenta hoje outra realidade, com a construção de novas usinas, investimentos externos e uma perspectiva cada vez maior de crescimento com a exportação do etanol. O que não acompanhou na mesma velocidade foram às relações de trabalho no setor, principalmente no corte da cana, que ao longo do tempo fez com que os trabalhadores produzissem mais e ganhassem menos (R$ 2,50/ton). Apesar de alguns avanços, a realidade mostra excesso na jornada de trabalho, condições de trabalho escravo em algumas usinas, falta de equipamentos de segurança e agora outro fator surge na relação de trabalho, a mecanização da maioria das áreas ocupadas com cana-de-açúcar, demandando e provocando uma redução significativa dos postos de trabalho. O presente estudo tem como objetivo avaliar a possibilidade de aplicação da Certificação RAS (Rede de Agricultura Sustentável) elaborada pela Rainforest Alliance para avaliar as condições de trabalho na atividade sucroalcooleiro, considerando os temas Tratamento Justo e Boas Condições para os Trabalhadores e Saúde e Segurança Ocupacional. Objetiva também avaliar se estes indicadores são capazes de medir sustentabilidade. A proposta da RAS foi comparada com a Norma Regulamentadora nº 31 do MTE. Palavras chaves Cana-de-açúcar, Emprego, Rede de Agricultura Sustentável.

1. Introdução A atividade canavieira está inserida no contexto econômico do Brasil desde os primeiros anos da colonização. O setor viveu várias fases que vão do inicio do processo com a produção de açúcar no nordeste, usando o trabalho escravo como base do setor, até os nossos dias em que cana de açúcar ganhou novo status, através do etanol, que representa a possibilidade de um combustível de matriz renovável produzido em larga escala e reconhecido mundialmente. Um fator relevante, no contexto da atividade canavieira em qualquer momento de sua história é a relação de trabalho existente no setor, ainda hoje o Ministério do Trabalho encontra indícios de trabalho escravo em usinas e destilarias em todos os estados do Brasil (MTE, 1999). O setor é marcado, igualmente, pela consideração de que o trabalhador no corte de cana, tem jornadas exaustivas, sem equipamentos de segurança e submetidos a todos os tipos de intempéries. O Estado de São Paulo, foco desse estudo, é o maior produtor entre as unidades de federação e também apresenta a maior área de cultivo que continua em plena expansão. Nesse contexto dois objetivos fundamentais norteiam esse artigo, primeiro, quais as condições de trabalho nos canaviais paulista, a partir de dois aspectos básicos na norma RAS (Rede Agricultura Sustentável) que são: 5 - tratamento justo e boas condições para os trabalhadores e 6 - saúde e segurança ocupacional; e segundo, analisar a possibilidade de usar a RAS na avaliação da sustentabilidade das atividades trabalhistas do setor sulcroalcooleiro através do cruzamento dos principais problemas relatados pelos órgãos fiscalizadores com as exigências da norma para os itens 5 e 6. Os dois aspectos usados para avaliação na RAS apontam vários indicadores que determinam a qualidade do trabalho na agricultura, sendo que essa proposta direciona esses indicadores especificamente para o trabalho no corte manual da cana de açúcar. Para comparação e interpretação da RAS é usada a Norma Regulamentadora nº 31 do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil (MTE) que aponta as condições mínimas de trabalho no Brasil. 2. O Trabalho e o Trabalhador na Atividade Canavieira Apesar do setor sucroalcooleiro envolver algumas fases que vão do cultivo da cana-deaçúcar à venda do produto final, seja álcool ou açúcar e, consequentemente, envolver uma gama de trabalhadores e setores de atividades, com diferentes relações de trabalho e salário, esse artigo toma como abordagem apenas o pessoal empregado na atividade de plantio e colheita manual da cana-de-açúcar, os antigos bóias-frias ou trabalhadores volantes. A justificativa é que dentro da cadeia produtiva que se concentra o maior número de postos de trabalho, também, a área que registra os maiores problemas com relação à qualidade do emprego e nível de salário, além de ser o setor mais afetado com o processo de modernização da produção, através, principalmente da mecanização da colheita (CPT, 2006).

O trabalho no setor, no caso do Estado de São Paulo, é caracterizado pela mão de obra migrante, pessoas que se deslocam sazonalmente do nordeste do Brasil e do vale do Rio Jequitinhonha MG, entre outras regiões, na busca de emprego e salário. Essa relação de trabalho é marcada por uma série de problemas, que passam pelo alojamento dos trabalhadores na usina, a ausência de condições de higiene e limpeza nesses alojamentos, a presença do agenciador que organiza e recruta os trabalhadores para as indústrias canavieiras, o controle da quantidade de cana colhida, as despesas de manutenção desse trabalhador e do suporte a família que o mesmo deixou em sua região de origem, as dívidas provenientes da viagem, a ausência de assistência médica ao longo de seu período de trabalho, as relações sociais, as jornadas excessivas e uma série de outros fatores que contribuem para a depreciação da qualidade do trabalho. Para ilustrar essa situação a CPT (Comissão Pastoral da Terra) publicou em 2006 um caderno de formação apontando os problemas relacionados ao trabalho nas lavouras de cana e em outras atividades agrícolas. O texto afirma que a globalização dos mercados não resultou em melhoria para os camponeses, citando o exemplo do México: O aumento das exportações não significa melhores condições de vida no campo. Com a implementação do NAFTA (Tratado de Livre Comércio da América do Norte), o México triplicou suas exportações agrícolas e, ao mesmo tempo, três milhões de camponeses foram arruinados. Atualmente, a produção mexicana de milho é controlada por grandes multinacionais. (CPT, 2006). Apesar da realidade vivida pelos camponeses do México ser distinta a do Brasil, já que se trata de um processo de modernização que a agricultura brasileira iniciou há mais de 4 décadas, a lógica é semelhante: moderniza, atende o mercado e esquece as necessidades e realidades de quem lavrava a terra. Em se tratando efetivamente de Cana e das relações de trabalho no campo, no Brasil outros dados se destacam. Ao final da década de 1990 o setor sucroalcooleiro registrava falências, muitas usinas estavam deficitárias e as dívidas com o BNDS só aumentavam, além disso, o governo desregulamentou o setor, provocando a diminuição do crédito e dos subsídios destinados aos usineiros. O impacto provocado pela diminuição da demanda e do incentivo a produção de álcool provocou no nordeste, caso como o de Pernambuco, uma forte retração no número de postos de trabalho. Mesmo com todo o apoio governamental, muitas usinas faliram em Pernambuco. Nos últimos 20 anos, o número de usinas diminuiu de 43 para 22. Porém, a área dessas usinas permanece a mesma e, portanto, há maior concentração fundiária. Neste período, estima-se uma perda

