1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 PARECER CONSULTA CRM-MT Nº 09/2014 DATA DA ENTRADA: 10 de outubro de 2013 INTERESSADO: E. F. da S.- Secretário de Saúde de Nova Xavantina CONSELHEIRA CONSULTORA: Dra Hildenete Monteiro Fortes ASSUNTO: Atribuições do médico plantonista em hospital de urgência e emergência DATA DA APROVAÇÃO: 25 de fevereiro de 2014 RELATÓRIO DA CONSELHEIRA CONSULTORA I. DA CONSULTA:.. Gostaria de saber as atribuições do médico plantonista em hospital de urgência e emergência? Qual afinal o limite que demarca a atuação de um médico plantonista com os pacientes internos e externos que apresentem intercorrências que demandem tratamento imediato? Qual a responsabilidade/punição do plantonista que nega atendimento primário aos pacientes?... 14 15 II. DA LEGISLAÇÃO: 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 A Portaria GM/Ministério da Saúde, Nº 1101 12 de junho de 2002 em seu Artigo 1º Estabelece, na forma do Anexo desta Portaria, os parâmetros de cobertura assistencial no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Apresenta as fórmulas para cálculo da cobertura de internação hospitalar, considerando a população da região. Também estabelece a Capacidade de produção de recursos humanos na área de saúde em quantitativo de consultas, informando que se trata de Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Para o médico é apresentada a taxa de 4 consultas por hora, significando que o médico que trabalha 12 horas, fará 48 consultas por plantão.
2 27 28 29 30 31 Resolução CFM Nº 1451/95 - estabelece as normas mínimas para funcionamento dos estabelecimentos de saúde de Pronto Socorro. Artigo 2º - A equipe médica do Pronto Socorro deverá, em regime de plantão no local, ser constituída, no mínimo, por profissionais das seguintes áreas: 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 Anestesiologia; Clínica Médica; Pediatria; Cirurgia Geral; Ortopedia. Resolução CFM N o 1.481/97 - "DIRETRIZES GERAIS PARA OS REGIMENTOS INTERNOS DE CORPO CLÍNICO DAS ENTIDADES PRESTADORAS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA NO BRASIL" Considera que "nesses Regimentos devem estar claramente expressos os deveres e direitos dos médicos e dos dirigentes das instituições prestadoras de assistência médica". Resolução CFM Nº 1493/1998-1 - Determinar ao Diretor-Clínico do estabelecimento de saúde que tome as providências cabíveis para que todo paciente Hospitalizado tenha seu médico assistente responsável, desde a internação até a alta. CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA/2009 É vedado ao médico - Art. 7º Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria. Resolução CRM-MT Nº 003/2013 - Artigo 10 - As unidades de pronto atendimento com mais de 06 (seis) atendimentos por hora deverão ter no mínimo mais de um médico por turno na equipe na área de atuação. RESOLUÇÃO CFM Nº 2056/2013 - CAPÍTULO VII - DOS ESTABELECIMENTOS DE INTERNAÇÃO MÉDICA - Art. 26. Os serviços que realizem
3 57 58 59 60 61 62 63 assistência em regime de internação, parcial ou integral, inclusive hospitalar, devem oferecer as seguintes condições mínimas para o exercício da medicina: IV plantão médico presencial permanente durante todo o período de funcionamento do serviço. Alínea a). Os plantões devem obedecer à carga horária estipulada na legislação trabalhista ou em acordo do Corpo Clínico; 64 III. COMENTÁRIOS: 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 Estabelecer o número ideal de plantonistas hospitalares não é tarefa fácil, pois é necessário considerar diferentes aspectos. A estimativa da demanda social e a capacidade estrutural da Unidade constituem fatores básicos para definir a quantidade e a categorização de médicos de um serviço. Dessa forma, devem ser considerados os seguintes aspectos: Cobertura populacional da Unidade; Quantitativo de atendimentos diários; Área física da Unidade hospitalar e distribuição espacial dos setores de atenção à saúde, como a distância entre os setores; Número de leitos de internação e observação. Grau de complexidade da casuística atendida. Os serviços de urgência e emergência hospitalares existem para atender de forma rápida as situações de risco eminentes para a saúde. Todo serviço de urgência e emergência deve ter obrigatoriamente uma Equipe Médica composta por médicos em quantitativo suficiente para o atendimento das ocorrências que aportam ao hospital nas 24 horas do dia e todas as atividades dele decorrentes, bem como plantonistas para a assistência e cuidados aos pacientes hospitalizados.
4 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 O médico deve exercer sua profissão com ampla autonomia, sem discriminação de qualquer natureza, conforme claramente dispõe o princípio fundamental - VIII do CEM - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho. No entanto, o médico responderá por quaisquer danos que venha a provocar no paciente, conforme preceitua o Art. 1º do CEM que dispõe ser vedado ao médico Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida. Subentende-se assim que a ampla liberdade de exercício profissional esteja restrita ao âmbito de sua competência e em consonância com as normas vigentes no país. 105 IV. DO PARECER: 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 O médico, ao assumir um plantão no setor de urgência e emergência, independente de sua especialidade, deve-se pressupor que se julgue habilitado e capacitado para realizar o primeiro atendimento a qualquer especialidade, e responsabilizar-se por tal. Quando houver necessidade, solicitar pareceres para outras especialidades e até o momento em que o especialista, assuma o caso, continua como responsável pelo atendimento que iniciou. O médico plantonista do hospital de Urgência/Emergência deve responsabilizar-se pelo atendimento dos pacientes daquele setor, não sendo permitido ausentar-se do local de plantão sem deixar substituto isso independente da complexidade do hospital (Art. 7º do CEM) e suas obrigações/atribuições deverão estar definidas em seu contrato de trabalho e no regimento interno do hospital.
5 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 Quando o médico, cumprindo jornada estabelecida em setores de urgência, realizar atendimento clínico (intercorrências) de paciente internados, sem a sua devida substituição, ele estará abandonando o setor de urgência e conseqüentemente os pacientes que ali poderão chegar e necessitar do seu atendimento emergencial. Caberia à diretoria do hospital estabelecer no regimento interno, as diversas categorias de médicos, quais as atribuições que devem nortear seu corpo clínico em cada setor do hospital, em consonância com os ditames éticos e a legislação vigente. Diante da inexistência de normativa legal que determine a obrigatoriedade de um número ideal de médicos compondo as equipes de saúde, os gestores de Unidades e os Diretores Técnicos devem considerar as recomendações do MS e do CFM, no sentido de compor equipes eficientes e suficientes para prestar uma atenção de qualidade, adequada ao perfil da Unidade e às necessidades da população a quem serve. A falta de atendimento a paciente pode ser caracterizado como omissão de socorro e o medico provavelmente comete um ilícito ético previsto no CEM artigo 1º. Este é o meu parecer S.M.J da plenária. 141 142 143 Hildenete Monteiro Fortes Conselheira Consultora