WEB 2.0 E MATEMÁTICA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES POR MEIO DA COLABORAÇÃO



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Transcrição:

WEB 2.0 E MATEMÁTICA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES POR MEIO DA COLABORAÇÃO Claudio Zarate Sanavria Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Campus Nova Andradina claudio.sanavria@ifms.edu.br Maria Raquel Miotto Morelatti FCT/UNESP Presidente Prudente mraquel@fct.unesp.br Resumo: O presente trabalho descreve o andamento de uma pesquisa que tem por objetivo investigar como professores de Matemática se apropriam da Web 2.0 como recurso didático dentro de uma perspectiva de formação colaborativa. Seguindo uma abordagem qualitativa, a pesquisa consiste numa intervenção junto a um grupo de professores de Matemática, oferecendo-lhes uma formação que permita aos mesmos identificar e operar as diversas ferramentas da Web 2.0 em sala de aula, dentro de uma perspectiva onde tais ferramentas lhes sejam apresentadas e estes, em grupo, discutam as possibilidades de uso pedagógico. Neste trabalho serão descritos os pressupostos identificados para tal formação, assim como apontadas algumas das características do grupo de professores envolvidos. Os resultados apontam para uma disposição dos professores em explorarem novas possibilidades de ensino e uma necessidade de suporte para que possam concretizar tal anseio. Palavras-chave: Educação Matemática, Formação de Professores, Web 2.0. Introdução O presente trabalho descreve o andamento de uma pesquisa de doutorado que tem por objetivo investigar como professores de Matemática se apropriam da Web 2.0 como recurso didático dentro de uma perspectiva de formação colaborativa. A Web 2.0 é um conceito criado em 2005 por O Reilly (2007) para designar a web como potencializadora da interação, da colaboração e da cooperação entre seus usuários, agora também produtores de conteúdo da rede. Ferramentas como blogs, fotologs, wikis, podcasts, redes sociais, comunicadores instantâneos, ambientes virtuais de aprendizagem, mundos digitais em 3D são alguns exemplos de tecnologias que atendem a este conceito. Para Pretto e Assis (2008) o incremento da internet modifica a forma como se constroem os conhecimentos, conceitos, valores e saberes, além de (re)significar as relações entre as pessoas e as máquinas. Kuklinski (2007, p. 29, tradução nossa) afirma que na Web 2.0 [...] os usuários atuam da maneira que desejarem: de forma tradicional e passiva,

2 navegando através dos conteúdos; ou de forma ativa, criando e contribuindo com o seu conteúdo. De acordo com Borba e Penteado (2010, p. 56) o professor, que antes se sentia ameaçado, agora de sente desconfortável ao perceber que assumir esse papel implica em lidar com mudanças, ou seja, [...] começa-se a perceber que a prática docente, como tradicionalmente vinha sendo desenvolvida, não poderia ficar imune à presença da tecnologia informática. Dentro deste contexto, a pesquisa aqui descrita consiste em investigar como professores de matemática se apropriam da Web 2.0 como recurso didático dentro de uma perspectiva de formação colaborativa, concordando com as ideias de Vygotsky (1998) de que o homem é um sujeito interativo que elabora seus conhecimentos sobre os objetos dentro de um processo mediado pelo outro e que o conhecimento nasce nas relações sociais, sendo produzido em condições culturais, sociais e históricas. Objetivos A pesquisa aqui descrita tem por objetivo geral investigar como se dá a apropriação dos recursos da Web 2.0 por professores de Matemática numa perspectiva colaborativa. Para atender ao objetivo geral proposto foram identificados os seguintes objetivos específicos: 1) Compreender como os professores de Matemática se organizam enquanto grupo colaborativo, identificando novos fazeres e saberes que possam se constituir dentro deste processo; 2) Identificar indícios de mudanças no fazer do professor de Matemática a partir de uma formação continuada sobre os recursos da Web 2.0 sob um enfoque colaborativo; 3) Analisar as características do processo formativo identificando elementos que contribuam para a mudança no fazer pedagógico quanto ao uso dos recursos da Web 2.0. Procedimentos Metodológicos A pesquisa seguirá uma abordagem qualitativa. Buscamos como base para o desenvolvimento metodológico as ideias de Pimenta (2005) e Franco (2005) quanto às características e vantagens do uso da pesquisa-ação como uma modalidade de pesquisa que

3 permite ao professor refletir sobre suas próprias práticas, sua condição de trabalhador, bem como os limites e possibilidades do seu trabalho. Para o desenvolvimento da pesquisa buscamos na rede pública de ensino do município de Nova Andradina (MS) professores de Matemática interessados em constituir um grupo com características colaborativas de modo espontâneo. Assim, vislumbramos para a pesquisa as seguintes etapas: 1) Contato inicial com os professores e motivação; 2) Análise preliminar das concepções e expectativas dos professores com relação às tecnologias antes da constituição do grupo; 3) Formação quanto à Web 2.0 em termos de operação das ferramentas; 4) Discussões sobre as possibilidades (promover um processo de reflexão-uso-reflexão); 5) Acompanhamento das interações e trocas; 6) Análise do processo de apropriação e do modelo formativo. O grupo já foi constituído e, para análise preliminar das concepções e expectativas dos professores com relação às tecnologias, foi aplicado um questionário online com todos os envolvidos. A pesquisa encontra-se atualmente na fase de formação para identificar e operar as diversas ferramentas da Web 2.0 em sala de aula, dentro de uma perspectiva onde tais ferramentas sejam apresentadas aos professores e estes, em grupo, discutam as possibilidades de uso no ensino de Matemática. A apresentação das ferramentas não é pontual, mas se constitui num processo contínuo, contemplado nas interações do grupo. Assim, tais recursos são apresentados de acordo com as necessidades apontadas pelo próprio grupo, motivando os participantes a discutirem suas possibilidades e debaterem as experiências de uso feitas em sala de aula. Para o acompanhamento das interações e trocas estamos fazendo uso da observação e do diário de campo, categorizando os dados de acordo com as perspectivas de Bardin (1977). Resultados Parciais Até o presente momento desenvolvemos o levantamento bibliográfico, o estabelecimento dos pressupostos que norteiam a formação dos professores envolvidos na pesquisa e o levantamento preliminar das concepções e expectativas destes professores com relação às tecnologias.

4 Os dados obtidos por meio do questionário aplicado aos participantes denotam um interesse por parte dos mesmos para o uso das tecnologias no ensino de Matemática. Entretanto, os professores apontam a necessidade de que lhe sejam indicados caminhos para que possam usar tais recursos de modo que eles realmente contribuam para uma efetiva construção de conhecimento. Discussões acerca do uso das tecnologias não foram realizadas na formação inicial dos professores envolvidos na pesquisa, porém os mesmos já participaram de alguns cursos oferecidos por órgãos como NTE. Apesar disso, poucos afirmam fazer uso de tais formações no seu dia-a-dia. Os professores também não tinham base conceitual a respeito da Web 2.0, apesar de todos terem contato constante com a internet. Assim, nas primeiras reuniões foram sugeridas leituras de material específico sobre o tema. Neste contexto, a formação oferecida aos professores traz como um dos seus pressupostos a ideia de que é necessário que se criem condições para que o professor explore os recursos da Web 2.0 e reflita sobre suas próprias teorias, percepções e crenças a respeito das tecnologias e do uso da mesma no processo de construção de conceitos matemáticos, dentro do ciclo descrição-execução-reflexão-depuração apresentado por Valente (1999). Além disso, concordamos com Shön (2000) ao propormos a organização de um espaço onde ocorra uma dinâmica de reflexão na ação e reflexão sobre a ação. Outro pressuposto, apontado por Imbernón (2010), é o de que a busca coletiva de alternativas para superar as dificuldades, assim como o compartilhamento dos sucessos e fracassos contribuem para uma melhor compreensão das necessidades de uso das tecnologias na educação. Considerações Finais O presente trabalho procurou descrever o percurso atual de uma pesquisa de doutorado que tem como objetivo investigar como se dá a apropriação dos recursos da Web 2.0 por professores de Matemática numa perspectiva de formação colaborativa. A instrumentalização dos professores com os recursos da Web 2.0 a partir de suas necessidades e a organização de um espaço onde os mesmos possam refletir sobre suas possibilidades de uso, testá-las e socializá-las com o grupo num constante processo de ir-evir da sala de aula pode garantir um uso mais efetivo e adequado de tais instrumentos.

5 Ainda não é possível observar uma mudança de comportamento por parte dos professores envolvidos. Porém, os primeiros encontros realizados apontam que a pesquisa encontra-se no rumo certo no que diz repeito ao despertar de um processo reflexivo nos docentes. A continuidade da formação permitirá uma coleta de dados mais determinantes quanto à influência da colaboração na apropriação das tecnologias pelos professores. Referências BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação Matemática. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da Pesquisa-ação. Revista Educação e Pesquisa. V. 31, n. 3, São Paulo, set/dez 2005. IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010. KUKLINSKI, Hugo Pardo. Nociones básicas alrededor de La Web 2.0. In: ROMANI, Cristobal Cobo; KUKLINSKI, Hugo Pardo. Planeta Web 2.0: Inteligencia colectiva o medios fast food. México: Flacso México, 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/ >. Acesso em 15 mar. 2011. O REILLY, Tim. What is 2.0: Design Patterns and Business Models for the Next Generation of Software. Disponível em <http://oreilly.com/web2/archive/what-is-web- 20.html>. Acesso em 20 mai. 2011. PIMENTA, Selma Garrido. Pesquisa-ação-crítico-colaborativa: Construindo seu Significado a Partir de Experiências com a Formação Docente. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, set/dez 2005. PRETTO, Nelson De Luca; ASSIS, Alessandra. Cultura digital e educação: redes já! In: PRETTO, Nelson De Luca. Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder. Salvador: EDUFBA, 2008. SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. VALENTE, José Armando. Análise dos diferentes tipos de softwares usados na educação. In: VALENTE, José Armando (org). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999. VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.