EFEITO DE PALHA DE CANA-DE-AÇUCAR NA EMERGÊNCIA E NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE TRÊS CULTIVARES DE MAMONA. Instituto Agronômico de Campinas

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Transcrição:

EFEITO DE PALHA DE CANA-DE-AÇUCAR NA EMERGÊNCIA E NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE TRÊS CULTIVARES DE MAMONA Maria do Carmos de Salvo Soares Novo 1, Nilza Patrícia Ramos 2, Antonio Augusto do Lago 3 e Guilherme Calegari Marin 4 1 Instituto Agronômico de Campinas 1 mcdesalvo@hotmail.com; 2 npramos@iac.sp.gov.br; 3 aalago@iac.sp.gov.br; 4 guimarin@hotmail.com.br. RESUMO - O estudo do comportamento de oleaginosas, em áreas cobertas com palha da cana-deaçúcar é indispensável e urgente, para o entendimento dos possíveis benefícios e prejuízos que esta técnica pode trazer. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da palha de cana-de-açúcar na emergência e no desenvolvimento inicial de três cultivares de mamona. O experimento foi disposto em blocos ao acaso, com quatro repetições, na casa-de-vegetação em Campinas, SP, em vasos com Latossolo Roxo. Foi estudada a combinação entre quantidades de palha de cana-de-açúcar Saccharum spp. cv. SP803280 (o equivalente a 0, 5, 10, 15 e 20 t ha -1 ) e cultivares de mamona (IAC- Guarani, Íris e Exp-2028). Diariamente foi avaliada emergência das plântulas, o índice de velocidade de emergência (IVE), a porcentagem de emergência, a altura média das plantas e as biomassas fresca e seca da parte aérea. A adição de palha ao solo reduziu o índice de velocidade de emergência e de modo geral, aumentou a altura média e as biomassas fresca e seca da parte aérea das plantas. As cultivares que melhor se adaptaram às condições de solo coberto com palha foram IAC-Guarani e Exp- 2028. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a cultura da mamona tornou-se atrativa aos produtores em decorrência das previsões de aumento da demanda pelo seu óleo dada, principalmente, pela publicação da lei 11097 de 13 de janeiro de 2005, que autoriza o uso de misturas classificadas como B2 (mistura contendo 2% de biodiesel e 98% de diesel derivado de petróleo) para o ano de 2008 e B5 (5% de biodiesel) para 2012 (Decreto-lei nº 11097 de 13 de janeiro de 2005). A possibilidade de associação da cadeia produtiva da mamona com a da cana-de-açúcar pode fortalecer o potencial produtivo de biocombustíveis em nível regional, uma vez que, o álcool gerado na indústria impulsionaria as plantas de biodiesel e este alimentaria a frota de tratores e outros veículos pesados. A independência energética da cadeia canavieira encontra-se em ascensão, onde os resíduos geram energia elétrica e mesmo os sub-produtos alimentam a área de fertilizantes. Assim, a redução de gastos a ser gerada com a produção interna de combustíveis é bastante valorizada. A mamona destaca-se entre as oleaginosas pelo seu elevado teor de óleo e facilidade de manejo (SAVY FILHO, 2005). As grandes dimensões de suas sementes, com elevada quantidade de

