EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA: CONCEPÇÕES DOS DISCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NO SERTÃO PARAIBANO

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Transcrição:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA: CONCEPÇÕES DOS DISCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NO SERTÃO PARAIBANO Alexson Vieira Pordeus (1); José Deomar de Souza Barros (2) (1) Graduando em Ciências Biológicas - Licenciatura pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Aluno de iniciação científica da UFCG/CNPq. E-mail: alexson1.pordeus@gmail.com (2) Licenciado em Ciências com Habilitação em Biologia e em Química pela Universidade Federal de Campina Grande UFCG. Especialista em Agroecologia pela Universidade Federal da Paraíba UFPB. Especialista em Ensino de Química pela Universidade Regional do Cariri URCA. Mestre e Doutor em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande UFCG. Professor Adjunto da Universidade Federal de Campina Grande UFCG. E-mail: deomarbarros@gmail.com Resumo: A Educação Ambiental nas escolas contribui para a formação de cidadãos comprometidos com as questões socioambientais. Nesta perspectiva, o estudo desenvolvido objetivou avaliar as concepções dos discentes do Ensino Fundamental II de uma escola pública localizada no município de Aparecida PB, acerca da Educação Ambiental e da sua à formação cidadã. A pesquisa foi desenvolvida no período de 29 de agosto a 02 de setembro de 2016, contendo uma amostra de 40 alunos. Foram aplicados questionários constituídos de questões objetivas e subjetivas, as quais abordavam aspectos socioeconômicos e a concepção dos alunos sobre a Educação Ambiental e de suas contribuições para formação cidadã. Os resultados indicam que a escola apresenta necessidades relativas ao desenvolvimento de atividades voltadas para essa temática, o que permitiria a formação de sujeitos críticos e reflexivos em relação às questões socioambientais. As atividades voltadas para a temática Educação Ambiental na escola anteriormente citada são insuficientes, o que favorece a geração de concepções limitadas acerca da problemática socioambiental. Além disso, essa ocorrência também influencia negativamente a formação de indivíduos comprometidos com o bem-estar individual e coletivo. Palavras-chave: Educação Ambiental. Cidadania. Escola. INTRODUÇÃO Diante da problemática socioambiental causada pelas atividades antrópicas negativas, a Educação Ambiental surge com uma proposta de revisão no relacionamento entre a sociedade e o ambiente, buscando entendê-lo e corrigi-lo através de ações sustentáveis que priorizem não só o desenvolvimento econômico, mas também os cuidados para com o meio ambiente e com as desigualdades sociais. As práticas ecológicas têm origens marcada por fatores sociais e culturais, representados por movimentos que almejavam uma transformação na sociedade (CARVALHO, 2012). Em meio a busca por uma qualidade de vida melhor, onde todos tivessem direitos iguais, despontou também a análise crítica a respeito da problemática ambiental, visando uma mudança na consciência de todos sobre as consequências das ações antrópicas inadequadas.

Assim, a Educação Ambiental é uma práxis que está presente na educação formal e informal, se constituindo também uma prática social com vista a construção de valores éticos conceituais e atitudinais, possibilitando assim que cada cidadão compreenda as situações vivenciadas em seus cotidiano, instrumentalizando-o na busca de soluções individuais e coletivas para os problemas socioambientais de sua realidade local de forma crítica e reflexiva (LOUREIRO, 2011). A Educação Ambiental é considerada uma dimensão da educação, isso porque ela busca desenvolver uma consciência crítica capaz de enfrentar a problemática socioambiental (FILHO et al. 2014). Dessa forma, a escola torna-se um ambiente privilegiado para a sua prática. O desenvolvimento de atividades voltadas para a promoção da Educação Ambiental no espaço escolar permiti uma conscientização transformadora, capaz de atingir não só os alunos, mas também toda comunidade escolar, por isso ela é parte contribuinte na formação para a cidadania. Para Carvalho (2012) não faz sentido uma formação humana sem pensar na sua relação com o ambiente do qual faz-se parte e pelo qual é responsável. Ou seja, a relação com o ambiente é parte fundamental na construção do ser cidadão, dessa forma se o indivíduo não for capaz de ser crítico diante da problemática socioambiental e contribuir na sua intervenção é porque durante sua trajetória de formação ele não foi orientado a se relacionar harmoniosamente com o seu ambiente cotidiano. Nessa perspectiva Santos e Reis (2014) apontam que a ausência de cidadania é uma causa para a ocorrência dos problemas socioambientais, com isso eles deixam claro que a formação cidadã apresenta relevância para a mitigação desses problemas. Isso porque o ser cidadão é consciente de sua responsabilidade na construção de uma sociedade ecológica que garanta o bem-estar individual e coletivo. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as concepções dos discentes do Ensino Fundamental II da Escola Antônio Meira de Sá acerca da Educação Ambiental e da sua contribuição para a formação cidadã. METODOLOGIA Para o desenvolvimento eficaz da pesquisa, ela foi classificada de acordo com suas finalidades objetivando alcançá-las de forma precisa. Do ponto de vista de sua natureza a pesquisa é classificada como aplicada, pois gera conhecimentos dirigidos para a solução de problemas locais (SILVA E MENEZES, 2005). Quanto à abordagem do problema a pesquisa é quantitativa, o que significa quantificar as informações e qualitativa, a qual analisa os

