A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR: VISÃO DAS PROFESSORAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DAS ABORDAGENS PSICOLÓGICAS PARA A PRÁTICA DOCENTE

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Transcrição:

A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR: VISÃO DAS PROFESSORAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DAS ABORDAGENS PSICOLÓGICAS PARA A PRÁTICA DOCENTE Benedita de Brito Melo E-mail: benedita3@hotmail.com Maria da Conceição do Nascimento E-mail: c-nascimento2013@hotmail.com Miriam Silva Maia E-mail: miriam_criacao@hotmail.com Maria do Socorro Santos Leal Paixão Orientadora, Mestra em Educação, Professora do PARFOR da Universidade Federal do Piauí E-mail: socorrolealpaixao@gmail.com INTRODUÇÃO Ao refletir sobre a complexidade do cotidiano escolar percebe-se que este é permeado por múltiplas relações, tornando-se difícil analisá-lo e compreendê-lo. As várias ciências ocupam-se de estudar a educação escolar sob variados aspectos e a Psicologia é uma dessas ciências. Assim, durante o processo formativo, o docente se apropria de conhecimentos teóricos provenientes das várias áreas do conhecimento que servirão para fundamentar seu fazer pedagógico. Os docentes apresentam dificuldade para estabelecer relação entre a teoria e a prática, desconhecendo os pressupostos teóricos/metodológicos/epistemológicos que embasam a sua prática docente, desafio que precisa ser enfrentado pelos professores formadores. No caso específico da disciplina Psicologia da Educação, componente curricular dos cursos de licenciatura, é preciso que os conteúdos abordados na disciplina sejam relacionados ao dia a dia da sala de aula, aproximando teoria e prática. 148

Silva e Nascimento (2013) realizaram uma pesquisa junto aos alunos das diferentes licenciaturas do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica vinculado à Universidade Federal do Piauí (PARFOR / UFPI) com o objetivo de identificar a importância que eles atribuem à disciplina Psicologia da Educação em sua formação docente. O estudo revelou que os alunos que já cursaram a referida disciplina apresentam uma avaliação positiva em relação à mesma, considerando-a importante e valiosa na formação docente. Fontana e Cruz (1997, p. 5) também defendem que a Psicologia é uma das ciências que contribuem com a educação escolar. Entendem que as contribuições fundamentais da psicologia são aquelas que podem lançar luz sobre alguns aspectos do ensinar e aprender Carvalho (2002, p. 41) analisando as relações entre Psicologia e Educação destaca que essas duas áreas sempre estiveram ligadas, em alguns momentos a Psicologia se sobrepôs e em outros se curvou à Educação e afirma que ela continua subsidiando as práticas educativas. Tratando da mesma questão, Almeida et al (2016, p. 5) realizaram um estudo empírico que revelou que o professor não tem clareza das reais contribuições da Psicologia para a prática docente, pois referem-se a um conhecimento necessário, porém distante da própria prática. As abordagens inatista, ambientalista e interacionista explicam o desenvolvimento humano. Macêdo (2006) explica que enquanto o inatismo concebe o homem como um ser pré-formado, resultado da herança genética e da maturação, o ambientalismo o concebe como um ser passivo, moldável, submetido inteiramente às determinações do meio. O interacionismo, contrapondo-se a essas abordagens, concebe o homem como um ser ativo, interativo que constrói a si mesmo Em relação ao estudo da aprendizagem, Ferro e Paixão (2015) discutem as implicações pedagógicas de algumas teorias psicológicas que utilizam os modelos teóricos racionalista, empirista, construtivista e sócio histórico como fundamento epistemológico. Segundo as autoras, os enfoques racionalista e empirista tratam de forma fragmentada os polos do conhecimento, pois o primeiro enfatiza apenas o sujeito, enquanto o segundo enfatiza apenas o objeto. O construtivismo, ao contrário, dá ênfase à interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento e o enfoque sócio 149

