Previdência Complementar na Austrália e no Chile: Caricaturas e Realidades Heinz P. Rudolph Economista Financeiro Principal Banco Mundial
Caricaturas de Previdência Complementar Modelo Australiano tem dado certo [2]
Caricaturas de Previdência Complementar Modelo Australiano tem dado certo Modelo Chileno não tem dado certo [3]
A realidade é mais complexa Fonte: OECD [4]
A realidade é mais complexa Fonte: OECD [5]
Ambos sistemas previdenciários vão oferecer taxas de reposição baixas 1. Onde estão as principais diferenças a. Etapa de maturação do sistema previdenciário b. Nível de desenvolvimento dos países c. Formalização do mercado de trabalho 2. Principais desafios a. Eficiência na gestão de investimentos b. Custos de gestão dos fundos de pensão c. Mecanismo de pagamento de benefícios previdenciários d. Alíquotas de contribuição e idade de aposentadoria [6]
Desenho do sistema: três pilares Pilar não contributivo Pilar obrigatório (previdência complementar privada) Pilar voluntário [7]
Desenho do sistema: três pilares Pilar não contributivo: Focado nas pessoas de baixa renda (earmarked) Chile: 0.6% do PIB Austrália: 3.5% do PIB Chile: Pobreza nos distintos níveis de renda das pessoas (% do grupo etário) Fonte: Ministério da Fazenda do Chile [8]
Desenho do sistema: três pilares Pilar obrigatório: Previdência complementar privada i. Chile: apenas fundos de pensão abertos ii. Austrália: Fundos abertos, corporativos, industriais, multipatrocinados, etc Grande limpeza dos fundos pequenos (1990s e 2000s) Melhoramento dos governos corporativos Bom trabalho na capitalização dos fundos de pensão [9]
Desenho do sistema: três pilares Pilar voluntário Chile: AFPs, companhias de seguros, administradores de fundos, bancos, etc. Austrália: Mesmas instituições que administram os fundos obrigatórios [10]
Maturação dos sistemas previdenciários Chile Austrália Madures do sistema Maduro (36 anhos) Transição (10 20 anos) Modelo anterior Reparto Fundos Benefício Definido Aposentados atuais Majoritariamente com o sistema novo Majoritariamente com o sistema antigo Em 2006, 97% dos contribuintes com sitsmes mistos (BD e CD) Alíquotas de contribuição 10% 1991-2003: de 3% a 9% 2015-2021: de 9 a 12% [11]
Não é possível fazer milagres com alíquotas de contribuição de 10%-12% Ainda que a rentabilidade anual dos fundos de pensão Australianos tenha sido superior nos últimos anos a outros países da OCDE, é difícil replicar essas rentabilidades no futuro Rentabilidade dos fundos de pensão (Média anual 2011-2015) Fonte: OECD, APRA, Credit Suisse [12]
O grau de formalização do mercado de trabalho afeta a capacidade de receber aposentadorias adequadas Chile: Densidade de contribuição dos participantes no sistema previdenciário, 2010-2013 Fonte: Pesquisa de Proteção Social [13]
As baixas taxas de reposição têm muita relação com a dinâmica do mercado do trabalho Chile: Taxas de reposição pelos anos cotizados Fonte: Ministério da Fazenda do Chile [14]
Austrália depois da transição Ainda que a baixa densidade de contribuição no Chile seja um problema, o sistema precisa de maiores alíquotas de contribuição O sistema Australiano também terá desafios à frente Se bem a maior formalização do mercado de trabalho na Austrália permite maior densidade de contribuições do trabalhador médio, as baixas alíquotas de contribuição podem ser insuficientes para oferecer adequadas taxas de reposição [15]
O qual é o problema com o pilar solidário Chileno Ainda que o pilar solidário Chileno tenha sido eficiente em reduzir a pobreza, a classe média está demandando melhores aposentadorias Os incrementos da alíquota de contribuição e idade de aposentadoria teriam que ter sido feitos há pelo menos uma década. Se quiser melhorar as aposentadorias atuais, o governo chileno precisa aumentar a tributação Proposta do governo em 2017 incrementa a alíquota de contribuição em 5%, dos quais 2% são redistributivos A proposta do governo atual não considera incremento da idade de aposentadoria das mulheres Uma exceção dentro dos países da OCDE que estão equalizando a idade de aposentadoria entre homens e mulheres Campanhas de comunicação dos gestores de fundos de pensão (AFPs) tem batido de volta. [16]
