Revista Eletrônica de Economia da Universidade Estadual de Goiás UEG ISSN: X

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Transcrição:

O IMPACTO DA ABERTURA COMERCIAL SOBRE O PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL THE IMPACT OF TRADE LIBERALISATION ON THE PROCESS OF DEINDUSTRIALISATION IN BRAZIL Larissa Regina Arruda de Oliveira 1 José Alderir da Silva 2 Resumo Nos últimos anos tem ocorrido um intenso debate sobre um possível processo de desindustrialização na economia brasileira, na tentativa de identificar suas causas e seus efeitos. O presente artigo se insere nesse debate com o objetivo de analisar se esse processo de desindustrialização tem sido provocado também pela maior abertura comercial da economia brasileira. Para isso, será realizada uma análise de dados que permita observar se essa relação tem alguma relevância no caso do Brasil. Palavras-chave: Desindustrialização, abertura comercial, economia brasileira. Abstract In recent years there has been an intense debate about a possible de-industrialization process in the Brazilian economy, in an attempt to identify its causes and its effects. This article is included in this debate for the purpose of analyze whether this process of de-industrialization has also been caused by bigger trade liberalization of the Brazilian economy. For this, there will be a data analysis to see if this relationship has any relevance in the case of Brazil. Keywords: De-industrialization, trade liberalization, the Brazilian economy. 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte 129

1. INTRODUÇÃO O processo de desindustrialização é intrínseco ao processo de desenvolvimento. Inicialmente, o setor agropecuário é que concentrar maior participação do emprego no emprego total, porém à medida que este setor vai se modernizando, parte do emprego é liberada para o setor industrial, que se encontra em sua fase inicial e, portanto, aumentando sua participação no emprego total em detrimento do setor primário. Contudo, quando este setor encontrar-se moderno, começa também a dispensar trabalhadores que tendem a ser absorvidos pelo setor em ascensão, ou seja, o setor de serviços. Assim, de acordo com Rowthorn e Ramaswany (1999) e Conforme Rowthorn e Wells (1987), a desindustrialização é resultante de uma redução persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país ou região. Porém, segundo Silva & Lourenço (2014), tratar a desindustrialização apenas pelo lado do emprego, não mostra as possíveis mudanças estruturais que ocorrem na economia, sendo que a participação no PIB de cada setor permanece a mesma, o que altera é apenas a participação do emprego. Além disso, deixa de considerar a importância da indústria para economia, já que a preocupação é com a realocação do emprego dispensado. Diante disso, Tregenna (2009) faz uma reformulação do conceito e afirma que a desindustrialização seria a ocorrência da redução tanto do emprego industrial como a redução da participação da produção industrial na produção total, destacando a importância da indústria como motor do crescimento. Nesta perspectiva, a indústria de transformação é o elemento dinâmico da economia, considerada por Kaldor (1966), o motor do crescimento econômico. Uma vez que seu fraco desempenho pode trazer consequências como o aumento do desemprego, desequilíbrio em contas externas e interrupção precoce do ciclo de crescimento econômico. No entanto, a desindustrialização possui duas conotações, uma positiva e outra negativa. A primeira, acontece quando a desindustrialização ocorre no momento em que o nível de renda per capita da economia se encontra no nível de país desenvolvido, ou seja, é um processo natural do desenvolvimento econômico, por é denominada de desindustrialização natural. A segunda conotação, pode ser entendida quanto a desindustrialização ocorre quando o nível de renda per capital não alcançou ainda o nível de país desenvolvido, ou seja, ocorreu antes que o país tivesse passado por todos os estágios do desenvolvimento, por isso sua denominação é dada por desindustrialização precoce. 130

No Brasil vem ocorrendo um intenso debate tanto na mídia como no meio acadêmico de o país padece de um processo de desindustrialização precoce. Assim, o objetivo deste trabalho será identificar qual a influência da abertura comercial nesse processo. Para isso, o artigo está dividido em mais duas seções além desta introdução e das considerações finais. A primeira seção mostra os indicadores usuais da desindustrialização. E a segunda, os indicadores que visam cumprir com o objetivo deste artigo. 2. Desindustrialização no Brasil: os indicadores usuais A indústria brasileira vem passando por um processo de perda na participação da economia desde o final dos anos 1980. Ao analisar o gráfico 1, percebe-se dois períodos distintos. O primeiro período de 1950-1985 e o segundo 1986-2013. O primeiro período é caracterizado por um intenso crescimento e de grandes transformações estruturais na indústria resultantes de duas politicas industriais: Plano de Metas (1956-1961) e o II PND (1974-1979). Diante disso a indústria aumentou sua participação no PIB, de 24,96% em 1950 para 47,97% em 1985. No segundo período percebe-se a desaceleração da indústria total e da indústria de transformação. Em 1986 a participação da indústria total era de 47,20% e em 2013 apresenta a participação de 24,98% e a indústria de transformação apresenta a mesma tendência, em 1986 a participação era de 34,66% e em 2013 passou a ser 13,13%. Esta queda de participação deve-se a ocorrência de alguns eventos externos e internos, como: o segundo choque do petróleo, o aumento dos juros externo, crise da dívida, aumento da inflação doméstica (1980), e as crises financeiras ocorrida no México, países Asiáticos, Rússia (1990), e a crise do subprime nos Estados Unidos (2008), além de um período considerado em que a taxa de câmbio permaneceu apreciada (2004-2011). Esses eventos afetaram de forma negativa o crescimento da indústria por ter impactado o ambiente macroeconômico e a demanda agregada. Já participação da agropecuária no valor adicionado apresenta uma trajetória decrescente deste os anos 50, onde o pico foi alcançado em 1952 com a participação de 25,81% e em 2013 a agropecuária apresenta a participação de 5,71% no valor adicionado. Quanto à participação do setor de serviços se manteve estável até 1986, cuja participação foi de 48,69% no valor adicionado, após esse período o setor de serviços apresenta um crescimento rápido até 1993 onde a participação corresponde a 81,82% do PIB, 131

1947 1950 1953 1956 1959 1962 1965 1968 1971 1974 1977 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 2013 Revista Eletrônica de Economia da Universidade Estadual de Goiás UEG ISSN: após esse período o setor teve uma queda e desde então se mantem em uma trajetória de crescimento ao longo dos anos e em 2013 atingiu a participação de 69,32% do PIB. Gráfico 1 - Participação percentual do Valor Adicionado, a preços básicos, de setores da economia no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil 1947-2013. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Indústria Total Agropecuária serviços Indústria Transformação FONTE: IPEADATA (2015) Aceitando a hipótese de desindustrialização, existe a necessidade de se conhecer o tipo do fenômeno, se é natural ou precoce. Ao analisarmos o turning point, no gráfico 1, verificamos que ele inicia no momento em que a renda per capita da economia está abaixo da renda considerada de país desenvolvido. Silva e Lourenço (2014, apud Banco Mundial, 1986), argumentam que quando a indústria atingiu sua maior participação no PIB de 32%, a renda per capita era de US$ 4.753, valor inferior ao verificado nos países desenvolvido, que atingiram o turning point com a renda per capita entre US$ 10.000 a US$ 15.000. Desse modo Palma (2005), Oreiro & feijó (2010), Bresser-Pereira & Marconi (2009) e Oreiro & Marconi (2011) afirmam que na economia brasileira está passando por um processo de desindustrialização precoce. Neste sentido, o caso brasileiro, apresenta um comportamento da indústria um formato de U invertido, sendo considerado neste aspecto também por Squeff (2012), um processo de desindustrialização com a conotação negativa iniciada a partir 1986. Hirschman (1958) aponta que a indústria é essencial para a dinâmica econômica, dado o seu elevado nível de encadeamentos para frente e para trás em relação aos outros setores e as externalidades positivas e os efeitos de transbordamentos seriam mais relevantes no setor industrial. Desse modo, percebemos a importância do desenvolvimento industrial 132

