Monitoração de área em um depósito de material radioativo: Amostragem de ar de alto fluxo para determinação de alfa emissores de meia vida longa

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Transcrição:

Monitoração de área em um depósito de material radioativo: Amostragem de ar de alto fluxo para determinação de alfa emissores de meia vida longa Wagner de S. Pereira 1,2, Delcy de A. Py Júnior 1 Luis A. de C. B. Dores, Ana Claudia da Silva Antunes 1, Oswaldo Garcia Filho 1, Sergio Quinet de Oliveira, Marcelino V. A. Dantas e Alphonse Kelecom 2,3 1 Unidade de Tratamento de Minérios UTM. Caixa Postal 961, CEP 37701-970, Poços de Caldas, MG, BR. Indústrias Nucleares do Brasil INB. wspereira@inb.gov.br, delcy@inb.gov.br, luisdores@inb.gov.br, anasilva@inb.gov.br, sergioquinet@inb.gov.br, Marcelino@inb.gov.br. 2 Laboratório de Radiobiologia e Radiometria Pedro Lopes dos santos, Instituto de Biologia. Universidade Federal Fluminense UFF. pereiraws@gmail.com.br or kelecom@uol.com.br 3 Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental. Caixa Postal 107.092, CEP 24360-970, Niterói, RJ, BR. Universidade Federal Fluminense UFF. kelecom@uol.com.br Resumo. A Unidade de Tratamento de Minério - UTM, possui um depósito de material radioativo. Esse material é composto basicamente de torta II e mesotório. Os materiais estão estocados em seis galpões. O presente trabalho visa apresentar o programa de monitoração de área de alto fluxo e os resultados obtidos no ano de 2009. O limite derivado (LD) de concentração no ar foi de 0,25 Bq/m 3. As medias das concentrações de atividade no ano de 2009 foram: C-01 com 1,17 Bq/m 3 ; C-02 com 0,006 Bq/m 3 ; C-05 com 1,98 Bq/m 3 ; C-06 com 2,14 Bq/m 3 ; C-07 com 0,34 Bq/m 3 e C-09 com 0.025 Bq/m 3. O controle de permanência é um fator importante no controle ocupacional dos trabalhadores, assim como o uso de EPI s e cuidados comportamentais, além do treinamento em radioproteção para permitir o aceso às áreas. Nenhum trabalhador, fiscal ou visitante atingiu o limite de investigação. 1 Introdução A Unidade de Tratamento de Minérios (UTM) pertencente às Indústrias Nucleares do Brasil (INB) sucessora do Complexo Minero Industrial do Planalto de Poços de Caldas (CIPC), à época pertencente à empresa estatal NUCLEBRAS, recebeu a partir da década de 1980 material radioativo de instalações nucleares de tratamento de areias monazitas para a extração de elementos de terras raras [1]. O processamento de terras raras começou no Brasil, por iniciativa privada, na década de 50 do século passado. Na década seguinte duas empresas privadas realizavam essas atividades a Mybra e a Orquima, que foram encampadas pela empresa pública Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que reuniu as empresas, sobre o nome de Administração da Produção da Monazita. Na década seguinte (1974) as operações saíram da alçada da CNEN e passaram para a NUCLEBRAS, através de sua subsidiária NUCLEBRAS Monazita e Associados (NUCLEMON) [1-2].

Em 1981, os rejeitos gerados no processamento da monazita, antes sobre responsabilidade das empresas particulares, depois da CNEN, começaram a ser encaminhados ao então CIPC, hoje UTM e a sua guarda ficou sob a responsabilidade da então NUCLEBRAS, hoje INB. Esse material é composto basicamente de torta II e mesotório, materiais rico em tório e rádio [2]. Os materiais estão estocados em aproximadamente 20.000 tambores metálicos de 200 l e 20.000 bombonas plásticas de 100 l em seis galpões, a saber: C-01, C-02, C-05, C-06, C-07 e C-09. Do ponto de vista radiológico esses galpões são considerados áreas controladas e possuem controle de acesso e são monitorados para verificar a exposição externa e incorporação interna de indivíduos ocupacionalmente expostos (IOE), visitantes e fiscais que necessitam entrar nesses galpões. Para tanto, um programa de monitoração radiológica ocupacional é realizado e prevê a monitoração de área de alfa emissores de meia vida longa em material particulado no ar nos galpões [3]. O presente trabalho visa avaliar a concentração de alfa emissores de meia vida longa no material particulado no ar dos galpões (Bq/m 3 ). 2 Material e métodos 2.1 Modelo dosimétrico O modelo propõe que a dose é proporcional à concentração de atividade dos alfa emissores de meia vida longa no ar, taxa de respiração, taxa de ocupação e a constante de proporcionalidade é o fator de conversão de dose da mistura de radionuclídeos presentes no ar, Conforme a equação 1. D (Sv/a) = C (Bq/m 3 ) Tr (m 3 /h) To (h/a) e(g)1µm (Sv/Bq) (1) Onde: D é a dose efetiva comprometida; C é a concentração de atividade Tr é a taxa de respiração; To é a taxa de ocupação, composta pelo número de dias trabalhados por ano [Dt (d/a)] multiplicado pelo número de horas trabalhadas por dia [Ht (h/d)]; e e(g)1µm é o fator de conversão de dose da mistura. O material considerado como fornecedor de material particulado contendo alfa emissores de meia vida longa foi a torta II. A torta II possui uma relação entre urânio e tório de 1:20 e os radionuclídeos considerados estão apresentados na tabela 1, abaixo, assim como as proporções na torta II, conforme [4] e as solubilidades dos radionuclídeos e os fatores de conversão dose, conforme constantes na PR-003 [5]. Foi considerado 250 dias de trabalho por ano com 8 horas por dia. A taxa de respiração considerada foi de 1,2 m 3 por hora.

