Material e Método 28 4. MATERIAL E MÉTODO 4.1 Amostra Este estudo foi realizado a partir de uma amostra composta por 240 telerradiografias padronizadas em norma lateral direita do arquivo do Curso de Pós- Graduação em Odontologia, área de Concentração em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo, em indivíduos do sexo masculino e feminino, brasileiros, leucodermas, na faixa etária entre 12 e 21 anos, com dentição permanente e com má oclusão de Classe I, Classe II divisão 1 e 2, e Classe III de Angle; e um grupo controle com 61 telerradiografias em PNC de indivíduos com má oclusão de oclusão normal. 4.1.1 Seleção da amostra As 240 telerradiografias em norma lateral direita, executadas com o PF paralelo ao solo foram selecionadas, sendo 120 de indivíduos do sexo masculino e 120 do feminino, classificadas em três faixas etárias: 12 à 15 anos; 15 anos e um mês à 17 anos e 11 meses; 18 anos à 21 anos e 11 meses. Na Tabela 1 observamos a distribuição da amostra em quatro grupos experimentais: Grupo I -
Material e Método 29 Classe I, 30 do sexo masculino e 30 do feminino; Grupo II - Classe II, divisão 1, 30 do sexo masculino e 30 do feminino; Grupo II - Classe II, divisão 2, 30 do sexo masculino e 30 do feminino; Grupo IV - Classe III, 30 do sexo masculino e 30 do feminino. TABELA 1 Distribuição da amostra de acordo com o tipo de má oclusão, sexo e faixa etária Grupos Sexo Faixa Etária M F 12a. - 15 a. 15a. 11m - 17a. 11m 18a. - 21a. 11m Grupo I 30 30 20 20 20 Grupo II 30 30 20 20 20 Grupo III 30 30 20 20 20 Grupo IV 30 30 20 20 20 Para auxiliar na conversão dos valores cefalométricos dos grupos experimentais para PNC foi utilizado um grupo controle, sendo 24 telerradiografias de indivíduos do sexo masculino e 37 do feminino, na faixa etária entre 12 anos e cinco meses e 21 anos e cinco meses, com dentição permanente, com oclusão normal que não foram submetidos a tratamento ortodôntico (ZAPATA, 2003). 4.2 Método 4.2.1 Obtenção dos cefalogramas
Material e Método 30 Os traçados cefalométricos das estruturas cranianas das telerradiografias em norma lateral direita foram realizados manualmente com auxílio de um negatoscópio de mesa de cristal líquido da marca Soligor SV 310, em uma sala escurecida, utilizando-se folhas de papel acetato transparente do tipo ultraphan de tamanho 17,5 cm x 17,5 cm da marca Unitek, sobrepostas as telerradiografias, copiando-se os detalhes anatômicos de interesse para este estudo (INTERLANDI, 1968; ENLOW et al., 1969). FIGURA 1 Telerradiografia em norma lateral direita
Material e Método 31 4.2.2 Desenho anatômico As seguintes estruturas anatômicas foram traçadas e ilustradas na Figura 2: 1. Perfil dos tecidos moles 2. Sela turca 3. Osso esfenóide 4. Perfil do osso frontal e ossos nasais 5. Margens infra-orbitais 6. Fossa pterigopalatina 7. Osso maxilar 8. Corpo e cabeça da mandíbula 9. Coroas e raízes dos incisivos centrais superiores e inferiores 10. Coroas e raízes dos primeiros e segundos molares superiores e inferiores
Material e Método 32 FIGURA 2 - Representação do desenho anatômico 4.2.3 Pontos cefalométricos A Figura 3 representa os sete pontos cefalométricos que foram demarcados de acordo com estudos de Interlandi (1968), Van der Linden e Enlow (1971): Ponto Sela (S): localizado no centro da sela turca; Ponto Násio (N): localizado na parte mais anterior da sutura frontonasal, no encontro das linhas do perfil da glabela e ossos nasais; Ponto Básio (Ba): localizado no centro da margem anterior do forame magno, na base do osso occipital; Ponto Pório (Po): localizado no ponto mais superior da margem da oliva metálica;
