Aula 02 OS DISPOSITIVOS LEGAIS PARA LIBRAS. Olá Acadêmicos e acadêmicas!

Documentos relacionados
Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: DO DIREITO À EDUCAÇÃO

Da inclusão: Incluir por incluir?

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

O direito à Educação das pessoas com deficiência intelectual SAMIRA ANDRAOS MARQUEZIN FONSECA

DECRETO 7611/2011 Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências

Material Para Concurso

Dilemas e desafios da LBI ANNA GILDA DIANIN ARTHUR EMÍLIO DIANIN SALVADOR, 13 DE JUNHO DE 2016 V FÓRUM DE DIRETORES DAS ESCOLAS CATÓLICAS

EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Julho de 2018

Encontro Nacional de Coordenadores de Educação Profissional, Trabalho, Emprego e Renda.

A perspectiva da Inclusão como Direito Fundamental E Inovações do Estatuto da Pessoa com Deficiência

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa de Goiás JUSTIFICATIVA

A partir da década de 1990, no Brasil e no mundo, o paradigma tende a ser deslocado da integração para a inclusão. A Educação Inclusiva surgiu, e vem

A INCLUSÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NO CAMPUS NATAL-CENTRAL E A QUALIFICAÇÃO DOS PROFESSORES: DESAFIOS E PROPOSTAS

LEGENDAS NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, usando da competência

Ministério da Educação. Ivana de Siqueira Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Presidência da República

Parte 1 Código / Área Temática. Educação Especial

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA Secretaria Municipal de Educação Rua Bom Jesus, 18A Centro

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA CONSELHO SUPERIOR - CONSUP RESOLUÇÃO Nº 09, DE 28 DE MARÇO DE 2016

FACULDADE UNA DE UBERLÂNDIA COLEGIADO DE CURSOS RESOLUÇÃO Nº 34 DE 15 DE DEZEMBRO DE 2017

NOME DO CURSO:O uso do sistema de FM no ambiente escolar Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: Presencial

NOME DO CURSO: Atendimento Educacional Especializado na Perspectiva da Educação Inclusiva Nível: Especialização Modalidade: Presencial

RESOLUÇÃO Nº 030/2016 DE 17 DE JUNHO DE 2016

12 PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE E DE ATENDIMENTO A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA OU MOBILIDADE REDUZIDA

CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORAS(ES) ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO II. Professor Edson Aula 5

Caderno 2 de Prova PR08. Educação Especial. Professor de. Prefeitura Municipal de Florianópolis Secretaria Municipal de Educação. Edital n o 003/2009

Serviço Público Federal Ministério da Educação Universidade Federal Fluminense

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - SEMEC CONCURSO PÚBLICO N.º 01/2011 EDITAL N.º 01/2011, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011.

REGULAMENTAÇÃO INTERNA NÚCLEO DE APOIO ÀS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECÍFICAS NAPNE \CAMPUS BARREIRAS

Material elaborado pela professora Tásia Wisch - PNAIC

POLÍTICA DE ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DO UNIBAVE

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO E PEDAGÓGICO PLANEJAMENTO. Diretrizes Legais 2019

DECRETO N , DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999

LEI DA LIBRAS E O ENSINO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - SEMEC CONCURSO PÚBLICO N.º 01/2011

Caderno 2 de Prova AE02. Educação Especial. Auxiliar de Ensino de. Prefeitura Municipal de Florianópolis Secretaria Municipal de Educação

EMENDAS AO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO MANDATO COLETIVO TARCÍSIO MOTTA

NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

PORTARIA Nº 07, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2014

Lei n.º de 20 de dezembro de 1996 Lei Orgânica e Geral da Educação no Brasil. Profº Carlinhos Costa

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE APOIO À ACESSIBILIDADE NA FACULDADE EVANGELICA DE RUBIATABA

NOME DO CURSO: O Ensino da Língua Brasileira de Sinais na Perspectiva da Educação Bilíngue Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: A distância

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

LDB Introdução. Conceito de Educação 12/07/2017

Inclusão e Acessibilidade no Trabalho. XXXV Encontro Nacional de Dirigentes de Pessoal e Recursos Humanos das Instituições Federais de Ensino

ANTONIO VENÂNCIO CASTELO BRANCO Reitor e Presidente do Conselho Superior

COLEGIADO DE CURSOS FACULDADE UNA DE BETIM RESOLUÇÃO 01/2016. Institui a Política de Acessibilidade e Atendimento para Estudantes com Deficiências.

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (LEI Nº /2015) Aula I Curso para o concurso: TRE-PE PROFESSOR MATEUS SILVEIRA

Caderno de Prova 2 PR08. Educação Especial. ( ) prova de questões Objetivas. Professor de

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO EDITAL DE PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO 2017

COMPÊNDIO DE NORMAS QUE REGULAMENTAM A INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS EDUCANDOS COM TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

Base Nacional Comum. Currículo em discussão...

O QUE PRECISO SABER DA. Lei de 24 de abril de 2002

EDUCAÇÃO ESPECIAL. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial.

Lei de Diretrizes e Bases

RESOLUÇÃO N o 376 DE 02/08/ CAS

REGULAMENTO NÚCLEO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL AO DISCENTE FACULDADE CNEC ILHA DO GOVERNADOR

MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE

NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

ANEXO I. Habilitação e Escolaridade exigidas para atuação em escolas da Rede Municipal de Ensino de Mariana. Habilitação e Escolaridade

GLOSSÁRIO. Veja a seguir um glossário das necessidades especiais/educação Especial, segundo o Instituto Ethos (2005).

FACULDADE ATENEU - FATE REGULAMENTO DO NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE

1º A disciplina Introdução à Língua Brasileira de Sinais Libras terá duração de 30 horas.

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO INTERIOR DO RIO DE JANEIRO

NOME DO CURSO: Atendimento Educacional Especializado na Perspectiva da Educação Inclusiva Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: Presencial

Oficina para Comunicação Assistiva em Deficiência Auditiva

LEI Nº DE 30 DE DEZEMBRO DE 2009 TÍTULO I PRINCIPAIS BASES DE ORDEM LEGAL TÍTULO II CONCEITUAÇÃO E ÓRGÃOS DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO

LEI Nº DE 30 DE JUNHO DE 2017

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 001/2016

Importante!! Lei nº de 24 de abril de 2002:

NOME DO CURSO: O uso pedagógico dos recursos de Tecnologia Assistiva Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: Presencial

NOME DO CURSO: Acessibilidade na Atividade Física Escolar Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: A distância

ÍNDICE 1 - REGIMENTOS E LEGISLAÇÃO DE ENSINO

RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO AÇÕES EDUCACIONAIS INCLUSIVAS

FICHA ENS. FUND. II - 01 DIRETRIZ ESTRATÉGIAS

Rodrigo Machado Merli Diretor Escolar da PMSP Pedagogo Didática de Ensino Superior PUC/SP Estudante de Direito

Ângela Maria Paiva Cruz REITORA

PARECER HOMOLOGADO Despacho do Ministro, publicado no D.O.U. de 26/1/2016, Seção 1, Pág. 5. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

ANEXO I DO EDITAL DETALHAMENTO DOS SERVIÇOS

Contribuição das Apaes na defesa e garantia da Educação para as pessoas com deficiência intelectual

Resolução CNJ nº 230/2016

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR

BNCC ENSINO FUNDAMENTAL

PREFEITURA MUNICIPAL DE BLUMENAU SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DIRETORIA DE PROGRAMAS E PROJETOS INTEGRADOS

COLEGIADO DE CURSOS FACULDADE UNA DE UBERLÂNDIA RESOLUÇÃO Nº 18 DE 13 DE JULHO DE 2017

RESOLUÇÃO Nº. 01/2016- COMED / MACEIÓ

MANUAL DE ORIENTAÇÃO PARA SOLICITAÇÃO DE SERVIÇOS E RECURSOS DE ACESSIBILIDADE POR CANDIDATOS COM DEFICIÊNCIA E OUTRAS CONDIÇÕES ESPECIAIS COMPERVE

O Atendimento Educacional Especializado - AEE

Lei Complementar Nº 58 de 13 de setembro de 2004 de Natal

O ENSINO DE LIBRAS NO CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA: COMO O DOCENTE ARTICULA SUA PRÁTICA A PARTIR DO OLHAR DO ALUNO

Caderno de Prova 2 AE02. Educação Especial. ( ) prova de questões Objetivas. Auxiliar de Ensino de

Transcrição:

Aula 02 OS DISPOSITIVOS LEGAIS PARA LIBRAS Olá Acadêmicos e acadêmicas! O tema desta aula compreende um conjunto de Leis e Documentos oficiais que são dispositivos legais para efetivação das políticas públicas. Nesse viés, não é e nem poderia ser diferente a luta da comunidade surda que avança a cada dia, propondo discussões embasadas nas leituras e interpretações dos documentos que preconizam a respeito dos avanços que a comunidade surda vem conquistando, favorecendo aos futuros (as) profissionais de Educação Física, Estética e Radiologia, um conhecimento das discussões emergente da LIBRAS, como um caminho para a compreensão da pessoa surda e consequentemente na sua atuação profissional, com a intenção de conhecer e reconhecer, que a conquista de um direito não pode ser banalmente questionada sem um conhecimento das lutas históricas dos que lutam por tal direito. SEÇÃO 1 OS DISPOSITIVOS LEGAIS INTERNACIONAIS E NACIONAIS Olá! Pessoal, Vocês sabiam que a Declaração de Salamanca é o primeiro Documento que orienta para a utilização da linguagem de signos como meio de comunicação dos estudante surdos? Aqui no Brasil é chamada de Língua Brasileira de Sinais 29

A Declaração de Salamanca, em 1994, (sem esquecer a Conferência de Jomtiem, 1990) é um marco importante no que concerne a materialização do direito, enquanto política de inclusão dos estudantes com deficiência no ensino regular no Brasil. Os fatores decisivos para que assumissem essa posição foram à constatação de que qualquer criança possui características, interesses, habilidades e necessidades únicas, de modo que a escola precisa se adequar a ela através do currículo, instrução e serviços educativos, e a perspectiva política da construção de um sistema escolar de qualidade para todos. Nesse sentido a Declaração de Salamanca (1994) apresenta uma perspectiva política e social, isto é, a inclusão de toda e qualquer criança no ensino regular, independente de suas condições físicas ou de sua origem social ou cultural. Com relação à educação de surdos, o documento reconhecer a necessidade de escolarização especial em casos determinados, como o reconhecimento da Língua de Sinais como meio de comunicação para os surdos. Imagem: Declaração de Salamanca Fonte: http://pt.slideshare.net/jmnamaral/declarao-salamanca-1994. Acesso dia 26/06/2016 1.2 OS DISPOSITIVOS LEGAIS PARA EDUCAÇÃO DO SURDO NO BRASIL Com a redemocratização do Estado brasileiro, marcado pela Constituição Federal de 1988, que salienta em seu artigo 208 que é dever do Estado a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. A partir da Constituição Federal e, considerando sua importância no país, muitas outras Leis e demais instrumentos legais passam a salientar a garantia de se educar a todas as pessoas, independente de quaisquer condições, na rede regular de ensino. 30

Imagem: Constituição Brasileira de 1988. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/constitui%c3%a7%c3%a3o_brasileira_de_1988#/media/ File:Bandeira_do_Brasil_Constiti%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil.JPG. Acesso dia 26/06/2016. Como veremos à frente, em 2002, o governo brasileiro aprova a lei de Libras (lei nº. 10.436/2002) que é regulamentada em 2005, por meio de Decreto nº. 5.626 de 22 de dezembro desse ano. Em 2001 a Resolução do Conselho Nacional de Educação CNE nº.02, de julho de 2001, no artigo primeiro, parágrafo único, estabelece que o atendimento escolar de alunos que apresentem Necessidades Educacionais Especiais terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas e lhes serão assegurados os serviços de Educação Especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado. No artigo segundo teremos que, os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas se organizarem para o atendimento de alunos com necessidades especiais (hoje estudantes com deficiência), assegurando-lhes as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. Concluímos que, se essa Resolução garante a educação para todos os alunos com Necessidades Educacionais Especiais, devemos entender que o Surdo também é contemplado. Também o referido documento, no artigo quinto, inciso I, ainda podemos ler que são considerados educandos com Necessidades Educacionais Especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) Aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; b) Aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências. Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos demandam a utilização de linguagem e códigos aplicáveis. 31