definitiva de cerca de 150 mil postos de trabalho na Zona da Mata e a expulsão de 40 mil famílias de camponeses da região (CPT, 2006). A concentração fundiária parece ser outro agravante da atividade canavieira, considerando tanto o final da década de 1990 quanto o processo de retomada do crescimento da atividade com a invenção dos carros flex e o aumento da demanda por energia renovável. A concentração fundiária retira todos os anos centenas de pequenos produtores de suas propriedades, aumentando a fila de bóias frias e desempregados urbanos, aumenta também o déficit da produção de gêneros alimentícios, além de igualmente contribuir, para o aumento da demanda social no país. Segundo a CPT (2006) 1 a maior parte dos empregos gerados no campo estão nas pequenas propriedades, respondendo a 87,3% do total, enquanto a grande propriedade rural oferece 2,5% dos empregos no campo. Outro dado importante é que as pequenas e médias propriedades são responsáveis pela maior parte da produção de gêneros alimentícios. No caso do Estado de São Paulo, no período de crise do setor, foi realizado em julho de 1999, um Seminário organizado pelo Núcleo de Economia Agrícola do Instituto de Economia da UNICAMP (SILVA et al, 1999). Do encontro foi elaborado um texto que tratava das preocupações dos acadêmicos e membros da sociedade organizada em relação ao desemprego do setor, provocado tanto pela crise, quanto pelo processo de mecanização da colheita. Para contrapor a eliminação dos postos de trabalhos do setor, propunha-se a criação de frentes de trabalho patrocinadas pelo poder público e, uma série de mecanismos de seguridade social e disponibilidade de linhas de crédito, além de programas de habitação popular para amenizar o impacto social da diminuição dos empregos. Considerando a monocultura de cana uma atividade que provoca a concentração da posse da terra em poder de alguns grupos empresariais, que nos leva a questionar: qual seria o limite de ocupação dessa atividade em detrimento as outras culturas? Além disso, é preciso considerar que a cana ocupa os melhores solos do Estado de São Paulo. A retomada do aumento da área plantada e da produção de cana a partir de 2004, provocado pelo advento dos carros flex, a demanda ambiental por combustíveis renováveis e mais limpos os chamados agrocombustíveis e ainda pela demanda de um combustível mais barato que 2 o petróleo, provocou uma corrida de investimentos no setor. Os produtores de álcool antes falidos, passaram a ser empresários do setor de biocombustíveis. Os investimentos provocaram o 1 Os dados foram fornecidos pelo Professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira, a CPT não apresentou as referências bibliográficas em seu texto. 2 O aumento do preço do barril de petróleo nos anos de 2007 e 2008, chegando a U$140,00, provocou uma série de reações no mercado, entre elas, aumento dos preços de combustíveis na bomba para os americanos, acostumados com a gasolina barata, especulação sobre o nível das reservas de petróleo existentes no mundo e procura por alternativas de combustíveis renováveis produzidos em larga escala. Nesse momento nosso álcool passou a ser chamado de Etanol, fato provocado principalmente pela cobertura da mídia na visita do ex-presidente dos Estados Unidos ao Brasil. O presidente Bush veio conhecer o programa de Etanol Brasileiro, produzido pelo cultivo de cana de açúcar.

aumento da demanda, por conseguinte a expansão da área plantada e também da regulamentação da forma de colheita. Nesse contexto, dois fatores são importantes para serem destacados e que influenciam diretamente no mercado de trabalho, o primeiro diz respeito à criação pelo Governo do Estado de São Paulo de uma lei que estabelece um prazo máximo de eliminação da queima. O segundo fator, é a mecanização da colheita, provocado pela necessidade de aumento da produtividade e pela regulamentação da lei que acaba com a queima da palha, dificultando a colheita manual. Nesse sentido a CPT faz a seguinte interpretação: O corte mecanizado se tornou referência para a quantidade cortada pelos trabalhadores, que subiu de 5 a 6 toneladas por dia para cada trabalhador na década de 80, para 9 a 10 toneladas por dia na década de 90. Hoje já se registra uma exigência das usinas de 12 a 15 toneladas por dia, principalmente em regiões onde o ritmo das máquinas se tornou referência de produtividade. O não cumprimento da meta freqüentemente significa que o trabalhador será dispensado e colocado em uma lista que circulará por diversas usinas, o que o impede de voltar a trabalhar na safra seguinte (CPT, 2006) Os dados do DIEESE apontam que a realidade do trabalhador no corte de cana no Estado de São Paulo piorou mesmo, com o aumento da demanda do produto e consequentemente do lucro do setor: Em São Paulo há um aumento da formalização do emprego, que chega a quase 90%, o que não significa boas condições de emprego. Isso porque, o preço da cana paga ao trabalhador é em média R$2,50 por tonelada, e um trabalhador chega a cortar cerca de 15 ton/dia. A produtividade, no corte da cana, cresceu 236,8% enquanto o salário caiu 5,5% nos últimos 20 anos (DIEESE, 2007 b). Essa realidade provoca outra discussão: qual a capacidade de um trabalhador braçal de cortar a cana? Qual a quantidade de toneladas/dia que cada trabalhador pode cortar, antes que seu organismo entre colapso? As entidades que atuam na área apontam, além disso, que o valor da tonelada da cana colhida por cada trabalhador se depreciou ao longo dos anos. Outro fato, apontado pela CPT, é que nas áreas onde a máquina não entra, dadas as condições de topografia, o trabalho manual vai persistir e a produtividade de cada trabalhador será baseada na produção de uma máquina agrícola.

