UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA A IMPORTÂNCIA DA SELEÇÃO DO EQUINO PARA A PRÁTICA EQUOTERAPÊUTICA. RAIRON MELO DE AGUIAR Boa Vista RR 2017

RAIRON MELO DE AGUIAR A IMPORTÂNCIA DA SELEÇÃO DO EQUINO PARA A PRÁTICA EQUOTERAPÊUTICA Trabalho acadêmico apresentado como prérequisito para a conclusão do curso de Bacharelado em Zootecnia, da Universidade Federal de Roraima. Orientadora: Profª Drª Denise Ribeiro Melo Boa Vista, RR 2017

RAIRON MELO DE AGUIAR A IMPORTÂNCIA DA SELEÇÃO DO EQUINO PARA A PRÁTICA EQUOTERAPÊUTICA Trabalho de conclusão de curso apresentado como pré-requisito para obtenção do curso de Bacharelado em Zootecnia da Universidade Federal de Roraima. Defendida em 15 de fevereiro de 2017 e avaliada pela seguinte banca examinadora: Profa Dra Denise Ribeiro de Melo Orientadora/Curso de Zootecnia UFRR Prof. Dr. Jalison Lopes Curso de Zootecnia UFRR Prof. Dr. Francisco Edson Gomes Curso de Zootecnia UFRR

AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me dado saúde e força em todos os momentos da vida. A minha mãe Neide por ter me apoiado nos momentos mais difíceis e a minha esposa, Lauricélia, por ter contribuído para a realização deste trabalho. Ao professora orientadora Denise que incentivou em vários momentos e intermediou o conhecimento tornando o aprendizado prazeroso e contribuindo para meu amadurecimento profissional e acadêmico.

RESUMO A Equoterapia é um método terapêutico amplamente praticado na melhora de pacientes com deficiência. Diante desta realidade a proposta deste estudo consiste em descrever a relação entre as especificidades do animal e os benefícios/ganhos que podem trazer para os praticantes da Equoterapia além de descrever o cavalo e suas especificidades relacionadas a prática de Equoterapia; investigar os movimentos dos animais em relação a melhora dos pacientes; levantar as práticas desenvolvidas com os animais no tratamento de pessoas com necessidades especiais. Para esta finalidade foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada em artigos, sinopses, periódicos, trabalhos de conclusão de curso relacionados ao assunto, apostilas de Equoterapia, livros científicos e sites com assuntos relacionados à pratica bem como a correta seleção do equino para utilização nesta prática. Podendo concluir que diante da seleção correta diante da especificidade do paciente o tratamento é de grande valia, trazendo ganhos ao paciente e a família. Palavras-chave: Equoterapia Método terapêutico Seleção do equino.

RESUMEN La hipoterapia es un método de tratamiento ampliamente practicado en la mejora de los pacientes con discapacidad. Ante esta realidad el propósito de este estudio es describir la relación entre las características específicas de los animales y los beneficios / ganancias que pueden traer los profesionales de la terapia a caballo y para describir el caballo y sus especificidades relacionadas con la práctica de hipoterapia; investigar los movimientos de los animales para la mejora de los pacientes; aumentar las prácticas desarrolladas con los animales en el tratamiento de las personas con necesidades especiales. Para este propósito se llevó a cabo en su base una búsqueda bibliográfica, resúmenes, publicaciones periódicas, realización de cursos relacionados con el tema, folletos, libros científicos de hipoterapia y sitios web con temas relacionados con la práctica y la correcta selección del caballo para hacerlo. Puede concluir que, dada la correcta selección de un tratamiento específico del paciente es de gran valor, con lo que las ganancias para el paciente y la familia. Palabras clave: hipoterapia - método terapéutico - Selección de equino

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 8 2 OBJETIVO... 8 2.1 OBJETIVO GERAL... 9 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 9 3 REVISÃO DE LITERATURA... 10 3.1 CONCEITO E APLICAÇÃO DA EQUOTERAPIA... 10 3.2 O CAVALO NA EQUOTERAPIA... 14 3.2.1 A ESCOLHA DO CAVALO PARA A EQUOTERAPIA 16 3.2.2 RELAÇÃO DO TIPO DE ANDADURA E SUA FUNÇÃO NA EQUOTERAPIA... 19 a) Passo... 20 b) Trote... 20 c) Galope... 21 3.2.3 MORFOLOGIA... 22 3.2.4 TEMPERAMENTO... 23 3.2.5 TREINAMENTO... 24 4 CONCIDERAÇÕES FINAIS... 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 26

8 INTRODUÇÃO Em 1989 foi fundada a Associação Nacional de Equoterapia no Brasil, sendo reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1997. Amplamente difundida, a Equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como principal recurso na reabilitação de pessoas deficientes e pessoas com necessidades especiais, apresentando técnicas de equitação e práticas equestres associadas ao conhecimento técnico da equipe interdisciplinar da educação e saúde. Os critérios de seleção diante da personalidade dócil do animal são definidos pela andadura, morfologia, temperamento, a saúde, a doma e o correto treinamento são de fundamental importância para que se alcance o objetivo proposto para cada praticante, como a melhora do tônus muscular, ganho de controle motor, melhora da autoestima, entre outros. O Estado de Roraima possui em Centro de Equoterapia, O Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro (CEEQUO), localizado na BR 174, no Parque de Exposições Dandãezinho na Zona Rural de Monte Cristo. Este centro é atrelado a Secretaria Estadual de Educação e desporto (SEED). Com atividades são voltadas para pessoas com deficiência ou com necessidade especiais, atualmente estão sendo oferecidas 155 vagas. A equipe de profissionais que trabalham no centro é formada por auxiliar guia com dez condutores e os mediadores que são quatro fisioterapeutas, dois fonoaudiólogos, nove pedagogos, nove professores de Educação Física e dois psicólogos (GOVERNO DE RORAIMA, 2017).

