MEDIÇÃO DE FRAÇÕES VOLUMÉTRICAS DE ESCOAMENTOS BIFÁSICOS BASEADA EM ANÁLISE DE VIBRAÇÕES

Documentos relacionados
PROJETO DE BANCADA EXPERIMENTAL PARA ANALISAR O ESCOAMENTO BIFÁSICO LÍQUIDO-GÁS EM UMA TUBULAÇÃO HORIZONTAL

SISTEMA NÃO INTRUSIVO PARA MEDIÇÃO DE FRAÇÃO VOLUMÉTRICA EM ESCOAMENTO BIFÁSICO ATRAVÉS DE ANÁLISE DE VIBRAÇÃO.

Escoamentos Bifásicos

ANÁLISE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM REGIME LAMINAR COMPLETAMENTE DESENVOLVIDO DE FLUIDOS IMISCÍVEIS (ÁGUA-ÓLEO)

1 - Motivações Produção de petróleo em poços brasileiros: ocorrência de escoamento trifásico; Possibilidade de elevação do petróleo assistida por água

Vazão. Conceito de Vazão

SIMULAÇÃO NUMÉRICA DA DETECÇÃO DE VAZAMENTO EM OLEODUTO CONTENDO CONEXÃO TÊ

Sumário. Apresentação... Prefácio... Lista de Variáveis...

PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

1 o Seminário do Grupo de Escoamento Multifásico Líquido-líquido-gás

4 Análise de Resultados

ANÁLISE DAS ESTATÍSTICAS DE ESCOAMENTOS BIFÁSICOS

5 Conclusões e Recomendações 5.1. Conclusões

Lista de Exercícios Perda de Carga Localizada e Perda de Carga Singular

DEPARTAMENTO DE ENERGIA LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS

Seqüência 1 - Motivações 2 Objetivos 3 Materiais 4 Métodos 5 Resultados 6 - Agradecimentos

4º Laboratório de EME 502 MEDIDAS DE VAZÃO

Levantamento de Perfis de Velocidades em Escoamento Estratificado Líquido-líquido via. Partículas (PIV)

ESCOAMENTOS UNIFORMES EM CANAIS

1. Introdução Motivação

3 Desenvolvimento Experimental

Medidor de Vazão Multifásica AGAR MPFM-50

UFPR - Setor de Tecnologia Departamento de Engenharia Mecânica TM Laboratório de Engenharia Térmica Data : / / Aluno :

Exercício 136 Dado: Exercício 137

hydrostec VÁLVULAS DE REGULAÇÃO MULTIJATO Atuador Redutor Transmissor de posição Suporte Arcada Corpo Eixo Placa móvel Placa fixa

ESTUDO DE BOLHAS ALONGADAS EM ESCOAMENTO HORIZONTAL BIFÁSICO GÁS- LÍQUIDO USANDO TÉCNICAS ÓPTICAS

5 Resultados de Campo

SENSOR NÃO INTRUSIVO PARA MEDIDAS DE FRAÇÃO VOLUMÉTRICA IN SITU ÓLEO E ÁGUA-AR. Marcelo Castro

ESTUDO DO DESLOCAMENTO DE FLUIDOS EM POÇOS DE PETRÓLEO

MECANISMOS DE SUPRESSÃO DA INTERMITÊNCIA DO ESCOAMENTO EM SISTEMAS DE BOMBEAMENTO SKID-BCSS

Exame de Admissão 2016/1 Prova da área de termo fluidos Conhecimentos específicos

ESTUDO NUMÉRICO DA INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE DO FLUXO BIFÁSICO NÃO-ISOTÉRMICO DE ÓLEO PESADO E GÁS NATURAL EM UM DUTO VERTICAL

BOMBA ELETROMAGNÉTICA DE CORRENTE CONTÍNUA APLICADA NO CONTROLE DE ESCOAMENTO DE METAIS LÍQUIDOS UTILIZADOS EM REATORES RÁPIDOS

SENSOR DE ANÉIS E PARA MEDIDAS DE FRAÇÃO VOLUMÉTRICA IN SITU EM ESCOAMENTOS. (parte 1)

