ANÁLISE DA RELEVÂNCIA DO ESTUDO SOBRE GESTÃO ESCOLAR ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE RESENHAS



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Transcrição:

ANÁLISE DA RELEVÂNCIA DO ESTUDO SOBRE GESTÃO ESCOLAR ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE RESENHAS LEMOS, Renata Araujo 1 PEREIRA, Beatriz de Oliveira 1 FREITAS, Nyara Farias 1 Resumo A gestão escolar e seus diferentes enfoques têm sido objeto de estudo de grandes estudiosos na área educacional. Esse tema está estritamente relacionado com a prática e vivência escolar; porém, em alguns cursos de licenciatura, pode-se notar uma deficiência na abordagem desse tema, culminando em profissionais da educação alheios ao seu papel e dos demais integrantes da comunidade escolar. Visando suprir essa necessidade, o PIBID- Biologia UFMA campus São Luís, organizou um projeto de estudo, que ocorreu entre os meses de Abril e Agosto de 2014, cujo tema foi Gestão Escolar em que variadas formas do tema foram discutidas, o que incluiu a leitura de artigos pelo grupo, apresentação de seminário, filmes e produção de resenhas críticas para os integrantes do PIBID e toda a comunidade acadêmica interessada. Ao total, ocorreram sete seminários em duplas e dois Cine Biológico, onde, em cada um, se passou um filme sobre gestão escolar. A dupla responsável pelo seminário ou Cine Biológico disponibilizou artigos sobre o assunto com uma semana de antecedência, possibilitando uma fundamentação teórica para todo o grupo; estes ainda propuseram, ao longo de sua apresentação, questionamentos a fim de promover uma discussão e participação do público presente, possibilitando, assim, uma troca de ideias e experiências pessoais. A cada seminário e cine, sorteou-se, após a apresentação e sessões de discussão, duas pessoas para escreverem uma resenha sobre o assunto. Estas foram analisadas quanto: a reflexão crítica, organização retórica, e categoria de gestão, buscando-se averiguar a importância desse estudo sobre Gestão Escolar na formação docente. Das produções analisadas, 67% apresentaram características da gestão democrático-participativa, 20% não foi possível identificar e 13% abordaram as ideias da autogestionária, sendo assim, a maioria das resenhas evidenciaram a valorização da participação de todos os membros da comunidade na gestão escolar. Palavras-chave: resenha crítica, gestão escolar, seminário. 1- Graduandas do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do

2 Maranhão e bolsistas do subprojeto PIBID- Biologia, campus São Luís. Introdução A gestão escolar é uma das áreas da educação, que visa, organizar, liderar, orientar, mediar, coordenar, monitorar e avaliar os processos que são necessários para o cumprimento das ações educacionais, voltadas para a ascensão da aprendizagem e formação dos alunos (LUCK, 2009, p. 23). Dessa forma, significa que está relacionada com a prática de gerenciar as atividades exercidas pela escola, de acordo com as orientações e políticas educacionais públicas para a implantação de seu projeto político-pedagógico, que seja engajado com os princípios da democracia e com os procedimentos que idealizem e sistematizem requisitos para um ambiente educacional independente, capaz de tomar suas próprias decisões; de participação e partilhamento, decidindo em conjunto; e sendo necessário o acompanhamento e avaliação para a obtenção de informações (ibidem, p. 24). A escola, tradicionalmente, colabora para a transformação social não só em relação a transmissão dos conhecimentos, mas também quando consegue contribuir para a formação da percepção do mundo de uma maneira mais crítica (PARO, 2010, p.177). Verifica-se que o principal objetivo da comunidade educacional é aprender em acordo com os princípios de contínua renovação do conhecimento, criando-se um ambiente de contínuo desenvolvimento para os educadores, alunos e funcionários em geral (LUCK, 2009, p. 16). Entende-se que os conhecimentos a respeito de assuntos sobre gestão escolar são de fundamental importância para a atuação do professor no âmbito escolar. Sendo assim, durante a formação inicial de professores é necessário estudos sobre essa temática; no entanto, observa-se que os conteúdos científicos têm prioridade em relação aos conteúdos pedagógicos. Segundo Pereira (1999 apud Pereira 1998), nas universidades brasileiras, os componentes curriculares de conteúdo específico, seguem predominando em relação aos de conteúdo pedagógico e não relacionam-se tanto estas disciplinas. Conforme estabelecido no art. 13 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), as incumbências dos educadores são variadas. E para tal, é necessário refletir a formação de um profissional da educação que entenda os processos humanos mais globais, seja ele um professor da educação infantil, dos primeiros ou dos últimos anos (PEREIRA, 1999). Sendo assim, as disciplinas pedagógicas são

