Rendimento do carvão vegetal de Mimosa tenuiflora em diferentes temperaturas de carbonização

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Transcrição:

http://dx.doi.org/10.12702/viii.simposfloresta.2014.27-48-1 Rendimento do carvão vegetal de Mimosa tenuiflora em diferentes temperaturas de carbonização Rafaela M. R. Bezerra 1, Alexandre S. Pimenta 1, Mário M. G. Sumida 1, Camila C. da Nóbrega 1, Mary A. B. de Carvalho 1, Luan H. B. de Araújo 1, Wildemar D. F. Câmara 1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (rafaengfloresta@gmail.com; aspimenta@ufrnet.br; massashi3d@yahoo.com.br; camila_cn@hotmail.com; eaamaryannecarvalho@hotmail.com; luan_henriqueba@hotmail.com; wildemardamasceno@hotmail.com) Resumo: A produção de carvão vegetal é uma das fontes de energia mais importantes para o setor siderúrgico nacional. Com vista na sua importância e potencialidade, o objetivo deste estudo foi analisar a influência do tempo e temperaturas finais de carbonização no rendimento de carvão vegetal de Mimosa tenuiflora. Para a produção do carvão vegetal foram utilizadas madeiras de Mimosa tenuiflora, sendo pesadas amostras de 500 g de madeira em balança analítica e depois colocadas em estufa a 102 ± 3 durante 24 horas até sua secagem total para a determinação do teor de umidade. Em seguida, as amostras foram colocadas em mufla de laboratório para a realização da carbonização, estabelecendo-se para diferentes amostras, as marchas de carbonização com temperaturas finais crescentes de (400, 550 e 650 C). Para as análises estatísticas foi utilizado o programa BioEstat versão 5.3. Na carbonização ocorreu diferença significativa entre as três marchas de carbonização, sendo o maior rendimento em carvão vegetal para a 1ª marcha de temperatura com uma média de 48.3820%. A marcha de carbonização 1 foi considerada a melhor para a produção de carvão vegetal a partir da madeira de Mimosa tenuiflora. Palavras-chave: Carbonização; Jurema-preta; Rendimento. 1. Introdução Desde o século XIX o Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal, sendo sua principal utilização na indústria siderúrgica para a produção de ferrogusa, ferroligas e aço (REZENDE; SANTOS, 2010). Seu uso produzido a partir da madeira proveniente de florestas plantadas é uma das fontes de energia mais 78

importantes para o setor siderúrgico nacional, sendo o Brasil destacado como o maior produtor de aço produzido a partir do carvão vegetal (ANDRADE, 2009). A qualidade da madeira é um fator de extrema importância quando o objetivo é a produção de carvão vegetal com alto rendimento, baixo custo e alta qualidade. Suas características físicas, químicas e diferentes sistemas de carbonização determinam o rendimento do processo de transformação da madeira influenciando nas características do carvão vegetal (OLIVEIRA et al., 2010). Para o sistema de produção, as variáveis mais importantes que definem a quantidade e a qualidade do carvão vegetal produzido são a taxa de aquecimento e a temperatura final de carbonização (TRUGILHO, 2008). O emprego de diferentes marchas de carbonização visa demonstrar o comportamento da madeira frente à velocidade e temperatura de carbonização e também em como estas podem afetar o rendimento gravimétrico e as propriedades do carvão vegetal. O processo de carbonização poderá ser acelerado, gerando uma maior produtividade dos fornos em função da redução do tempo total de carbonização dependendo das características da madeira (OLIVEIRA et al, 2010). A jurema-preta apresenta madeira muito resistente, com caule fornecedor de madeira empregada para obras externas, como mourões, estacas e pontes (BEZERRA, 2008). Fornece excelente lenha e carvão de alto valor energético (OLIVEIRA et al., 2006; ALVAREZ et al., 2009). Com vista na importância e potencialidade do carvão vegetal, o objetivo deste estudo foi analisar a influência do tempo e temperaturas finais de carbonização no rendimento de carvão vegetal de Mimosa tenuiflora. 2. Material e Métodos Para a realização do trabalho foram utilizadas madeiras da espécie Mimosa tenuiflora (jurema-preta) para a produção do carvão vegetal provenientes da Reserva florestal da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) na cidade de Macaíba - RN. Suas toras foram divididas em discos com espessura de aproximadamente 2 cm, e em seguida partidos em pedaços menores com auxílio de um facão. Foram pesadas amostras de 500 g de madeira em balança analítica com precisão de 0,01 g. Depois de pesadas, elas foram colocadas em estufa a 102 ± 3 C durante 24 horas até sua secagem total. Passado esse tempo, as amostras 79