9 2. OBJETIVO O objetivo do trabalho foi fazer um levantamento bibliográfico para aprofundar o conhecimento na relação animal-praticante e seus benefícios. Baseando-se através da pergunta problema que questiona: Qual importância da correta seleção do animal para a prática equoterapêutica? 2. 1 OBJETIVO GERAL Descrever a relação entre as especificidades do animal e os benefícios / ganhos que podem trazer para os praticantes da Equoterapia. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO Descrever o cavalo e suas especificidades relacionadas a prática de Equoterapia; Investigar os movimentos dos animais em relação a melhora dos pacientes; Levantar as práticas desenvolvidas com os animais no tratamento de pessoas com necessidades especiais.

10 3. REVISÃO DE LITERATURA A Equoterapia é hoje uma prática regulamentada, com requisitos mínimos e nome registrado, sendo inclusive reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Já é também incluída em alguns planos de saúde. E, aos poucos, aqueles que se dedicam à equoterapia (pessoas e entidades) começam a trabalhar o mais dentro das normas possíveis, para que tenham o benefício do uso da nomenclatura Equoterapia, respaldo legal, coberturas dos seguros de saúde (METZLER, 2012). 3.1 CONCEITO E APLICAÇÃO DA EQUOTERAPIA A Equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial (doenças causadas através de fatores biológicos, psicológicos e sociais) de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. (Associação Nacional de Equoterapia ANDE-BRASIL, 1989). É importante ressaltar que para a prática da equoterapia não há limites de idade e que, além de atender prioritariamente a pacientes portadores de deficiência física, intelectual e social, também atende a pessoas com stress, que vivem em espaços restritos, que não podem se beneficiar do contato com a natureza, agressivas, inseguras, entre outros (METZLER, 2012). A Equoterapia, modalidade terapêutica estruturada e sistematizada pela Associação Nacional de Equoterapia a ANDE, deve ser aplicada por profissionais das áreas de saúde, educação e equitação, de forma multidisciplinar. Mas a multidisciplinaridade exige o preparo de cada um dos profissionais em cada etapa do processo do tratamento equoterápico. Esta técnica é considerada também como um método fisioterapêutico e educacional, que utiliza o cavalo como instrumento cinesioterapêutico (técnicas terapêuticas que ajudam a pessoa a recuperar o movimento normal de determinadas partes do seu corpo) e agente pedagógico no tratamento e reabilitação dos pacientes portadores de deficiência física ou com necessidades especiais (Associação Nacional de Equoterapia ANDE-BRASIL, 2002). O conceito principal segundo Cittério (1999) a Equoterapia é um conjunto de técnicas reeducativas, a Equoterapia objetiva a superação de danos sensoriais, cognitivos e comportamentais, que por intermédio do cavalo, desenvolve atividades lúdico-esportivas.

11 Em outras palavras a ANDE conceitua a equoterapia como uma atividade terapêutica e educacional, que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais. No Brasil, a prática da Equoterapia foi criada com três intenções, segundo Associação Nacional de Equoterapia, 2002, que são: 1) Homenagear a nossa língua mãe o latim o radical equo que vem de equus, que é a espécie Cabalus, isto é, o cavalo; 2) Homenagear o grego Hipócrates de Loo (377 a 458 a.c) que aconselhava a prática equestre como meio de regenerar a saúde, preservando o corpo. Empregou-se assim, a palavra terapia proveniente do grego Therapeia, parte da medicina responsável em aplicar o conhecimento técnico-científico no campo da reabilitação e reeducação; 3) A equoterapia para ser utilizada, necessita-se que o indivíduo esteja engajado nos princípios e nas normas fundamentais que norteiam esta prática no Brasil, facilitando desta forma o reconhecimento do método pelos órgãos competentes. Para Avilia (2001) os principais estímulos causados pela prática com cavalo são a aprendizagem, memorização e concentração, trabalhando a socialização, regulando o tônus muscular, além de estimular o equilíbrio e a boa postura corporal. Segundo Gavarini, (1995), apud Ferreira, (2008), a equoterapia pode ser uma terapia principal ou complementar, dependendo de sua patologia. O tratamento equoterápico pode proporcionar uma reabilitação global, uma vez que o indivíduo tem acesso a uma ajuda psicológica e psicossomática (doenças que procedem do mental e doenças que procedem do físico. Há relatos que tanto Hipócrates de Loo (458-370 a.c.) como Galeno (130-199 d.c.) recomendavam os exercícios a cavalo como forma de beneficiar a saúde do cavaleiro (ANDE, 2002). A datar de 325 d.c., múltiplos escritores médicos também foram favoráveis sobre sua utilização para o tratamento de doenças. Jerônimo Mercurialis, 1596, afirmou que a equitação exercita não só o corpo, mas também os sentidos em sua obra Da arte da gymnastica (FRASÃO, 2001). Em 1734, Charles Castel, médico e abade em Saint Pierre, criou uma cadeira vibratória (tremoussoir), que reproduzia movimentos semelhantes aos do cavalo ao passo (ANDE, 2002). Entretanto, foi Samuel Theodor de Quelmatz (1697-1758), de Lipsia, quem referenciou pela primeira vez sobre o movimento tridimensional do dorso do cavalo (SEVERO, 2010).(apud ARAÚJO, 2014, p.13). Os objetivos da Equoterapia para pessoas com necessidades especiais descritos no (Centro de Equoterapia da Polícia Militar do maranhão - CEPMMA, 2016) são:

12 Melhorar o equilíbrio e postura; Trabalhar a amplitude de movimento global; Estimular as sensibilidades tátil, visual, auditiva e olfativa; Estimular cognição; Oferecer sensação de ritmo; Desenvolver a coordenação motora; Favorecer adequação postural; Regular rítimo respiratório. Ainda para o (Centro de Equoterapia da Polícia Militar do maranhão - CEPMMA, 2016) as indicações ao tratamento de ecoterapia envolvem principalmente: Lesões neuromotoras de origem encefálica ou medular; Patologias ortopédicas congênitas ou adquiridas por acidentes diversos; Disfunções sensórios motoras; Necessidades educativas especiais; Distúrbios: Evolutivos, comportamentais, de aprendizagem; emocionais, dentre outras. Segundo Teixeira (2001); Medeiros & Dias (2002), apud Ferreira (2008), as contra indicações relativas são: Alergia ao pêlo do cavalo; Epilepsia (controle medicamentoso das crises convulsivas assegurado); Síndrome de Down (verificação da instabilidade atlanto-axial); Espinha Bífida; Hiperlordose, na qual mesmo com uso de coxins de adaptação não se consegue o alinhamento pélvico; Hipertensão quando esta não for controlada; Subluxação de quadril; Medo excessivo; Atividade reflexa intensa, dificultando o posicionamento correto sobre o animal. Segundo Teixeira (2001); Medeiros & Dias (2002), apud Ferreira (2008), as contra indicações absolutas são: Fraturas não consolidadas; Estados de compressão de raízes nervosas; Escolioses progressivas com ângulos acima de 40º; Instabilidade atlanto-axial, presente principalmente na síndrome de Down; Terapia anticoagulante; Trombose com risco de embolia; Hemofilia; - Convulsões não controladas; Luxação do quadril; Cardiopatia grave; Osteoporose e osteogênese imperfeita. Porém é necessário atentar-se para o correto desenvolvimento desta atividade que com dito anteriormente envolve uma equipe multiprofissional e interdisciplinar envolvendo o maior número possível de áreas profissionais nos campos da saúde, educação e equitação. Especializados na reabilitação e/ou educação de pessoas com deficiências e/ou necessidades

13 especiais, tais como: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, professor de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo, assistente social e outros (SANTOS, 2011). A equipe indicada deverá ter supervisão médica obrigatória, e fornecerá ao praticante desenvolvimento nos campos cognitivo, social, motor, equilíbrio, relaxamento ou contração muscular, conforme o estágio da patologia em que se encontra o paciente (SANTOS, 2011). Santos (2011), afirma ainda precauções que devem ser tomadas quanto ao atendimento, podendo semente ser iniciado mediante ao parecer favorável em avaliação médica, psicológica e fisioterápica. Há também as questões de avaliações clinicas importantes nos casos de contra-indicações nos casos da não avaliação pelo médico pessoal. A ecoterapia realizar-se em sessões tanto em grupo quanto de forma individualizada, sendo seu acompanhamento realizado de forma individual. Durante os atendimento a evolução do paciente é monitorada através de registros peródicos e sistemáticos. As indicações devem ser realizadas indicadas pelo médico junto com um atestado médico deverá ser solicitado junto ao encaminhamento para o tratamento equoterápico, a fim de não expor o paciente a nenhum risco (NASCHERT, 2006). Deve-se seguir critério de modalidades e especificidades dividindo-se em três programas diferenciados sendo eles: hipoterapia, educação/reeducação e pré-esportivo. Variando de acordo com o quadro clinico e autonomia física dos praticantes (LOPES e ROCHA, 1999). Já (FREIRE, 1999) acrescenta uma modalidade a mais e as caracteriza abaixo: a) Hipoterapia na qual o ritmo do cavalo e as oscilações do corpo, trazem benefícios físicos e psicológicos; b) Reeducação Eqüestre enfoca a coordenação global, onde o praticante deve ter o mínimo de autonomia; c) Pré esporte atividades feitas em grupo, havendo a necessidade de organização de espaço e tempo, que os preparam para uma inserção na sociedade; e d) Esporte o praticante pode participar de provas eqüestres, o que, traz benefícios para a socialização, organização espacial, regulação da própria agressividade, e uma melhora na estrutura da personalidade. Para Severo (2010) o tempo de duração e quantidade de vezes da prática semanal ele avalia fatores como o tipo de inaptidão, a idade do praticante, a habilidade física, a habilidade cognitiva e o uso de medicamentos deverão diante disso só depende das necessidades terapêuticas de cada praticante, conforme a fase da equoterapia determinada pela equipe técnica. Medeiros e Dias (2002) relatam que o tratamento é desenvolvido a partir de etapas interligadas entre a estrutura de cada sessão e tempo de tratamento. Por ser desenvolvido em longo prazo, um plano terapêutico individualizado deve ser traçado a partir de uma avaliação

