2ª. PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA BARRA FUNDA. Portaria nº /16

Documentos relacionados
PORTARIA. PPIC n /2016-7

2ª. PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA BARRA FUNDA. Portaria nº /15

LEGISLAÇÃO DO MPE. Organização do Ministério Público. Lei Complementar 106/2003 Parte 7. Prof. Karina Jaques

Portaria n. 01 / 2017

2ª. PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA BARRA FUNDA. Portaria nº /15. a) Considerando as disposições do artigo 12, I, VI e VIII, da Constituição Federal;

N /2017- GTLJ/PGR Petição n Relator: Ministro Edson Fachin

Pós Penal e Processo Penal. Legale

ww.concursovirtual.com.b

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA

Pós Penal e Processo Penal. Legale

DIREITO AMBIENTAL. Tutela processual civil do meio ambiente e instrumentos extrajudiciais de proteção. Inquérito civil Parte 4

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM MATO GROSSO DO SUL

Pós Penal e Processo Penal. Legale

LEGISLAÇÃO DO MPE. Organização do Ministério Público. Lei Complementar 106/2003 Parte 8. Prof. Karina Jaques

Professor Wisley Aula 09

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 5º OFÍCIO DA PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE MERITI

Sumário Autonomia funcional... 49

Apresentação Capítulo I

CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RESOLUÇÃO Nº 77, DE 14 DE SETEMBRO DE 2004

Pós Penal e Processo Penal. Legale

: MIN. ALEXANDRE DE MORAES DECISÃO

Supremo Tribunal Federal

JULGAMENTO COLEGIADO DE CRIMES PRATICADOS POR ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Improbidade Administrativa Guilherme Kronemberg Hartmann

RECOMENDAÇÃO Nº. 01, DE 17 DE JANEIRO DE 2017

DIREITO AMBIENTAL. Tutela processual civil do meio ambiente e instrumentos extrajudiciais de proteção. Inquérito civil Parte 2

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO À 2ª EDIÇÃO PREFÁCIO PREMISSAS FUNDAMENTAIS E ASPECTOS INTRODUTÓRIOS... 19

PORTARIA. INQUÉRITO CIVIL nº /2017-8

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral - Parte 1. Prof. Roberto Moreira de Almeida

São Paulo, 03 de janeiro de 2017.

PORTARIA N.º 018/2010. Promotora de Justiça signatária, no uso das suas atribuições

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

DIREITO PENAL MILITAR

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

INSTRUÇÃO PROMOTOR NATURAL: O

No procedimento investigatório criminal serão observados os direitos e garantias individuais consagrados

Professor: GILCIMAR Matéria: Legislação Aplicada ao MPU

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA: DEFENSORIA PÚBLICA E

DECRETO Nº , DE 22 DE MAIO DE 2013

INQUÉRITO POLICIAL - V TERMO CIRCUNSTANCIADO - ARQUIVAMENTO

LEGISLAÇÃO DO MPU. Lei Orgânica do MPU. Conselho Nacional do Ministério Público. Prof. Karina Jaques

Apelação Criminal nº , oriundo do Juizado Especial Criminal da Comarca de Curitiba.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

RECOMENDAÇÃO 003/2011

BOLETIM DO COMANDO GERAL Nº 035/2013 PARA CONHECIMENTO DESTA POLÍCIA MILITAR E DEVIDA EXECUÇÃO, PUBLICO O SEGUINTE: PORTARIA DO COMANDO GERAL

ENUNCIADO Nº 1: ENUNCIADO Nº 2: ENUNCIADO Nº 3: ENUNCIADO Nº 4: ENUNCIADO Nº 5:

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Conselho da Justiça Federal

ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE MIRANGABA

DIREITO PENAL. Exame de Ordem Prova Prático-Profissional 1 PEÇA PROFISSIONAL

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. (Alterada pelas Resoluções nº 65/2011, 98/2013, 113/2014 e 121/2015) RESOLUÇÃO Nº 20, DE 28 DE MAIO DE 2007.

SUBPROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA JURIDICA ATO NORMATIVO Nº 650/2010-PGJ-CPJ, DE 18 DE JUNHO DE 2010 (Protocolado nº /2010)

Leis Penais CERT Mag. Federal 7ª fase Crimes contra a Ordem Tributária

HISTÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA NATUREZA DA INFRAÇÃO

RESOLUÇÃO N XXXXXXX INSTRUÇÃO N xxx-xx.20xx CLASSE 19 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO 1ª Promotoria de Justiça Cível de Várzea Grande

PREFEITURA MUNICIPAL DE IBATIBA Estado do Espírito Santo

: MIN. TEORI ZAVASCKI

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO CONSTITUCIONAL

INQUÉRITO DISTRITO FEDERAL RELATOR

CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 821/2018 PROF. MARCOS GIRÃO

Sumário. CAPÍTULO 2 MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO Da Definição, dos Princípios e das Funções Institucionais... 77

Prefeitura Municipal de Poções publica:

CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 821/2018

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR Ação Penal Militar

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DOS TRANSPORTES METROPOLITANOS

Aula nº. 06. Art. 102 da C.F. (COMPETÊNCIAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL) Pontos de interseção com o

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Ministério Público do Estado de Mato Grosso Procuradoria Geral de Justiça

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Aspectos Gerais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Institui normas para recebimento de denúncias apresentadas pelo Ministério Público e dá outras providências.

EXMO. SR. DR. PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, GIANPAOLO POGGIO SMANIO. Ref. Processo n


RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

Prof. Raul de Mello Franco Jr. - UNIARA PODER EXECUTIVO. 3ª aula. Prof. Raul de Mello Franco Jr.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 10ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

T R I B U N A L D E J U S T I Ç A

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO NÚCLEO DE APOIO OPERACIONAL NA PRR-3ªREGIÃO

LEGISLAÇÃO DO MPU. Perfil Constitucional Princípios Institucionais. Prof. Karina Jaques

Aviso nº 377/16 - PGJ

A- SUBPROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA JURÍDICA Ato Normativo nº 978/2016-PGJ, de 05 de setembro de 2016 (Protocolado nº 122.

INDICE DAS IPT s COMPLEMENTARES COMPETÊNCIA-INQUÉRITOS POLICIAIS

DOE: LEI Nº O GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:

UNIDADE 8 ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO

DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSOR DANIEL SENA

ESTADO DO CEARÁ MINISTÉRIO PÚBLICO PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA PROVIMENTO Nº 022/2008

Professor Wisley Aula 04

Direito Processual Penal

Ministério Público Federal Procuradoria da República em Pernambuco

O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DO PIAUÍ E O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO Emerson de Souza Farias - UFPI

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DA BAHIA

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS

Pós Penal e Processo Penal. Legale

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Transcrição:

Página 1 2ª. PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA BARRA FUNDA Portaria nº /16 Os Promotores de Justiça infra-assinados, usando das atribuições conferidas pelo artigo 129, incisos I, VI e VIII da Constituição Federal, artigo 26, incisos I e V da Lei nº 8.625/93, artigo 104, inciso I da Lei Complementar nº 734/93, bem como nos termos da Resolução nº 13/2006 do Egrégio Conselho Nacional do Ministério Público vem ex officio instaurar o presente PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL, com o fim precípuo de a-) apurar eventuais crimes contra a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL, notadamente peculato, corrupção passiva/ativa, falsidade ideológica, documental, fraudes licitatórias (Lei 8.666/93), quadrilha ou bando, lavagem de dinheiro entre outros perpetrados por integrantes do chamado SETOR DE OPERAÇÕES ESTRUTURADAS DA

Página 2 ODEBRECHT 1 no que pertine ao pagamento de propina para agentes públicos e políticos quando do desempenho da execução das obras da linha 2 e 4 do metrô da cidade de São Paulo. Objetiva-se identificar não só os agentes corruptores, muitos dos quais identificados já e ligados ao tal setor de operações estruturadas da referida empresa, como também os corruptos identificados por codinomes, tais como: Santo, Santista, Brasileiro, Vizinho, Estrela, Corinthiano, Careca, Bragança etc... b-) Também é foco investigativo perscrutar as circunstâncias da licitação 2 e da execução da obra envolvendo um CEU (Centro Educacional Universitário) de responsabilidade da ODEBRECHT e da OAS cuja obra ao que parece não foi executado, porém o valor foi pago; bem como, 3 distribuída propina para agentes políticos e públicos, conforme quadros ilustrativos abaixo; e, por último: c-) é também objetivo investigatório esquadrinhar as circunstâncias do contrato entabulado entre a ODEBRECHT e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), licitação e obra identificando-se os possíveis corruptos de codinomes Ibirapuera, Campinas e Casa de Doido; d) sem prejuízo de outras questões criminais afetas e conexas às hipóteses acima, saber: 4 conforme trechos extraídos do relatório da polícia federal, a 1 Alguns dos quais identificados nos quadros contidos nessa portaria. 2 Provavelmente na cidade de São Paulo 3 Denominado meigamente como custos políticos 4 Inclusive se surgir alguém com foro por prerrogativa de função, as medidas de encaminhamento serão tomadas.