Tabela 1 Radionuclídeos alfa emissores constantes na torta II, sua proporção na mistura, solubilidade e fator de conversão de dose [5] Radionuclídeo Proporção na torta II Solubilidade.e(g)1µm 232 Th 20 M 4,2 e-5 228 Th 20 M 3,1e-5 238 U 1 F 4,9e-7 234 U 1 F 4,0e-5 230 Th 1 M 3,2e-6 226 Ra 1 M 8,9e-7.e(g)1µm da mistura 3,34e-5 2.2 Níveis de registro derivados de concentração no ar O nível derivado de concentração de alfa emissores no ar foi obtido com a equação1 e dados constantes no item 2.1 Modelo dosimetrico. 0,02 (Sv/a) = C (Bq/m 3 ) 1,2 (m 3 /h) [250 (dia/a) 8 (h/d)] 3,34 10-5 (Sv/Bq) Logo C= 0,25 Bq/m 3 2.3 Amostragem de ar de alto fluxo O equipamento utilizado é um amostrador de aerossol portátil, composto por um motor com alimentação de corrente alternada de 110 V, um rotâmetro e um suporte para um filtro de fibra de vidro, de alta eficiência de retenção. A vazão de amostragem é de, aproximadamente, 600 l/min. Estes amostradores são aferidos por um equipamento de calibração secundária. Este equipamento de calibração secundária é calibrado por laboratórios credenciados. As calibrações têm validade estipulada pelo laboratório de calibração. O preparo para uso do amostrador de aerossol consiste em acoplar o filtro de fibra de vidro ao suporte. Verificar se o equipamento está dentro do prazo de validade da calibração [6]. O tempo de amostragem é determinado, em cada local de monitoração, através da análise de medidas obtidas anteriormente, visando otimizar o programa de monitoração [6]. O critério utilizado é a obtenção de uma atividade na amostra igual à atividade medida com incerteza relativa de 20%. A relação entre o tempo de amostragem e a concentração no ar medida com incerteza relativa igual a 20% é dada por: C = (F / 2 Vz Ta 2 ) (1,96 / 0,20) 2 (1 + (1 + (0,20 / 1,96 ) 2 8 Rb Ta) 1/2 ) onde: C : é a concentração no ar, em Bq/m 3 F : fator F : Ef Ab Er / 60 Fs Ef : eficiência de contagem do sistema de radiometria Ab : fator de auto-absorção

Er : eficiência de retenção Fs : (área amostrada do filtro) / (área contada do filtro) Vz : vazão do amostrador de aerossol, em m 3 /min Ta : tempo de amostragem, em minutos Rb : contagem do background, em cpm. O tempo de amostragem é operacionalmente analisado e o tempo de amostragem, otimizado para os galpões, é de 15 minutos. O filtro contendo a amostra de aerossol coletada é analisado em um contador alfa total. 2.4 Concentração Alfa Total de Meia Vida Longa A concentração alfa total de meia vida longa é calculada utilizando-se os resultados das amostragens de aerossol e pela formula abaixo [7]. C = {[(1000)/60) (Fs/Ef Ab Er Vz) Ta)] [(N/T)-Rb]} onde: C : concentração alfa total de meia vida longa, em Bq/m 3 1000 : fator de conversão entre litros e metro cúbico 60 : fator de conversão entre segundos e minutos Fs : fator de área útil (adimensional), dado por: Fs = (área amostrada do filtro) / (área contada do filtro) Ef : eficiência de contagem Ab : fator de auto-absorção Er : eficiência de retenção Vz : vazão do amostrador, em l/min Ta : tempo de amostragem, em minutos N : número de contagens alfa total T : tempo de contagem alfa total, em minutos Rb : contagem do background, em cpm.. A contagem alfa de meia vida longa é realizada após 96 horas de intervalo entre o término da amostragem e o início da contagem. 3 Resultados e discusão Os resultados das amostragens estão expostas na tabela 2. O limite de derivado anual médio foi superado em 4 galpões (C-06, C-05, C-01 e C-07). A maior média anual de concentração de atividade foi encontrada no galpão C-06 com 8,5 vezes o LD, seguido do C-05, com 7,9 vezes o LD, o C-01 com 4,7 o LD e por fim o Galpão C-07 com 1,4 o LD. Em um deles (C-09) o valor foi igual ao nível de registro e em outro galpão o valor ficou abaixo do nível de registro (C-02). A comparação entre as concentrações de atividade média e os limites derivados pode ser vistos na figura 1.