14 das capacidades do praticante, que deve ser reavaliado constantemente. O foco dos objetivos da Equoterapia leva em consideração a situação familiar, escolar ou profissional do praticante, e quando os profissionais identificarem que o mesmo atingiu seus objetivos, o praticante deve receber alta do tratamento. É notório, que a prática da equoterapia promove aos praticantes estímulos que os auxiliam na superação das suas necessidades, e consequentemente os mesmos conseguem alcançar uma melhor condição de vida. 3.2 O CAVALO NA EQUOTERAPIA Chamados cientificamente de equinos, os cavalos são um animais de potente musculatura, vistos na antiguidade como força de tração e meio de transporte, relacionando-se com o homem a séculos e acompanhando sua evolução. Nos dias de hoje sendo utilizado para diferentes fins dos da época remota. O animal de grande porte e força, atualmente participa entre outras atividades como instrumento terapêutico na vida de pessoas com deficiências e necessidades especiais ajudando nos processos de habilitação/reabilitação e/ou educação/reeducação (POUSA, 2010). O cavalo é o instrumento facilitador, em um processo terapêutico, propõe uma abordagem interdisciplinar com estímulos vivenciais e um ambiente favorável. Uma prática reeducativa que atua para superar danos sensoriais, cognitivos e comportamentais, fazendo com que praticante crie uma nova imagem do seu corpo, favorecendo uma estruturação do eu, devido às informações recebidas da montaria (LIMA; COSTA, 2004). Wickert (2015) relatou a vantagem da utilização do cavalo. Fazendo com que o cavalo gere os movimentos e os transmita ao cavaleiro, desencadeando o seu mecanismo de resposta, na maioria dos casos em que o praticante seja incapaz de gerar os movimentos por si só, recebe este estímulo do animal. Apesar dos movimentos se processarem de maneira rápida, não impedem o seu entendimento pelo cérebro humano. Para Brentegani (2002) [...] há um melhoramento nos outros aspectos como o senso de limite e responsabilidade, o relacionamento interpessoal e casos de timidez, retração, hiperatividade, doenças de humor e depressão, entre outras deficiências apresentam sensível progresso. Segundo Rocha et. al (1996) apud Santos (2011) a utilização do cavalo em tratamentos possui vários objetivos envolvendo a parte motora, cognitiva e afetiva. Por este

15 motivo o treinamento do animal é de grande importância adaptando-o a necessidade de cada paciente. Treinamento este que deve ocorrer em ambiente diferente do habitual, em contato com a natureza fazendo com que o animal, que apesar do seu grande porte, da sua musculatura definida é dócil, sensível e de olhar expressivo sendo capaz de trocar afeto com o praticante, completando-se um ao outro, quando se trata de estímulos para a reação do equilíbrio e controle postural. Finalmente a característica mais importante para a Equoterapia é o que o passo produz no cavalo e transmite ao cavaleiro, impõe um deslocamento da cintura pélvica (quadril) da pessoa quando ela está sobre o animal. A adaptação a esse ritmo do andar do cavalo é uma das peças mestras da equoterapia. Este movimento é completado com pequena torção da bacia do cavaleiro que é provocada pelas inflexões laterais do dorso do animal. (Wickert, 2015). O passo do cavalo produz e transmite ao cavaleiro, uma serie de movimentos sequenciados e simultâneos, que gera o movimento tridimensional, que se traduz, no plano vertical, em um movimento para cima e para baixo; no plano horizontal, em um movimento para a direita e para a esquerda, segundo o eixo transversal do cavalo e um movimento para frente e para trás, segundo o seu eixo longitudinal. (Associação Nacional de Equoterapia ANDE-BRASIL, 2012). Este movimento tridimensional supracitado foi estudado e descrito pela primeira vez em 1747, pelo médico alemão Samuel Theodor Quelmalz no qual Pousa (2010) descreve: O praticante no dorso do cavalo sofre um deslocamento da cintura pélvica da oordem de 5cm nos planos vertical (para cima e para baixo), horizontal (para os lados) e sagital (para frente e para trás). Soma-se ainda a esses movimentos uma rotação de 8 para um lado e para outro. Esses movimentos associados produzem cerca de um a um e vinte e cinco (1,25) movimentos por segundo. Portanto em trinta minutos de trabalho, o cavaleiro executa de 1.800 a 2.250 ajustes tônicos. O movimento produzido pelo cavalo é altamente complexo o qual é transmitido para o paciente, por meio da ligação existente entre o corpo do paciente (assento) e o dorso do animal. É por intermédio do calor desta ligação que esses movimentos são transmitidos ao cérebro do paciente, através do sistema nervoso e com a continuidade sequencial são geradas as respostas que irão ativar sua seção neuromotora (HETRA, 2014 apud ARAÚJO 2015). 3.2.1 A ESCOLHA DO CAVALO PARA A EQUOTERAPIA A Equoterapia é hoje uma prática regulamentada, com requisitos mínimos e nome registrado, sendo inclusive reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Já é também incluída em alguns planos de saúde. E, aos poucos, aqueles que se dedicam à equoterapia