Por outro lado, analisando o papel das usinas para diminuir o impacto provocando pelo trabalho desgastante do campo, os dados divulgados, não mostram uma tendência de investimento na melhoria do trabalho. Segundo Andrade e Diniz (2007) as empresas do setor sucroalcooleiro que apesar de estarem entre as mais lucrativas do Brasil, pouco investiram em Responsabilidade Sócio- Ambiental. Por outro lado a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) informa que vem executando o maior programa mundial de requalificação de trabalhador em operações manuais da cana-de-açúcar. O programa prevê o beneficio a 7000 trabalhadores e demais membros da sociedade por ano no Estado de São Paulo com treinamentos e requalificação para executar atividades dentro das usinas e em outros setores da economia (UNICA, 2010). Segundo o DIEESE (2007 a) o achatamento salarial na atividade canavieira é provocado pela terceirização: as usinas vêm transferindo os custos de corte, carregamento e transporte da cana das áreas mais distantes para terceirizadas ou fornecedores, que, por sua vez transferem para terceiros. Essas empresas terceirizadas tendem a assegurar piores condições de salário e trabalho para os trabalhadores do que as usinas (DIESE, 2007 a). Esse fator, terceirização, pode ser uma válvula de escape para as usinas driblarem sua responsabilidade sobre o trabalhador e, além disso, mostrarem dados favoráveis em relação ao atendimento da legislação trabalhista. Usando o exemplo do Estado da Paraíba, é estimado que para cada dia de trabalho, o trabalhador perde dois, as perdas se concentram em verbas salariais, erros e fraudes na medição da cana cortada (DIEESE, 2007 a). Além das discrepâncias no pagamento dos vencimentos, condições de trabalhos, existe uma série de outras questões que envolvem o trabalhador na atividade de colheita da cana de açúcar, principalmente, entre os trabalhadores que migram do Norte de Minas Gerais e dos Estados da Região Nordeste para as Regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do Brasil, assim como para as comunidades/municípios que recebem esses trabalhadores (DIEESE, 2007 b). 2.1 O trabalhador do setor de plantio e corte de cana de açúcar. Alguns fatores de caracterização do trabalhador na lavoura de cana-de-açúcar são determinantes para analisar a crise social que pode se instalar com a redução dos postos de trabalho. O setor sucroalcooleiro vive um paradoxo, ao mesmo tempo em que o trabalho na colheita de cana expõe o trabalhador a uma dura jornada, a ausência desse, pode provocar um colapso social em alguns municípios que abrigam ou fornecem a força de trabalho ao setor.

Portanto, avaliar a melhor forma para solucionar esta questão é de fundamental importância para um setor que busca a sustentabilidade. As respostas para estas questões devem ser buscadas por todos os envolvidos. Entre os indicadores, o de educação, é o que mostra quanto é preciso avançar para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do setor. Segundo PNAD apud Moraes (2007). Em 2005 a cultura da cana-de-açúcar empregava 519.197 trabalhadores no Brasil 3, desses 70% tinham, em média, 3,9 anos de estudo e dentro desse montante, cerca de 154.598 trabalhadores poderiam ser considerados analfabetos funcionais, pois frequentaram apenas o primeiro ano escolar. Considerando os empregos formais de todo o setor canavieiro para o Estado de São Paulo em 2005, divididos na produção e colheita, fabricação do álcool é possível verificar que 44% dos trabalhadores empregados no cultivo da cana têm até 29 anos, se for considerada a faixa até 39 anos esse percentual sobe para 73% do total de 220.517 trabalhadores. Na tabela 1, os dados dos outros setores estão apresentados (MORAES, 2007). Tabela 1 Número de empregos formais e faixa etária que foram registrados no setor sucroalcooleiro para o Estado de São Paulo no ano de 2005. Idade Cana-de-açúcar Açúcar Álcool Total Até 17 anos 513 249 41 803 18 a 24 anos 55.813 32.585 7.329 95.727 25 a 29 anos 42.483 24.705 5.963 73.151 30 a 39 anos 62.677 37.777 9.694 110.148 40 a 49 anos 38.830 25.174 6.662 70.666 50 a 64 anos 18.580 10.600 3.234 32.414 65 ou mais 1.621 777 226 2.624 Total 220.517 131.867 33.149 385.533 Fonte. Dados do MTE e Rais, vários anos, organizado por Moraes (2007) Os dados apresentados acima permitem duas analises, primeiro que a força de trabalho empregada na atividade canavieira é jovem e com baixo nível de escolaridade/educação e segundo, que essa mesma mão de obra, possivelmente ficará sem emprego em um futuro próximo, tendo ainda dois agravantes, saúde fragilizada pelas jornadas de trabalho nos canaviais e falta de alternativa de emprego devido a baixo nível de escolaridade. 3. Indicadores Sócio-Ambientais: histórico O processo de certificação Sócio Ambiental teve seu inicio em 1998, quando um grupo de ONG s (Organizações Não Governamentais) de oito países, (Estados Unidos, Brasil, Costa Rica, Honduras, El Salvador, Equador, Colômbia e Guatemala) se reuniram no intuito de elaborar uma metodologia. (PALMIERI, 2008). 3 Os dados sobre o total de trabalhadores na cana-de-açúcar podem apresentar varias discrepâncias. Estima-se que só no Estado de São Paulo esse número pode chegar a 700 mil trabalhadores, mas muitos ficam fora das estatísticas por serem trabalhadores que migram de região para região, conforme o ritmo de colheita.

