PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO EM DIFERENTES SISTEMAS DE ROTAÇÃO E SUCESSÃO DE CULTURAS EM GOIÂNIA, GO Adriana de Oliveira Rocha (UFG / adrianinhaor@yahoo.com.br), Juarez Patrício de Oliveira Júnior (UFG), Wilson Mozena Leandro (UFG), Maria da Conceição Santana Carvalho (Embrapa Algodão), Cássia Moabe de Paula (UFG), Eder Roberto Vaz (UFG), Stanley Vaz dos Santos (UFG). RESUMO - Este trabalho objetivou avaliar o efeito de diferentes sistemas de rotação e sucessão de culturas, em sistema de plantio direto, na produtividade do algodoeiro, em Goiânia, GO. O experimento foi instalado em 10 parcelas em um Latossolo Vermelho distroférrico. Em oito parcelas as coberturas foram cultivadas em sistema de plantio direto (PD) sendo três revolvidas (PDR) após dois anos de cultivo e outras duas o solo foi preparo em sistema convencional (CO). O plantio do algodão foi feito após a dessecação do milheto, em espaçamento de 0,90 m. As parcelas em CO mostraram os maiores índices de produtividade. Palavras-chave: plantas de cobertura, conservação do solo, erosão do solo. COTTON PRODUCTION IN DIFFERENT CROP ROTATION SYSTEM IN GOIANIA, GO. ABSTRACT - The objective of the paper was evaluated the effects of the different crop rotation system on cotton productivity. The soil of the 10 plots were prepared as follow: eight plots were cultivated in notillage system (PD) among then tree were superficial layer plowing (PDR). The other two plots were cultivated in conventional system (CO). The higher cotton index productivity were found in CO system. Key words: cover crops, conservation tillage system, soil erosion.
INTRODUÇÃO Os ecossistemas agrícolas têm geralmente, menos espécies componentes do que os ecossistemas naturais de uma mesma área, sendo menos complexos e estáveis. O manejo inadequado desse novo ecossistema, com o intenso revolvimento do solo em sistema de plantio convencional, torna a situação ainda mais crítica. A presença de solo degradado, erosão e compactação são evidências de que desajustamentos estão ocorrendo. O plantio direto e demais formas de manejo dos restos culturais (cultivo mínimo, sobre semeadura, etc.) constituem uma alternativa para diminuir a degradação acelerada do solo e, conseqüentemente, sua capacidade produtiva.isto adquire singular importância no Estado de Goiás, se considerarmos a fragilidade do bioma do Cerrado, caracterizado pela grande diversidade edáfica e climática. Uma das dificuldades encontrada pelo agricultor no sistema plantio direto é a produção de palha em quantidade suficiente para que o solo permaneça coberto durante o ano todo. Além da quantidade de palha, remanescente após a colheita, outro fator importante é a persistência desta palha no processo de decomposição, que é função principalmente da relação C/N (PITOL, 1993). A utilização da safrinha (segunda cultura de uma sucessão dentro da mesma época chuvosa) plantada em sequeiro entre janeiro e abril, após a colheita do milho ou soja precoce, constitui-se numa alternativa para o incremento de cobertura vegetal no sistema de plantio direto (A.P.D.C., 1993). Segundo Melo Filho (1997), a maior produção de biomassa e sua resistência à decomposição está diretamente relacionada com a proteção do solo contra a erosão hídrica. O objetivo do trabalho foi de avaliar o efeito de diferentes sistemas de rotação e sucessão de culturas, em diferentes sistemas de preparo do solo na produtividade do algodoeiro. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em condições de campo em um Latossolo Vermelho Distroférrico, na Escola de Agronomia da UFG, município de Goiânia, região Sul do estado de Goiás nas coordenadas geográficas 16 40 22 S e 49 15 19 W, altitude média de 730m. Antes da instalação das parcelas de avaliação em 2000, o solo foi preparado por meio da passagem de grade aradora e niveladora. Das dez parcelas (10 x 2 m) instaladas, oito foram cultivadas em sistema de plantio direto (PD) e duas em sistema de preparo convencional (CO) do solo. Em três, das oito parcelas em PD a camada superficial (0-20cm) foi revolvida na safra de 2003/2004, caracterizando o tratamento plantio direto com revolvimento (PDR). As coberturas semeadas nas parcelas são mostradas na Tabela 1. Em 14 de dezembro de 2003, após a dessecação do milheto, foi efetuado o plantio do algodão no espaçamento de 0,90 m. A produtividade do algodoeiro foi medida coletando-se todas as fibras com caroço nas parcelas. O teor da matéria orgânica do solo foi mensurado em amostras coletadas de 0-20 cm no final do ciclo da cultura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os sistemas de rotação e sucessão de culturas apresentados na Tabela 1 as maiores produtividades foram obtidas nos tratamentos onde se estabeleceu plantio convencional. Tabela 1. Sistemas de rotação e sucessão de culturas instalados em um Latossolo Vermelho distroférrico, textura argilosa no Campus II da UFG, Escola de Agronomia. Sistema 2000/2001 2001/2002 2002/2003 2003/2004 s Verão Safrinha Verão Safrinha Verão Safrinha Cobertura Verão PD1 Braq+sorgo Arroz Arroz Pousio Pousio Soja Milheto Algodão PD2 Braq+Crot Pousio Milho Pousio Braq+Crot Soja Milheto Algodão PD3 Milheto+Cr Pousio Arroz Pousio Milheto+C Soja