16 (pessoas e entidades) começam a trabalhar o mais dentro das normas possíveis, para que tenham o benefício do uso da nomenclatura Equoterapia, respaldo legal, coberturas dos seguros de saúde (METZLER, 2012). Utiliza-se do cavalo como meio que promove avanços de níveis físicos psíquicos. Trata-se de uma atividade que exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. (Associação Nacional de Equoterapia ANDE-BRASIL, 2012) Na prática, a interação com o cavalo desde os primeiros contatos, os cuidados preliminares, a ação de montar e o manuseio final desenvolvem, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima ao praticante. O animal a ser utilizado na Equoterapia deve ser criteriosamente selecionado e treinado para dar aos praticantes o máximo das sensações e benefícios de que necessitam. De acordo com a quantidade de atendimento realizados nos centros de Equoterapia é necessário que tenhamos vários cavalos à disposição, pois as pessoas têm necessidades diferentes e, normalmente, um só animal não atende a todas elas. Esses animais podem ser montados e adestrados normalmente, podendo, inclusive, participar de competições ou trabalho, mas devem necessariamente ter um treinamento específico para a prática da Equoterapia (METZLER, 2012). Esta diversificação deve ocorrer nos seguintes quesitos: os animais devem apresentar um índice torácico variado além de diferentes angulações de quartela, altura e pelagem diversa. A questão fundamental refere-se ao fato de não haver uma raça ideal para a realização da Equoterapia. (COLAMARINO, 2009) De acordo com Colamarino (2009), para o desenvolvimento harmônico dos movimentos e perfeita interação com o praticante, existem outras características pertinentes a serem observadas, sendo estas os aspectos morfológicos, o andamento, o temperamento e o treinamento (MATT). A análise do MATT deve seguir critérios técnicos que objetivam a qualidade do movimento e da índole. O principal fator para a escolha do cavalo não depende somente de parâmetros técnicos, analisa-se o perfil comportamental, pois, é necessário em primazia que o cavalo seja dócil e com temperamento submisso, para que se possa treinar com mais facilidade e trazer confiança ao praticante da modalidade. Um cavalo de equoterapia deve possuir andaduras regulares e altura média, além de estar acostumado com a interferência de outros cavalos, não temendo a aproximação (CAZARIM, 2010).

17 Longden (2006) reafirma a abordagem anterior sobre a personalidade, o animal (cavalo) apropriado para a atividade equoterapeutica, devendo possuir um perfil obediente, movendo-se livremente e apresentando uma boa musculatura no dorso, para não machucar os praticantes sem equilíbrio. De acordo com a avaliação de Araújo (2014, p.18): Um bom candidato à prática da equoterapia é o cavalo que mantém a cabeça baixa, aceita afagos e demonstra submissão. Aceita vozes de comando, sinais e sons diversos sendo aprovado no exame do passo, trote e galope. Responde bem às regularidades, simetrias, execução em linha reta, zigue-zague e em círculos, tanto para a direita e para a esquerda. É aprovado no exame das flexibilidades do pescoço, da coluna vertebral, da cauda, das articulações dos quatro membros. Responde bem ao exame de todas as características com o praticante montado e caso um cavalo seja reprovado nos itens citados, ele deve ser retirado do adestramento para a equoterapia. Outra questão relevante é a idade do animal, necessitando ter no mínimo cinco anos de idade, onde já saiu da fase da infância. Deve-se também dar preferencia a cavalos castrados, caso contrário é importante não trabalha-los próximos a éguas no cio (Associação Nacional de Equoterapia ANDE-BRASIL, 2012). Para Meltzer (2012), os animais utilizados para a equoterapia devem estar sempre muito bem alimentados e com os programas de profilaxia em dia (vacinas, vermífugos, etc.). Devem ser mantidos em boas condições de higiene, para evitar doenças e para o bem estar e segurança dos praticantes. Para Santos (2011, p. 7) os cuidados dispensados ao animal são os mesmos relativos aos cuidados básicos de um cavalo comum, com diferenças apenas na alimentação. Em geral, consome alfafa, feno e capim (proteínas), além de uma ração específica com nutrientes necessários para seu bem-estar. Por vezes, são utilizados animais com idade avançada ou aposentados das pistas de competições, mas, ainda assim, é muito importante que não apresentem manqueiras, movimentação desigual dos membros, dores, ou nenhum outro problema. O seu local de abrigo, deve ser aberto, coberto e com cocho para forragem, para que assim ele possa sair e voltar à vontade, prevenindo o possível estresse que baias trancadas provocam (Adário, 2005). Os critérios técnicos mais específicos para a escolha do cavalo variam de acordo à morfologia, o cavalo deverá ser analisado pelos aprumos, tamanho do dorso, perímetro torácico, garupa e garrote. (COLAMARINO, 2009). Diante do exposto de Colamarino (2009), os aprumos são a direção exata que tem os membros, com relação ao chão, assim, o pesso corpóreo do animal deve ser igualmente