reservas tende a favorecer sua emergência mesmo em condições adversas, porém os danos mecânicos podem ser altamente prejudiciais ao seu desempenho. Neste sentido, o estudo do comportamento de oleaginosas, em áreas cobertas com palhada da cana-de-açúcar é indispensável e urgente, para o entendimento dos possíveis benefícios e prejuízos que esta técnica pode trazer. Assim, o trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da palha de cana-deaçúcar na emergência e no desenvolvimento inicial de três cultivares de mamona. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado na casa-de-vegetação do Centro de Ecofisiologia e Biofísica, do Instituto Agronômico, em Campinas, SP, em vasos com Latossolo Roxo, cuja análise de fertilidade era: matéria orgânica: 25 g dm -3, ph em CaCl 2 5,2; P: 1,0 mg dm -3 ; K: 0,9 mmol c dm -3 ; Ca: 23 mmol c dm -3 ; Mg: 6 mmol c dm -3 ; H + Al: 28 mmol c dm -3, SB: 29,9 mmol c dm -3 ; CTC: 57,7 mmol c dm -3, V: 52%. O solo foi corrigido e adubado para possibilitar desenvolvimento adequado à cultura de mamona acordo com o recomendado por Savy Filho (1996). O experimento foi disposto na casa-de-vegetação em blocos ao acaso com quatro repetições sendo estudados como tratamentos a combinação entre quantidades de palha de cana-de-açúcar Saccharum spp. cv. SP803280 (o equivalente a 0, 5, 10, 15 e 20 t ha -1 ) e cultivares de mamona (IAC- Guarani, Íris e Exp-2028). Foram semeadas dez sementes por vaso. Diariamente foi avaliada emergência das plântulas e no final da experimentação foi calculado o índice de velocidade de emergência (IVE), a porcentagem de emergência, a altura média das plantas e a biomassa fresca e seca da parte aérea. Os dados de porcentagem de emergência foram transformados em arco seno de raiz quadrada de x/100 e submetidos à análise de variância usando o teste F. As diferenças entre cultivares tiveram suas médias comparadas pelo teste de Tukey. Para o efeito quantidade de palha foi usado ajuste empregando-se funções matemáticas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o IVE, não houve diferença estatística entre cultivares. Entretanto, a adição de palha de cana-de-açúcar reduziu linearmente este parâmetro (Fig. 1). Victoria Filho (1985) verificou que a adição de uma camada de palha sobre o solo causa impedimento físico que exerce diminuição da emergência causando estiolamento, tornando as plantas mais suscetíveis a danos físicos. O efeito físico da cobertura reduz a chance de sobrevivência de espécies com pouca quantidade de reserva das sementes. Se a camada da palha for muito espessa, mesmo para a mamona, que possui grande

reserva nas sementes, esta poderá não ser suficiente para garantir sua sobrevivência no espaço que deverá percorrer dentro da cobertura do solo, até que a plântula tenha acesso à luz e inicie o processo de fotossíntese (TEASDALE et al., 1991). É necessária maior quantidade de energia para as plântulas emergirem quando o os propágulos estão localizados a maior profundidade (MORTON e BUCHELE, 1960). Quando o solo estiver protegido por cobertura vegetal, as plantas que sobreviverem às dificuldades iniciais de estabelecimento serão beneficiadas pelos recursos do ambiente (THEISEN e VIDAL, 1999). Não houve diferença entre cultivares e quantidade de palha adicionada ao solo para porcentagem de emergência (dados não apresentados). Em relação à biomassa fresca da parte aérea, as cultivares comportaram-se de maneira diversa quanto ao efeito da camada de palha adicionada ao solo (Fig. 2). Para a cultivar IAC-Guarani, o modelo matemático que melhor se ajustou foi o recíproco. Houve aumento linear na biomassa fresca da parte aérea de `Íris com o aumento da quantidade de palha adicionada ao solo. A `EXP-2028 apresentou diminuição na biomassa fresca da parte aérea até a quantidade estimada de 13,4 t ha -1. A diferença no comportamento das cultivares pode estar associada ao efeito térmico causada no solo quando sob palha. Salton e Mielnickzuk (1995) observaram que solos sem cobertura vegetal apresentam, geralmente, maior amplitude térmica do que os protegidos com algum resíduo vegetal. A germinação e o desenvolvimento da parte aérea de muitas cultivares podem sofrer interferência em solo onde ocorre maior amplitude térmica na superfície. O conhecimento sobre a exigência de maior ou menor amplitude térmica para a emergência e o desenvolvimento de cultivares constitui-se no modo mais eficiente de controlar a germinação e o desenvolvimento das plantas. Geralmente, a alternância de temperatura acelera a germinação de muitas espécies e mesmo de diferentes cultivares (VIDAL e THEISEN, 1999). Quanto à diferença entre cultivares dentro de cada quantidade de palha colocada sobre o solo, verificou-se que houve diferença com a adição de 10 e 15 t ha -1 sendo que em ambas maiores valores de biomassas fresca e seca da parte aérea foram observados para EXP-2028 (Figs. 2 e 3). As cultivares IAC-Guarani e Exp-2028 apresentaram comportamento similar quanto as suas biomassas secas da parte aérea sendo que para ambas o modelo matemático que mais se ajustou foi o recíproco (Fig. 3). Estimou-se que a biomassa seca da parte aérea de `Íris` foi reduzida com a adição de 7,50 t ha -1. A altura de plantas das três cultivares aumentou linearmente com o aumento da quantidade de palha de cana-de-açúcar adicionada ao solo (Fig. 4). Quando comparou-se as cultivares dentro de cada quantidade de palha verificou-se que houve diferença para 5, 15 e 20 t ha -1. Com cinco e 20 t ha -1