Para fazer uma previsão do comportamento dinâmico dos protótipos propostos em termos das deformações aplicadas nas fibras e freqüências naturais de

PME/EP/USP. Prof. Antonio Luiz Pacífico

FACULDADE DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO - FESP LABORATÓRIO DE FENÔMENOS DE TRANSPORTE - BT1 CENTRO TECNOLÓGICO DE HIDRÁULICA - CTH

Análise com Fluidodinâmica Computacional do Efeito do Movimento Angular Jogo na Eficiência de Separadores Gravitacionais

Laboratório de Engenharia Química I Aula Prática 05. Medidas de vazão em líquidos mediante o uso da Placa de Orifício, Venturi e Rotâmetro.

7 Extração de Dados Quantitativos

ENGENHARIA FÍSICA. Fenômenos de Transporte A (Mecânica dos Fluidos)

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE PROJETO DE MEDIDORES DE VAZÃO TIPO VENTURI UTILIZANDO FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL

EXPERIMENTO 03. Medidas de vazão de líquidos, utilizando Rotâmetro, Placa de orifício e Venturi. Prof. Lucrécio Fábio

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE FRAÇÃO DE INJEÇÃO DE GÁS E DEFORMAÇÃO NO BOMBEIO CENTRÍFUGO SUBMERSO ATUANDO COM ESCOAMENTO BIFÁSICO

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Escoamento Interno Viscoso

Método e dispositivo para cálculo de compressibilidade de líquidos em sistema com volume constante

Experiência de Reynolds

ANÁLISE DO ESCOAMENTO MULTIFÁSICO NO BOCAL CONVERGENTE DE EJETORES MULTIFÁSICOS

ESTUDO NUMÉRICO DO DESLOCAMENTO DE FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS

Soluções Sonelastic. Catálogo Geral. ATCP Engenharia Física Divisão Sonelastic

Soluções Sonelastic. Catálogo Geral. ATCP Engenharia Física

PTC3421 Instrumentação Industrial. Vazão Parte II V2017A PROF. R. P. MARQUES

Amostras de Concreto Cilíndricas

PME Escoamento Viscoso em Condutos. Características Gerais Escoamento laminar Noções de camada limite. Alberto Hernandez Neto

RESUMO MECFLU P3. REVER A MATÉRIA DA P2!!!!! Equação da continuidade Equação da energia 1. TEOREMA DO TRANSPORTE DE REYNOLDS

Roteiro - Aula Prática Perda de carga:

SELEÇÃO DE BOMBAS HIDRÁULICAS

ESTUDO DO DESLOCAMENTO DE FLUIDOS EM POÇOS DE PETRÓEO. Aluna: Hannah Alves Pinho Orientador: Mônica F. Naccache e Aline Abdu

Instrumentos de Vazão. Adrielle C. Santana

Décima aula de FT. Segundo semestre de 2013

ESTUDO DE CASO: PROJETO DE UM TANQUE DE TESTE (DISPOSITIVO) PARA ENSAIOS DE VIBRAÇÃO DE BOMBAS DE COMBUSTÍVEIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL CURSOS DE ENGENHARIA DE ENERGIA E MECÂNICA MEDIÇÕES TÉRMICAS Prof. Paulo Smith Schneider

capítulo 1 NOTAS INTRODUTÓRIAS ESTADOS DE AGREGAÇÃO DA MATÉRIA LÍQUIDOS E GASES FORÇAS EXTERNAS 19

Technologic tools to support WIM systems development

ilustramos os dois mecanismos previamente descritos e associados ao aumento da fração volumétrica de água nas emulsões durante a produção de petróleo.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

TÉCNICO DE LABORATÓRIO/HIDRÁULICA

Escoamento completamente desenvolvido

4. Resultados Parâmetros de desempenho Variáveis de controle Tipo de nanopartícula

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DA SEPARAÇÃO DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO EM PENEIRAS VIBRATÓRIAS

6 Análise Dinâmica. 6.1 Modelagem computacional

1 Introdução. Figura Esquema offshore de produção de petróleo.

ROTORES, PASSAGEM PELA RESSONÂNCIA E IMPACTOS

Hidrodinâmica: Fluidos em Movimento

TÍTULO: QUANTIFICAÇÃO EXPERIMENTAL DA PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM ACESSÓRIOS PELO USO DE PIEZÔMETRO

CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA INTERFACIAL DE EMULSÕES DE ÓLEOS PESADOS

Medidor de vazão FlowPak Para aplicações sem trecho reto a montante e a jusante. Modelo FLC-HHR-FP

(Circuito Eletrônico)

PROJETO DE UM LOOP MULTIFÁSICO PARA ESTUDO DO PADRÃO DE ESCOAMENTO EM GOLFADAS. Henrique Silva de Andrade

Exercício 9 Água escoa do reservatório 1 para o 2 no sistema mostrado abaixo. Sendo:

SIMULAÇÃO 3D DA PERDA DE CARGA EM UMA TUBULAÇÃO PARA FLUXO LAMINAR UTILIANDO SOLIDWORKS.

TÍTULO: BOMBEAMENTO DE POLPA: CURVA EXPERIMENTAL DA PERDA DE CARGA EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE E VISCOSIDADE APARENTE DE SUSPENSÕES DE AREIA EM ÁGUA

Uma simples correlação para previsão de transferência de calor durante a ebulição convectiva em microcanais

Utilizando a Simulação no Chão de Fábrica

DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO NOS TUBOS DE SAÍDA LISO E DE CONCRETO DE UM RESERVATÓRIO PARA VÁRIAS TEMPERATURAS UTILIZANDO-SE O SCILAB

Figura 6-1: Ilustração do modelo utilizado no trabalho através do software PipeSim.

Dinâmica de Estruturas 5º Ano

Serviço de calibração acreditada de medidores de vazão em laboratório

8 Simulação e Análise dos Resultados

1 Introdução. 1.1 Histórico

2a LISTA DE EXERCÍCIOS

PDC Módulo 1 Mecânico dos Fluidos. Reinaldo Antonio Cardoso, (Nov/2017)

Disciplina: Sistemas Fluidomecânicos. Equação da Quantidade de Movimento para Regime Permanente

AVALIAÇÃO DA RIGIDEZ À FLEXÃO DE TORAS DE MADEIRA POR MEIO DE VIBRAÇÃO TRANSVERSAL BENDING STIFFNESS EVALUATION OF WOOD LOGS BY TRANSVERSE VIBRATION

PTC3421 Instrumentação Industrial. Vazão Parte I V2017A PROF. R. P. MARQUES

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ESCOLA DE ENGENHARIA

Sistemas de Aquisição e Processamento

Transcrição:

VI CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA VI NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING 18 a 21 de agosto de 2010 Campina Grande Paraíba - Brasil August 18 21, 2010 Campina Grande Paraíba Brazil MEDIÇÃO DE FRAÇÕES VOLUMÉTRICAS DE ESCOAMENTOS BIFÁSICOS BASEADA EM ANÁLISE DE VIBRAÇÕES Ranieri Ambrosio Merini, ramerini@petrobras.com.br Antonio Lopes Gama, agama@vm.uff.br Yan Barboza Bastos, yanbastos@hotmail.com Paulo Henrique Azeredo Walter Filho, paulowalter@yahoo.com.br Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica - PGMEC, Rua Passo da Pátria 156, Niteroi, RJ - 24210-240 Resumo: Este trabalho propõe o desenvolvimento de um sistema não-intrusivo para medição de fração volumétrica de escoamento bifásico gás-líquido baseado em análise de vibrações. O método consiste em excitar um conduto em freqüências elevadas utilizando um atuador e medir a vibração produzida com acelerômetros. Os sinais de excitação e resposta do conduto são enviados a uma unidade de processamento de sinais para geração de funções de resposta em freqüência do conduto. São estabelecidas correlações entre a variação das freqüências naturais do conduto com a fração volumétrica das fases de líquido e gás. Resultados numéricos e experimentais mostram que o método é capaz de apresentar grande sensibilidade às variações de fração volumétrica do escoamento bifásico em diferentes regimes de escoamento. Palavras-chave: escoamento bifásico, análise de vibrações, frações volumétricas. 1. INTRODUÇÃO A medição da vazão das fases de água, óleo e gás de um escoamento multifásico permite a otimização de diversas atividades realizadas na produção de petróleo. O conhecimento das frações produzidas por cada poço é de fundamental importância em qualquer esforço para se melhorar o fator de recuperação de reservatórios. O controle de processos de elevação artificial, por outro lado, ganha em simplicidade e robustez enquanto pode também ser otimizado ao dispor dessas medições. Outra aplicação da medição multifásica é nos testes de produção de poços onde os medidores multifásicos começam a substituir os volumosos separadores de teste de poços, permitindo também uma medição em tempo real durante transitórios com maior qualidade que a medição obtida com a utilização do separador. Até poucos anos atrás, a medição das vazões de cada fase de um escoamento multifásico era obtida somente após a passagem por um separador. Esta metodologia é ainda largamente utilizada, seja pelos altos custos dos medidores de vazão para escoamento multifásico ou pelo fato de que a qualidade da medição não atende as exigências da agência reguladora. Apesar de todos os esforços em diferentes áreas relacionadas com esta tecnologia, a medição de vazões em escoamento multifásico para cada poço ainda carece de desenvolvimento para sua utilização com qualidade e custo competitivo. Um dos procedimentos normalmente utilizados na medição de vazão de escoamentos bifásicos do tipo líquido-gás consiste na combinação de técnicas de medição da fração volumétrica das fases com métodos de medição da velocidade de escoamento. Num artigo publicado recentemente, Gama et al., 2009, obtiveram curvas de correlações entre a aceleração RMS medida em tubos e a velocidade superficial de mistura do escoamento bifásico. As curvas apresentadas são funções dependentes da fração volumétrica do escoamento bifásico. No mesmo estudo foram apresentados resultados preliminares de um método de medição das frações volumétricas em função da freqüência natural da tubulação. Conhecendo-se as duas variáveis aceleração RMS do tubo e fração volumétrica é possível a determinação da velocidade superficial de mistura e obtenção do fluxo mássico do escoamento bifásico. Desta forma, este trabalho propõe o desenvolvimento de um sistema não-intrusivo de medição das frações volumétricas para um escoamento bifásico baseado em análise de vibrações. A metodologia utilizada para obtenção das frações volumétricas é baseada na detecção de variação da freqüência natural da tubulação em função da fração volumétrica das fases do escoamento. O método consiste primeiramente em obter as funções de resposta em freqüência ou os espectros em freqüência dos sinais de vibração da tubulação ao ser excitada externamente por atuadores e submetida à escoamentos bifásicos com diferentes frações volumétricas. As funções de resposta em freqüência ou os espectros em freqüência são então analisados para obtenção de correlações entre as variações de freqüência natural do tubo e as frações volumétricas do escoamento. Foram analisadas diversas condições de escoamento, possuindo não apenas diferentes frações volumétricas, mas também diferentes distribuições espaciais das fases segundo os regimes de

escoamento bifásico. São apresentados resultados de testes com misturas de água e ar, realizados em tubos horizontais, que mostram a viabilidade do método proposto neste trabalho.. 2. ESCOAMENTO DE SISTEMAS LÍQUIDO-GÁS Em escoamentos bifásicos de sistemas líquido-gás podem existir várias formas de interação entre as duas fases (Mandhane et al.,1974), dependendo das condições operacionais (vazão, pressão, temperatura), das propriedades dos fluidos de cada fase (densidade, viscosidade, tensão superficial) e da geometria do sistema (dimensão, inclinação, forma). O padrão de fluxo depende principalmente das velocidades do gás e do líquido, e da relação gás/liquido. Os regimes de escoamento descrevem a distribuição espacial das fases conforme pode ser observado na Figura 1 no caso de tubos horizontais e verticais. Figura 1. Regimes de escoamentos bifásicos em tubulações verticais e horizontais O presente trabalho tem como principal objetivo realizar um estudo experimental sobre a possibilidade da determinação da fração volumétrica das fases de escoamentos bifásicos de líquido e gás através da análise de vibrações. O método apresentado neste trabalho baseia-se na variação da freqüência natural do tubo em função das frações de líquido e gás e será verificado para os casos de escoamentos em tubos horizontais. É importante notar que não apenas a fração volumétrica, mas também a distribuição espacial das fases pode ter considerável influência na freqüência natural do tubo. Para verificar o método proposto neste trabalho, serão realizados testes sob variadas condições de escoamento definidos através da velocidade de mistura V e a fração volumétrica de gás C G conforme a seguir: V = V L + V G (1) C V G G = (2) V