18 distribuído sobre cada um dos membros, como posição da patas e arqueamento dos joelhos. Sendo os aprumos regulares responsáveis pelo correto desenvolvimento locomotor e o equilíbrio perfeito. Outro critério relevante para a escolha do cavalo é o passo caracterizando-se como andadura simétrica, marchada, basculante, possuindo quatro tempos onde os membros se elevam e pousam sempre na mesma ordem (Associação Nacional de Equoterapia ANDE- BRASIL, 2012). 3.2.2 RELAÇÃO DO TIPO DE ANDADURA COM A EQUOTERAPIA Para Horne e Cirillo, (2005), a primeira manifestação de um ser humano que está a cavalo é o ajuste tônico. Apesar da aparente imobilidade quando está parado, o cavalo nunca está totalmente imóvel. As flexões da coluna, a troca de apoio das patas, o abaixar e o alongar do pescoço, o deslocamento da cabeça ao olhar para os lados e todos os demais movimentos do animal exigem do cavaleiro um ajuste no seu comportamento muscular, movimento automático de adaptação. Além disso, todos os cavalos executam movimentos para se locomover, as andaduras. Na andadura do animal são considerados os membros em apoio, os membros em elevação e os tempos de suspensão. Os membros em apoio são os que repousam no solo, em elevação em caso contrário e a suspensão é quando nenhum membro estiver em apoio (UZUN, 2005). Atualmente, é comum vermos cavalos destinados a equoterapia com laterização do passo. Esta característica influencia negativamente o aspecto simétrico deste andamento. Observam-se também animais que caminham chutando areia, devido à deficiência de alçamento dos membros, perdendo amplitude do andamento e cavalos com o passo encurtado e com menor engajamento dos membros posteriores, prejudicando a elevação da garupa. Adicionam-se também as perdas de flexibilidade e de massa muscular na região do lombo, pela falta de treinamentos físicos de fortalecimento e /ou pela idade avançada do equino que culminam, respectivamente, em perda de ritmo da passada e dificuldade na realização de montaria dupla ou o acesso de praticantes obesos, por desmotivar os cavalos em aceitá-los devido a lombalgia (SCHRODER, 2010 apud SCANTAMBURLO et. al, 2010). Para a atividade de Equoterapia é necessário que o cavalo tenha as três andaduras regulares o passo, trote e galope, pois são as andaduras que passarão informações para o cérebro do praticante. Sendo assim o cavalo não pode apresentar alteração na marcha, caso contrário podendo causar prejuízos ao invés de benefícios.

19 O cavalo possui três andaduras naturais, aprendidas de forma instintiva. Outros tipos de andaduras e movimentos que o cavalo pode executar são ensinados pela pessoa que o adestra e por isso não são considerados naturais (FREIRE, 1999). E por fim o galope que representa a terceira andadura do cavalo pode ser representada por uma corrida a pé ou de bicicleta elevando a frequência cardíaca do praticante em até 67%. a) Passo Sendo o passo uma andadura regular, ritimada e uniforme, semelhante a caminhada humana. É uma andadura simétrica, rolada ou marchada, basculante, a quatro tempos (UZUN, 2005). Uzun (2005) apud Ferreira (2008), exemplifica que é simétrica, porque as variações da coluna vertebral em relação ao eixo longitudinal do cavalo são simétricas; é rolada, porque não existe tempo de suspensão, ou seja, sempre existem membros em apoio; é basculante em consequência dos movimentos do pescoço do cavalo; e é a quatro tempos, porque ouvem-se quatro batidas distintas entre o elevar até o pousar de um determinado membro. Considerado para Pousa (2010): Cavalo de baixa frequência (transpista): esse tipo de cavalo possui uma passada longa, ou seja, a marca da pata posterior ultrapassa a marca da correspondente anterior. Esse tipo de andadura favorece o relaxamento da musculatura, sendo mais indicado para pessoas com o tônus elevado. O passo por sua vez representa a andadura mais indicada para a prática equoterápica, devida a regularidade. É um passo uniforme, ritmado, que pode tornar-se para o cavaleiro um embalo, não produzindo impacto em quem monta, permitindo a este estabelecer uma intima ligação com o animal. O embalo do passo permite abaixar o nível de angústia e ajuda nos estados psicológicos de inibição. Lermontov (2005) descreve o movimento do passo em detalhes, ao iniciar um dos membros anteriores, em geral, se eleva primeiro. Se é o Anterior Direito (AD) que inicia o passo, o membro seguinte a se elevar será o Posterior Esquerdo (PE), depois o Anterior Esquerdo (AE) e, finalmente, Posterior Direito (PD). Os membros pousam na mesma ordem de elevação e o passo completo à direita termina com o pousar do PD e um passo completo à esquerda pelo pousar de PE, desde que o cavalo tenha partido parado.

20 b) Trote O trote representa um estimulante por ser uma ação reflexogena pelo através movimento vertical e saltitante, representando uma caminhada acelerada. Na qual os membros de cada bípede diagonal se elevam e pousam simultaneamente, com um tempo de suspensão entre o pousar de cada bípede diagonal (UZUN, 2005). É uma andadura simétrica, saltada, fixada a 2 tempos. Durante o trote, ocorre um aumento na frequência cardíaca de 62,5% e frequência cardiocirculatória. Por fim o galope é uma andadura natural, assimétrica, diagonal saltada, muito basculada, a três tempos seguidos por um de interrupção. Para Uzun (2005) é simétrica, porque os movimentos da coluna vertebral em relação ao eixo longitudinal do cavalo são simétricos; é fixada, porque os movimentos do pescoço são quase imperceptíveis (são bastante limitados); e é a dois tempos, porque entre o elevar de um bípede diagonal até o seu retorno ao solo (inclusive) ouvem-se duas batidas. Ainda para Pousa (2010) Representando o Cavalo de média frequência (sobrepista): o cavalo que sobrepista, ou de frequência média, deixa a marca da pata posterior exatamente no local anterior. c) Galope O galope é uma andadura assimétrica, diagonal saltada, muito basculada e a três tempos, seguidos por um de interrupção. É assimétrica, porque os movimentos da coluna vertebral em relação ao eixo do cavalo não são simétricos; é saltada, porque existe um tempo de suspensão; é muito basculada, em razão dos amplos movimentos do pescoço; e é a três tempos porque entre o elevar de um membro ou membros associados, até seu retorno ao solo ouvem-se três batidas (UZUN, 2005). Segundo Pousa (2010): Cavalo de alta frequência (antepista): o cavalo que antepista possui uma passada curta, deixando a marca da pata posterior antes da marca da correspondente anterior. Esse tipo de andadura favorece o aumento do tônus muscular, sendo indicado para pessoas com baixo tônus. Segundo Lermontov (2005), sobre o plano vertical, o cavalo faz um gesto de abaixamento do pescoço e sobre o plano horizontal as ondulações vertebrais são assimétricas. O galope em seu um andamento assimétrico já citado anteriormente, confere movimentos diferenciados para cada lado corporal (ANDE-BRASIL, 1951).

21 Pode-se concluir que a marcha do cavalo será requisito na escolha do cavalo para cada praticante variando de acordo com o tônus de quem será montado. O trote e o galope são andaduras saltadas, ou seja, entre um lance e outro, o cavalo executa um salto, existe um tempo de suspensão, em que ele não toca seus membros no solo (LERMONTOV, 2005). Em consequência, seu esforço é maior, e seus movimentos mais rápidos e bruscos exigem do cavaleiro mais força para poder acompanhar os movimentos do animal. Por isso estas andaduras só podem ser usadas em pacientes na fase pré-esportiva, por apresentarem boas condições motoras (MEDEIROS; DIAS, 2002). 3.2.3 MORFOLOGIA A avaliação morfológica nada mais é que a análise das proporções e equilíbrio corporal do cavalo, da correção da estrutura que lhe dá sustentação e determina a qualidade de seus movimentos, da qualidade de suas características e do padrão racial. Existe um padrão morfológico universal para os cavalos de sela, independente do grupo racial a que pertençam, dessa maneira todas as raças buscam estar inseridas nesse padrão, sem prejuízo da tipicidade racial de cada uma. aspectos: Para Metzler, 2012 a morfologia do animal é importante, expondo os seguintes animais altos ou baixos: a nossa escolha pode variar em função do praticante ser uma criança ou adulto, com ou sem lesões físicas, se necessita ou não de ajuda para se manter no cavalo, se existe risco ou não de se jogar do animal, se vamos ou não montar junto, etc. animais de dorso estreito ou de dorso mais largo: provocam menor ou maior abertura das pernas do praticante, maior ou menor conforto no cavalgar, maior ou menor relaxamento, maior ou menor risco para uma eventual lesão ou subluxação já existente, etc. a morfologia com relação à movimentação: devemos analisar se o animal se movimenta com regularidade, se tem passadas grandes ou pequenas, sua freqüência, se reúne (engaja) muito ou pouco, se ao se movimentar apresenta com eficiência o movimento tridimensional, se o trote é macio ou mais duro, se apresenta movimentos parasitas, etc. A prática demonstra que os cavalos mais adequados para a equoterapia são aqueles de estatura baixa. A altura do cavalos deverá ser, no máximo, de um metro e meio, medindo-se do chão a cernelha do animal, a fim de não cansar o auxiliar lateral que acompanha o praticante (UZUN, 2005).

22 3.2.4 TEMPERAMENTO Para Schroder, (2010) apud Scantamburlo et. al. (2010) o temperamento deve ser a principal característica que se busca no cavalo para esta atividade, a docilidade é requisito de importância. Os animais têm de ser incondicionalmente mansos, aceitando toques (leves ou fortes, em todo o corpo) e movimentos bruscos, bem como tolerar a utilização de material de apoio pedagógico, ocorrência de desequilíbrio do praticante e ocorrências inusitadas (DIAS, 2007). As boas respostas comportamentais, por parte do cavalo frente às estas situações novas, podem ser condicionadas por meio do processo de dessensibilização, que sempre devem ser reforçadas. Deve-se salientar ainda que, torna-se imperativo para o bom desenvolvimento da sessão de equoterapia a boa condução dos cavalos pelos guias. Portanto, além do condicionamento do cavalo, quanto ao aspecto físico e moral, a maneira como o condutor guia o animal interfere no seu bom desenvolvimento. 3.2.5 TREINAMENTO Esta etapa é muito importante, pois a preocupação com a qualidade do treinamento do cavalo, possibilita que o seu movimento possa ser conjugado com cada necessidade do paciente. O treinamento, também denominado doma, utilizado para o cavalo de Equoterapia é conhecida como doma comportamental. Esta prática consiste em não usar agressividade e em não contrariar, em nenhum momento, o comportamento do cavalo e pode ser considerada efetiva a qualquer animal equino (Centro de Produção Técnica CPT, 2017). [...] é selecionado por preenchimento de pré-requisitos. Essa seleção pode ser feita de quatro maneiras: A primeira delas, é quando se quer iniciar a criação no próprio haras. Nesse caso, seleciona-se o garanhão e as matrizes que começarão o plantel. A segunda forma é quando se quer selecionar um potro recém-desmamado para acabar de criar e depois domá-lo e treiná-lo para a equoterapia. A terceira forma é escolher o potro já criado, só necessitando iniciar a doma e treinamento. A quarta forma é selecionar o cavalo já adulto, só necessitando do treinamento. O cavalo adulto deve ser calmo, manso, mas não morto, tem de ter vontade de andar e de ser um cavalo atleta. No atendimento, ele vai ser conduzido ao passo, mas o passo ativo com impulsão. (CPT, 2017) O manejo diário é a etapa mais importante do treinamento. O tratador de um cavalo de equoterapia é um tratador diferenciado. Ele deve tratar os cavalos com suavidade, sem

23 espantá-los, para que ele mantenha sempre o ritmo esperado na atividade realizada (CPT, 2017). Lermontov (2005), o cavalo deverá ser treinado para ser montado tanto pelo lado direito, quanto pelo lado esquerdo. Deve, também, ser treinado para o uso de brinquedos e objetos, de modo que não se assuste com eles. Os guias devem receber treinamento para agir com firmeza e transmitir confiança, conquistando o respeito do animal, estimulando-o a ter boas ações durante a sessão não admitindo relutâncias/resistências por parte do cavalo. Nestas condições, o cavalo é conduzido sem susto, obedecendo aos comandos prontamente, tornando a sessão prazerosa a todos os envolvidos na mesma (SCHRODER, 2010 apud SCANTAMBURLO et. al, 2010).

24 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se perceber, como descrito ao longo deste trabalho que decorrente das mais variadas necessidades especiais a Equoterapia trata de deficiências motoras como déficit de equilíbrio, hipotonia muscular, atraso no desenvolvimento motor e neurológico, entre outras deformidades que atrapalham a atividade de vida diária da criança, assim como seu convívio social. Sendo assim, os pais acabam por procurar tratamentos no qual percebem os benefícios, pois a prática equoterapeutica trabalha o paciente de uma forma global, atuando de maneira interdisciplinar englobando as áreas de equitação, saúde e educação. Cada tratamento ocorre de forma específica de acordo com o parecer do especialista. Frente à especificidade do tratamento, há também um cuidado específico com o animal a ser utilizado, sabendo-se que não existem raça equina específica, e sim um cuidado na seleção de acordo com temperamento, morfologia, andadura e treinamento específico para a prática equoterapeutica. Após toda a seleção do animal pode-se iniciar o tratamento na pratica onde claramente são notados os resultados positivos que dependem de um cuidado especial, dedicação e tempo, sem cair numa rotina de terapia. Acredita-se que a criança, quando está sobre o dorso de um cavalo, tem a sensação de não possuir nenhum acometimento motor, o que faz com que a prática se aperfeiçoe dia após dia e seja amplamente difundida. Conclui-se que o Zootecnista, entre a equipe multidisciplinar da equoterapia, faz-se necessário para garantir a integridade física e mental dos equinos. Assim, este profissional poderá atuar desde a seleção animal até as áreas de equitação, elaborando a rotina de atividade física e dessensibilização dos animais, bem como realizar o treinamento dos condutores guia/lateral. Desta forma, a interação do praticante com o cavalo de equoterapia se desenvolverá de maneira segura e prazerosa.

25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Patrícia Brandão. A intervenção do cavalo no aspecto psicomotor do praticante de Equoterapia. Salvador, Bahia, 2014. p.38. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia, 2014. ANDE-BRASIL. Associação Nacional de Equoterapia. Curso básico em extensão em equoterapia. Resumos. ANDE-Brasil: Brasília, 1951.. Coletânea de Trabalhos. Brasília DF, 2002..Manual do Curso Básico de Equoterapia Associação Nacional de Equoterapia. Brasília, 2012. BRENTEGANI T.R. A Equoterapia no ponto de vista Psicológico, 2002. Disponível em: http://www.equoterapia.com.br/artigos/artigo-12.php CAZARIM, S. Preparação do cavalo para a Equoterapia. Revista Brasileira de Equoterapia - Nº 21/22, p.11-17, Dezembro de 2010. Brasília. Centro de Equoterapia da Polícia Militar do maranhão - CEPMMA, 2016 Disponível em: http://cepmma2.blogspot.com.br/ Acesso em: 02/02/2017. CITTÉRIO, D. (1999) Os exercícios de neuromotricidade no quadro das hipóteses de reabilitação neuroevolucionística. In Coletânea de Trabalhos, 1. Congresso Brasileiro de Equoterapia (p. 35-42). Brasília, DF: ANDE/BRASIL. COLAMARINO, E. A Seleção do Cavalo de Equoterapia. 2009 Disponivel em: http://equitacaoespecial.blogspot.com/2009/09/selecao-do-cavalo-de-equoterapia.html. CPT, Artigos, 2017. Disponível em: http://www.cpt.com.br/cursoscriacaodecavalos/artigos/a-selecao-a-doma-e-o-treinamento-do-cavalo-sao-as-chaves-para-osucesso-da-equoterapia Acesso em: 24/01/2017. FERREIRA, Júlia Barbieri. Monografia-2008. Disponível em: https://www.uva.br/sites/all/themes/uva/files/pdf/os-beneficios-da-equoterapia- NO-TRATAMENTO-DE.pdf Acesso em: 05/01/2017. FREIRE, H. B. G. Equoterapia teoria e técnica: uma experiência com crianças autistas. São Paulo: Vetor, 1999. HORNE, A. R.; CIRILLO, L. C. Histórico da Equoterapia no mundo. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA. Curso básico de equoterapia. Brasília, DF, 2005. p. 2-6. 1 CD-ROM.

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