Ainda, segundo este autor, estas entidades começaram a discutir sobre as questões das atividades agrícolas e seus impactos, no meio ambiente e na sociedade, por meio desta união que foi elaborado o primeiro processo de Certificação Socioambiental. O processo de certificação fundamenta-se na temática de unificar as atividades produtivas de forma a permitir o desenvolvimento e o crescimento da produção aliada com a redução dos impactos sócio ambientais. A certificação é o processo pelo qual o empreendedor busca a distinção de seu produto ou processo com base a padrões pré-estabelecidos (normas, leis, regulamento, etc.), visa à quebra de barreiras não tarifárias do comercio internacional de commodities, com vistas a consumidores mais exigentes do mercado interno e externo. Produtores que buscam a certificação têm em mente que, ao certificar suas propriedades ou seus produtos eles terão uma valoração destes e a possibilidade da abertura de novos mercados, nem sempre isso acontece, deixando os produtores desestimulados a continuarem a investir na melhoria de seus processos nos quais pesam a certificação. Porém, esta ferramenta é uma forma de normatizar os processos produtivos e neste cenário a certificação dos produtores, passa a ser cada vez mais exigida, uma maneira de controlar os processos da cadeia produtiva tendo como metas a mitigação dos diferentes impactos causados pelos por estes processos. Os impactos causados no meio ambiente tem se tornado uma preocupação mundial, devido principalmente a divulgação dos estudos do IPCC sobre o aquecimento global amplamente divulgado nas mídias. Neste contexto surgiram algumas normas, que são conjuntos de regras para avaliação dos processos de certificação, que objetivam padronizar e normatizar os processos produtivos de um setor. Sendo assim, as empresas desenvolvem ferramentas ou processos que permitem equiparar suas atividades com a de outras empresas do mesmo segmento. 3.1 - Norma Regulamentadora nº 31 do Ministério do Trabalho e Emprego A norma é uma ferramenta que busca definir e estabelecer regras para uma determinada atividade ou processo, a norma regulamentadora nº 31 do Ministério de Estado do Trabalho e Emprego MTE define os padrões de segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária silvicultura, exploração florestal e aquicultura. A Norma Regulamentadora nº. 31 do MTE, aprovada pela Portaria nº. 86/2005, trouxe importantes avanços sobre as questões relacionadas aos trabalhadores das atividades agrossilvopastoris e aquicultura. (MTE, 2005) Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho,

de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho (MTE, 2005). Esta norma deve ser aplicada em todas as atividades agrossilvopastoril e aquicultura, de forma a fornecer ao trabalhador melhores condições de moradia, trabalho, higiene e saúde. Cabe ao empregador rural ou equiparado (MTE, 2005). a) Garantir adequadas condições de trabalho, higiene e conforto, definidas nesta Norma Regulamentadora, para todos os trabalhadores, segundo as especificidades de cada atividade; b) Realizar avaliações dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores e, com base nos resultados, adotar medidas de prevenção e proteção para garantir que todas as atividades, lugares de trabalho, máquinas, equipamentos, ferramentas e processos produtivos sejam seguros e em conformidade com as normas de segurança e saúde; c) Promover melhorias nos ambientes e nas condições de trabalho, de forma a preservar o nível de segurança e saúde dos trabalhadores; d) Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho; (C = 131.004-6/I4) e) Analisar, com a participação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural - CIPATR, as causas dos acidentes e das doenças decorrentes do trabalho, buscando prevenir e eliminar as possibilidades de novas ocorrências; f) Assegurar a divulgação de direitos, deveres e obrigações que os trabalhadores devam conhecer em matéria de segurança e saúde no trabalho; g) Adotar os procedimentos necessários quando da ocorrência de acidentes e doenças do trabalho; h) Assegurar que se forneça aos trabalhadores instruções compreensíveis em matéria de segurança e saúde, bem como toda orientação e supervisão necessárias ao trabalho seguro; i) Garantir que os trabalhadores, através da CIPATR, participem das discussões sobre o controle dos riscos presentes nos ambientes de trabalho; j) Informar aos trabalhadores: 1. Os riscos decorrentes do trabalho e as medidas de proteção implantadas, inclusive em relação a novas tecnologias adotadas pelo empregador; 2. Os resultados dos exames médicos e complementares a que foram submetidos, quando realizados por serviço médico contratado pelo empregador;

3. Os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. k) Permitir que representante dos trabalhadores, legalmente constituído, acompanhe a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho; l) Adotar medidas de avaliação e gestão dos riscos com a seguinte ordem de prioridade: 1. Eliminação dos riscos; 2. Controle de riscos na fonte; 3. Redução do risco ao mínimo através da introdução de medidas técnicas ou organizacionais e de práticas seguras inclusive através de capacitação; 4. Adoção de medidas de proteção pessoal, sem ônus para o trabalhador, de forma a complementar ou caso ainda persistam temporariamente fatores de risco. 3.2 Rede de Agricultura Sustentável RAS A Rede de Agricultura Sustentável (RAS) é composta por um grupo de organizações não governamentais conservacionistas independentes que tem por objetivo promover a sustentabilidade socioambiental do setor agrícola através de projetos, certificação e da elaboração de normas. (REDE DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL, 2009). Objetiva a certificação através dos Organismos de Certificação autorizados pela Rainforest Alliance. Estes organismos certificam as propriedades interessadas e que cumprem as normas da RAS. (REDE DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL, 2009). A tabela 2 mostra o avanço das certificações RAS no período de 2005 a 2008. Tabela 2 Áreas certificada pela RAS no mundo período 2005 a 2008 Pais Total de hectares em jan/2005 Total de hectares em jan/2006 Total de hectares em jan/2007 Total de hectares em jan/2008 Brasil 12.371 23.594 34.459 61.158 Colômbia 15.535 29 32.426 41.122 Costa Rica 22.992 25.865 34.792 47.4 Equador 17.197 19.59 19.699 42.106 El Salvador 3.993 6.611 10.419 14.755 Guatemala 19.328 20.753 23.706 26.063 Honduras 7.875 9.317 7.672 7.436 México 2.069 8.103 11.603 16.65 Nicarágua 1.727 7.806 7.602 6.708 Panamá 12.414 12.061 11.742 10.488 Peru 13.596 28.963 26.044 50.657 Filipinas 3.498 4.837 Etiópia 1.831 10.394 República Dominicana 8.443 31.363 Indonésia 807