foi observado, que não houve diferença entre IAC-Guarani e Íris que, de modo geral, apresentaram plantas com maior estatura que EXP-2028. Inexplicavelmente, com a adição de 15 t ha -1, IAC-Guarani apresentou plantas menores. CONCLUSÕES A adição de palha ao solo reduziu o índice de velocidade de emergência, mas, de modo geral, aumentou a altura média e as biomassas fresca e seca da parte aérea das plantas. As cultivares que melhores se adaptaram às condições de solo coberto com palha foram IAC-Guarani e exp-20.28. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MORTON, C.T.; BUCHELE, W.F. Emergence energy of plant seedlings. Agricultural Engineering, v.41, p.428-455, 1960. SALTON, J.C.; MIELNICKZUK, J. Relações entre sistemas de preparo, temperatura e umidade de um podzólico vermelho escuro de Eldorado do Sul (RS). Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.19, p.313-319, 1995. SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105 p. SAVY FILHO, A. 19.11 Mamona. In: RAIJ, B.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2 ª ed. Campinas: Instituto Agronômico & Fundação IAC. 1996. p.201. TEASDALE, J.R.; BESTE, C.E.; POTTS, W.E. Response of weeds to tillage and cover crop residue. Weed Science, v. 39, p.195-199, 1991. THEISEN, G. ; VIDAL, R.A. Efeito da cobertura do solo com resíduos de aveia-preta nas etapas do ciclo de vida do capim-marmelada. Planta Daninha, v.17, p.189-196, 1999. VICTORIA FILHO, R. Potencial de ocorrência de plantas daninhas em plantio direto. IN; FANCELLI, A.L.; VIDAL TORRADO, P.; MACHADO, J. Atualização em plantio direto. Campinas: Fundação Cargill, 1985. p.31-48a.

0,60 1 0,55 Y = 0,52-0,0062X r 2 = 67,12% 0,50 IVE 0,45 0,40 0,35 QUANTIDADE DE PALHA (T HA -1 ) Figura 1. Efeito da adição de palha sobre o solo no IVE. Campinas, 2005 2A 2B 40 3,60 BF PARTE AÉREA (g planta-1) 35 30 BS PARTE AÉREA (g planta -1 ) 3,40 3,20 3,00 25 QUANTIDADE DE PALHA (T HA-1) IAC-GUARANI ÍRIS EXP-2028 2,80 QUANTIDADE DE PALHA (T HA -1 ) IAC-GUARANI ÍRIS EXP-2028 Figura 2. Efeito da adição de diferentes quantidades de palha ao solo na biomassas fresca e seca da parte aérea de cultivares de mamona 25 4 ALTURA (cm) 20 15 10 QUANTIDADE DE PALHA (T HA -1 ) IAC-GUARANI ÍRIS EXP-2028 Figura 3. Efeito da adição de diferentes quantidades de palha ao solo na altura média das plantas de diferentes cultivares de mamona