CLASSIFICAÇÃO DE TORTA E FARELO DE MAMONA DETOXIFICADOS APLICANDO ESPECTROSCOPIA NIR E ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS 1

Documentos relacionados
USO DA ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO PARA ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE TORTA DE MAMONA DETOXIFICADA

Hélio Arêas Crespo Neto 1, Natalia Deus de Oliveira 2, Olga Lima Tavares Machado 3

UM MÉTODO NÃO DESTRUTIVO POR RMN DE BAIXO CAMPO E QUIMIOMETRIA PARA CLASSIFICAÇÃO DE SEMENTES DE MAMONA EM FUNÇÃO DO PERFIL ESPECTRAL DO ÓLEO

QUALIDADE DA TORTA E FARELO DE MAMONA DE DIFERENTES CULTIVARES CARACTERIZADAS POR ESPECTROSCOPIA NIR E ANÁLISE MULTIVARIADA

Classificação quimiométrica de vinagres usando espectros UV-Vis

SUBPRODUTOS DA MAMONA NA ALIMENTAÇÃO DE AVES 1. Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais / Montes Claros MG.

EFEITO DA TORTA DE MAMONA SOBRE O CRESCIMENTO DA MAMONEIRA BRS 149 NORDESTINA.

PRODUTIVIDADE DAS CULTIVARES PERNAMBUCANA, BRS PARAGUAÇU E BRS NORDESTINA EM SENHOR DO BONFIM-BA

ANÁLISE DOS NÍVEIS DE ALBUMINAS 2S E DE RICINA EM SEMENTES DE DIFERENTES CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis L.)*

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1866

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

APLICAÇÃO DA FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA NO TRATAMENTO DE AFLATOXINA PROVENIENTE DE RESÍDUOS DE LABORATÓRIOS

ANÁLISE PROTEÔMICA DAS SEMENTES EM DESENVOLVIMENTO DE MAMONA (Ricinus communis)

Eficácia de Diferentes Métodos de Destoxificação da Ricina no Farelo de Mamona 1

AVALIAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO MANUAL PARA A SEMEADURA DA MAMONEIRA.

EFEITOS ISOLADOS E CONJUNTOS DA MAMONEIRA (Ricinus communis L.), EM FUNÇÃO DE NITROGÊNIO E TEMPERATURA NOTURNA EM AMBIENTES DIFERENTES

SELETIVIDADE DO HERBICIDA TRIFLOXYSULFURON SODIUM NA MAMONEIRA (RICINUS COMMUNIS L.) CULTIVAR BRS NORDESTINA

GENÓTIPOS DE PORTE MÉDIO DE MAMONA AVALIADOS EM IRECÊ (BA) PARA TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE*

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA NA REGIÃO NORTE DO PARANÁ. Nelson da Silva Fonseca Júnior 1 e Máira Milani 2

COMPOSIÇÃO DE FARELO DESENGORDURADO DE VARIEDADES DE MAMONA CULTIVADAS NO MUNICÍPIO DE ITAOCARA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPIRAÇÃO MICROBIANA NO SOLO CONTENDO TORTA DE MAMONA EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DA UMIDADE. Algodão,

PRODUÇÃO E VALOR ENERGÉTICO DA TORTA DE MAMONA DO AGRESTE PERNAMBUCANO

CINÉTICA DAS CURVAS DE RESFRIAMENTO E CONGELAMENTO DO ÓLEO DE MAMONA

INFLUÊNCIA DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DA SEMENTE E DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA III: FITOMASSA DA MAMONEIRA

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

INFLUÊNCIA DAS EMBALAGENS NA COMPOSIÇÃO DE NPK DA TORTA DE MAMONA ARMAZENADA*

VARIAÇÃO NO PERCENTUAL DE TEGUMENTO EM RELAÇÃO AO PESO DA SEMENTE DE DEZ GENÓTIPOS DE MAMONEIRA

EFEITO DO HERBICIDA TRIFLOXYSULFURON SODIUM NA MAMONEIRA (RICINUS COMMUNIS L.) CULTIVAR BRS NORDESTINA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E TEOR DE ÓLEO DE SEMENTES DAS CULTIVARES: BRS NORDESTINA E BRS PARAGUAÇU SEPARADAS EM CLASSES PELA COR DO TEGUMENTO

CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE GENÓTIPOS DE MAMONA

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1047

ADIÇÃO DE TORTA DE ALGODÃO A COMPOSIÇÃO DE DIFERENTES SUBSTRATOS PARA A PRODUÇÃO DE MAMONEIRA

INFLUÊNCIA DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DA SEMENTE E DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA II: CRESCIMENTO VEGETATIVO

ESTUDO DO PROCESSO DE MATURAÇÃO DA MAMONEIRA II: UMIDADE E FITOMASSA DOS FRUTOS E SEMENTES

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM JUAZEIRO-BA

CINÉTICA DE SECAGEM DA TORTA DE MAMONA

FREQÜÊNCIA DE SEMENTES DE COLORAÇÃO ATÍPICA EM CACHOS DE MAMONA COLHIDOS EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO*

DESEMPENHO DE LINHAGENS DE MAMONA EM BAIXA ALTITUDE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MAMONA COM E SEM CASCA

CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DA MAMONEIRA FERTIRRIGADA EM MOSSORÓ RN

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE PATOS-PB

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE SEMENTES DE MAMONA SEPARADAS EM CLASSES PELA COR DO TEGUMENTO

CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE ESPECTROSCOPIA DE INFRAVEMELHO PRÓXIMO (NIRS) PARA A DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE NUTRICIONAL DO TRIGO GRÃO 1

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1670

Bibliografia. Conteúdo

PRODUÇÃO DE MUDAS DE MAMONEIRA

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

CARACTERIZAÇÃO DO BIODIESEL DE ÓLEO DE RÍCINO PRODUZIDO POR BIOCATÁLISE COM ENZIMA LIPOZYME IM

COMBINAÇÃO DE CASCA E TORTA DE MAMONA COMO ADUBO ORGÂNICO PARA A MAMONEIRA

AVALIAÇÃO DA FITOMASSA E COMPRIMENTO DAS RAÍZES DA MAMONEIRA BRS NORDESTINA INFLUENCIADOS PELA FERTILIZAÇÃO ORGÂNICA

Seletividade de herbicidas pré e pós-emergentes à mamoneira

DESBASTE CONTROLADO DOS RAMOS LATERAIS E POPULAÇÃO DE PLANTAS NA CULTURA DA MAMONEIRA

ESTUDO DA ESTABILIDADE DE NANOPARTÍCULAS UTILIZANDO ANÁLISE DE IMAGENS E MÉTODOS QUIMIOMÉTRICOS

AJUSTE E AVALIAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE ACIONAMENTO MANUAL PARA DESCASCAMENTO DOS FRUTOS DE MAMONEIRA DA CULTIVAR BRS ENERGIA

DESATIVAÇÃO DE ALÉRGENOS DE MAMONA PELO USO DO REAGENTE WOODWARD (WRK)

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM TERESINA PIAUÍ EM MONOCULTIVO E CONSORCIADOS COM FEIJÃO-CAUPI*

MANEJO DE PLANTIO E ORDEM DO RACEMO NO TEOR DE ÓLEO E MASSA DE SEMENTES DA MAMONEIRA

PRODUTIVIDADE DA CULTIVAR BRS ENERGIA EM FUNÇÃO DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO E POPULAÇÕES DE PLANTAS

Inovação no Controle de Qualidade de Alimentos

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CV. BRS 149 NORDESTINA ATRAVÉS DA PODA EM DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS

Aplicação da técnica de infravermelho médio (MIR) na análise química imediata de carvão vegetal

Instituto de Ensino Tecnológico, Centec.

COMPETIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS E ADUBAÇÃO NITROGENADA NO CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis)

Introdução. Material e Métodos

PERFORMANCE DE GENÓTIPOS DE MAMONA AVALIADOS EM CERRADO DE RORAIMA 2008

AVALIAÇÃO DA CULTIVAR BRS PARAGUAÇU EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO NO MUNICÍPIO DE PESQUEIRA, PE

EFEITO DO GRAU DE UMIDADE DOS FRUTOS DE MAMONEIRA SOBRE A EFICIÊNCIA DO PROCESSO DE DESCASCAMENTO MECÂNICO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

CULTIVO DA MAMONEIRA EM SOLO ARTIFICIALMENTE COMPACTADO ADUBADO COM TORTA DE MAMONA. Edinete Maria de Oliveira

Introdução. Material e Métodos

INFLUÊNCIA DO AMAZENAMENTO NA COMPOSIÇÃO QUÍMICA/MINERAL DE SEMENTES DE DIFERENTES CULTIVARES DE MAMONA

TAXAS DE CRESCIMENTO EM DIÂMETRO CAULINAR DA MAMONEIRA SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO-SALINO(*)

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 465

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ETANOL E ÓLEO RESIDUAL DE FRITURAS EMPREGANDO CATÁLISE MISTA: EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE CATALISADORES

INTRODUÇÃO À CALIBRAÇÃO MULTIVARIADA

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM PETROLINA-PE

Pesquisa e desenvolvimento para aproveitamento da torta de pinhão-manso na alimentação animal

COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE PLANTAS DE MAMONA CULTIVAR BRS ENERGIA SUBMETIDA A DIFERENTES ESPAÇAMENTOS E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 276

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO 1 INTRODUÇÃO

TEOR DE ÓLEO EM SEMENTES DE MAMONA DE VARIEDADES INTRODUZIDAS NA ZONA SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Sergio Ricardo Queiroz Barbosa

COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA DE PORTE BAIXO AVALIADOS EM RORAIMA 2008

ESTUDO DA VISCOSIDADE DO ÓLEO DE MAMONA PARA TEMPERATURAS NA FAIXA DE 20 A 80 C

PRODUÇÃO DE ANTICORPOS POLICLONAIS ANTI-RICINA*

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

CARACTERIZAÇÃO ESPECTROSCÓPICA E FISICO- QUÍMICA DE FILMES DE BLENDAS DE AMIDO E CARBOXIMETILCELULOSE.

TEOR DE ÓLEO E RENDIMENTO DE MAMONA BRS NORDESTINA EM SISTEMA DE OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

EFEITO DA VARIAÇÃO DA SUAVIZAÇÃO ESPECTRAL NA ROBUSTEZ DE MODELOS DE CALIBRAÇÃO DE METANOL E TEOR ALCOÓLICO EM AGUARDENTES POR FTIR-ATR

TEOR DE CINZAS E MATÉRIA ORGÂNICA DA TORTA DE MAMONA EM FUNÇÃO DO ARMAZENAMENTO EM DIFERENTES EMBALAGENS*

Rotas de Produção de Diesel Renovável

AVALIAÇÃO AGROECONÔMICA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE MAMONA EM CONSORCIO COM O FEIJÃO-CAUPI

Material Suplementar. Quim. Nova, Vol. 35, No. 1, S1-S5, 2012

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO INTRODUÇÃO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1213


Transcrição:

Página 1849 CLASSIFICAÇÃO DE TORTA E FARELO DE MAMONA DETOXIFICADOS APLICANDO ESPECTROSCOPIA NIR E ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS 1 Tatiana Silva Santos 1, Clébia Pereira de França 1, Pollyne Borborema Alves de Almeida 2, Everaldo Paulo de Medeiros 3, Juarez Paz Pedrosa 1 1 Universidade Federal de Campina Grande, 2 Bolsista DTI CNPq, 3 Pesquisador da Embrapa Algodão RESUMO Este trabalho foi realizado com o objetivo de estudar o potencial da espectroscopia NIR e da quimiometria, para classificação de torta e farelo de mamona submetida a diferentes tratamentos de detoxificação. Os tratamentos utilizados foram químico [NaCl e Ca(OH)2] e térmico (40, 60, 80 e 100 C) de torta e farelo oriundo de três variedades de sementes de mamona (BRS Paraguaçu, BRS 149 Nordestina e BRS Energia). As medidas espectrais na região de 400 a 2500 nm e a análise multivariada foram empregadas para a identificação do processo de detoxificação. As medidas experimentais foram realizadas em duas etapas: na primeira etapa foi utilizado um conjunto de 180 amostras de torta e farelo de mamona da variedade BRS Paraguaçu para otimização dos modelos quimiométricos. Cada tratamento foi constituído de 10 amostras tratadas com Ca(OH) 2 e NaCl na concentração de 4% (m/m) e nas temperaturas de 40, 60, 80 e 100 C. Na segunda etapa, 605 amostras foram usadas com 15 unidades para cada tratamento nas concentrações de 1, 2 e 4%. Os espectros foram obtidos em triplicatas autênticas com 10 g de cada amostra. Na PCA, o gráfico dos escores evidencia a formação de classes distintas com separação dos tratamentos com Ca(OH)2 e NaCl e a combinação destes com incrementos de temperatura. O agrupamento formado com duas componentes principais resultou uma variância explicada superior a 95%. O modelo SIMCA previu 100% de acerto para a classe da torta e farelo de mamona detoxificada. A PCA para as amostras tratadas com Ca(OH)2 e NaCl nas concentrações de 1, 2 e 4% permitiu a identificação das amostras consideradas detoxificadas para as variedades de mamoneira BRS Energia, BRS Paraguaçu e BRS 149 Nordestina. Os tratamentos na concentração de 4% (m/m) destacavam-se no gráfico dos escores. Também ocorreu separação entre as classes BRS Paraguaçu e BRS 149 Nordestina com a BRS Energia. Diante dessas observações, a espectroscopia NIR e análise multivariada permitiram a classificação e identificação da torta e farelo de mamona considerados detoxificados de forma direta, não destrutiva, econômica, rápida (60 s), sem o uso de reagentes caros e geração resíduos químicos. Palavras-chave Detoxicação, Ricina, espectroscopia VIS e NIR, PCA. INTRODUÇÃO Com a possibilidade de crescimento da oferta de biodiesel na matriz energética mundial vem crescendo a necessidade de reutilização dos produtos remanescentes da produção do óleo de mamona, sendo a torta o principal co-produto da cadeia produtiva. CNPq (552868/2007-8) e BNB (075/2004)

Página 1850 A torta e o farelo de mamona não são recomendados para ração animal devido à presença de substâncias tóxicas. A principal substância tóxica é a ricina que é uma fitoproteína de reserva, tóxica por inativar ribossomos, encontrada exclusivamente no endosperma das sementes (SILVA JÚNIOR et al., 1996, ANANDAN et al., 2005). Atualmente, um dos grandes desafios é dispor de um processo viável de detoxicação seguro para o preparo de rações. No entanto, para isso faz-se necessário o desenvolvimento de métodos analíticos eficientes e rápidos de medição direta ou que permita a classificação de amostras detoxificadas. Objetivou-se nesse trabalho o desenvolvimento de uma nova estratégia combinando a espectroscopia NIR e análise multivariada de reconhecimento de padrão (PCA e SIMCA) para identificação de torta e farelo de mamona detoxificados. METODOLOGIA As amostras de torta de mamona foram produzidas em laboratório com pré-aquecimento nas temperaturas de 40, 60, 80 e 100 C e a frio para cada cultivar (BRS 149 Nordestina, BRS Energia e BRS Paraguaçu). As extrações da torta foram realizadas em prensa mecânica desenvolvida na Embrapa Algodão. Os tratamento químicos foram realizados empregando Ca(OH)2 e NaCl nas proporções de 1, 2 e 4 %. Cada tratamento contendo 10g de torta ou farelo foi adicionado o reativo e 140 µl de água. Deixando 14 h em repouso, e na seqüência colocada em uma estufa com circulação de ar durante 8 h. Para a classificação da torta de mamona submetida a diferentes tratamentos de detoxificação, foram analisadas por modelos de reconhecimento de padrão e medidas de reflectância de 1100 a 2500 nm. Os espectros foram obtidos de 15 amostras para cada tratamento com três repetições. A construção dos modelos de análise não destrutivos requereu as seguintes etapas: Os espectros de reflectância na faixa de 400 a 2500 n e resolução de medida de 0,5 nm (n=3). O algoritmo de Savitzky - Golay (janela de 11 pontos) derivativo (1a derivada) e ajuste por polinômio de 2a ordem foi usado como ferramenta de pré-processamento. As análises quimiométricas foram executadas usando o software Unscrambler 9.8 da CAMO. A partir dos sinais obtidos foram empregadas uma análise de componentes principais (PCA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Página 1851 Os espectros brutos obtidos na região de 400 a 2500 nm para os tratamentos com torta de mamona podem ser observados na Figura 1. A partir de 1100 nm todos os espectros brutos desenvolvem um mesmo perfil, porém com diferenças entre as classes de amostras em regiões específicas de absorção, as quais ficam mais evidentes quando os espectros são pré-processados (Figura 2). Vale destacar que nas regiões A e B da Figura 2 ocorre a separação dos tratamentos em relação a torta e farelo. Na região A separa-se o tipo de processo de detoxificação (térmico, químico e amostra controle positivo) e na região B os espectros se distinguem quanto ao tipo de material (farelo e torta). A região é característica do segundo sobreton de vibrações moleculares de SH, CH, CH2 e CH3. Com a escolha da região de 1100 a 1200 nm dos espectros originais sem o pré-tratamento uma PCA com validação cruzada foi efetuada (Figura 3). Na Figura 3 visualiza-se os agrupamentos das amostras de torta e farelo, os quais se distinguem com variância explicada de 99,8% para duas componentes (PC1 vs PC2). Os resultados obtidos permitem constatar a separação dos tratamentos ao longo da PC1. No sentido dos escores negativos aos positivos, evidencia-se a separação das amostras que foram submetidas aos tratamentos: a) Ca(OH)2 e NaCl nas temperaturas 40, 60, 80 e 100 0C e b) Ca(OH)2, NaCl e amostras sem tratamento (Farelo In - Farelo e AMB IN - Torta). Além disso, constata-se uma separação para as amostras de farelo das de torta. De forma geral, considerando o trabalho de ANANDAN et al. (2005), para amostras de torta tratadas com Ca(OH)2 e NaCl a 4% (m/m) resultam em 100 e 91 % de desnaturação, respectivamente, para esse caso, os resultados deste trabalho com análise exploratória por PCA na região de 1100 a 1200 nm foi satisfatório para classificação de amostras consideradas detoxificadas. CONCLUSÃO Medidas de reflectância na região de 1100 a 1200 nm e análise de componentes principais são estratégias rápidas e seguras para discriminar amostras de torta e farelo de mamona consideradas detoxificadas com Ca(OH)2 e térmico de amostras não detoxificadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Página 1852 ANANDAN, S.; KUMAR, G. K. A.; GHOSH, J. RAMACHANDRA, K. S. Effect of different physical and chemical treatments on detoxification of ricin in castor cake Animal Feed. Science and Technology, v. 120, n. 1-2, p. 159-168, 2005. SILVA JUNIOR, J. G.; MACHADO, O. L. T., IZUMI, C.; PANDOVAN, J. C.; CHAIT, B. T., MIRZA, U. A.; GREENE, L. J. Aminoacid sequence of new 2S albumin from Ricinus communis with is part of 29-Kda precursor protein. Archives of Biochemistry and Biophysics. v. 336, p. 10-18, 1996. B A Comprimento de onda (nm) Figura 1. Espectros na região 400 a 2500 nm de todos os tratamentos com torta (A) e farelo (B).

Página 1853 Figura 2. Espectros derivativos (Savitz-Golay usando 1a derivada e ajuste com polinômio de 20 ordem,) na região 1100 a 2500 nm de todos os tratamentos. Figura 3. Gráfico dos escores com pré-tratamentos dos espectros na região de 1100 a 1220 nm (199 variáveis).