onde V L e V G são as velocidades superficiais de líquido e gás, respectivamente, dadas pelas expressões a seguir: Q V = L Q L A e G V A G = (3) em que Q L e Q G são as vazões volumétricas de água e ar respectivamente, e A é a área da seção transversal do tubo. As condições de escoamento utilizadas nos testes empregando um circuito de água e ar são mostradas na Tabela 1. As vazões volumétricas de ar variam na faixa de 0.88 a 16.8 m 3 /h e as vazões volumétricas de água na faixa de 0.18 a 5.30 m 3 /h. Tabela 1. Condições de escoamento utilizadas nos testes. Número Velocidade Superficial de Mistura Fração Volumétrica de Ar V (m/s) C G (%) Número Velocidade Superficial de Mistura Fração Volumétrica de Ar V (m/s) C G (%) 3. BANCADA DE TESTES 1 1 50 23 3 80 2 2 50 24 4 80 3 3 50 25 5 80 4 4 50 26 6 80 5 5 50 27 7 80 6 6 50 28 8 80 7 1 60 29 1 90 8 2 60 30 2 90 9 3 60 31 3 90 10 4 60 32 4 90 11 5 60 33 5 90 12 6 60 34 6 90 13 1 70 35 7 90 14 2 70 36 8 90 15 3 70 37 2 95 16 4 70 38 3 95 17 5 70 39 4 95 18 6 70 40 5 95 19 7 70 41 6 95 20 8 70 42 7 95 21 1 80 43 8 95 22 2 80 44 10 95 A Figura 2 apresenta o esquema do circuito de testes do laboratório utilizado para simulação do escoamento bifásico. O sistema consiste de uma bomba centrífuga com capacidade de vazão de 8 m³/h, um compressor de ar com capacidade de vazão de 30 m³/h, dois rotâmetros para medição das frações volumétricas de ar, dois rotâmetros para medição das frações volumétricas de água, válvulas manuais para controle das vazões, transdutores de pressão, reservatório de água e separador de mistura.

Seção de Teste Figura 2. Esquema do loop de testes do laboratório. A tubulação é de acrílico com diâmetro externo de 31,75 mm (1 ¼ ) e interno de 25,4 mm (1 ) fixada em uma bancada de aço. Todo o sistema está isolado através de conexões e mangueiras afim de evitar qualquer influência na seção de teste devido às vibrações da bomba, do compressor e das fixações. Na Figura 3, pode-se observar em detalhes a seção de teste que consiste num trecho reto da tubulação, de comprimento L, ancorada na bancada. Figura 3. Seção de teste e Sistema de Controle, Aquisição e Processamento de Dados 4. SISTEMA DE CONTROLE, AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO Os sinais de vibração, obtidos de acelerômetros instalados de forma a medir a vibração do tubo no plano vertical e no plano horizontal foram analisados utilizando um analisador de sinais dinâmicos comercial e um sistema desenvolvido utilizando a plataforma Labview TM. O sistema de controle, aquisição e processamento utilizado no ensaio e na aquisição de dados consiste de dois acelerômetros, um shaker, um condicionador de sinais, um amplificador de sinais, placa de aquisição/geração e software implementado em plataforma Labview. O ensaio é realizado da seguinte forma: é simulada uma situação de escoamento bifásico no loop de testes. O sistema de controle faz com que o shaker atue sobre a tubulação excitando-a numa determinada faixa de freqüência. O sinal de vibração resultante da excitação e do escoamento bifásico é adquirido pelo sistema de aquisição. Os sinais de

excitação e vibração da tubulação são enviados ao sistema de processamento de dados e através da função de resposta em freqüência o software identifica a freqüência natural do conjunto tubulação e escoamento. No diagrama da figura 3 é mostrada a lógica resumida de análise do software desenvolvido. Figura 4. Diagrama simplificado de análise do software. Os dados dos sinais dos acelerômetros e do sinal de excitação do shaker são gravados em um computador através do sistema de aquisição. Para cada condição de escoamento bifásico analisada os sinais de vibração foram adquiridos num período de 30 segundos a uma amostragem de 2048 pontos/segundo. 5. SIMULAÇÃO NUMÉRICA Análises numéricas utilizando o método de elementos finitos também foram realizadas utilizando o programa comercial ANSYS TM. As simulações foram feitas para tubos parcialmente cheios de água, onde empregou-se o elemento sólido SOLID186 modificado para modelar a água. As propriedades do tubo de acrílico utilizadas nas simulações estão na Tabela 2. Estas simulações tem como objetivo determinar as condições a serem empregadas nos testes experimentais e verificar as variações das freqüências naturais do tubo causadas por diferentes frações volumétricas e também por diferentes distribuições espacias das fases no interior do tubo. Verificou-se nas análises numéricas que uma maior sensibilidade às variações do conteúdo de água no tubo podem ser obtidas em freqüências mais elevadas, em que as mudanças no conteúdo de água produzem maiores variações nas freqüências naturais do tubo. 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES Tabela 2. Propriedades da tubulação utilizadas na simulação numérica Distância L (mm) 500 Módulo de Elasticidade (GPa) 2,4 Densidade (kg/m³) 1200 Os primeiros testes foram realizados em um tubo reto de 500 mm de comprimento na posição horizontal e engastado nas extremidades. O tubo foi excitado por um forçamento randômico na faixa de freqüência compreendida entre 0 e 1000 Hz, aplicado por um excitador eletromagnético. As funções de resposta em freqüência do tubo foram obtidas para diferentes condições de escoamento em que as frações volumétricas de ar C G variaram de 0 a 100%, ou seja as condições de escoamento monofásico de ar e água também foram utilizadas. Nestes testes, foi empregada uma mesma velocidade de mistura V. Os resultados mostraram que as variações na segunda freqüência natural do tubo permitiam obter uma melhor correlação com as frações volumétricas. A Figura 5 apresenta uma comparação entre os valores obtidos nos experimentos e nas simulações numéricas. Os resultados mostram uma boa concordância entre os resultados numéricos e experimentais apesar do modelo simplificado utilizado nas simulações. Nota-se também uma grande variação de freqüência em função das mudanças no conteúdo do tubo, possibilitando a detecção de pequenas variações de fração volumétrica.

Figura 5. Variação da segunda freqüência natural do tubo de 500 mm de comprimento em função da fração volumétrica de ar. As análises seguintes foram realizadas com o objetivo de avaliar o método proposto em condições de escoamento diversificadas, em que foram empregadas diferentes velocidades de mistura V e diferentes frações volumétricas de ar C G. Nos testes foi empregado um tubo de acrílico com 653 mm de comprimento ancorado nas extremidades. A Figura 6 mostra espectros em freqüência dos sinais de vibração no plano vertical medidos com o acelerômetro instalado no tubo, para uma mesma velocidade de mistura do escoamento (V = 3 m/s) e diferentes frações volumétricas de ar. Cada espectro mostrado na Figura 6 foi obtido a partir de uma média realizada com 40 espectros em freqüência. O tempo total para obtenção do espectro médio foi de cerca de 2 minutos, o que permite obter um espectro representativo de cada condição de escoamento. Figura 6. Espectros de vibração do tubo de 653 mm submetido à escoamentos com diferentes frações volumétricas de ar.

No método proposto é importante identificar as melhores faixas do espectro para que se possa determinar a fração volumétrica do escoamento em função da variação de freqüência natural do tubo. Na Figura 6 nota-se que a freqüência natural do tubo situada entre 600 e 800 Hz, apresenta maiores variações em função da fração volumétrica de ar presente no escoamento bifásico. Note que há um aumento evidente desta freqüência natural com o aumento da fração volumétrica de ar, e que o mesmo não pode ser dito para as outras freqüências naturais do tubo. A variação da freqüência natural do tubo compreendida entre 600 e 800 Hz em função da fração volumétrica de ar pode ser observada na Figura 7. Nota-se uma variação de cerca de 160 Hz para uma variação de 0 a 100% de fração volumétrica de ar, o que resulta em uma boa sensibilidade do método na determinação da fração volumétrica das fases do escoamento. 850 800 Freqüência Natural (Hz) 750 700 650 600 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Fração Volumétrica - C G (%) Figura 7. Variação de freqüência natural do tubo de 653 mm em função da fração volumétrica de ar. Testes adicionais foram agora realizados variando-se a velocidade de mistura do escoamento e mantendo-se a fração volumétrica constante. Estes tiveram como finalidade verificar as variações de freqüência natural causadas por diferentes velocidades de mistura, o que causa mudanças na distribuição espacial das fases. A Figura 8 mostra os resultados de testes realizados com escoamentos possuindo diferentes frações volumétricas de ar (C G = 40, 50, 70 e 90%) e velocidades de mistura que variaram de 2 a 5 m/s. Nota-se na Figura 8 que o comportamento da variação da freqüência natural do tubo em função da fração volumétrica se apresenta de forma semelhante para as diferentes velocidades de mistura. Deve-se ressaltar que cada ponto no gráfico da figura 8 corresponde a um valor de freqüência natural obtido de espectros de freqüência como o que foi apresentado na Figura 6, ou seja, provenientes de médias realizadas com 40 espectros.

800 780 Frequência Natural (Hz) 760 740 720 700 680 660 640 40 50 60 70 80 90 Fração Volumétrica - CG (%) J = 2 J = 3 J = 4 J = 5 Figura 8. Variação de freqüência natural do tubo de 653 mm em função da velocidade de mistura do escoamento bifásico. 7. CONCLUSÕES O presente trabalho apresenta um método para determinação da fração volumétrica de escoamentos bifásicos de líquido e gás baseado na variação de freqüência natural do tubo no interior do qual ocorre o escoamento. Resultados preliminares de testes realizados com diferentes condições de escoamento mostram que o método apresenta grande sensibilidade às variações de fração volumétrica do escoamento, entretanto ainda necessita de aperfeiçoamentos que permitam reduzir sua incerteza na determinação das frações volumétricas. Testes adicionais também devem ser realizados em uma faixa mais ampla de velocidades de mistura e com o tubo em diferentes posições, principalmente na posição vertical. 8. REFERÊNCIAS Gama, A. L., Ferreira, L. R. dos S. and Filho, P. H. A. W. 2009, Experimental Study on the Measurement of Two- Phase Flow Rate Using Pipe Vibration, 20th International Congress of Mechanical Engineering. Mandhane J.M., Gregory G. A.and Aziz K., 1974, A Flow Pattern Map for Gas-liquid Flow in Horizontal Pipes, Int. J. Multiphase Flow 1, 537-53. 9. DIREITOS AUTORAIS Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho.

VI CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA VI NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING 18 a 21 de agosto de 2010 Campina Grande Paraíba - Brasil August 18 21, 2010 Campina Grande Paraíba Brazil MEASUREMENT OF VOLUMETRIC FRACTIONS OF TWO-PHASE FLOW BASED ON ANALYSIS OF VIBRATION Ranieri Ambrosio Merini, ramerini@petrobras.com.br Antonio Lopes Gama, agama@vm.uff.br Yan Barboza Bastos, yanbastos@hotmail.com Paulo Henrique Azeredo Walter Filho, paulowalter@yahoo.com.br UFF, Department of Mechanical Engeneering, Rua Passo da Pátria 156, Niteroi, RJ - 24210-240 Abstrac:. This paper proposes the development of a non-intrusive measurement system of volume fraction of two-phase flow gas-liquid based on vibration analysis. The method is to excite a conduit at high frequencies using an actuator and measure the vibration produced with accelerometers. Signs of excitement and response of the conduit are sent to a unit of signal processing functions to generate frequency response of the conduit. Correlations are established between the variation of natural frequencies of the conduit with the volume fraction of the phases of liquid and gas. Numerical and experimental results show that the method is capable of great sensitivity to variations in volume fraction of twophase flow in different flow regimes. Keywords: two-phase flow, vibration analysis, volume fraction