Manifestações e equilíbrio fiscal Ainda que seja compreensível que as pessoas que estão prestes a se aposentar ou os aposentados demandem melhores aposentadorias, é importante que os governos resguardem o equilíbrio fiscal [17]
Manifestações e equilíbrio fiscal Inexplicável comportamento dos jovens: eles seriam os principais prejudicados com uma volta ao sistema redistributivo PAYGO (probabilidade mínima de acontecer) [18]
O modelo Chileno apresenta também fortalezas Passivos previdenciários do governo são o menor dentro dos países da OCDE Alta taxa de anuitização (% dos aposentados que compra rendas vitalícias) e, portanto, proteção dos riscos de longevidade Boa diversificação de investimentos dos fundos de pensão [19]
A Austrália precisa continuar fazendo reformas......para evitar uma situação similar à Chilena nas próximas 2 décadas A Austrália tem avançado muito na consolidação do sistema previdenciário Desenvolvimento de opções padrão (default options): Seleção de gestores de fundos (MySuper) Investimentos (ciclo de vida) Sustentabilidade fiscal de longo prazo e focalização das pensões nos setores de baixa renda (claw back provisions) Boa diversificação de investimentos dos fundos de pensão e investimentos em infraestrutura [20]
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Principais desafios do sistema previdenciário na Austrália a. As baixas alíquotas de contribuição atuais e programadas podem não ser suficientes para satisfazer as expectativas dos futuros aposentados b. Baixo desenvolvimento do mercado de rendas vitalícias é um problema grave Sistema previdenciário paga montantes fixos Os idosos estão correndo o risco de longevidade [22]
Lições para o Brasil Esquecer as taxas de reposição de 100% 1 Proporção de Benefício e a média do benefício previdenciário relativo ao salário médio da economia. 2 Taxa de Reposição Média Bruta e a proporção da primeira aposentadoria relativo ao salário médio ao momento da aposentadoria. 3 A Taxa de Reposição Agregada e a mediana da pensão bruta dos aposentados com idade 65-74 dividido pela mediana das renda brutas das pessoas com idade 50-59 Fonte: EU Adequacy Report [23]
Lições para o Brasil a. Taxas de reposição de 100%, apenas com aportes da seguridade social é fiscalmente insustentável e não tem relação com a evolução das variáveis demográficas do Brasil; b. A previdência complementar ajuda a melhorar as taxas de reposição e a tornar sustentável o sistema previdenciário a. Necessidade de esclarecer financeiramente as futuras taxas de reposição do RGPS b. O melhor argumento para a previdência complementar c. Uma boa gestão de expectativas das futuras taxas de reposição c. Preservar o equilíbrio fiscal e fundamental para qualquer sistema previdenciário [24]
Lições para o Brasil d. Melhorar as carteiras de investimentos dos fundos de pensão, especialmente fundos de contribuição definida Precisa mudar para investimentos de longo prazo e. Melhora a governança e fiscalização dos fundos de pensão Precisa melhorar a confiança da população com a previdência complementar f. Os sistemas previdenciários são para pagar aposentadorias, não montantes fixos Incentivar a anuitização [25]
Lições para o Brasil g. Inscrição automática é muito efetiva, mas tem que buscar o bem-estar dos contribuintes A opção de default tem que favorecer as pessoas h. Desenho de Sistemas de baixo custo Gestão efetiva de fundos i. Simplificar a participação das pequenas empresas na previdência complementar Simples j. O sistema previdenciário não resolve os problemas do mercado de trabalho No melhor dos casos, a previdência pode aspirar a ser um espelho do que acontece no mercado de trabalho Mas pode ser muito pior... k. A aprovação da reforma previdenciária atual é um passo importante para elevar o rol da previdência complementar e melhorar a renda dos aposentados [26]
Obrigado! hrudolph@worldbank.org [27]