EXPANSÃO DA PRODUTIVIDADE DA CANA DE AÇÚCAR NO ESTADO DE GOIÁS, DESTACANDO O SUDOESTE GOIANO

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Transcrição:

1 EXPANSÃO DA PRODUTIVIDADE DA CANA DE AÇÚCAR NO ESTADO DE GOIÁS, DESTACANDO O SUDOESTE GOIANO RESUMO Luiz Carlos de Oliveira Ferreira 1 Ricardo Francisco da Silva 2 Antonio de Oliveira Silva 3 Divina Aparecida Leonel Lunas Lima 4 O objetivo deste trabalho foi analisar a expansão da produção de cana-deaçúcar no estado de Goiás, e as tentativas de algumas prefeituras de sancionar leis que limitariam as áreas agricultáveis de suas cidades. A cana-de-açúcar vem apresentando expansão acelerada tanto no número de usinas de etanol e açúcar, como de áreas de cultivo, de produção e de produtividade em nosso Cerrado. O Sul Goiano em especial está concentrando o maior número dessas usinas que estão induzindo a conversão de áreas de culturas anuais e pastagens em áreas de cultivo de cana. Não se conhece os impactos diretos e indiretos dessa expansão no estado de Goiás, sobretudo sobre solos e recursos hídricos, contudo aponta-se que pelo histórico desta cultura haverá uma perda da diversidade produtiva na região caso os avanços da cana-de-açúcar sejam mantidos. PALAVRAS-CHAVE: sanções, produção, impactos, uso da terra. INTRODUÇÃO A cultura da cana-de-açúcar é um das culturas mais importantes e tradicionalmente foi utilizada em todo território brasileiro para ocupação de áreas para o cultivo e processamento desta matéria-prima. Diferentemente de outras culturas a canade-açúcar desde a sua implantação no Brasil esteve associada ao processamento industrial da mesma. Por isso. têm-se uma integração entre a produção agrícola e a indústria que no caso do Brasil sempre concentrou o controle sobre a produção da matéria-prima. O avanço recente da cultura a partir de 2005 nas regiões consideradas de expansão agrícola de grãos tem aumentado a preocupação quanto aos impactos sobre o uso do solo e na diversificação das atividades produtivas. O Estado de Goiás é um dos estados brasileiros que tem recebido o maior número de projetos de instalação de usinas. As características topográficas do estado e a qualidade da terra têm atraído estes investimentos e tem provocado a preocupação em entidades goianas ligados ao setor agrícola quanto aos riscos de uma concentração produtiva. A região com os principais investimentos é o Sul do Estado de Goiás, especificamente a Mesorregião Sul Goiano. Nesta mesorregião encontra-se a microrregião Sudoeste Goiano a mais importante produtora de grãos e dos complexos de carnes suínas e aves do Estado de Goiás. 1 Acadêmico do curso de Engenharia agrícola da Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária da UEG de Santa Helena de Goiás. E-mail: luiz_carlos_pccc@hotmail.com. 2 Acadêmico do curso de Engenharia agrícola da Universidade Estadual de Goiás - Unidade Universitária da UEG de Santa Helena de Goiás. E-mail: ricksilvaoffc@hotmail.com. 3 Acadêmico do curso de Engenharia agrícola da Universidade Estadual de Goiás - Unidade Universitária da UEG de Santa Helena de Goiás. E-mail: antonio_92114299@hotmail.com. 4 Professora da Universidade Estadual de Goiás e da Universidade de Rio Verde FESURV e da Universidade Estadual de Goiás Pós-doutoranda do Instituto de Economia Unicamp - Doutora em Desenvolvimento Econômico IE UNICAMP - Brasil E-mail: divalunas@yahoo.com.br.

2 De acordo Franco; Assunção (2011, p. 33): O Sudoeste de Goiás é composto de dezoito municípios. Destes doze produzem cana-de-açúcar. São eles: Aparecida do Rio Doce, Aporé, Castelândia, Chapadão do Céu, Jataí, Maurilândia, Mineiros, Montividiu, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Santo Antônio da Barra e Serranópolis, e destes, dez possuem instalações industriais processadoras de cana-de-açúcar: Aporé, Chapadão do Céu, Jataí, Mineiros, Maurilândia, Montividiu, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Santo Antônio da Barra e Serranópolis. Segundo dados de 2010 da Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os municípios com histórico de produção industrial de cana-de-açúcar desde 1990 são Maurilândia, Santa Helena de Goiás e Serranópolis que, naquele ano, produziram 224 mil, 666,4 mil e 550,4 mil toneladas respectivamente e Castelândia, que, em 1994, produziu 55,3 mil toneladas de cana-de-açúcar. Entre os municípios do sudoeste de Goiás, os que tiveram a maior área plantada na safra 2009/2010 com cana-de-açúcar foram Santa Helena de Goiás com 37.300 ha, Mineiros 15.361 ha e Maurilândia com 13.718 ha, porém na mesma safra os municípios que apresentaram uma maior produção foram Santa Helena de Goiás, Rio Verde e Chapadão do Céu; Quanto à produtividade, a média para os municípios no ano de 2009 foi de 88.250 Kg/ha. Na safra 2010/2011 os que tiveram uma área plantada acima dos 10 mil hectares foram Chapadão do Céu, Jataí, Maurilândia, Mineiros, Rio Verde e Santa Helena de Goiás. Pelos dados apresentados anteriormente destaca-se que a região Sudoeste de Goiás concentra os municípios mais importantes do setor sucroalcooleiro goiano. A competição pelo uso do solo nestes municípios é alta devido a produção de grãos ser intensa na região para o atendimento das agroindústrias processadoras e pela necessidade dos complexos de carnes, suínas e aves, para a produção de rações. MATERIAL E MÉTODOS Os materiais utilizados neste estudo são dados estatísticos e cadastrais de bases consagradas como IBGE e CONAB. As primeiras informações obtidas foram a quantidade produzida, valor da produção, e rendimento da cana-de-açúcar nos principais municípios produtores dessa cultura, conforme verifica na Tabela 1..