Tabela 2 Valores das concentrações de atividade de alfa emissores de meia-vida longa nos galpões de materiais radioativos no ano de 2009 (Bq/m 3 ) Data de coleta Concentrações de atividades (Bq/m 3 ) C-01 C-02 C-05 C-06 C-07 C-09 22/6/09 0,77 0,01 1,7 2,12 0,20 0,02 21/9/09 1,56 0,002 2,25 2,15 0,48 0,03 Média anual 1,165 0,006 1,975 2,135 0,34 0,025 Limite derivado 0,25 média anual limite derivado 2,5 2 1,5 1 0,5 0 C-01 C-02 C-05 C-06 C-07 C-09 Figura 1 Comparação entre a média anual de concentração de atividade e o limite derivado, nos galpões estudados, em Bq/m 3. A maioria dos galpões (C-06, C-05, C-01 e C-07) apresenta concentrações de atividade média superior ao LD, fazendo-se necessário o controle de acesso e de tempo de permanência, pelo critério concentração de atividade de alfa emissores de meia vida longa. No galpão C-06, somente pelo quesito inalação de alfa emissores de meia vida longa o tempo máximo de permanência é estimado em 235 h/a para se atingir o limite de dose. Para o C-05 o tempo de permanência é estimado em 253 h/a. No C-01 esse tempo é de 425 h/a e no C-07 de 1429 h/a. Já o galpão C-09 permite uma jornada de IOE (2000 h/a). O galpão C-02, no quesito inalação de alfa emissores, é considerado área livre. Cabe ressaltar que o controle de acesso e tempo de permanência devem ser avaliados também por outros critérios, como por exemplo, a exposição externa. O treinamento é peça fundamental na manutenção da segurança das operações nos galpões, tanto da equipe do serviço de radioproteção como dos IOE s e outros indivíduos que necessitem ter acesso aos galpões. O controle de permanência é um fator importante no controle ocupacional dos trabalhadores, assim como o uso de EPI s e cuidados comportamentais O uso de licença de trabalho assinada pelo supervisor de radioproteção garante a justificação da prática. O estabelecimento de ponto de controle de acesso garante a distribuição de EPI s e controle do tempo de permanência. O planejamento das

atividades é realizado, objetivando a otimização das doses dos trabalhadores. Nenhum IOE, fiscal ou visitante atingiu o limite de investigação nos acessos aos galpões nesse ano. 4 Conclusão Os galpões C-06, C-05, C-01 e C-07 possuem concentrações de atividade superiores aos limites derivados para alfa emissores de meia vida longa no ar. A magnitude das doses estimadas aponta a necessidade de cuidados de radioproteção para o acesso aos galpões. Seguindo o princípio da otimização, o uso de EPI s, principalmente máscaras com filtros do tipo P-3 (específicos para retenção de radionuclídeos) é imperativo em todos os galpões. A presença de material particulado contendo alfa emissores de meia vida longa aponta a necessidade controle de contaminação removível nos objetos, pisos, maçanetas e outros objetos que podem ter contato com os indivíduos no galpão. As manutenções dos procedimentos de radioproteção, assim com das monitorações são procedimentos imperativos para o gerenciamento das doses dos indivíduos que necessitem de acesso aos galpões e são ferramentas que podem ser utilizadas para otimizar as doses. 5 Referência 1. Martins, L. A. M., Estado e Exploração Mineral no Brasil. Um Levantamento Básico. Tese de Doutorado em Ciências de Engenharia, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), 1989. 2. Cipriani, M. Mitigação dos Impactos Sociais e Ambientais Decorrentes do Fechamento Definitivo de Minas de Urânio. Tese de Doutorado em Ciências na Área de Administração e Política de Recursos Minerais. Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 2002. 3. INB (indústrias Nucleares de Brasil). 2002. Programa de proteção radiológica ambiental da Unidade de Tratamento de Minério, condição de área parada. 23 pp. 4 INB (indústrias Nucleares de Brasil). 2010. Programa de proteção radiológica ambiental da Usina de Interlagos. 45 pp 5 CNEN (comissão Nacional de Energia Nuclear). 2005. Posição regulatória 3.01 / 003 - coeficientes de dose para indivíduos ocupacionalmente expostos. 52 pp. 6 INB (indústrias Nucleares de Brasil). 2010. Monitoração de área por meio de amostragem de aerossol. Instrução Operacional da UTM. IO-UTM-PO-54. 16 pp. 7 INB (indústrias Nucleares de Brasil). 2010. Análise radiometrica de amostras. Instrução operacional da USIN. IO-COSAP-PO-12.12 pp.