Fonte:https://www.bing.com/images/search?q=lei+de+libras&view=detailv2&id. Acesso dia 26 jun. 2016 O Parecer CNE nº. 17, de junho de 2001, cujo que preconiza os serviços da Educação Especial orienta que a Educação Especial deve ocorrer em todas as instituições escolares que ofereçam os níveis, etapas e modalidades da educação escolar previstos na LDB (9394/96). Deve propiciar o pleno desenvolvimento das potencialidades sensoriais, afetivas e intelectuais do aluno, mediante um projeto que contemple além das orientações comuns - cumprimento dos duzentos dias letivos, horas aula, meios para recuperação e atendimento do aluno, avaliação e certificação, articulação com a família e a comunidade um conjunto de outros elementos que permitam definir objetivos, conteúdos e procedimentos relativos à própria dinâmica escolar. Com isso fica assegurado a Educação Especial nas escolas públicas e privadas da rede regular de ensino, com base nos princípios da escola inclusiva. Que deve garantir não somente o acesso a matricula, mas, sobretudo, assegurar a permanência e as condições para o sucesso escolar de todos os estudantes. No que diz respeito à organização do atendimento na rede regular de ensino, esses serviços de apoio pedagógico especializado ocorrem no espaço escolar e envolvem professores com diferentes funções, entre eles os professores-intérpretes, que são profissionais especializados para apoiar alunos Surdos, Surdos-cegos 1 e outros que apresentem sérios comprometimentos de comunicação e sinalização. Segundo o documento todos os professores da Educação Especial e os que atuam em classes comuns deverão ter formação para as respectivas funções, principalmente os que atuam em serviços de apoio especializado. A inclusão de alunos com Necessidades Educacionais Especiais em classe comum do ensino regular, como meta das políticas de educação, exige interação constante entre professor da classe comum e os dos serviços de apoio pedagógico especializado, sob pena de alguns educandos não atingirem rendimento escolar satisfatório. 1 O termo surdo-cego designa as pessoas que apresentam a perda total ou parcial dos sentidos da audição e visão. BRASIL. Surdocegueira e Deficiência Múltipla. Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. MEC/Brasília, 2010. Disponivel em: http://surdocegueiraufmg.blogspot.com.br/, Disponível dia 26 jun. 2016. 32

Recomenda-se que o professor para atuar com esses alunos em sala de aula da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, tenha complementação de estudos sobre o ensino de línguas: Língua Portuguesa e Língua Brasileira de Sinais. O documento recomenda também que o professor para atuar com alunos surdos em sala de recursos, principalmente a partir da 5ª série do ensino fundamental, tenha, além do curso de Letras e Linguística, complementação de estudos ou cursos de pós-graduação sobre o ensino de línguas: Língua Portuguesa e Língua Brasileira de Sinais. Sobre a adequação curricular o parecer ainda traz os currículos que devem ter uma base nacional comum, conforme determinam os artigos 26, 27 e 32 da LDB (9394/96), a ser suplementada ou complementada por uma parte diversificada, exigida, inclusive pelas características dos alunos. As dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se como um contínuo, compreendendo desde situações mais simples e/ou transitórias-que podem ser resolvidas espontaneamente no curso do trabalho pedagógico - até situações mais complexas e/ou permanentes-que requerem o uso de recursos técnicos especiais para que seja viabilizado o acesso ao currículo por parte do educando. Atender esse contínuo de dificuldades requer respostas educativas adequadas, que abranja graduais e progressivas adaptações de acesso ao currículo. As reivindicações dos Surdos em todo o país foi o de acatar orientações de alguns dos documentos citados, em 24 de abril de 2002, foi editada a lei nº10. 436, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais e dá outras considerações. Podemos resumir essa lei que foi regulamentada em 22 de dezembro de 2005, pelo decreto nº. 5626, distribuindo sua essência em quatro capítulos: 1. Artigo 1º - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais-Libras e outros recursos a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais_ Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidade de pessoas surdas do Brasil. 2. Artigo 2º - Deve ser garantido, por parte do poder público, em geral e empresas 33

concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da língua Brasileira de Sinais-Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. 3. Artigo 3º - As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 4. Artigo 4º - O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do distrito federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais-Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo Único. A língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. A visão da deficiência deve ser afastada para garantir esse espaço, uma vez que o estudo de Língua Portuguesa demanda estudos diferenciados. Portanto, as políticas públicas devem compreendê-los como grupo linguístico que dependem também que a própria escola se torne bilíngue. Entre as diversas preocupações que se deve ter em relação à garantia da Língua Portuguesa para Surdos é como avaliar as produções desses alunos. Por exemplo a correção das redações. Outro dispositivo de empoderamento das pessoas com deficiência, dentre elas, as pessoas surdas, é a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Essa lei é fruto das lutas dos movimentos de pessoas com deficiência, a fim de obter maior força legal dos seus direitos. O referido Estatuto foi aprovado mediante a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Veja a seguir o capítulo IV, que trata do direito á educação. Por se tratar da educação do surdo, o que está negritado foi visando dar destaque. LIVRO I CAPÍTULO IV - DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma 34

de violência, negligência e discriminação. Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino; VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva; VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com deficiência; X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado; XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio; XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação; XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas; 35

XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento; XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar; XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino; XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas públicas. 1o Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações. 2o Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte: I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras; (Vigência) II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível superior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras. (Vigência) Art. 29. (VETADO). Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas as seguintes medidas: I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de Ensino Superior (IES) e nos serviços; II - disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para que o candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários para sua participação; III - disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendimento às necessidades específicas do candidato com deficiência; IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados, previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência; V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência, 36

tanto na realização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação e comprovação da necessidade; VI - adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de redação que considerem a singularidade linguística da pessoa com deficiência, no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa; VII - tradução completa do edital e de suas retificações em Libras. Fonte:www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em 29 jun. 2016. Seção 2 As Leis que asseguram a LIBRAs em Mato Grosso do Sul e no município de Campo Grande Olá, na segunda parte deste estudo vamos conhecer Os documentos legais que asseveram a LIBRAS em Mato Grosso do Sul e Campo Grande - MS. FIGURA 2 e 3: Leis que tratam da educação de surdos em Mato Grosso do Sul 37

38 Libras - Claunice Dorneles - UNIGRAN

FIGURA 4: Lei municipal que institui o Dia da Surdo no Município de Campo Grande capital de Mato Grosso do Sul Finalizando, as leis, sejam elas de amplitude internacional, nacional, estadual e/ou municipal nos empurra para frente, para a conquista de direitos, do lugar cultural e da história. 39

RETOMANDO A CONVERSA INICIAL Seção 1 - OS DISPOSITIVOS LEGAIS INTERNACIONAIS E NACIONAIS Nessa parte da aula foi apresentado as principais legislações que preconizam o direito da comunidade surda, dentre eles a Língua Brasileira de Sinais. Nesse entendimento, na sociedade brasileira a legislação sobre os surdos é presente e abundante, nas quais visam o pleno direito à diferença, como por exemplo, a educação especial, a educação inclusiva no sentido de assegurar o direito à educação. ] A LIBRAS, como toda língua atende aspectos peculiares da regionalização dos sinais, no entanto, não apresenta uma barreira para compreensão completa da mensagem. Quanto a legislação, as leis estaduais e municipais, seguem o fio condutor dos tratados que o Brasil é signatários, firmados nas leis nacionais.. Seção 2 As Leis que asseguram a LIBRAS em Mato Grosso do Sul e no município de Campo Grande Como já foi descrito na seção 1, no Brasil, a Língua de Sinais é oficial de uso dos surdos, garantida pela lei 10.436, de 24 de abril de 2002, também cada Estados brasileiros têm a lei que defende língua de sinais e a torna de uso oficial nestes Estados, bem como seus munícipes. Em Mato Grosso do Sul, a primeira Lei foi a de n.1.693, de 12 de setembro de 1996, que passou a reconhecer no Estado de Mato Grosso do Sul, a língua gestual, codificada na Libras, como meio de comunicação objetiva de uso corrente e de acessibilidade aos surdos. 40

A primeira escola para surdos em Campo Grande é o Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente da Áudio Comunicação (CEADA), que atendia/atende estudantes surdos da capital Campo Grande. LEITURA Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/ Lei/L13146.htm. Acesso 29 junh. 2016. Política Educacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf DAMÁZIO, M. F. M. Atendimento Educacional Especializado: pessoa com surdez. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. 52 p. Declaração de Salamanca e Linhas de Ações sobre Necessidades Educativas Especiais. Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais, de 7 a 10 de junho de 1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/>. Acesso em: 26 abr. 2012 SITE (www.infoescola.com/portugues/lingua-brasileira-de-sinais-libras) (http://www.portaldosurdo.com/index.php?option=com_content&view=article &id=208&itemid=194) 41

Silêncio que fala (I) Fonte: http://culturasurda.net/2014/01/12/jpb-o-silencio-que-fala-i/. Acesso em 28 junh. 2016 Seu nome é Jonas.wmv.wmv Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=7lvjv-jpguc. Acesso em 29 junh. 2016 Atividades da Aula 02 Após terem realizadoa leitura dos assuntos abordados, na Plataforma do CEAD Atividades estão disponíveis os arquivos com as atividades referentes a esta aula, que deverão ser respondidas e enviadas por meio do Portfólio - ferramenta do ambiente de aprendizagem UNI- GRAN Virtual. 42