histórico defende a interação do sujeito e objeto na construção do conhecimento e postula que essa relação é mediada pelo outro, pela linguagem e pela cultura. A pesquisa aqui descrita teve por objetivo geral investigar a visão de professores de Língua Portuguesa sobre a contribuição das abordagens psicológicas para a prática docente e, por objetivos específicos: 1) Identificar a teoria psicológica que fundamenta a prática pedagógica dos professores; 2) Evidenciar a visão dos professores acerca do papel do professor e do aluno no processo de ensino e aprendizagem; 3) Explicar o papel da hereditariedade e do ambiente no processo de aprendizagem, segundo os professores; e 4) Verificar qual a importância atribuída pelos professores às dimensões cognitivo-intelectual e afetiva no processo de aprendizagem. METODOLOGIA O estudo é de natureza qualitativa, do tipo descritivo. O instrumento adotado foi a entrevista semiestruturada. Participaram do estudo quatro professores do Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, os quais serão denominados com a letra P seguida da numeração de 1 a 4 para garantir o anonimato. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir das entrevistas realizadas foi possível perceber que os professores afirmam que sua prática pedagógica está fundamentada em teorias de base interacionista. Citam o construtivismo, o interacionismo e fazem referência aos teóricos Piaget e Vigotski, embora não demonstrem conhecimento sobre os fundamentos teóricos/metodológicos dessas teorias, revelando um conhecimento distante da prática (ALMEIDA et al, 2016). Ao serem solicitados a explicar o papel do professor e do aluno no processo de ensino e aprendizagem, os professores referem-se ao papel do professor como o de repassar e transmitir conhecimentos, distanciando-se do que preconizam as abordagens construtivista e sócio histórica (FERRO E PAIXÃO, 2015). É o que se pode constatar nas falas a seguir: 150

O professor tem o papel de mediador do conhecimento, de forma que busque a melhor forma de repassar os conhecimentos necessários ao seu alunado (P2). O papel do professor é promover a interação entre os alunos e fazer a transmissão de conhecimentos precisos de maneira adequada. O papel do aluno é manter sua postura como aluno e diante de seus mestres e ter consciência da necessidade e importância de aprender (P4). Ao explicar o papel da hereditariedade e do ambiente na aprendizagem, os professores dão ênfase ao papel do ambiente, afastando-se das teorias interacionistas, conforme revelam os depoimentos: Ambos influenciam no processo de ensino e aprendizagem, porém acho que o ambiente prevalece sobre a hereditariedade (P3). É de grande importância porque o ato de aprender às vezes depende de experiências diferentes vividas por cada um (P4). A respeito da influência das dimensões cognitivo-intelectual e afetiva no processo de aprendizagem, os professores revelam que apenas a dimensão cognitivo-intelectual influencia a aprendizagem, de acordo com as seguintes falas: Cognitivo-intelectual porque devemos ser profissionais e não nos ligarmos ao aluno afetivamente (P3). Os aspectos cognitivo-intelectual porque o aluno é exposto a construir seu próprio conhecimento a partir das informações ou troca de ideias (P4). Ao negarem que a aprendizagem é uma função afetivo-relacional, os professores afastam-se dos pressupostos das teorias interacionistas, segundo as quais a aprendizagem exige que o indivíduo esteja emocionalmente envolvido (FERRO E PAIXÃO, 2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS O que podemos notar a partir da pesquisa é que os professores desconhecem os pressupostos teóricos/metodológicos/epistemológicos das teorias 151

que acreditam dar sustentação à sua prática, demonstrando dificuldade para articular as dimensões teórica e prática. O estudo revelou que os conhecimentos adquiridos durante a formação pouco colaboram com o fazer pedagógico do professor na sala de aula. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Patrícia C. Albieri de; AZZI, Roberta Gurgel; MERCURI, Elisabeth N. G. Silva; PEREIRA, Marli A. Lucas. Em busca de um ensino de psicologia significativo para futuros professores. Disponível em https://www.google.com.br/#. Acesso em 14 de abril de 2016. CARVALHO, Maria Vilani Cosme de. Breve incursão pela história das relações entre Psicologia e Educação. In: FERRO, Maria do Amparo Borges (org.). Educação: saberes e práticas. Teresina: EDUFPI, 2002. p. 41-51. FERRO, Maria da Glória Duarte; PAIXÂO, Maria do Socorro Santos Leal. Psicologia da Aprendizagem. Teresina: EDUFPI, 2015. FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazaré. Psicologia e Trabalho Pedagógico. São Paulo: Atual, 1997. MACÊDO, Rosa Maria de Almeida. O processo de desenvolvimento humano explicando por que somos tão iguais e tão diferentes, In: CARVALHO, Maria Vilani Cosme de. (org.). Temas em Psicologia da Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 87-100. SILVA, Cleânia de Sales; NASCIMENTO, Adriana Loiola do. Papel da Psicologia da Educação na formação docente: o que pensam os alunos do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica / Universidade Federal do Piauí. v. 1, n. 1 (2013): Form@re. p.. 107-129 152