XI SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE OUTORGA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS EM PERNAMBUCO

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Transcrição:

XI SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE OUTORGA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS EM PERNAMBUCO Thiago Alberto da Silva Pereira Maria Crystianne Fonseca Rosal

OUTORGA Instrumento jurídico pelo qual o Poder Público, entendido como o órgão que possui a devida competência legal, confere ao administrado a possibilidade de usar privativamente a água (Granziera, 1993). Necessita da adoção de um valor de referência (Q 90, Q 95, Q 7,10 ), que indicará o limite superior de utilização do curso d água.

OUTORGA Definições importantes: A vazão que deve ser mantida no corpo de água; A vazão máxima que deve ser outorgada para cada usuário; A melhor forma possível para tentar atender a todos os usuários no caso da vazão não ser disponível para todos os pleitos; Fiscalização dos usos.

ASPECTOS LEGAIS Lei 12.984, de 30 de Dezembro de 2005. Estão sujeitos à outorga os seguintes usos: Derivação ou captação de parcela de água em manancial de superficiais ou subterrâneas; Lançamento, em corpo de água com o fim de sua diluição; Aproveitamento de hidroelétricos; Ações que alterem o regime, o leito e margens de corpos de água, mesmo que temporariamente.

ASPECTOS LEGAIS O Conselho Estadual de Recursos Hídricos CRH, ouvidos os Comitês, definirá critérios e quantitativos considerados insignificantes nas derivações, captações, acumulações, obras e lançamentos. No Estado processo de licenciamento ambiental e outorga de direito de uso dos recursos hídricos far-se-á de forma unificada (Art. 21). Toda outorga de direito de uso de recursos hídricos farse-á por prazo não excedente a 30 (trinta) anos, podendo ser renovada.

ASPECTOS TÉCNICOS Quais são os volumes (ou vazões) considerados insignificantes, para fins de dispensa de outorga? Inferiores a 0,5 L/s e barramento abaixo de 200.000 m³ Qual a vazão de referência, para fins de avaliação de disponibilidade, deve ser utilizada? Vazão com 90% de permanência para cada mês Quanto se pode outorgar dessa disponibilidade? 30% da Q 90 único usuário 90% da Q 90 Todos usuários a jusante Para captações em reservatórios a vazão outorgável é igual a 90% da vazão regularizada.

ASPECTOS INSTITUCIONAIS O órgão outorgante: Agência Pernambucana de Águas e Clima APAC/SRHE; A APAC foi criada pela Lei Ordinária nº 14.028 de 2010 e um ano mais tarde foi realizado um concurso público para dotar a agência de um corpo técnico capaz de desempenhar as funções a ela atribuídas; O Estado conta, ainda, com o Projeto de Sustentabilidade Hídrica de Pernambuco (PSHPE), que tem como objetivos de desenvolver ações de desenvolvimento institucional como fortalecimento da APAC, gestão participativa, estudos, regulação de uso, monitoramento e revitalização de bacias.

OUTORGA DEFERIDAS Foram encaminhados 2.115 pedidos de outorga, dos quais 2.044 processos já foram analisados, dos quais 425 foram cancelados ou arquivados. Para fins de gestão dos recursos hídricos, o território pernambucano foi dividido em 29 Unidades de Planejamento (SRHE, 1998).

OUTORGA DEFERIDAS (Bacias)

OUTORGA DEFERIDAS (Bacias)

OUTORGAS DEFERIDAS (Bacias) 7 Bacias (Una, GL-01, GL-02, Capibaribe, Sirinhaém, Ipojuca e Goiana) perfazem cerca de 60% dos pleitos; No entanto, estas bacias totalizam 98% das vazões outorgadas no Estado; Isto deve-se, basicamente devido a: As maiores disponibilidade hídricas se localizam nas bacias supracitadas; Nessa região se encontram os maiores núcleos populacionais, inclusive a Região Metropolitana do Recife, as indústrias do Complexo Suape e alguns perímetros irrigado do Estado, sobretudo de cana-de-açúcar.

OUTORGAS DEFERIDAS (Usos)

OUTORGAS DEFERIDAS (Usos)

OUTORGAS DEFERIDAS (Usos) Em relação ao uso consuntivos, chama atenção o número de processos inserido em outros (obras de terraplanagem, termelétrica) e isto se deve ao fato que grandes obras viárias estão sendo executadas no Estado, como a duplicação BR- 101, BR-408, construção da Transnordestina e outras; Em relação aos não consuntivos destacam-se a geração de energia elétrica, devido o potencial das quedas d águas no Rio Sirinhaém, Rio Pirapama e Una; e o número de processos de obras com finalidade de contenção de cheias.

DIFICULDADES Bacias hidrográficas sem dados ou ausência de dados hidrológicos confiáveis; Ausência de diplomas legais que regulamente a outorga; Carência de dispositivos legais que obriguem a apresentação de documentação e estudos necessários, por parte dos usuários; Formulários deficientes ou inexistentes para determinados tipos de usuários, ou preenchidos incorretamente; Dificuldade de obtenção de informação junto aos requerentes.

CONCLUSÃO Alguns desafios: maior fiscalização, fixações de vazões de referência em função de índices climáticos, definição de vazões mínimas remanescentes utilizando critérios ecológicos, difusão da outorga de lançamento de efluentes; Pernambuco deu um passo muito importante quando da criação da APAC, dotando-o de um corpo técnico capaz de enfrentar as dificuldades encontradas; Um sistema de outorga bem estruturado pode servir de apoio para implementação de instrumentos como: a cobrança pelo uso da água e enquadramento dos corpos de água em classes.

OBRIGADO! thiago.alberto@apac.pe.gov.br