devido à geração de externalidades positivas na economia como um todo. Furtado (1972) também afirma que a atividade industrial influencia o desempenho da economia mundial e os investimentos industriais são o canal por onde penetra o progresso tecnológico. Ao analisar o gráfico 2, após a crise de 2008 observa-se uma queda contínua da participação do emprego na indústria de transformação bem como na produção da indústria de transformação, porém após 2009 há uma recuperação da produção industrial e em contrapartida a participação do emprego industrial continua em queda. Esta queda do emprego industrial pode ser efeito da transferência de mão de obra dos setores industriais para o de serviços resultantes do aumento da produtividade da mão de obra, ou seja, menos trabalhadores são necessários para a produção de uma mesma quantidade de bens. Gráfico 2 - Produção industrial - indústria de transformação - quantum - índice dessaz. (média 1996 = 100) e Participação do Emprego na indústria de transformação (%). 160 140 120 100 80 60 40 199619971998199920002001200220032004200520062007200820092010201120122013 20 Produção (eixo esquerdo) Emprego (eixo direito) FONTE: IPEADATA (2015) Todavia, Silva e Lourenço (2014) argumentam que esse indicador de emprego apresenta problemas. Uma vez que pós-2005 houve um forte processo de formalização do emprego, principalmente no setor serviços. Dessa maneira, a redução do emprego industrial pode estar associada ao aumento da formalização do emprego e não necessariamente ao processo de desindustrialização. Outra explicação alternativa para essas trajetórias distintas entre a produção e o emprego, encontra-se também na maior terceirização de atividades antes desenvolvida pelas próprias indústrias e que passaram a ser direcionadas para o setor de serviços, de modo que o emprego continuou sendo industrial, mas agora contabilizado como do setor de serviços. 133

Em suma, quando se trata da desindustrialização em termos de participação da indústria no PIB e a participação do emprego industrial verifica a ocorrência deste fenômeno. Porém se a perda do emprego industrial for compensada pelo emprego em uma área dinâmica do setor de serviços esse fenômeno seria natural, trazendo impactos positivos para a economia. A questão de que o Brasil está passando ou não por um processo de desindustrialização é tema de embates entre diversos autores (vide Silva & Lourenço, 2014; Oreiro & Marconi (2014); Vergnhanini, 2013). No entanto, o propósito neste trabalho não é discutir se a economia sofre desse processo ou não, mas verificar se parte da desindustrialização ou da perda de participação da indústria de transformação em termos de valor adicionado foi derivada da abertura comercial. Esta perspectiva é apresentada na próxima seção. 3. O Grau de Abertura comercial e Taxa de Cobertura Global O final da década de 1980 foi caracterizado por mudança na política comercial, depois de um período marcado pela política de substituição das importações cujo objetivo era promover a indústria nacional por meio de medidas protecionistas, o Brasil começou o processo de liberalização comercial. Assim, a abertura comercial tende a promover algumas consequências segundo Brum & Heck (2005) como: reduzir as pressões inflacionárias; redefine salários; reduz ou elimina o chamado efeito deslocamento (crowding out) do investimento privado; torna a economia interna vulnerável às turbulências iniciadas no exterior, porém, auxilia a dissipar as turbulências originárias no interior do país; afeta a política fiscal na medida em que esta, admitindo um caráter expansionista, será transferida a outros países via maiores importações; e permite construir uma economia mais diversificada e adaptável às alterações da oferta e demanda, assimilando melhor o chamado ciclo de negócios prosperidade-recessão. Nesta perspectiva, o aumento dos preços internos se revela mais difícil, uma vez que o consumidor busca produtos similares no exterior, implicado que a expansão econômica pode não acarretar riscos inflacionários. O grau de abertura comercial é um indicador relevante para analisar a integração do país com o resto do mundo, desse modo é possível verificar se o Brasil após o processo de liberalização econômica tornou-se realmente uma economia aberta. 134

ao PIB. O grau de abertura é a razão entre o somatório das relações internacional em relação GA = X + M PIB Onde: X representa o valor das exportações; M representa o valor das importações; PIB representa o Produto Interno Bruto. A taxa de cobertura global analisa qual é a percentagem das importações que é coberta pelas exportações. Esta taxa pode ser encontra pela razão entre exportação e importação. Desse modo se a taxa de cobertura global for maior que 100% expressa que o país tem competitividade comercial, já uma taxa menor que 100% expressa dependência comercial. O país precisa financiar suas importações por outra via que não as exportações, como empréstimos ou reservas internacionais, tornando a economia mais vulnerável a choques externos. Verifica-se no gráfico 3, que o período entre 1950 a 2013 o Brasil expandiu o seu grau de abertura comercial, porém em nenhum momento ultrapassou os 30%, o valor máximo alcançado foi 27% em 1954. Durante o período do milagre econômico (1968-1973), o grau de abertura econômica apresentou um crescimento devido ao crescimento das exportações e das importações frente ao crescimento do PIB. No entanto, o crescimento das importações foi superior ao das exportações, como fica evidente pela queda da taxa de cobertura, refletindo o aumento da dependência externa durante o período do milagre econômico. Contudo, como nesse período ocorreu o favorecimento ao capital externo, essa abertura comercial tenderia a ocorrer independentemente da evolução das exportações e importações. 135

1950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 Revista Eletrônica de Economia da Universidade Estadual de Goiás UEG ISSN: Gráfico 3: Grau de Abertura Comercial e Participação da indústria no PIB (%):1950-2013 34 31 28 25 22 19 16 G.A (eixo esquerdo) Participação da Indústria (eixo direito) 13 10 FONTE: Elaboração própria a partir de dado do Banco Central do Brasil (2015) Algo semelhante, porém inverso, ocorreu também na década de 1980, uma vez que em meio a crise da dívida foi necessário implementar políticas para favorecer as exportações e, com isso tentar gerar divisas para o pagamento da dívida externa. Deste modo, os graus de abertura comercial (gráfico 3) e de cobertura total (gráfico 4) aumentaram. Após a década perdida, é implementada a política de abertura comercial promovida pelo que ficou conhecido como consenso de Washington, o que contribuiu para aumentar do grau de abertura nos anos 1990. Nesse período, a adoção do plano real e o fim das políticas de substituição das importações, contribuíram para o aumento gradativo da abertura comercial. Nos anos 2000, o país aumentou consideravelmente seu grau de abertura, tanto as exportações como as importações aumentaram resultante da influência do crescimento chinês e da sobreapreciação cambial nesse período, bem como do crescimento da renda doméstica. Entretanto quando comparado com outros países, o Brasil apresenta um baixo grau de abertura econômica. De acordo com Banco Mundial, um país é comercialmente aberto quando alcança um grau de abertura de 30%. Ao analisar o gráfico 3, observa-se que em nenhum momento o país atingiu essa marca. Bacha (2013) afirma que o país é economicamente isolado em relação ao comércio internacional, com exportações de apenas 12,5% do PIB que representou menos de 1,3% do total mundial em 2012 sendo os efeitos desse isolamento o baixo crescimento do PIB, alta inflação e a desindustrialização. A participação da indústria de transformação no PIB parece apresentar uma relação direta com o grau de abertura da economia até o final da década de 1990. Porém a partir dos 136

1950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 Revista Eletrônica de Economia da Universidade Estadual de Goiás UEG ISSN: anos 2000, essa relação é enfraquecida, dado que o Brasil apresentou uma maior abertura, mas a participação da indústria diminui, sobretudo, pós-2004. Isto é, os impactos positivos da abertura comercial da economia brasileira sobre a indústria brasileira tornou-se cada vez menores ao longo dos anos. Isto pode ter sido provocado por dois fatores: i) a perda de competitividade da indústria de transformação e ii) a ascensão da China como grande produtor de bens manufaturados ao longo dos anos 2000. Quando se observa a taxa de cobertura global da economia brasileira, gráfico 4, pode ser visto que a economia brasileira realmente perdeu competitividade, dado que a taxa de cobertura global da economia apresentou queda entre o final da década de 1980 e finais dos anos 1990. No início dos anos 2000, ocorreu uma reação que durou até a crise financeira de 2008-09, desde então, a competitividade do país apresentou uma trajetória acentuada de queda, levando com sigo a participação da indústria no PIB. Gráfico 4: Taxa de Cobertura Global e Participação da indústria no PIB (%): 1950-2013 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 Taxa de Cobertura (eixo esquerdo) Participação da Indústria (eixo direito) FONTE: Elaboração própria a partir de dado do Banco Central do Brasil (2015) No entanto, é preciso separar a indústria de transformação dos demais setores para se observar de forma mais clara esse efeito. Quando feito isso, gráfico 5, verifica que entre 2001-2008 o país apresentou crescimento das exportações de produtos industriais maior que as importações, porém já apresentava perda de dinamismo em 2005. Após esse período, observase o aumento das importações dos bens industriais em relação às exportações constituindo um setor deficitário, conforme pode ser visto pela tabela 1. 137

Gráfico 5 Taxa de cobertura de bens manufaturados (1996 = 100) e Participação da indústria no PIB (%): 1996-2013. 199619971998199920002001200220032004200520062007200820092010201120122013 192 172 152 132 112 92 72 52 32 12 Taxa de Cobertura (eixo direito) Indústria (eixo esquerdo FONTE: Elaboração própria a partir de dado do MDIC (2015) Gráfico 6 Taxa de cobertura de bens manufaturados (1996 = 100) e Taxa de Câmbio Real Efetiva (TCRE, 1996 = 100): 1996-2013. 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 199619971998199920002001200220032004200520062007200820092010201120122013 Taxa de Cobertura TCRE FONTE: Elaboração própria a partir de dado do MDIC (2015) No entanto, o grau de cobertura da indústria de transformação parece estar relacionado com a taxa de câmbio real efetiva, pelo menos até 2012. Essa apreciação cambial foi fator fundamental para controlar a inflação 3 no período apresentado no gráfico 6, porém a 3 Vide Bresser-Pereira (2013). 138

contrapartida foi a perda de competividade da indústria de transformação frente aos concorrentes externos. Contudo, mesmo com essa perda de competitividade da indústria de transformação representada pela taxa de cobertura, observa-se que os setores de média-baixa e baixa intensidade tecnológica são a exceção, uma vez que a balança comercial destes foi superavitária entre 1996 e 2013. Ao analisar a balança comercial dos produtos industriais por intensidade tecnológica, verifica que o saldo apresentou uma melhora nos anos 2000 bem como uma melhora do saldo total dos produtos indústrias, em decorrência do ciclo expansionista da economia mundial, porém esse saldo volta a ser negativo em 2008 no mesmo período que ocorre uma forte queda no saldo total, influenciado pela crise financeira internacional. Tabela 1 Balança Comercial dos Setores Industriais por Intensidade Tecnológica(*): 1996 a 2013 - US$ milhões. Ano Alta Médiaalta Médiabaixa Baixa Não industriais Produtos Industriais SBC (Total) 1996-8380 -9727 2887 10130-510 -5089-5599 1997-9570 -11982 1853 9916 3029-9782 -6753 1998-8838 -12369 1350 9436 3797-10421 -6624 1999-7656 -9982 1912 11171 3264-4554 -1290 2000-7342 -8695 1434 11435 2403-3168 -765 2001-6842 -10719 1725 14365 4091-1470 2621 2002-4525 -6935 3979 15481 5119 8000 13119 2003-5296 -3292 6594 19962 6791 17968 24758 2004-7548 -2447 10182 25324 8129 25511 33640 2005-8377 494 12257 28862 11473 33235 44708 2006-11839 -908 12914 32084 13869 32251 46120 2007-15044 -10126 11950 35178 18070 21958 40028 2008-21932 -29169 9648 40158 26040-1294 24746 2009-18431 -26504 6144 33423 30640-5368 25272 2010-26497 -38983-4712 39440 51019-30753 20267 2011-30981 -51240-4576 43539 73051-43259 29793 2012-31118 -52473-2903 41462 64439-45032 19407 2013-34120 -58819-2560 41017 57040-54483 25577 FONTE: SECEX/MDIC (*) Classificação extraída de: OECD, Directorate for Science, Technology and Industry, STAN Indicators, 2003. No que se refere a indústria de média-alta e alta intensidade tecnológica apresenta déficit em quase todos os períodos e a partir de 2008 o déficit é mais acentuado nesses 139

setores, influenciado pela crise neste último ano, dado que estes apresentam uma alta elasticidade renda da demanda em relação os bens indústrias de baixa intensidade tecnológica. Diante disso, observa-se que o impacto da abertura comercial sobre a indústria de transformação não é homogêneo, mas o efeito negativo se sobrepõe ao positivo, dado que o resultado do saldo comercial total foi um deficit superior aos US$ 54 milhões. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste paper foi tentar verificar os impactos da abertura comercial sobre o processo de desindustrialização da economia brasileira. Ao analisar dados referentes ao grau de abertura e cobertura comercial, verificou-se o Brasil permanece uma nação isolada, ou seja, a economia brasileira não é integrada a economia mundial e ainda possui uma indústria dependente de uma politica cambial favorável a exportação para se tornar competitiva. O grau de abertura da economia brasileira aumentou significativamente desde 1995, mas essa abertura não ocorrer devido ao crescimento das exportações industriais frente às importações. Pelo contrário, além da contribuição do PIB, com seu crescimento de voos de galinha nas décadas de 1990 e 2000, as exportações de bens manufaturados tiveram quedas consideráveis, como visto. Portanto, a abertura comercial observada pelos dados, foi causada pelo crescimento das importações e pelo crescimento das exportações de commodities, salvo algumas exceções. Se por um lado, as importações contribuíram para controlar a inflação indiretamente, por outro, substituiu parte do consumo doméstico que era atendido pelas indústrias nacionais, provocando efeitos nocivos sobre a indústria de transformação da economia brasileira. Com efeito, diante de uma queda dos preços internacionais das commodities, o saldo da balança comercial tende a obter sucessivos déficits tornando a economia dependente da entrada de capitais especulativos para fechar seu balanço de pagamentos e, portanto, aumentando a dependência externa 4 e gerando mais efeitos nocivos sobre a indústria nacional. Já que para atrair esses capitais, é necessária uma alta taxa de juros e, assim, desestimulando novos investimentos no setor industrial. 4 Vide Silva e Nascimento (2015). 140

A abertura comercial deve ser feita, mas desde que se tenha uma indústria forte para competir com os produtos importados, caso contrário a estrutura produtiva da economia tende a ser regredida a produção de bens de baixo conteúdo tecnológico, prevalecendo as ideias neoclássicas das vantagens comparativas. Cabe ao governo, formular uma política industrial, embora isso seja mais fácil de mencionar do que de realizar, dados os interesses envolvidos. Mas isso não cabe ao escopo deste artigo. 5. REFERÊNCIAS BACHA, E. Integrar para crescer: o Brasil na economia mundial. Versão de 12/09/2013 de texto para sessão do Fórum Nacional de 18 e 19/09/2013. Disponível em: http://iepecdg.com.br/uploads/texto/130902bachafnac.pdf BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: < www.bcb.gov.br>. Acesso em: 01 de Maio 2015. BONELLI, Regis; PESSÔA, Samuel de Abreu. Desindustrialização no Brasil: um resumo da evidência. Texto para Discussão no. 7, mar 2010, Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED). 2014. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>. Acesso em: 03 fev. 2015. BRESSER-PEREIRA, L. C. O governo Dilma frente ao tripé macroeconômico e à direita liberal e dependente. Revista Novos Estudos, São Paulo, n. 95, p. 5-15, mar. 2013. BRESSER-PEREIRA, L.C; MARCONI, N. Doença Holandesa e desindustrialização. Valor Econômico, 25 de novembro, 2009. BRUM, L.; HECK, C. R. Economia internacional: uma síntese da análise teórica. Ijuí: UNIJUÍ, 2005. CANO, W. A desindustrialização no Brasil. IE/UNICAMP, jan. 2012. FURTADO, C. Análise do modelo Brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 mar. 2015 IEDI INTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Desindustrialização e os dilemas do crescimento econômico recente. São Paulo, maio, 2007. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Ipeadata. 2015. Disponível em: <www.ipeadata.gov.br>acesso em: 20 mar. 2015. 141

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