3 Na Tabela 2 destaca-se algumas usinas instaladas no sudoeste goiano, com suas respectivas áreas (ha) e suas produtividades (ton./ha). Conforme a tabela 2. Observa-se na Tabela 2 que a maioria das usinas tem a maior a área concentrada em área própria. Apenas a Usina Cosan tem uma área de terceiro maior que a área própria. Contudo estas áreas de terceiros geralmente são áreas arrendadas o que caracteriza o controle da usina no fornecimento da matéria-prima. A concentração em área própria pode provocar no longo prazo uma diminuição da diversificação produtiva pois não há uma rotação de culturas que possa ser utilizadas para garantir outras atividades agrícolas nestas áreas. As usinas fazem a renovação de canaviais na região geralmente com a cultura da soja, no entanto, este tipo de atividade não pode ser classificado como rotação de cultura. RESULTADOS E DISCUSSÕES Nota-se que dos municípios da Figura 1, o município que mais se destacou foi Santa Helena de Goiás, com um aumento a cada safra de pelo menos 250 (t ha -1 dia - 1 ) de 2005 a 2011. O outro município que também se destacou foi Castelândia com um aumento a cada safra de 70 (t ha -1 dia -1 ) de 2005 a 2011. Em todo o país, safra cresce a um ritmo de 10%. 80 novas usinas devem entrar em operação no Estado. Com a entrada em funcionamento de novas usinas, a indústria sucroalcooleira em Goiás cresce a um ritmo muito superior ao do resto do país. Nos últimos anos, cerca de 20 unidades iniciaram a operação no Estado, o que deve elevar em 54% a produção de cana na atual safra em comparação com 2008/2009. No país todo, a taxa será de 10%. (CONAB, 2011).

4 Figura 1 - Crescente expansão da produtividade da cana nas safras 2005/06, até a safra 2010/11. As estatísticas apontam para uma rápida expansão de área plantada com cana-de-açúcar no estado e principalmente na microrregião sudoeste de Goiás; crescimento tanto da área plantada como da produtividade, por ter na região solos (corrigidos, portanto férteis e produtivos, boa topografia) e clima altamente favorável ao cultivo dessa gramínea. Esta recente expansão da cultura da cana-de-açúcar no sudoeste de Goiás assusta muito os investidores da cadeia carne/grãos pelo risco de perder espaço para essa nova monocultura, o que se reflete projeto de lei aprovado no município de Jataí, o qual restringe a área máxima permitida de plantio da cultura. (FRANCO; ASSUNÇÃO, 2011, p.35-36). O crescimento das áreas de lavouras de cana-de-açúcar tem provocado uma reação nas entidades do setor agrícola goiano quanto à possibilidade dos efeitos negativos atingirem outras atividades produtivas. O município de Rio Verde também sancionou uma lei para a delimitação do espaço de expansão da cana-de-açúcar em 2008, contudo em 2009 a lei foi julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal (LIMA, 2010). CONCLUSÕES Os dados indicam que a cana-de-açúcar tem altas taxas de expansão em Goiás e concentra-se no Sul Goiano. Este tipo de concentração tem provocado preocupações nas diversas entidades do setor agrícola goiano o que levou a criação de legislação municipal em Jataí para limitação da expansão das áreas desta cultura. Quanto à produtividade verifica-se que o município de Santa Helena de Goiás apresenta dados positivos de ganhos de produtividade. Este tipo de expansão via aumento de produtividade é favorável a economia do recurso terra, ou seja, quanto

5 maior for a expansão via produtividade deduz que haveria uma menor utilização da terra. Entende-se que o setor sucroalcooleiro no Brasil e especificamente em Goiás necessita aumentar os investimentos em ganhos de produtividade para diminuir a pressão sobre o uso do solo. Este tipo de investimento está alicerçado numa agenda de pesquisa de novas variedades para a cultura da cana-de-açúcar e processos produtivos que favoreçam a produtividade desta cultura. REFERÊNCIAS CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Dados estatísticos sobre a safra de cana-de-açúcar em Goiás. Disponível em <www.conab.gov.br> acessado em 10 de setembro de 2011. FRANCO, Íria Oliveira; ASSUNCAO, Hildeu Ferreira da. Usos do solo no advento do agronegócio da cana-de- açúcar no sudoeste de Goiás: estudo de caso do município de Jataí. Ciência e Cultura. [online]. 2011, v. 63, n. 3, p. 33-36. ISSN 0009-6725. LIMA, Divina Aparecida Leonel Lunas. Estrutura e expansão da agroindústria canavieira no Sudoeste Goiano: impactos no uso do solo e na estrutura fundiária a partir de 1990. 2010. 248 f. Tese (doutorado) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010