aspectos subjetivos dos indivíduos pesquisados. Apresentou também aspectos quantitativos o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. (CAJUEIRO, 2013). Em relação aos objetivos, a pesquisa é descritiva, pois utiliza técnicas padronizadas para a coleta de dados (SILVA E MENEZES, 2005). No que se refere ao procedimento utilizado para a coleta de dados a pesquisa é um estudo de caso, mas especificadamente um estudo de caso avaliativo, pois objetiva analisar os dados para a avaliação de um sistema (CAJUEIRO, 2013). A referida pesquisa foi realizada no período de 29 de agosto a 02 de setembro de 2016 na Escola Municipal de Ensino Fundamental e Infantil Antônio Meira de Sá, localizada na rua Francisco Batista, nº 108, bairro Centro, no município de Aparecida-PB. A coleta dos dados foi feita através da aplicação de questionários compostos por questões objetivas e subjetivas. Os sujeitos pesquisados foram os discentes do Ensino Fundamental II. Optou-se por pela realização de uma amostra aleatória, foram selecionados, por meio de sorteio, dez alunos do sexto ao nono ano, compondo um total de quarenta discentes pesquisados. A análise dos dados foi realizada por meio da categorização das respostas subjetivas, a categorização foi realizada por meio da separação das respostas dos discentes em grupos de respostas semelhantes, posteriormente foram selecionadas repostas representativas para cada grupo. A análise quantitativa foi realizada, utilizando-se planilha eletrônica, por meio somatórios e frequência relativa. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos indicam que dos estudantes entrevistados 47,5% são do sexo masculino e 52,5% discentes do sexo feminino. Em relação a localidade onde residem, 57,5% habitam na zona urbana e 42,5% habitam na zona rural. Diferentemente dos dados encontrados na presente pesquisa, os resultados obtidos por Barros e Silva (2009), ao pesquisarem a percepção ambiental de estudantes da Educação de Jovens e Adultos em uma região do sertão paraibano, constataram que 53,3% eram alunos do sexo masculino e 46,7% o índice de alunos do sexo feminino. Quanto a localidade em que residem, eles constataram que 73,3% dos educandos habitam na zona rural e 26,7% habitam na zona urbana. No que se refere a renda mensal da família na qual eles pertencem, 50% declararam possuir um renda mensal de até um salário mínimo (Figura 01).

Frequência relativa 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Figura 01. Frequência relativa da renda mensal da família dos discentes pesquisados Resultados semelhantes foram encontrado por Santos et al. (2015), ao pesquisarem as atividades relacionadas a educação ambiental e conservação da Caatinga em uma escola pública em Cuité PB, verificaram 41% dos estudantes pesquisados informaram que suas famílias possuíam uma renda mensal de até um salário mínimo. Ao serem questionados se já tinham ouvido falar na temática Educação Ambiental, 45% dos discentes pesquisados responderam que sim enquanto que 55% responderam que não. Nesta mesma pergunta foi solicitado aos alunos que citassem práticas e definições de Educação Ambiental. As ações e definições indicadas pelos discentes estavam voltadas as concepções tradicionais/simplistas, relacionadas à preservação e conservação da natureza, como podem ser verificadas nas respostas de alguns educandos: Aluno 01 - É não sujar o ambiente, não queimar nada porque faz mal a fumaça, não jogar lixo nas ruas. Aluno 05 - Preservar as árvores, os animais, os rios, os mares, florestas, não poluir os rios, não desmatar as árvores e não poluir o ar Aluno 32 - Educação ambiental é não poluir o meio ambiente. Os conceitos apresentados pelos alunos denotam uma concepção limitada do que venha a ser a Educação Ambiental para eles, assimilando-a a práticas conservacionistas que deixam transparecer a ideia de um ambiente sem nenhuma intervenção humana. Para Oliveira, Obara e Rodrigues (2007), essa concepção é caracterizada como tradicional ou simplista, onde na maioria das vezes é resultado da atribuição de um conceito de Educação Ambiental restrito a conscientização ambiental.