Quênia 21.951 Tanzânia 165 Costa de Marfim 5.361 Total 129.097 143.102 233.936 335.371 Fonte: SAN, (2005, 2006, 2007, 2008a. apud PALMIERI, 2008, p.43) Buscando atender a critérios socioambientais para o desenvolvimento da agricultura sustentável esta norma foi dividida nos seguintes temas e/ou normas para a sustentabilidade (REDE DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL, 2009). 1. Sistema de gestão social e ambiental; 2. Conservação de ecossistemas; 3. Proteção da vida silvestre; 4. Conservação de recursos hídricos; 5. Tratamento justo e boas condições para os trabalhadores; 6. Saúde e segurança ocupacional; 7. Relações com a comunidade; 8. Manejo integrado do cultivo; 9. Manejo e conservação do solo; 10. Manejo integrado de dejetos. Para cada tema proposto existem critérios críticos que são destacados na norma RAS. A tabela 3 aponta os critérios críticos para os temas 5 (tratamento justo e boas condições para os trabalhadores) e 6 (saúde e segurança ocupacional) que são abordados nesse artigo e demais itens abordados pela RAS critérios adicionais para propriedade agrícolas de palmeiras oleaginosas, cana-de-açúcar, soja, amendoim e girassol. Tabela 3 Pontos Críticos dentro dos temas 5 e 6 da norma RAS. Tema 5 Descrição A propriedade agrícola não deve discriminar em suas políticas e procedimentos trabalhistas e de contratação por motivos raciais, cor, sexo, idade, religião, procedência social, tendências políticas, nacionalidade, afiliações com sindicatos, orientação sexual, estado civil. Os trabalhadores devem receber uma remuneração base igual ou maior que a média regional ou ao salário mínimo estabelecido legalmente, qualquer que seja maior, de acordo com a atividade realizada. É proibida a contratação direta ou indireta de trabalhadores menores de 15 anos de idade, quer em período integral ou parcial. No caso de trabalhadores com idade entre 15 e 17 anos deve manter um registro para cada jovem com todas as informações cadastrais. É proibido qualquer tipo de trabalho forçado, que inclui o trabalho sob o regime de prisão involuntária, de acordo com as Convenções 29 e 105 da OIT e a legislação nacional. A propriedade agrícola não deve reter parcial ou totalmente o salário, benefícios ou qualquer direito adquirido ou estabelecido pela lei ou documentos dos trabalhadores com a finalidade

6 Critérios adicionais RAS de obrigá-los a trabalhar ou ficar na propriedade agrícola, ou como ação disciplinar. Todos os trabalhadores que aplicam, manipulam ou têm contato com agroquímicos, incluindo os que lavam a roupa ou o equipamento que ficou exposto a agroquímicos, devem usar equipamento de proteção individual fornecido pela propriedade agrícola. No caso de substituição de trabalhadores por máquina ou qualquer mudança significativa nas atividades de produção da propriedade agrícola ou da estrutura organizacional, a propriedade deve dar prioridade aos trabalhadores para a contratação em outros trabalhos na propriedade e deve capacitar esses trabalhadores para seus novos trabalhos. Fonte: Norma RAS (2009) e RAS adicional para a cana de açúcar (2009). 3.3 Indicadores de trabalho para a atividade de corte da cana. As questões sociais envolvidas no setor sucroalcooleiro têm chamado a atenção ao longo dos últimos anos, devido principalmente a divulgação de fazendas que utilizam de mão de obra que se aproxima da escravidão. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2010) em 2009, 1.911 trabalhadores foram libertados em 16 casos denunciados, 45% do total de 4.234 flagrados em condições análogas à escravidão. Situações parecidas também são encontradas no Estado de São Paulo: São Paulo, maior estado produtor de cana do país e sede da Unica, não registrou casos de trabalho escravo em 2009, mas foi marcado por outras irregularidades trabalhistas. Nas 46 ações realizadas pelo Grupo Estadual Rural de fiscalização no ano passado, em usinas na região de Bauru, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, foram emitidos 72 autos de infração referentes a violações da legislação trabalhista, e 166 referentes a violações das normas de segurança do trabalhador (CPT, 2010). Os principais problemas constatados pelo Ministério do Trabalho no mapa de indicativos da criança e do adolescente 1997/1999 são: Não fornecimento de alimentação e água potável, instalações sanitárias inadequadas, transporte em veículos precários e inadequados, alojamento sem infra-instrutora, jornada excessiva e falta de Equipamento de Proteção Individual EPI e registro de funcionários (MTE, 1999). Este cenário se repete em muitas propriedades até hoje, conforme dados da CPT (2010). Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em outubro de 2006 foram aplicados 88 autos de infração em propriedades rurais destinadas ao plantio de cana-de-açúcar e usinas sucroalcooleiras localizadas em Barretos e região. Esta operação atingiu 12.500 trabalhadores. (MTE, 2006) Em todos os lugares fiscalizados, os motivos que levaram à aplicação dos autos de infração são basicamente os mesmos: descumprimento da Norma Reguladora 31 (NR 31), que trata especificamente da garantia dos direitos dos trabalhadores rurais, como o não cumprimento do horário para pausas e almoço, jornada excessiva de trabalho, água potável com temperatura inadequada ao consumo,

alojamentos em condições absolutamente precárias e falta de sanitários adequados ao uso dos lavradores. (MTE, 2006). Ainda em 2006 em outra fiscalização realizada pelo MTE em Bauru, foram encontrados 430 funcionários em condições subumanas, passando fome e recebendo o valor de R$ 0,10 e 0,12 por metro linear cortado (MTE, 2006a). 4. Os indicadores da rede de agricultura sustentável (RAS) e a Norma 31 do MT e a aplicação para o setor sucroalcooleiro. O avanço do setor sucroalcooleiro, puxado pelas perspectivas de exportação do álcool, através da agenda ambiental e da necessidade de produção de um combustível renovável proporcionou além do aumento do lucro dos usineiros, também uma pressão/cobiça das multinacionais de diversos setores em adquirir empresas no Brasil e/ou criar empresas em outros países, principalmente, na porção Sul do Continente Africano para produzir etanol, termo que se popularizou com a visita do presidente americano George Walker Bush em 2007. O que não está claro é o futuro dos trabalhadores do setor, pois com o processo de mecanização muitos postos de trabalho serão trocados pelo serviço das máquinas, porém muitos trabalhadores continuarão no corte manual, em porções mais isoladas dentro das regiões produtoras. Trata-se das áreas onde a mecanização é inviabilizada pelas condições do terreno. A tabela 4 mostra as perdas de postos de trabalho provocadas pelo avanço da mecanização do plantio e corte da cana-de-açúcar. Tabela 4 - Estimativas da redução do número de empregados dos setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo. Tipo de atividade no setor 2006/2007 2010/2011 2015/2016 2020/2021 Produção cana-de-açúcar (milhões t) 299 370 457 544 Área colheita mecânica 40% 70% 100% 100% Número de empregados (mil empregados) Colheita manual 189,6 107,4 0 0 Colheita mecânica 15,5 30,8 59,5 70,8 Indústria 55,3 62,6 68,3 75,3 Total (mil empregados) 260,4 200,8 127,8 146,1 Fonte: UNICA, 2007 apud Moraes, 2007. Esses trabalhadores necessitam de melhores condições de trabalho, salários mais justos, assistência à saúde, moradias dignas e demais assistências necessárias. Todavia existe um grande número de trabalhadores que perderão seu emprego e muitos deles sem qualificação para desenvolver outro tipo de atividade, criando um novo desafio para o setor. O que fazer com esta mão de obra excedente? Esta resposta é importante para equacionar o processo produtivo com a sustentabilidade. Talvez, esse seja, o grande desafio do setor para que o etanol realmente possa ser considerado um combustível socialmente viável. Pela proposta da RAS a propriedade agrícola

e/ou empregador rural deverá criar mecanismos de absorver esses trabalhadores em outras funções na empresa, além de capacitar os mesmos para o exercício das novas atividades. Para atingir essa condição de trabalho digno o setor precisa avaliar suas práticas, e uma das formas é usar os indicadores de sustentabilidade. Nesse contexto, a RAS apresenta uma série de atributos que podem contribuir para essa avaliação e consequentemente melhorar os índices de qualidade de vida dos trabalhadores rurais. Não existem dados que mostrem, em sua totalidade, qual a real condição do trabalhador empregado pelo setor sucroalcooleiro. Os textos publicados pelos jornais e, principalmente pela CPT, indicam que os trabalhadores estão submetidos as condições degradantes de trabalho, quando são migrantes a situação piora ainda mais. O trabalhador migrante provoca uma forte pressão sobre os serviços públicos nas cidades onde se instalam, gerando um colapso, principalmente, no sistema de saúde. A demanda passa a ser muito maior que a capacidade do município em atender o número de pacientes. O quadro 1 apresenta os principais impactos relacionadas as condições de trabalho no setor sucroalcooleiro para o Estado de São Paulo e a aplicação dos Indicadores da Rede Agricultura Sustentável capazes de captar os mesmos, além da apresentação da indicadores da norma 31 do Ministério do Trabalho. Para avaliação do trabalho no setor sucroalcooleiro, considerando as etapas de preparo do solo, plantio, manejo e colheita foram os usados os Indicadores Básicos 5 e 6 da RAS Tratamento Justo e Boas Condições para os Trabalhadores, que são identificados pelas letras A - N e Saúde e Segurança Ocupacional, identificados pelas letras A2 Q2.

Quadro 1 Cruzamento das informações dos impactos apontados para sucroalcooleiro e os indicadores da RAS e do Ministério do Trabalho e Emprego (Norma 31). Normatização do Ministério Problemas relacionados ao do Trabalho trabalho na atividade de plantio e Indicadores da Rede de Agricultura Sustentável: aplicação para o Setor Sucroalcooleiro. para o Setor corte de cana-de-açúcar. Agrícola 1. Falta de fornecimento de alimentação e água potável, com temperatura adequada, para os trabalhadores 2. Alojamento sem infra-estrutura e instalações sanitárias inadequadas 3. Transporte em veículos inadequados 4. Jornada excessiva e ausência de pagamento de horas extras 5. Falta de EPI (equipamento de proteção individual) K - Todos os trabalhadores e as pessoas que vivem na propriedade agrícola devem ter acesso à água potável. Deve-se fornecer quantidade suficiente de água potável a todos os trabalhadores e esta deve estar disponível no local de trabalho. (A RAS não apresenta nenhum indicador para o fornecimento de alimentação do trabalhador) J - A moradia oferecida pela propriedade agrícola para os trabalhadores permanentes ou temporários deve ser projetada, construída e mantida com a finalidade de fomentar boas condições para a higiene, a saúde e a segurança dos habitantes. E - Toda hora extra deve ser opcional. H - Os trabalhadores devem ter o direito de se organizar livremente, e de negociar voluntariamente suas condições de trabalho de maneira coletiva como estabelecido pelas Convenções 87 e 98 da OIT. A2 - A propriedade agrícola deve ter um programa de saúde e segurança ocupacional cujo objetivo principal é identificar e minimizar ou eliminar os riscos ocupacionais dos trabalhadores (norma 031) Capta parcialmente (a norma não estabelece de normas para fornecimento de alimentos Capta Capta Capta parcialmente (em relação há horas extras) Capta 6. Falta de registro em carteira de trabalho dos funcionários B - A propriedade agrícola deve contratar diretamente sua mão-de-obra H - Os trabalhadores devem ter o direito de se organizar livremente, e de negociar voluntariamente suas condições de trabalho de maneira coletiva como estabelecido pelas Convenções 87 e 98 da OIT. B - A propriedade agrícola deve contratar diretamente sua mão-de-obra 7. Terceirização de contratos de trabalho 8. Falta de intervalo para descanso D - Os horários de trabalho, os períodos de descanso dentro da jornada de trabalho diária, durante a jornada E - Toda hora extra deve ser opcional. 9. Falta de salário justo e controle C - A propriedade agrícola deve ter políticas e procedimentos de pagamento que garantam o correto da produtividade pagamento integral aos trabalhadores nas datas acordadas e do contrato de trabalho 10. Indícios de escravidão C - A propriedade agrícola deve ter políticas e procedimentos de pagamento que garantam o pagamento integral aos trabalhadores nas datas acordadas e do contrato de trabalho D - Os horários de trabalho, os períodos de descanso dentro da jornada de trabalho diária, E - Toda hora extra deve ser opcional. Não Capta Não Capta Capta Não Capta Não Capta

11. Exploração da mão-de-obra migrante através de contratos forçados com fornecedores de alimentos nas cidades de atuação e condicionamento do pagamento do transporte de ida e volta do trabalhador em relação a sua cidade de origem 12. Falta de assistência médica a todos os trabalhadores 13. Ausência de seguridade social provocada pelos contratos irregulares. 14. Falta de normas de segurança no trabalho. 15. Falta de classificação do nível de insalubridade do trabalho no corte da cana. 16. Falta de atividade de lazer nas horas de folga ao trabalhador migrante contratado pela usina 17. Falta de apoio ao aperfeiçoamento profissional para todos os trabalhadores do setor F - Os trabalhadores entre 15 e 17 anos não podem trabalhar mais de oito horas diárias, nem mais de 42 horas semanais G - A propriedade agrícola e seus supervisores não devem ameaçar, abusar ou assediar sexualmente, ou realizar outros tipos de maltrato verbal, físico, psicológico aos trabalhadores por nenhum motivo H - Os trabalhadores devem ter o direito de se organizar livremente, e de negociar voluntariamente suas condições de trabalho de maneira coletiva como estabelecido pelas Convenções 87 e 98 da OIT. A - A propriedade agrícola deve ter uma conduta social escrita I - A propriedade agrícola deve consultar e informar aos trabalhadores formal e oportunamente em relação às mudanças técnicas e organizacionais planejadas e seus possíveis impactos sociais, ambientais e econômicos. A2 - A propriedade agrícola deve ter um programa de saúde e segurança ocupacional cujo objetivo principal é identificar e minimizar ou eliminar os riscos ocupacionais dos trabalhadores D2 Acesso a pelo menos um check-up anual das condições de saúde L Todos os trabalhadores e suas famílias devem ter acesso a serviços médicos durante o horário de trabalho e em casos de emergência. F2 - A propriedade agrícola deve fornecer a seus trabalhadores em todas as áreas de trabalho, os serviços básicos, recursos e condições de trabalho necessários para cumprir os objetivos do programa de saúde e segurança ocupacional H - Os trabalhadores devem ter o direito de se organizar livremente, e de negociar voluntariamente suas condições de trabalho de maneira coletiva como estabelecido pelas Convenções 87 e 98 da OIT. B - A propriedade agrícola deve contratar diretamente sua mão-de-obra A2 - A propriedade agrícola deve ter um programa de saúde e segurança ocupacional cujo objetivo principal é identificar e minimizar ou eliminar os riscos ocupacionais dos trabalhadores B2 - A propriedade agrícola deve ter um programa de capacitação contínuo e permanente, projetado para a aprendizagem dos trabalhadores, para que estes possam realizar seus trabalhos de modo correto e seguro, especialmente em relação ao manejo de máquinas e equipamentos agrícolas. Não Capta Não Capta N - A propriedade agrícola deve colocar em prática um programa de educação dirigido ao pessoal administrativo e operacional B2 - A propriedade agrícola deve ter um programa de capacitação contínuo e permanente, projetado Não Capta Capta Capta parcialmente (não específico em relação à contratação) Capta Não capta Não capta Não Capta

sucroalcooleiro para a aprendizagem dos trabalhadores, para que estes possam realizar seus trabalhos de modo correto e seguro, especialmente em relação ao manejo de máquinas e equipamentos agrícolas. M - A propriedade agrícola deve ter mecanismos para garantir o acesso à educação aos filhos, em idade escolar, dos trabalhadores que vivam na propriedade agrícola Indicadores relacionados ao uso de agro-químicos, não apontados como relevantes nas atividades sucroalcooleiras C2 Capacitação dos trabalhadores que atual com agroquímicos E2 - O pessoal que aplica ou manuseia agroquímicos deve submeter-se a exame de colinesterase G2 - A propriedade agrícola deve manter normas estritas de segurança e ordem nas áreas de trabalho e nas áreas de estocagem com o objetivo de reduzir a possibilidade de acidentes. H2 - As oficinas e as áreas de estocagem de substâncias e materiais - que não sejam agroquímicos e substâncias inflamáveis ou tóxicas - devem ser projetados, construídos e equipados para reduzir os riscos de acidentes e de impactos negativos à saúde humana e ao ambiente I2 - A propriedade agrícola deve armazenar os agroquímicos de forma a minimizar o potencial de impactos negativos na saúde humana e no ambiente. A propriedade agrícola deve demonstrar que a localização das áreas de estoque de agroquímicos e combustíveis cumpre a legislação vigente J2 - A propriedade agrícola deve tomar medidas permanentes para reduzir o risco de acidentes e vazamentos de substâncias químicas durante o seu transporte até e dentro da propriedade agrícola K2 - A propriedade agrícola deve executar as medidas de segurança necessárias para proteger os trabalhadores que aplicam agroquímicos no campo. L2 - A propriedade agrícola deve ter ações permanentes para proteger trabalhadores, vizinhos e outras pessoas contra os efeitos de aplicações de agroquímicos e de insumos biológicos e orgânicos. M2 - Na propriedade agrícola deve existir banheiros e vestiários para todas as pessoas que apliquem ou entrem em contato com agroquímicos. N2 - Em nenhuma hipótese será permitido lavar a roupa utilizada nas aplicações de agroquímicos nas casas dos trabalhadores. O2 - A propriedade agrícola deve identificar e analisar os tipos de emergências potenciais causadas pela natureza ou pelo homem P2 - A propriedade agrícola deve ter equipamento necessário e acessível para prevenir e responder aos diferentes tipos de emergências identificados no plano de resposta a emergências. Q2 - As propriedades agrícolas devem implantar procedimentos documentados para proteger os trabalhadores de eventos climáticos extremos. Fonte elaborado pelos autores a partir da norma RAS e das denuncias apontadas pela CPT e MTE em relação de trabalho no setor sucroalcooleiro.

