LITERATURA BRASILEIRA II AULA 02: REALISMO - NATURALISMOX TÓPICO 03: ALUÍSIO DE AZEVEDO VERSÃO TEXTUAL DO FLASH Em 1881, um maranhense de São Luís, chamado Aluísio Azevedo, resolve mudar-se para o Rio de Janeiro com a intenção de ganhar a vida escrevendo, tornando-se assim o primeiro escritor profissional de que se tem notícia no Brasil. O Rio de Janeiro é, ao final do século XIX, um centro de intensas atividades culturais. Jovens intelectuais, influenciados por ideias positivistas e deterministas, discutem questões históricas, políticas, sociológicas e literárias, e consolidam-se os ideais republicanos entre os moços. O romance, que até então era considerado um passatempo feminino, ganha importância e dignidade com as novas propostas documentais e experimentais da prosa de ficção. As narrativas passam então a fazer parte das discussões de cunho filosófico e sociológico, incluindo assuntos até então praticamente proibidos, como o racismo e a sexualidade, principalmente a feminina. Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís, MA, em 14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913. Foi caricaturista, jornalista, romancista e diplomata, e é o fundador da Cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Letras. Seu pai era o vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e sua mãe Emília Amália Pinto de Magalhães. Sua mãe havia casado, aos 17 anos, com um rico e grosseiro comerciante português, cujo temperamento brutal determinou o fim do casamento. Emília abrigouse em casa de amigos, onde conheceu o vice-cônsul de Portugal, o jovem viúvo David, com quem passou a viver, sem se casar, o que constituiu um escândalo para a sociedade maranhense da época. Na infância e juventude, Aluísio estudou em São Luís e trabalhou como caixeiro e guarda-livros, revelando desde cedo grande interesse pelo desenho e pela pintura, o que o auxiliou na aquisição da técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os personagens de seus romances. Mudou-se em 1876 para o Rio de Janeiro, onde morava seu irmão mais velho, Artur. Iniciou o curso de desenho na Imperial Academia de Belas Arte. As caricaturas que fazia para os jornais da época (O Fígaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada), como forma de ganhar a vida, inspiraram-no a escrever cenas de romances, revelando-lhe a vocação de escritor. Com a morte do pai, em 1878, vê-se obrigado a voltar ao Maranhão. Publica ali, em 1879, o romance Uma lágrima de mulher, típico dramalhão romântico. Ajuda a fundar e escreve para o jornal anticlerical O Pensador, de cunho abolicionista, a que se opunha o clero escravagista. Seu segundo romance, O mulato, foi lançado em
1881, constituindo o marco do lançamento do Naturalismo no Brasil. Tanto a crua linguagem naturalista como sobretudo o tratamento dado ao preconceito racial causaram revolta e perplexidade na sociedade maranhense. No Rio de Janeiro, o romance foi muito bem recebido, e Aluísio pôde retornar ao Rio de Janeiro, ainda em 1881, decidido a ganhar a vida como escritor. No Rio, passou a publicar romances como folhetins num jornal da corte; a princípio, eram obras menores, escritas apenas para garantir o sustento. Da observação e análise dos agrupamentos humanos nos cortiços, da degradação das casas de pensão e de sua exploração pelo imigrante, principalmente o português, resultariam duas de suas melhores obras: Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem interrupção romances, contos e crônicas, além de peças de teatro em colaboração com Artur de Azevedo e Emílio Rouède. A partir de 1895 encerrou sua carreira de romancista e ingressou na diplomacia, passando pela Espanha, Japão, Argentina, Inglaterra e Itália. Passara a viver em companhia de Pastora Luquez, de nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, Pastor e Zulema, que Aluísio adotou. Em 1910, foi nomeado cônsul de 1ª. classe, sendo removido para Assunção. Faleceu aos 56 anos em Buenos Aires, onde foi enterrado. Seis anos depois, por uma iniciativa de Coelho Neto, sua urna funerária foi encaminhada a São Luís, onde o escritor foi sepultado definitivamente. Suas obras são: Uma lágrima de mulher, romance de estréia (1880); O mulato, romance (1881); Mistério da Tijuca, romance (1882; reeditado: Girândola de amores); Memórias de um condenado (1882; reeditado: A condessa Vésper); Casa de pensão, romance (1884); Filomena Borges, romance (publicado em folhetins na Gazeta de Notícias, 1884); O homem, romance (1887); O coruja, romance (1890); O cortiço, romance (1890); Demônios, contos (1895); A mortalha de Alzira, romance (1894); e Livro de uma sogra, romance (1895). A intelectualidade da segunda metade do século dezenove reage contra os excessos da imaginação, de sentimentalismo e de idealização característicos do Romantismo decadente. A nova era industrial e capitalista, fundada no desenvolvimento tecnológico, não comporta mais explicações emocionais ou metafísicas para as atitudes humanas. A razão e a ciência, molas propulsoras do progresso, é que devem prevalecer; só elas serão capazes de proporcionar ao homem a qualidade de vida e a paz de espírito que as sucessivas gerações sempre procuraram. As teorias evolucionistas de Darwin e Spencer são transpostas para a sociedade, que passa a ser explicada como um organismo vivo, em que se aplica a lei da seleção natural, a qual pressupõe que, assim como entre as espécies animais, os seres humanos estão sujeitos à lei do mais forte. A força das teorias científicas então em voga, como o Determinismo, o Positivismo e o Evolucionismo, faz com que a arte se submeta ao racionalismo dominante, excluindo quaisquer explicações transcendentais ou espirituais para a vida: é a Era do Materialismo. O