Essa concepção também é caracterizada por Kist (2010) como reducionista, na qual limita a abordagem da Educação Ambiental a aspectos físicos e naturais, almejando a transformação de comportamentos individuais e a adoção de práticas ecológicas que reduzem o papel da educação a simples transmissão de atitudes de preservação do meio ambiente. Interrogados acerca da importância da Educação Ambiental na escola, 20% dos estudantes relataram que ela permite o estudo do meio ambiente, enquanto que 80% deles relataram que ela proporciona a tomada de consciência sobre a necessidade de preservá-lo. Instigados também a opinarem sobre a importância da Educação Ambiental no cotidiano, 40% dos alunos relataram que a sua importância está associada ao incentivo na adoção de práticas de conservação, os demais não responderam a esse questionamento. Esses resultados demonstram que os alunos apresentam necessidades relativas ao conhecimento dos aspectos que constituem as ações da Educação Ambiental, não limitando-se apenas ao estudo do meio ambiente e a tomada atitudes de conservação. Nessa perspectiva Carvalho (2012) destaca que os problemas ambientais ultrapassam os saberes, e para intervilos é necessário uma abrangente compreensão dos processos biológicos, geográficos, históricos e socioeconômicos que os geram. Quando questionados sobre o desenvolvimento de atividades voltadas para a temática Educação Ambiental no contexto escolar, 24,3% dos discentes responderam que sim, em contrapartida 75,7% responderam que não. Nesse mesmo questionamento foi solicitado, aos educandos que descrevessem as ações voltadas à Educação Ambiental que são desenvolvidas na na escola. As descrições estavam geralmente associadas a práticas de conscientização para preservação do meio ambiente, como pode ser constatado nas respostas de alguns alunos: Aluno 12 - Falando pra preservar o meio ambiente e não jogar lixo no chão. Aluno 25 - Mandando cuidar da natureza, não sujar as ruas, jogar lixo no lixo e não desmatar. Os dados demonstram que a escola apresenta uma insuficiente prática na área de Educação Ambiental, influenciando negativamente a formação para a cidadania. Pois assim como afirma Medeiros et al. (2011), o desenvolvimento da Educação Ambiental na instituição educacional proporciona a formação de cidadãos conscientes da realidade socioambiental e comprometidos com o bem-estar individual e coletivo.

Foi perguntado também os discentes se consideravam cidadãos preocupados com os problemas socioambientais, verificou-se que 47,5% dos pesquisados declararam que sim e 52,5% declararam que não. Também neste mesmo questionamento foi requisitado, aos que responderam sim, a descrição das ações que eles desenvolvem no cotidiano e que contribuem para a mitigação dos problemas socioambientais. As respostas estavam relacionadas a atitudes de conservação dos recursos naturais (40%), de descarte de lixo em locais apropriados (40%) e do cuidado com as plantas (20%), assim como pode ser constatado na Figura 02. Frequência relativa 45,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Conservação dos recursos naturais Cuida das plantas Figura 02. Frequência relativa das práticas adotadas pelos discentes com vista a mitigação dos problemas sociambientais Os discentes foram indagados se a Educação Ambiental contribui para a formação cidadã, observou-se que 65% dos alunos pesquisados responderam sim, os demais não responderam. Em seguida, os alunos foram estimulados a descreverem o porquê dessa afirmação. As justificativas estavam geralmente associadas a preservação do meio ambiente, como pode ser verificado nas respostas de alguns alunos: Aluno 11 - Porque com ela o cidadão vai saber cuidar da natureza. Aluno 38 - Porque os cidadãos tem que cuidar do ambiente em que vivem. Os resultados indicam que os discentes apresentam uma insuficiente justificativa para a afirmação de que a Educação Ambiental é parte contribuinte para a construção da cidadania. Nesse sentido, Medeiros et al. (2011) destacam que a Educação Ambiental na escola contribui para a formação de cidadãos atuantes nos processos sociais, políticos, econômicos e culturais.