foram retiradas da estufa e pesadas novamente determinando seu teor de umidade. Em seguida, as amostras foram colocadas dentro de um container metálico que foi fechado e posicionado no interior da mufla. O licor pirolenhoso foi coletado em um kitasato, previamente tarado, o sistema de condensação foi conectado, estabelecendo-se para diferentes amostras, as marchas de carbonização com temperaturas finais crescentes (400, 550 e 650 C). As marchas de carbonização tiveram, respectivamente, 1,0; 1,3 e 1,6 C min -1. O objetivo das diferentes marchas foi à obtenção de carvões com teores crescentes de carbono fixo. Para cada marcha de carbonização foram feitas 10 repetições. Após o termino da carbonização container foi retirado da mufla e deixado em resfriamento à temperatura ambiente por 8 horas, sendo vedado o orifício da tampa do container para não entrar oxigênio evitando assim uma possível combustão do material. O kitasato com o licor pirolenhoso foi pesado para obtenção do rendimento em líquidos condensados. Após o resfriamento, as amostras de carvão foram acondicionadas em saco plástico para análises posteriores. Para as análises estatísticas foi utilizado o programa BioEstat versão 5.3 fazendo o teste de normalidade, Shapiro Wilk e as médias comparadas pelo o teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 3. Resultados e Discussão Na carbonização ocorreu diferença significativa entre as três marchas de carbonização, sendo o maior rendimento em carvão vegetal para a 1ª marcha de temperatura com uma média de 48.3820%, como mostra na Tabela 1. Através desse resultado pode-se observar também que quanto menor foi a temperatura final de carbonização maior foi o rendimento em carvão, provavelmente devido a menor exposição de calor (400 C) a qual a madeira foi submetida sofrendo uma menor degradação durante o processo de carbonização. TABELA 1 Médias da carbonização de jurema preta em diferentes marchas de temperatura Marchas de Temperaturas Rendimento de carvão (%) 1ª Marcha (400º C) 48.3820a 2ª Marcha (550º C) 41.7000b 3ª Marcha (650º C) 38.1110c Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente (Tukey, p > 0,05). 80

Os rendimentos em carvão encontrados para a 1ª e 2ª marcha de carbonização para a espécie Mimosa tenuiflora foram superiores aos resultados obtido por Paes et al. (2012) que ao trabalharem com três espécies da caatinga encontraram um rendimento em carvão para Mimosa tenuiflora de (39,42%) e Oliveira (2003) que estudando as características térmicas da madeira encontrou o rendimento em carvão para a mesma espécie de (39,70%). Esses dois resultados encontrados por esses autores foram bem semelhantes ao rendimento em carvão encontrado nesse trabalho para a 3ª marcha de carbonização. 4. Conclusão A marcha de carbonização 1, com taxa de aquecimento 1,0 C min -1 e temperatura final de 400º C apresentou maior rendimento gravimétrico em carvão vegetal. Portanto foi considerada a melhor marcha de carbonização para a produção de carvão vegetal a partir da madeira de Mimosa tenuiflora. 5. Referências ANDRADE, C. R. Espectroscopia no Infravermelho Próximo para predizer propriedades da madeira e do carvão de plantio clonal de Eucalyptus sp. 2009.107f. Dissertação (Mestrado em Ciências e Tecnologia da Madeira) - Universidade Federal de Lavras, 2009. ALVAREZ, I. A.; OLIVEIRA, A. R.; OLIVEIRA, V. M. N.; GARRIDO, M. A. Potencial energético de área conservada de caatinga em Petrolina PE. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE FLORESTAS ENERGÉTICAS, 1., 2009, Belo Horizonte. Anais... Colombo: Embrapa Florestas, 2009. CD ROM. (Embrapa Florestas. Documentos, 178). BEZERRA, F. P. C. A et al. Alelopatia de Carapa guianenses na germinação e no comprimento de Lactuta sativa. In: SIMPÓSIO NACIONAL CERRADO, 9., 2008, Brasília, Anais... Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008. CD ROM. OLIVEIRA, A. C. et al. Parâmetros de qualidade da madeira e do carvão vegetal de Eucalyptus pellita F. Muell. Scientia Forestalis, Piracicaba-SP, v. 38, n. 87, p. 431-439, 2010. Disponível em: <http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr87/cap10.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2014. OLIVEIRA, E. Características anatômicas, químicas e térmicas da madeira de três espécies de maior ocorrência no semiárido nordestino. 2003. 122 p. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)-Universidade Federal de Viçosa, 2003. OLIVEIRA, E. et al. Estrutura anatômica da madeira e qualidade do carvão de Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.2, p.311-318, 2006. <http://dx.doi.org/10.1590/s0100-67622006000200018>. 81

PAES, J. B. et al. Rendimento e caracterização do carvão vegetal de três espécies de ocorrência no semiárido brasileiro. Ciência da Madeira, Pelotas-RS, v. 3, n.1, p.1-10, 2012. <http://dx.doi.org/10.12953/2177-6830.v03n01a01>. REZENDE, J. B.; SANTOS, A.C. A cadeia produtiva do carvão vegetal em Minas Gerais: pontos críticos e potencialidades. Viçosa: EPAMIG, 2010. 80 p. (EPAMIG. Boletim Técnico, 95.). TRUGILHO, P. F. A carbonização da madeira. Revista Opiniões, Ribeirão Preto-SP, p.25, junago, 2008. 82