3 fundamentais para a formação geral dos professores do ensino básico. Em conformidade com o art. 14 da LDB, os profissionais da educação deverão atuar na construção do projeto pedagógico da escola, a comunidade escolar e local também devem participar de conselhos escolares. Para tal, os futuros professores precisam saber dessas informações ao longo da sua graduação. Libâneo (2001), de acordo com estudos realizados em nosso país, classificou as seguintes concepções de gestão e organização: técnico-científica (ou funcionalista), autogestionária e democrático-participativa. A primeira baseia-se na escala de funções e cargos, buscando-se uma racionalização e eficácia do trabalho e serviços escolares, apresentando muitas características provenientes da administração empresarial, tais como: divisão técnica do trabalho (especialização das tarefas); centralização do poder na figura do diretor (relações de subordinação); com destaque na burocracia administrativa; comunicação vertical; maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas. A concepção autogestionária é baseada no dever de todos, sem a presença de uma direção centralizada, prezando participação direta e igualitária de todos os membros; sendo outras características: decisões tomadas em conjunto; as tarefas são vistas como secundárias, valorizando-se as inter-relações; a responsabilidade é coletiva, assim, rejeita sistemas de controle e normas; ressalva a auto-organização do grupo, havendo eleições e revezamento no exercício das funções. E, por último, a concepção democrático-participativa, que fundamenta-se na relação essencial entre a direção e participação dos membros da escola; com ênfase na significância de se traçar objetivos comuns, os quais serão abraçados por todos e que, uma vez tomadas as decisões coletivamente, cada membro assume seu papel no trabalho, assentindo com uma coordenação e avaliação sistemática da execução das decisões. A gestão democrático-participativa também tem como particularidades: todos conduzem e são conduzidos, avaliam e são avaliados; através da busca de informações reais, busca objetividade no que diz respeito a organização e gestão; qualificação e competência profissional; a equipe escolar deliberam sobre os objetos sociopolíticos e pedagógicos da instituição; conexão a atividade de direção e iniciativa e cooperação, tanto das pessoas da escola, quanto daqueles que se relacionam com ela, como a comunidade em que a escola se encontra. Ainda de acordo com Libâneo (2001), essas diferentes concepções de gestão escolar refletem posicionamentos políticos e concepção de homem e sociedade e sua estruturação e organização apresentam um caráter pedagógico, dependendo de maiores

4 objetivos sobre a correlação da escola com a manutenção ou transformação social. Dessa forma, entendemos que o professor deve ter entendimento de todo esse conhecimento, uma vez que seu papel, como professor, e o da escola, também serão influenciados pelo tipo de gestão adotada. Bakhtin (1997), argumenta sobre as dificuldades de leitura e escrita dos alunos no meio acadêmico, declarando que o domínio de um gênero linguístico é um comportamento social. Afirma que são muitas as pessoas que, dominando magnificamente a língua, sentem-se logo desamparadas em certas esferas da comunicação verbal, precisamente pelo fato de não dominarem, na prática, as formas do gênero de uma dada esfera (BAKHTIN, 1997, p. 303). Sendo assim, atividades como produção de resenhas podem acrescentar na formação docente, sendo possível superar essa inexperiência no domínio de um gênero. Segundo Vian Júnior e Ikeda (2009), o gênero resenha é utilizado frequentemente no meio acadêmico, empregado como uma maneira de manter uma proximidade com novos conceitos e também como estratégia de ensino. Mostra-se assim, extremamente importante no contexto universitário, usado para fazer seleção bibliográfica compatível para um estudo, além de permitir que os educandos verifiquem pesquisas e publicações, sistematizem informações a respeito de determinado assunto ou expressem a utilidade de algo sobre algum enfoque em estudo. Em um primeiro momento, o trabalho com resenhas no meio acadêmico permite um contato dos alunos com o gênero. A medida em que os alunos utilizam com mais frequência esse gênero, vão adquirindo mais conhecimento sobre tal, o que possibilita a sua inserção na comunidade discursiva, transformando-a, depois, em uma atividade de ensino e de pesquisa. Sendo assim, a opção por esse tipo de produção escrita mostra-se interessante para analisarmos a importância do estudo sobre gestão escolar. O presente trabalho visa, através da análise de resenhas, compreender a importância do estudo sobre gestão escolar na formação docente. Metodologia A proposta desta pesquisa enquadra-se em uma abordagem qualitativa, com o objetivo de analisar as resenhas produzidas quanto: a sua organização sequencial, ao seu referencial teórico e a reflexão crítica, buscando-se averiguar a importância desse estudo sobre Gestão Escolar na formação docente. Segundo Godoy (1995), uma pesquisa qualitativa:

5 [...] não procura enumerar e/ ou medir eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo. O PIBID da Universidade Federal do Maranhão/UFMA subprojeto- Biologia, do curso de Ciências Biológicas, campus São Luís, organizou um projeto de estudo, entre os meses de Abril e Agosto de 2014, com a temática Gestão Escolar, que ficou estruturado em: leitura de artigos pelo grupo, apresentação de seminários e filmes para a comunidade acadêmica em geral e produção de resenhas críticas pelos integrantes do Subprojeto Biologia. A escolha do subtema relacionado à Gestão Escolar ficou ao critério de cada dupla, sendo que estas deveriam apresentar previamente à coordenadora os artigos e em seguida decidiam sobre qual tema abordariam em seu seminário, posteriormente, enviaram artigos com uma semana de antecedência para que todos os integrantes do PIBID pudessem ler os artigos utilizados como base para a apresentação. Foram apresentados os seguintes seminários: Gestão Escolar: Conhecer para saber educar; Diretrizes e Planos Educacionais; O Projeto Político Pedagógico; LDB: os novos caminhos da educação; Avaliações do Sistema Educacional no Brasil e no Mundo; Censo Escolar e PPP das Escolas estaduais (Centro de Ensino Benedito Leite e Centro Educacional Margarida Pires Leal) e ocorreram também o 1º Cine Biológico com a apresentação do filme: Entre os muros da escola e 2º Cine Biológico com o filme: Meu Mestre, Minha Vida. Ao término de cada seminário e cine, foram sorteados dois integrantes do PIBID para elaborar uma resenha a cerca do tema que foi apresentado. Devido à dificuldade dos alunos em produzirem as resenhas, foi ministrada uma oficina intitulada Como fazer uma resenha, informando sobre a estrutura lógica, temporal e a importância da reflexão crítica no texto. Foram analisadas quinze resenhas, quanto: a reflexão crítica, categorizando as resenhas como informativa, crítica e crítico-informativa, de acordo com Severino (2007); o exame da organização retórica, fundamentado em Silva (2009) e o

6 referencial teórico utilizado foi analisado de acordo com a categoria de gestão escolar em que a resenha se enquadra, de acordo com Libâneo (2001). Severino (2007, p. 205), classifica as resenhas em três tipos: puramente informativa, expondo-se apenas o conteúdo do texto; crítica, ao se manifestar sobre o valor e alcance do texto analisado; e crítico-informativa, quando, para além de expor o conteúdo analisado, também tecerá comentários sobre o texto analisado. A análise da organização retórica das resenhas de acordo com Silva (2009) está sistematizada em: integração de movimentos, que ocorre quando o resenhador descreve o texto-fonte, no nosso caso, o tema e avalia concomitantemente; alternância de movimentos, em que um momento faz-se a descrição e em seguida uma avaliação e repete-se esse ciclo no decorrer do texto e a separação de movimentos, expressa uma descrição sobre o tema em posteriormente apresenta um parecer geral apenas no desfecho da resenha. As categorias de gestão escolar presentes nessa pesquisa foram organizadas de acordo com o tipo de gestão proposto por Libâneo (2001), considerando o que o resenhista acredita ser o tipo de gestão ideal. Desse modo, serão três categorias: a técnico-científica, na qual a escola segue uma administração centrada no diretor e apresenta uma hierarquia de cargos e funções ; autogestionária, que apresenta uma direção descentralizada e baseia-se no compromisso coletivo e a democrático-participativa, na qual as deliberações são discutidas e implementadas em conjunto, mesmo apresentando um diretor. Resultados e Discussão Como resultado, em relação a reflexão crítica, enquadraram-se como informativa 40 % das resenhas produzidas. Porém, para Silva (2009 apud Motta-Roth, 2001), a função definidora da resenha é a avaliação. Dessa forma, elas não poderiam se encaixar como pertencentes a esse gênero, uma vez que, se restringem apenas a descrição do tema abordado, negligenciando a avaliação do mesmo. As resenhas classificadas em crítica (20%) e crítico-informativa (40%), não somente cumprem com o papel de descrever sobre a temática, como também, abordam o caráter crítico essencial nesse tipo de produção textual. Dessa forma, a maioria dos alunos conseguiram contemplar as características básicas da resenha acadêmica. Verifica-se que quanto a organização retórica, as resenhas que apresentaram integração de movimentos (13%) e alternância de movimentos (27%), conseguiram