Sendo assim o cidadão pode ser caracterizado como um ser participante das discussões em torno das relações entre sociedade e natureza. Além disso, ele também é portador de valores éticos que garantam o respeito às leis, ao patrimônio público, aos direitos humanos entre outros (CARVALHO, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS A Educação Ambiental assume, diante da problemática socioambiental, uma nova ligação entre o ser humano e a natureza. Dessa forma, ela torna-se elemento fundamental para a construção de uma sociedade pautada não só no desenvolvimento econômico, mas também na formação de cidadãos preocupados com os fatores que preservam a vida das presentes e futuras gerações. Nas instituições educacionais suas práticas podem proporcionar uma conscientização transformadora, capaz de promover a formação de sujeitos ecológicos comprometidos com a transformação socioambiental, estas ações não atingem apenas a comunidade escolar, mas toda a comunidade do entorno da escola. Por isso a Educação Ambiental é parte contribuinte na formação de cidadãos críticos e reflexivos. As atividades voltadas para a temática Educação Ambiental onde a pesquisa foi realizada foram consideradas insuficientes, o que favorece a geração de concepções limitadas acerca da problemática socioambiental. Além disso, essa ocorrência também influencia negativamente a formação de indivíduos comprometidos com o bem-estar individual e coletivo. REFERÊNCIAS BARROS, J. D. de S.; SILVA, M. de F. P. da. Educação para a sustentabilidade ambiental e social em Cachoeira dos Índios-PB. REBAGA, v.3, n.1, p. 38-44, jan./dez. 2009. CAJUEIRO, R. L. P. Metodologia da pesquisa científica. In:. Manual para elaboração de trabalhos acadêmicos: guia prático do estudante. 2 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2013. p. 13-24. CARVALHO, I. C. de M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2012. 255p. FILHO, J. R. de F. et al. Educação ambiental: um olhar dos estudantes da educação básica sobre o meio ambiente. Educação Ambiental em Ação, Novo Hamburgo-RS, n. 50, não (83) paginado, 3322.3222 dez.2014/fev.2015. 2014.

KIST, A. C. F. Concepções e práticas de educação ambiental: uma análise a partir das matrizes teóricas e epistemológicas presentes em escolas estaduais de Ensino Fundamental de Santa Maria-RS. 2010. 136 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, 2010. LOUREIRO, C. F. B. Educação ambiental e movimentos sociais na construção da cidadania ecológica e planetária. In: et al. Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. São Paulo: Cortez, 2011. p. 73-104. MEDEIROS, A. B. de. et al. A importância da educação ambiental na escola nas séries iniciais. Revista Faculdade Montes Belo, v.4, n.1, p. 1-17, set. 2011. OLIVEIRA, A. L. de; OBARA, A. T.; RODRIGUES, M. A. Educação ambiental: concepções e práticas de professores de ciências do ensino fundamental. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.6, n.3, p. 471-495. 2007. SANTOS, F. A. S.; REIS, S. R. A importância da educação ambiental para a formação cidadã: breve discussão sobre o papel da escola e do professor. Educação Ambiental em Ação, Novo Hamburgo-RS, n. 50, não paginado, dez.2014/fev.2015. 2014. SANTOS, H. C. dos. et al. Educação para a conservação da caatinga: uma experiência pratico-metodológica junto a estudantes da Escola Estadual Orlando Venâncio dos Santos, Cuité-PB. In: Congresso Nacional de Educação, 1, 2015, Campina Grande PB. Anais... Campina Grande PB: Editora REALIZE, 2015. Disponível em: < http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/trabalho_ev045_md1_sa1 0_ID10519_09092015152615.pdf > Acesso em: 03 de outubro de 2016. SILVA, E. L. da; MENEZES, E. M. A pesquisa e suas classificações. In:. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4 ed. Florianópolis: UFSC, 2005. p. 19-23.