PERCEPÇÃO DE MEDO NO ESTADO DE MINAS GERAIS Relatório de Andamento do Campo de Pesquisa Setembro de 2009
EQUIPE: Coordenação Geral da Pesquisa: Cláudio Chaves Beato Filho Equipe de Pesquisadores: Diogo Alves Caminhas Luiz Felipe Zilli do Nascimento Mateus Rennó Santos Rodrigo Alisson Fernandes Vinicius Assis Couto Estatístico Responsável pela Amostragem: Emílio Suyama 1
Sumário 1. INTRODUÇÃO...3 2. OBJETIVOS DO RELATÓRIO...3 3. SUPERVISÃO DAS ATIVIDADES DE CAMPO...4 4. ACOMPANHAMENTO DOS ENTREVISTADORES...4 I - SELEÇÃO DA RESIDÊNCIA E DO MORADOR ENTREVISTADO NO ANO DE 2008...5 II ABORDAGEM E APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS...5 2
1. Introdução O fenômeno da criminalidade violenta nas grandes cidades tem adquirido centralidade no contexto das discussões brasileiras acerca do bem estar da sociedade. Conhecer as principais características, bem como as dinâmicas geradoras desse fenômeno, no entanto, não constitui tarefa das mais simples. A exclusiva consideração dos números oficiais de registros criminais, por exemplo, esconde a diversidade de eventos que constituem o problema da violência e de seus impactos sobre as populações, além de situações que não são registradas por órgãos oficiais. Por outro lado, poucos estudos têm se preocupado com o impacto que o medo gera nas atividades cotidianas das pessoas. Alguns estudos se voltam para o impacto do medo na saúde coletiva dos indivíduos, outros por sua vez, se preocupam com o impacto em nível social e econômico que o medo pode gerar, por exemplo: processos de migração populacional, perda de recursos econômicos e financeiros e etc. Neste relatório parcial, apresentamos, preliminarmente, os principais procedimentos de fiscalização das atividades de coleta de dados, e, resumidamente, as atividades de campo até a presente data. Seja pelo tamanho da amostra de habitantes, de Belo Horizonte, sua Região Metropolitana e municípios do interior de Minas Gerais, a ser investigada (5190 entrevistados), seja pelo volume e consistência das informações colhidas /produzidas a partir da aplicação do instrumento de coleta de dados (o questionário, que contém cerca de 100 questões), esta pesquisa apresenta uma envergadura inédita em pesquisas do gênero no país. Em virtude do montante de questionários a serem aplicados e de variáveis consideradas, neste relatório não serão apresentados resultados substantivos consonantes com os dados que ainda estão sendo coletados. Mais especificamente, são apresentados apenas os aspectos descritivos das principais atividades de campo entre a ultima semana de agosto até a terceira semana de setembro de 2009. Há, portanto, ainda muito a ser feito, particularmente quanto à coleta substantiva dos dados, e quanto à supervisão e checagem desta coleta de dados nos próximos meses do ano de 2009. 2. Objetivos do Relatório O presente relatório tem como objetivo a apresentação dos procedimentos de supervisão do trabalho de coleta de dados, além de apresentar um panorama da atividade de coleta de dados até o presente momento. As atividades de campo, isto é, aquelas relativas à aplicação dos questionários no campo de pesquisa, estão sendo realizadas pelo Instituto Olhar Pesquisa e 3
Informação Estratégica, instituto de pesquisa contratado através de carta-convite. O Instituto Olhar mobilizou, nesta primeira etapa de aplicação de questionários, 36 entrevistadores com a proposta de realizarem todas as entrevistas previstas para o interior de Minas Gerais, e para Belo Horizonte e Região Metropolitana até o mês de outubro de 2008. As atividades de campo tiveram inicio em 29 de agosto de 2008 e tem previsão de término para 25 de outubro. 3. Supervisão das atividades de campo Além da supervisão realizada pelo instituto de pesquisa contratado para a obtenção dos dados, realizamos também a verificação das atividades de campo. O objetivo é conhecer as maneiras como os trabalhos de campo estarão sendo desenvolvidos, de modo a garantir a fidedignidade dos dados tanto no que diz respeito à amostra (essencial para que as conclusões da pesquisa possam ser generalizadas), quanto no que diz respeito à obtenção das informações fornecidas pelos entrevistados (aplicação dos questionários). Deste modo, a verificação a ser realizada pelo CRISP ocorrerá em duas fases. A primeira delas consisti em acompanhar alguns dos entrevistadores, durante seu trabalho de coleta de dados, com o intuito não apenas de supervisão mas também de corrigir eventuais problemas de campo, esta etapa já está sendo realizada. A segunda fase implicará na checagem dos questionários já aplicados, de modo a verificar a correção dos trabalhos realizados. Os questionários e pesquisadores acompanhados ou checados serão selecionados de modo aleatório. 4. Acompanhamento dos entrevistadores Esta fase da verificação dos trabalhos de campo está sendo desenvolvida por estagiários do CRISP devidamente treinados em metodologia de survey, que acompanham os pesquisadores durante suas atividades, observando seu trabalho e corrigindo eventuais falhas. Esta etapa privilegiou os seguintes aspectos: Identificação das residências e entrevistados selecionados na pesquisa de 2008 (sorteio entre todos os moradores da residência com auxilio da tabela de sorteio de KISH), ou seja, a fidelidade ao painel de amostra proposto; Comportamento do entrevistador durante a abordagem dos entrevistados e a aplicação dos questionários, bem como o seu desenvolvimento das entrevistas (nível de domínio e habilidade na apresentação das questões.) A seguir apresentamos algumas considerações sobre dificuldades encontradas nestes primeiros meses de pesquisa. 4