Milheto Algodão PD4 Milheto Pousio Milho Pousio Milheto Milho Milheto Algodão PD5 Crotalaria Arroz Arroz Pousio Braquiaria Soja Milheto Algodão PDR1 S/ cob Arroz Soja Pousio S/cob Arroz Milheto Algodão PDR2 Feijão Pousio Milho Pousio Feijão Arroz Milheto Algodão PDR3 Mucuna Pousio Arroz Pousio Mucuna Milho Milheto Algodão CO1 Braquiaria Arroz Soja Pousio Crotalaria Arroz Milheto Algodão CO2 Erva Arroz Soja Pousio Braquiaria Arroz Milheto Algodão PD = Plantio Direto; d PDR i h = Plantio Direto com revolvimento da camada compactada; CO = Plantio Convencional. Em geral, o sistema de PD apresentou um valor médio de produtividade igual 1.374 kg ha -1 semelhante ao alcançado pelo sistema de PDR 1.598 kg ha -1. Estes sistemas mostraram uma produtividade média menor que a obtida no sistema CO (2395 kg ha -1 ). Essa superioridade da produtividade obtida pelo tratamento CO em relação aos demais sistemas de preparo usados esta relacionada a diferentes fatores. Cabe salientar que entre as parcelas cultivadas em PD foram notados alguns problemas em relação ao ataque de pragas. De acordo com a Figura 1, os tratamentos que obtiveram menor produtividade foram: PD4 e PDR1. No caso do tratamento PD4 essa baixa produtividade pode ser explicada pelo fato de que em relação aos outros tratamentos, foi o único que nos últimos quatro anos não houve cultivo de leguminosas visto que as plantas dessa família apresentam: elevado rendimento por unidade de área, riqueza em nutrientes, sistema radicular profundo, bem ramificado, capacidade de aproveitar o nitrogênio atmosférico e promover a ciclagem dos nutrientes contidos ou lixiviados para as camadas inferiores do perfil (TIBAU, 1983). Em relação ao tratamento PDR1, a menor produtividade observada pode estar relacionada a problemas com ataque de pragas no início do desenvolvimento das plantas e compactação localizada nesta parcela. Devido a este fato, houve a necessidade de realizar o revolvimento da camada superficial nesta parcela.
3000 2500 2000 1500 0 500 1500 1640 1960 1 1660 890 2055 1850 2195 2595 0 PD1 PD2 PD3 PD4 PD5 PDR1 kg/ha algodão caroço PDR2 PDR3 CO1 CO2 Tratamentos Figura 1. Produção de algodão em caroço (kg/ha) dos diferentes sistemas de rotação e sucessão de culturas. Campus II da UFG, Escola de Agronomia. Maio de 2004. PD = Plantio Direto; PDR = Plantio Direto com revolvimento da camada compactada; CO = Plantio Convencional. As maiores produtividades do algodoeiro foram encontradas nos sistemas onde houve revolvimento da camada arável (0-20cm) em relação aos demais. Nestas mesmas áreas houve intensa mineralização da matéria orgânica do solo (Fig. 2), respectivamente 48 e 34% para os sistemas CO1 e CO2. Nos PD com revolvimento o teor de matéria orgânica foi maior nos sistema PDR1. Os sistemas de rotação PDR2 e PDR3 incluiram leguminosas (Feijão de Porco e Mucuna respectivamente) na safra 2002/2003 podem ter favorecido a decomposição da matéria orgânica devido a diminuição da relação C/N no solo (efeito priming ). Um outro fator que explica esses resultados está associado a algum problema causado por parâmetros físicos do solo que não foram analisados neste trabalho, tal como a compactação do solo. Sabe-se que a compactação do solo é um processo dinâmico e que está diretamente relacionado à densidade do solo e inversamente relacionado ao teor de umidade no solo. Valores relativos (%) Prod. maxima -2600 kg/ha; M.O. máxima 2,9 dag/kg 120 80 60 40 20 0 PR Prod TR MO 90 85 83 79 76 76 76 71 63 64 66 66 66 62 58 52 42 34 PD1 PD2 PD3 PD4 PD5 PDR1 PDR2 PDR3 CO1 CO2 Tratamentos Figura 2. Produção relativa (PR%) de algodão em caroço e teor relativo (TR%) da matéria orgânica do solo (M.O.) dos diferentes sistemas de rotação e sucessão de culturas. Campus II da UFG, Escola de Agronomia. Maio de 2004. PD = Plantio Direto; PDR = Plantio Direto com revolvimento da camada compactada; CO = Plantio Convencional.
Em sistemas de PD há uma tendência de ocorrer um aumento da densidade do solo e, consequentemente, da resistência do solo à penetração de raízes (GREACEN, 1986). CONCLUSÃO O Sistema Convencional com constante revolvimento da camada superficial (0-20 cm), mostrou os melhores valores de produtividade. Os dados indicam também que o sucesso do PD está associado com um preparo inicial do solo cuidadoso e efetivo antes de ser implantado. (*) Projeto financiado pela Fundação GO e pelo FIALGO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APDC. Encontro regional de plantio direto no cerrado. Rio Verde: APDC., 1993. 38 p. GREACEN, E. L. Root response to soil mechanical properties. In: CONGRESS OF THE INTERNATIONAL SOCIETY OF SOIL SCIENCE, 8, 1986, Berichte. Proceedings... Berichte: Society of Soil Science, 1986, p. 20-47. MELO FILHO, J. F. Comparação de leguminosas para adubação verde solteira e em coquetel. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26, 1997, Rio de Janeiro Resumos... Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1997. p. 368. PITOL, C. Espécies para cobertura do solo no Mato Grosso do Sul. In: CNPT EMBRAPA/ FECOTRIGO/FUNDAÇÃO ABC. Plantio direto no Brasil. Passo Fundo: Ed. Aldeia Norte, 1993. 166 p. TIBAU, A. O. Matéria orgânica e fertilidade do solo. São Paulo: Nobel, 1983. 220 p.