7 contemplar o objetivo do gênero, de acordo com Motta-Roth (1997), quando classifica como resenha acadêmica uma produção escrita com finalidade recorrente de descrever e avaliar sobre uma determinada temática. Nesse sentido, segundo Silva (2009) quando o autor aborda as ideias sobre o tema e redige comentários críticos a respeito do mesmo, oportuniza que o resenhador atue no meio acadêmico através da sua produção escrita. Em conformidade com Silva (2009), quanto as resenhas que se enquadraram na categoria de separação de movimentos (53%), elas constituem-se funcionalmente entre os gêneros resumo e resenha, pois tem um caráter inicial de cunho informativo e apenas ao final do texto apresenta uma avaliação. Desse modo, o escritor prioriza expor mais informações descritivas do que uma avaliação relacionada a temática. Vale ressaltar, que muitas resenhas, aqui analisadas, foram categorizadas como informativas, mas por apresentarem um parágrafo final de julgamento, foram enquadradas na categoria de separação de movimentos em relação a organização retórica, resultando em uma produção com caráter de resumo. Mais importante do que a organização retórica é fundamental que as resenhas apresentem uma reflexão crítica, e as que se enquadraram nas categorias de integração e alternância de movimentos geralmente apresentam uma visão crítica a respeito do assunto. No caso da resenha que não se enquadrou em nenhuma das categorias usadas para analisar a organização retórica, o motivo foi do texto ser fundamentalmente descritivo, não ocorrendo então o processo de movimentação entre descrição e avaliação. O que para Silva (2009) a predominância desse padrão afeta na incumbência do gênero resenha. Quanto a concepção de gestão escolar, 67% das resenhas defenderam a concepção democrático-participativa, 13% apresentaram opiniões convergentes com as características encontradas nas gestões autogestionária e democrático-participativa e em 20% não foi possível obter resultados, por serem meramente descritivas em relação à gestão. Nenhuma das resenhas estudadas se encaixou como técnico-científica. Inferimos que os resenhistas não concordam com as relações verticais, enfatizando a importância se construir relações horizontais, valorizando a participação de todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, o que poderá ser confirmado devido ao fato de todas as demais resenhas serem de cunho democrático-participativa e/ou autogestionária.

8 As resenhas que se ajustaram às visões democrático-participativa e, ao mesmo tempo, autogestionária, expressaram apenas a importância da participação coletiva (professores, gestores e alunos); porém, as formas com que se davam as relações de poder não ficaram claras, o que seria necessário para distingui-las. O que tomamos como importante, com esse dado, é que se prezou por uma gestão baseada na integração de toda comunidade escolar. Observou-se a predominância das resenhas que manifestaram uma identidade democrático-participativa, ressaltando, não só a coletividade, mas também o papel, singular, de todos os integrantes da comunidade escolar, incluindo a comunidade local. Inclusive, muitos alunos citaram o art. 14 da LDB, o qual deixa que claro que a concepção de gestão da escola básica, no Brasil, é a democrática. Conforme Souza (2006), é a partir da prática democrática que se aprende a participação na vida política, o que inclui a gestão da escola, da cidade ou do país. Ele ainda ressalva que essa democracia está associada na participação do processo de tomadas de decisões. Diante do que foi apresentado, ressaltamos esse papel da escola na formação de cidadãos críticos e autônomos em todas as esferas políticas. Considerações Finais O gênero resenha é uma importante ferramenta utilizada quando se deseja estudar sobre algum tema e levantar questionamentos a respeito disso, proporcionando ao resenhador vivência com a argumentação crítica. Porém, isso só é alcançado quando está é elaborada corretamente, caso contrário, pode assumir as particularidades de um resumo. O ciclo de seminários demonstrou-se relevante uma vez que percebemos através da análise de resenhas que os alunos conseguiram internalizar os conceitos essenciais sobre gestão. Dentre os quais podemos citar as gestões que levam em consideração a tomada de decisões coletivamente. Os professores devem colocar em prática esses conceitos e, através, das suas ações no ambiente escolar, contribuir para formação de cidadãos participativos.

9 REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997. BRASIL. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 de dez. 1996. GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de administração de empresas, v. 35, n. 2, p. 57-63, 1995. LIBÂNEO, José Carlos. O sistema de organização e gestão da escola In: LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola teoria e prática. 4ª. ed. Goiânia: Alternativa, 2001. LUCK, H. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009. Capítulo 1, Fundamentação e princípios da educação e da gestão escola; p.15-30. MOTTA-ROTH, D. Termos de elogio e crítica em resenhas acadêmicas em lingüística, química e economia. Intercâmbio. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. ISSN 2237-759X, v. 6, 1997. PARO, V. H. Administração escolar: introdução crítica. Cortez, 2010. p. 177. PEREIRA, J. E. D. As licenciaturas e as novas políticas educacionais para a formação docente. Educação e Sociedade, v. 20, n. 68, p. 109-125, 1999. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23ª. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2007, p. 205. SOUZA, A. R. Perfil da Gestão da Escola no Brasil. Tese (Doutorado em Educação). São Paulo: PUC-SP, 2007. SILVA, A. V. L. da. Produção de resenhas acadêmicas: os recursos linguísticos e a apropriação do gênero, 2009. VIAN JR, O; IKEDA, S. N. O ensino do gênero resenha pela abordagem sistêmico-funcional na formação de professores. Linguagem & Ensino, Pelotas, v.12, n.1, p.13-32, jan./jun. 2009