I - Seleção da Residência e do Morador Entrevistado no Ano de 2008 Nos casos apresentados pela supervisão, a lista de endereços dos entrevistados selecionados apresentou grande quantidade de erros de endereços e numeração incompleta ou incorreta. Essa situação proporcionou um atraso na previsão de andamento do campo de pesquisa. O fato dos endereços, em que foram realizadas as entrevistas no ano de 2008, apresentarem erros vem gerando grande dificuldade em se realizar as entrevistas com mais agilidade implicando em um significativo atraso em cumprir o cronograma proposto. Setores considerados, pelos supervisores e pesquisadores, tidos como de habitação das classes alta, do ponto de vista sócio econômico, representam dificuldades para a checagem das entrevistas. Este tipo de setor tem representado um empecilho para a abordagem dos entrevistados, com a ocorrência freqüente de recusas. Outro problema relatado, no que diz respeito ao preenchimento dos campos de endereço no questionário aplicado em 2008 e conseqüentemente tal situação tem gerado grandes dificuldades em se encontrar os entrevistados nos endereços selecionados. Tal fato, esta sendo contornado pelo agendamento feito por telefone e por visitas em campo de pesquisa para corrigir os endereços incompletos e incorretos com a ajuda dos vizinhos desses entrevistados Outros problemas na identificação dos entrevistados selecionados também foram observados. Em alguns casos foi detectado erros cometidos pelos entrevistadores na pesquisa de 2008, como duplicidade de entrevistas em um mesmo domicílio, o que acaba gerando um número alto de substituições no campo de pesquisa. Os entrevistadores, de um modo geral, têm respeitado rigorosamente a metodologia de seleção de residências proposta para essa pesquisa. II Abordagem e Aplicação dos Questionários As regiões centro e centro-sul da cidade representaram dificuldades para a abordagem dos entrevistados. Estas regiões são caracterizadas por moradores com maior poder aquisitivo. Os pesquisadores, nestas regiões, deparam-se com grande número de recusas por parte dos entrevistados que participaram da pesquisa em 2008 e se negam a participar da etapa de 2009. Nessas regiões estamos promovendo um rodízio de entrevistadores o que vem surtindo um pouco resultado. Outra solução adotada, é uma exaustiva distribuição de folders da pesquisa, informando sobre os benefícios da pesquisa para a população de BH e Região Metropolitana, e incentivar a participação em todos os segmentos socioeconômicos da cidade. 5
Nos poucos setores em que a aplicação dos questionários já foi realizada, encontramos dificuldades quanto ao receio de responder o questionário. Diferentemente da pesquisa aplicada no ano de 2009, nesta etapa registramos um grande número de entrevistados que ligam para a central de coordenação para maiores esclarecimentos da pesquisa e para confirmar a identidade dos entrevistadores que batem a sua porta. De um modo geral, os pesquisadores têm se mostrado aptos para o esclarecimento das propostas da pesquisa, bem como no que diz respeito à compreensão do conteúdo do questionário, realizando as entrevistas de modo pausado e claro. Os pulos de questões necessários foram feitos com correção, o que fez com que o tempo de entrevista não se prolongasse desnecessariamente. Em geral apresentam-se de maneira cortês, o que facilita o convencimento dos entrevistados quanto à seriedade da pesquisa e ao sigilo dos dados obtidos. Em apenas alguns dos setores, onde houve supervisão, não foram mencionados problemas de aplicação de questionários. Por outro lado, houve poucos casos em que a abordagem dos entrevistadores não pareceu suficientemente esclarecedora, gerando dúvidas acerca dos objetivos, do caráter sigiloso da pesquisa e sobre a aleatoriedade na seleção dos entrevistados. Abordagens não esclarecedoras geraram contatos, por telefone, com a equipe de supervisão do Instituto Olhar, no sentido de obtenção de informações sobre a pesquisa. De uma maneira geral, o principal obstáculo para a condução da pesquisa em Belo Horizonte, Região Metropolitana e interior é a grande quantidade de endereços incompletos ou incorretos. Essa situação se repetiu em quase todos os setores censitários amostrados, porém uma solução foi programada pelo amostrista responsável pela pesquisa para contornar esse obstáculo. 6