Página 3

Página 4

Página 5

Página 6

Página 7

Página 8

Página 9

Página 10

Página 11

Página 12

Página 13

Página 14

Página 15

Página 16

Página 17

Página 18

Página 19

Página 20

Página 21

Página 22

Página 23

Página 24

Página 25 Justifica-se, pois, a atuação do Ministério Público Estadual em duas premissas básicas (qualidade das empresas que atuam no metrô e qualidade dos agentes públicos envolvidos no cenário em tese delituoso). Assim é que as obras do Metrô de São Paulo são geridas pela Companhia do Metropolitano de São Paulo, entidade estadual, e também é uma das empresas vinculadas a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, incumbida, pois, de planejar e conceber os projetos de engenharia e arquitetura para a implantação das linhas de metrô, bem como operar e manter o sistema de transporte público metroviário das linhas 1- azul, 2- verde, 3- vermelha e 5 Lilás na região Metropolitana de São Paulo. Importante destacar que com sua rede de trilhos integra-se ao sistema de trens operado pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e ao sistema de transporte de ônibus operado pela Empresa Metropolitana de 5 Transportes Urbanos (EMTU) e pela São Paulo Transportes SP Trans (ônibus municipal). Anote-se que são todos entes estaduais, geridos pelo Estado. Ademais, a eventual propina foi dirigida possivelmente a agentes políticos ou públicos estaduais, que terão, oportunamente, suas identidades descortinadas. Vale informar, ainda, que a Companhia do Metropolitano de São Paulo é empresa constituída sob a forma de 5 Também foco investigativo.

Página 26 sociedade de economia mista, fundada em 24 de abril de 1968, dois anos após ser criada pela Lei Municipal 6988/66. Menciona-se que o Governo do Estado de São Paulo realizou diversos investimentos necessários a expansão da rede através da subscrição de ações por parte da Fazenda do Estado de São Paulo e da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo EMPLASA constituindo-se em sócio majoritário. Ademais, a Prefeitura Municipal de São Paulo também detém cotas. Logo indiscutivelmente estamos em face de interesses estaduais que denotam a atribuição do parquet estadual para aferição de eventuais crimes contra a administração pública estadual e outros congêneres, sem prejuízo de possível aplicação da súmula 122 do Superior Tribunal de Justiça. Destaca-se que em se tratando de sociedade de economia mista há de prevalecer os ditames da súmula 42 do STJ, segundo a qual estatuiu que COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS CÍVEIS EM QUE A PARTE É SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E OS CRIMES PRATICADOS EM SEU DETRIMENTO. Portanto absolutamente legítima a pretensão do Ministério Público Estadual, pela Promotoria de Justiça Criminal do Foro da Barra Funda. Enuncia-se, por necessário, que o lapso temporal das possíveis atividades delituosas poderão ser ampliados durante a investigação. O marco inicial é aquele constante dos

Página 27 documentos que instruem a presente portaria e representação policial que a instrui, no entanto, o marco final será delimitado pelo caminhar investigatório. Resolve, assim, visando à apuração dos fatos, para posterior ajuizamento da ação penal ou arquivamento das peças de informação junto ao Poder Judiciário, conforme determinação da Corregedoria-Geral do Ministério Público ou, ainda encaminhamento ao JECRIM São Paulo (artigo 2º, inciso III, da resolução 13 do CNMP) promover as diligências a seguir enumeradas, nomeando, sob compromisso para secretariar os trabalhos, nos termos do artigo 110 do Ato nº 168/98-PGJ/CGMP, a servidora do Ministério Público Elaine Matheus, Oficiala de Promotoria da 2ª. Promotoria de Justiça da Barra Funda. Providencie-se a comunicação da instauração do procedimento investigatório criminal ao Procurador-Geral de Justiça, de acordo com o disposto no artigo 5º, da resolução 13 de 2 de outubro de 2006 da lavra do Conselho Nacional do Ministério Público. Desde já se determina: 1) A autuação e registro da presente como procedimento investigatório criminal, que será instruída com cópia de

Página 28 representação da Polícia Federal, de domínio público. 2) Nos termos de recente decisão do CNMP (Conselho Nacional do Ministério 6 Público) bem como aviso da Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo proceda-se a distribuição do presente procedimento investigatório criminal a um dos Promotores de Justiça do Fórum da Barra Funda comunicando-se a quem receber a investigação que os subscritores estão dispostos a trabalhar em conjunto com o destinatário observando-se que o Ministério Público é uno e indivisível, nos termos do artigo 127 da CF. 3) Após nova conclusão. São Paulo, 28 de setembro de 2016. CASSIO ROBERTO CONSERINO 103º. Promotor de Justiça da Capital FERNANDO HENRIQUE DE MORAES ARAÚJO 6 Em procedimento em desfavor do Ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e outros.

44º. Promotor de Justiça Criminal Página 29