homem passa a ser visto como um produto da hereditariedade, do meio social e do momento histórico, ou seja, seu comportamento está subordinado a fatores externos, alheios ao seu arbítrio. VERSÃO TEXTUAL DO FLASH O Realismo e o Naturalismo tendem a incorporar à arte a vida como ela é, despida de idealizações, focalizando-a objetivamente, para produzir um efeito de realidade, sem máscaras. O Naturalismo, uma tendência dentro do próprio Realismo, enfatiza mais fortemente o cientificismo (em alguns casos um pseudo-cientificismo), o determinismo e as patologias sociais, físicas e mentais. Os escritores naturalistas, imbuídos da ideia de representar fielmente a realidade, tendem a privilegiar os fatos documentais, e preocupam-se com a veracidade das ações narradas. O mórbido e o patológico são assuntos dos mais explorados pelos autores, que veem em seus personagens um caso a estudar, como ocorre com Magdá, personagem de O homem, cuja intimidade psicológica e sexual é devassada e exposta para investigação da sociedade. O romance passa a ser, assim, uma fonte de estudo, a partir da aplicação dos métodos das ciências naturais à ficção. Neste tópico, abordaremos o romance O homem, de Aluísio Azevedo, publicado em 1887, que, na linha realista-naturalista, desvenda para o leitor, ao relatar a história de Magdá, um estudo de caso sobre a histeria feminina baseada na repressão sexual. A ficção torna-se, assim, um laboratório para se testar a validade das teses dominantes na época. PORFÓLIO Para esta atividade, você deverá ler o romance O homem, de Aluísio Azevedo, que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp? [1] Após a leitura do livro, redija um texto de quinze a vinte linhas, comentando os principais aspectos do romance dentro da estética naturalista. Você pode se basear nas questões colocadas a seguir. Envie o texto para seu portfólio. CLIQUE AQUI PARA SABER MAIS Questões: 1. Como se apresenta a estrutura narrativa do romance, considerando os seguintes momentos principais: o primeiro capítulo, os capítulos 2, 3 e 4, e a seqüência narrativa a partir do quarto capítulo. 2. Procure identificar na narrativa os seguintes aspectos estruturais:
a) situação estável inicial; b) elemento perturbador deflagrador do conflito; c) complicação; d) clímax; e) desfecho. 3. Como se comporta o narrador do romance? 4. Como evolui a personagem Magdá? 5. Quanto à linguagem, como aparecem no romance a oralidade, o cientificismo, e o linguajar relacionado à animalização do ser humano? Esse tipo de linguagem é adequado aos ideais naturalistas? 6. Faça uma pesquisa sobre a histeria e relacione-a à seguinte fala do Dr. Lobão: Não! Alto lá! isso não! A histeria pode ter várias causas, nem sempre é produzida pela abstinência; seria asneira sustentar o contrário. Convenho mesmo com alguns médicos modernos em que ela nada mais seja do que uma nevrose do encéfalo e não estabeleça a sua sede nos órgãos genitais, como queriam os antigos; mas isso que tem a ver com o nosso caso? Aqui não se trata de curar uma histérica, trata-se de evitar a histeria. Ora, sua filha é uma delicadíssima sensibilidade nervosa; acaba de sofrer um formidável abalo com a morte de uma pessoa que ela estremecia muito; está, por conseguinte, sob o domínio de uma impressão violenta; pois o que convém agora é evitar que esta impressão permaneça, que avulte e degenere em histeria; compreende você? Para isso é preciso, antes de mais nada, que ela contente e traga em perfeito equilíbrio certos órgãos, cuja exacerbação iria alterar fatalmente o seu sistema psíquico; e, como o casamento é indispensável àquele equilíbrio, eu faço grande questão do casamento. De acordo, mas... Casamento é um modo de dizer, eu faço questão é do coito! Ela precisa de homem! Ora aí tem você! (cap. IV) 7. Como se manifesta o determinismo na narrativa de Aluísio Azevedo? REFERÊNCIAS AZEVEDO, Aluísio. O homem. Sítio eletrônico http://www.biblio.com.br/defaultz.asp? CAMINHA, Adolfo. A normalista Sítio eletrônico http://www.ebooksbrasil.org/elibris/normalista.html
. Bom-crioulo. Sítio eletrônico http://www.ebooksbrasil.org/elibris/bomcrioulo.html. Tentação. Sítio eletrônico http://www.ebooksbrasil.org/elibris/tentacao.html FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.biblio.com.br/defaultz.asp? Responsável: Prof. Cid Ottoni Bylaardt Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual