EFEITO DOS ELEMENTOS CLIMÁTICOS SOBRE A PRODUÇÃO DE ANIMAIS NOS TRÓPICOS

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Transcrição:

EFEITO DOS ELEMENTOS CLIMÁTICOS SOBRE A PRODUÇÃO DE ANIMAIS NOS TRÓPICOS Fabíola Franklin de Medeiros (1); Bonifácio Benicio de Souza (2) 1, 2 Universidade Federal de Campina Grande, vet.fabiolafranklin@gmail.com, bonif@cstr.ufcg.edu.br. INTRODUÇÃO Os fatores ambientais, nutricionais e de manejo estão intrinsecamente ligados ao processo produtivo e devem ser levados em consideração quando se busca uma maior eficiência na exploração pecuária. Os índices de conforto térmico são ferramentas bioclimatológicas fundamentais na busca e seleção de animais mais adaptados às condições climáticas do semiárido (Roberto e Sousa 2011). Para Nóbrega (2011) os parâmetros climáticos ou ambientais são analisados através da coleta de dados, como: temperatura máxima e mínima, temperatura do bulbo seco e de bulbo úmido, temperatura do globo negro, umidade realtiva do ar, além do índice de temperatura (THI) e índice de temperatura do globo negro e umidade (ITGU), ambos obtidos através de equações. Segundo Silva (2000) na região tropical, durante boa parte do ano a temperatura do ar, juntamente com outros parâmetros ambientais, pode provocar estresse nos animais, que buscam se ajustar, aumentando a dissipação de calor por meio principalmente da termólise cutânea e da respiratória. Desta forma, se faz necessário o conhecimento da tolerância e da capacidade das diversas espécies e raças como forma de suporte técnico a uma determinada exploração animal, o objetivo desta revisão foi avaliar por meio de trabalhos de pesquisa encontrados na literatura vigente, a influência do ambiente sobre a produção animal nos trópicos. METODOLOGIA O Trabalho constou do processo de revisão bibliográfica, buscando pelas principais fontes de pesquisas e autores que fizessem menção ao efeito do clima sob a produção e adaptação dos animais nos trópicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A influência do clima na Reprodução Animal Segundo Selye (1936) o estresse é acompanhado por um acréscimo na atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA) e por um decréscimo na função reprodutiva, ocorrendo uma possível relação com os hormônios do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal (HHG). Silva, et al (2010), avaliando os efeitos das condições reprodutivas (pluríparas ou nulíparas) e climáticas (período seco ou chuvoso) sobre o número e qualidade de embriões colhidos de cabras da raça Boer superovuladas, verificaram que o número médio de estruturas e de embriões viáveis, classificados como G1, recuperados de doadoras nulíparas foi maior no período chuvoso que no período seco, não sendo observada diferença nas doadoras pluríparas. O fato observado com as pluríparas, segundo os autores, deve-se à adaptabilidade ao clima adquirida pelas fêmeas mais velhas. Segundo Rensis e Scaramuzzi (2003) encontraram uma variação de 20 e 30% na taxa de concepção quando compararam as estações quente e fria. Os autores citam que no período quente, ocorre uma redução no apetite e no consumo de matéria seca, desta maneira, prolonga-se o período pós-parto de balanço energético negativo, diminuindo a taxa de concepção das matrizes. López- Gatius (2003), também encontrou um menor percentual de vacas cíclicas (73,6%) no período quente do ano quando comparado com 93,5% no período frio. Os percentuais de ovários inativos e císticos foram, respectivamente, de 1,2 e 2,4% para o período frio e de 12,9 e 12,3% para o período quente. Salles (2010) mostrou que os elementos climáticos tiveram influência sobre os parâmetros reprodutivos de machos caprinos, principalmente no período seco, no qual a temperatura ambiente mais elevada diminuiu a qualidade seminal, decorrente de uma redução da porcentagem de espermatozoides móveis e do aumento das patologias espermáticas. Efeitos do clima sobre a produção de leite Um manejo ambiental inadequado promovendo a exposição de animais à radiação solar direta gera alterações nos parâmetros fisiológicos levando esses animais a quadros característicos de estresse por calor. Silva et al (2012) estudando vacas mestiças (Holandês x Gir) submetidas a três períodos diferentes de exposição à radiação solar e seus efeitos na produção de leite, em seus resultados concluiu que as vacas que permanecem sob exposição solar direta reduziram a produção diária de leite.

Feltes et al (2016) analisando curvas de produção de leite e de porcentagens de gordura e proteína em relação a estação do ano e idade ao parto de vacas da raça Holandesa, criadas no Rio Grande do Sul, demonstrou que vacas que pariram durante o outono e estações de inverno produziram maiores quantidades de leite e menor teor de gordura e proteína do que aquelas que pariram em primavera e verão. Em geral, vacas que pariram entre 94 e 118 meses de idade tiveram menor produção de leite, pois são mais suscetíveis a mudanças ambientais. Almeida et al (2013) avaliando o tempo de exposição dos animais ao sistema de resfriamento adiabático evaporativo no curral de espera sobre as variáveis meteorológicas (temperatura e umidade relativa do ar), comportamento animal, produção e aspectos qualitativos do leite de vacas Girolando, observaram que o tempo de 30 min de exposição proporcionou aumento na produção de leite. Efeitos do clima sobre a produção de suínos Entre os animais domésticos os suínos são os mais susceptíveis a altas temperaturas, devido seu elevado metabolismo, sistema termorregulador pouco desenvolvido e cobertura de tecido adiposo (Muller 1989). Sua zona de conforto térmico varia de acordo com a idade e o estado fisiológico, ou seja, leitões recém-nascidos a temperatura ideal se encontra entre 30 e 32 C, sendo a temperatura crítica acima de 35 C, suínos na fase de terminação e porcas, a zona de conforto cai para 12 a 18 C, sendo a zona crítica acima de 27 C, já umidade relativa do ar ideal para ambos é de 40 a 70%. (Bridi, 2010). Quando a temperatura ambiente ultrapassa o limite critico superior da zona de conforto, os suínos respondem dissipando calor através de mecanismos sensíveis por meio da condução, convecção e radiação e de forma latente através da evaporação, que segundo Fialho et al (2001), essa perda de calor pela superfície da pele em suínos é mínima pois os mesmos possuem glândulas sudoríparas praticamente afuncionais, sendo a perda através trato respiratório a forma mais efetiva nesta espécie, o animal também dissipa calor através da vasodilatação periférica, com respostas comportamentais como procurar ambientes mais frios e sombras, diminuição do tônus muscular, da secreção do hormônio da tireóide e do apetite.( Bridi, 2010). Efeitos do clima sobre a produção de aves A elevação da temperatura ambiente influencia diretamente na manutenção da homeotermia, e como consequência disso o comprometimento do desempenho das aves, atribuído, principalmente,

à ineficiência das aves em eliminar o excesso de calor corporal. Além do desempenho, ganho de peso e conversão alimentar (Silva, 2000), a temperatura ambiente também modifica a retenção de energia, proteína e gordura no corpo animal e provoca diversas mudanças adaptativas, como a modificação no tamanho dos órgãos, o que também contribui para alterar a exigência nutricional das aves, visto que o gasto de energia pelos tecidos metabolicamente ativos, como fígado, intestino e rins são maiores que aquele associado à carcaça. (Oliveira et al 2006). Nas aves, a temperatura corporal é de 41,1 C e a zona de termoneutralidade para pintinhos de 1 dia varia de 33 a 35 C, pois são bastante vulneráveis devido seu sistema termorregulador pouco desenvolvido chegando a nascer 2,5º abaixo da temperatura normal, alcançando níveis normais ao sexto dia devido saída de plumas e aumento da atividade metabólica, caindo para 21 a 23 C na idade de 35 a 42 dias. Assim, como nos mamíferos, as aves utilizam mecanismos de perda de calor sensível: radiação, condução e convecção e mecanismos de evaporação, mas como as aves não possuem glândulas sudoríparas, a perda de calor por evaporação se dá pela respiração, e para aumentar a dissipação de calor, procura maximizar a área de superfície corporal através da ereção das penas, mantendo as asas afastadas do corpo, e aumentando do fluxo sanguíneo para pés, cristas e barbela, tecidos periféricos não cobertos com penas. (Bridi 2010). As aves expostas a ambientes com temperatura elevada, diminuem o ganho de peso, consumo de ração e energia metabolizável, (Oliveira et al 2006), como também favorece o aparecimento de distúrbio do equilíbrio ácido-base, chamado de alcalose respiratória, proveniente da hiperventilação, esse desequilíbrio de eletrólitos e minerais diminui o cálcio livre que seria utilizado para formação da casca do ovo, como consequência dessa deficiência ovos pequenos e casca fina (Bridi, 2010). Castilho et al (2015), corroborando com Pereira et al (2015) avaliaram os parâmetros fisiológicos e comportamento de poedeiras alojadas em diferentes densidades de alojamento e período, e concluíram que o aumento da densidade de alojamento afetou negativamente a temperatura corporal das aves em fase de produção, dificultando a troca de calor com o meio. Considerações Finais Os hormônios relacionados ao estresse podem influenciar a função sexual, assim, prejudicando a reprodução animal. A seleção para produção de leite reduz a capacidade de

termorregulação da vaca leiteira e pode aumentar ainda mais a suscetibilidade ao estresse calórico e diminuir a produção de leite e a eficiência reprodutiva. Entre os animais domésticos os suínos são os mais susceptíveis a altas temperaturas, devido seu elevado metabolismo, sistema termorregulador pouco desenvolvido e cobertura de tecido adiposo, as aves expostas o ambiente com temperatura elevada, diminuem o ganho de peso, consumo de ração e energia metabolizável. Dessa forma é necessário medidas para amenizar o calor no período quente para os animais criados nos trópicos, como a utilização de sombras, aspersões e umidificadores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ALMEIDA, G.L.P.; PANDORFI, H.; BARBOSA, S.B.P. Comportamento, produção e qualidade do leite de vacas Holandês-Gir com climatização no curral. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.17, p: 892-899, 2013. BRIDI, A. M. Efeitos do ambiente tropical sobre a produção animal.2010. Disponivel em: http://www.uel.br/pessoal/ambridi/bioclimatologia_arquivos/efeitosdoambientetropic alsobreaproduçãoanimal.pdf. Acessado em: 27/Abril./2016. CASTILHO, V. A. R.; GARCIA, R. G.; LIMA, N. D. S.; NUNES, K. C.; CALDARA, F. R.; NÄÄ, I. A.; BARRETO, B.; JACOB, F. G. Bem-estar de galinhas poedeiras em diferentes densidades de alojamento. Brazilian Journal of Biosystems Engineering, v. 9, p: 122-131, 2015. FELTES, G. L.; MICHELOTTI, V. T.; PRESTES, A. M. Milk production and percentages of fat and protein in Holstein breed cows raised in Rio Grande do Sul, Brazil, Ciência Rural. v. 46, p: 700-706, 2016. FIALHO, E. T.; OST, P. R.; OLIVEIRA, V. Interações ambiente e nutrição - estratégias nutricionais para ambientes quentes e seus efeitos sobre o desempenho e características de carcaça de suínos. 2001. 2 ª Conferência Internacional Virtual sobre Qualidade de Carne Suína. Disponível em: http://www.conferencia.uncnet.br/pork/seg/palestra.html). Acesso em: 27/Abril./2016.

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