5. Conclusões O cultivo da cana-de-açúcar para a produção de combustível ganhou destaque nos últimos anos como uma alternativa de energia limpa e sustentável comparada aos combustíveis de origem fóssil. As pesquisas apontam que o nível de poluição provocado pelo álcool são menores que os da gasolina. O que é questionado pelo meio científico e pelo próprio mercado, é qual a capacidade real de produção de biocombustíveis para atender as necessidades de consumo do mercado. A sociedade em geral questiona pelo menos três aspectos do crescimento exponencial da área ocupada pelo cultivo de cana-de-açúcar: o primeiro diz respeito à pressão ambiental sobre os remanescentes de florestas e reservas, o avanço da cana provoca de forma direta e indireta pressão sobre novas áreas. Qual o limite de área usada para a produção de cana-de-açúcar, já que a mesma avança sobre as áreas que historicamente eram usadas por outras culturas? Transformado, principalmente o Estado de São Paulo em um mar de cana-de-açúcar e o terceiro e último questionamento é sobre quais os impactos da produção da cana-de-açúcar nas relações de trabalho e demais conflitos sociais relacionados ao trabalhador no corte da cana. O último questionamento, foco de interesse desse artigo, provocado pelos defensores da sustentabilidade do etanol de cana-de-açúcar, é se seria possível ser sustentável parcialmente. O destaque do etanol no mercado e na mídia nacional e internacional escondem a realidade do trabalhador no corte da cana. Considerando que nem toda a cana cultivada poderá ser colhida com máquinas. Qual a resposta a ser dada para os trabalhadores que nos últimos anos viveram precariamente do corte e que agora são substituídos por máquinas? Qual a possibilidade de ocupação dos mesmos pelo atual mercado de trabalho? A atividade do corte da cana é altamente insalubre e desgastante para o trabalhador e precisa ser melhor regulamentada, nesse sentido a certificação proposta pela Rede de Agricultura Sustentável (RAS) pode contribuir para a melhoria das condições de trabalho no setor. Apesar de que, alguns aspectos não são captados pela norma RAS. As usinas apontam que investem na melhoria das condições de trabalho no corte de cana e, igualmente, na preparação do trabalhador para a efetiva diminuição dos postos de trabalho no setor com a introdução da colheita mecanizada. Diferenças ocorrem entre as empresas, algumas delas têm investido em processo de treinamento e educação de seus funcionários, porém isso não é constado em todas empresas / propriedades, existem também grandes diferenças entre as regiões. Mas os dados da CPT e de outras organizações apresentados na pesquisa demonstram que a preocupação com as condições de trabalho no setor estão longe de atingir uma possível sustentabilidade. A responsabilidade de resolver o desemprego provocado pela mecanização do setor desse ser assumida pelas próprias usinas e pelo estado. A re-orientação das funções dos trabalhadores

nas atividades da usina é uma das alternativas, assim como oferecimento de cursos de qualificação profissional que contribuam para o trabalhador encontrar oportunidades de trabalho em outros setores da economia. Considerando a necessidade da mão de obra braçal para o setor de corte de cana de açúcar, é preciso indicar quais os principais pontos que sugerem sustentabilidade para a atividade: 1º correlacionar o desgaste da atividade ao número máximo de horas/dia de trabalho para o setor; 2º garantir à remuneração justa a atividade executada, impedindo que o trabalho seja remunerado apenas em acordo com a quantidade de cana cortada; 3º que os trabalhadores tenham registro em carteira e demais direitos trabalhistas; 4º garantir condições que preservem a saúde do trabalhador, através do acesso a equipamentos de proteção Segundo a IMAFLORA, no Brasil ainda não existe nenhuma propriedade do setor sulcroalcooleiro certificada pela RAS, o que foi realizado por eles foi a auditoria em algumas propriedades que têm o interesse em certificar-se. A norma foi revista e um adicional especifico para a cana-de-açúcar foi elaborado, na prática nenhuma propriedade e/ou empresa recebeu a avaliação e a certificação da RAS. A Certificação realizada através da norma RAS pode contribuir para a melhoria das condições de trabalho e consequentemente melhoria da qualidade de vida do trabalhador no corte da cana. A norma é capaz de agregar em seus indicadores praticamente todos os principais problemas encontrados no setor, vale ressaltar que algumas vulnerabilidades relativas às condições de vida do trabalhador foram encontradas na norma. A proposta de uma nova versão que capte melhor as fragilidades apontadas neste trabalho pode tornar o processo de certificação mais adequado, possibilitando uma melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores do processo produtivo da cana-de-açúcar. 6. Referências Bibliográficas ANDRADE, José M. Ferreira de; DINIZ, Kátia M. Impactos Ambientais da Agroindústria da Cana-de-açúcar: subsídios para a gestão. Piracicaba. ESALQ/USP (monografia especialização). p. 131. 2007. CPT (Comissão Pastoral da Terra). A OMC e os efeitos destrutivos da indústria da cana no Brasil. Recife. Cadernos de Formação 2/CPT. 24 p., 2006. Disponível em: < http://www.cpt.org.br/>. Acesso em: 27 abr. 2010. CPT (Comissão Pastoral da Terra). Conflitos no Campo Brasil 2009. São Paulo: Expressão Popular, p. 200. 2010.

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