Material e Método 33 Ponto Orbital (Or): localizado no ponto intermediário entre os limites das margens inferiores das órbitas; Ponto Esfenoetmoidal (SE): ponto médio da sutura esfenoetmoidal; Ponto (Pt'): projeção anterior do ponto Pterigóide (Pt), o qual está situado na margem inferior do forame redondo, que coincide com o ponto mais posterior e superior da fossa pterigopalatina. Quando ocorreu duplicidade de imagem da fossa pterigopalatina, determinouse o ponto médio correspondente às duas imagens traçadas. FIGURA 3 Representação esquemática dos pontos cefalométricos
Material e Método 34 4.2.4 Linhas e planos cefalométricos As linhas e planos cefalométricos foram traçados e estão representados na Figura 4: Linha Sela-Násio (SN): linha que une os pontos Sela e Násio; Linha Básio-Násio (BaN): linha que une os pontos Básio e Násio; Plano de Frankfurt (PF): plano que une os pontos Pório e Orbitário; Linha M (M): linha que une os pontos SE e o Pt. FIGURA 4 Representação esquemática das linhas e planos cefalométricos
Material e Método 35 4.2.5 Obtenção das grandezas cefalométricas Foram mensurados os seguintes ângulos cefalométricos das telerradiografias em norma lateral direita de indivíduos de más oclusões: M.SN: ângulo formado pela linha M e a linha Sela-Násio; M.BaN: ângulo formado pela linha M e a linha Básio- Násio e M.PoOr: ângulo formado pela linha M e o Plano de Frankfurt (Figuras 5, 6, 7 e 8). FIGURA 5 Representação dos ângulos cefalométricos das telerradiografias de indivíduos com má oclusão de Classe I de Angle
Material e Método 36 FIGURA 6 Representação dos ângulos cefalométricos das telerradiografias de indivíduos com má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle
Material e Método 37 FIGURA 7 Representação dos ângulos cefalométricos das telerradiografias de indivíduos com má oclusão de Classe II, divisão 2 de Angle
Material e Método 38 FIGURA 8 Representação dos ângulos cefalométricos das telerradiografias de indivíduos com má oclusão de Classe III de Angle Para a obtenção das médias dos valores de conversão das grandezas cefalométricas das telerradiografias em norma lateral direita dos grupos experimentais, as quais foram realizadas com o Plano de Frankfurt paralelo ao solo, para estimativa em PNC, recorreu-se a um cálculo possibilitando as mensurações dos ângulos nos grupos estudados, utilizando-se os resultados das médias do grupo controle, conforme indicado na Tabela 2 (Zapata 2003).
Material e Método 39 TABELA 2 Valores cefalométricos angulares médios de telerradiografias em PNC, de acordo com o sexo (ZAPATA, 2003) Sexo Ângulos Feminino Masculino HV.BaN 27,84 25,81 HV.SN 8,27 5,06 HV.PoOr 4,52 4,52 M.BaN 123,57 123,57 M.SN 103,4 103,4 M.PoOr 101,07 101,07 Para este cálculo subtraiu-se as médias dos ângulos formados pela linha M (M.SN, M.BaN e M.PoOr) em PNC do grupo controle, Tabela 2, das médias obtidas nas telerradiografias convencionais destes mesmos ângulos, nos grupos experimentais. Os resultados obtidos foram acrescidos aos valores médios dos respectivos ângulos formados pela HV (HV.SN, HV.BaN e HV.PoOr) do grupo controle,tabela 2 obtendo-se assim o valor angular estimado de M.SN, M.BaN e M.PoOr das telerradiografias em norma lateral direita para PNC.
Material e Método 40 4.3 Metodologia estatística Inicialmente, os seis ângulos estudados foram analisados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov para saber se estas distribuições amostrais seguiam a distribuição normal (teste de normalidade), validando qualquer tratamento estatístico a ser empregado subseqüentemente. Tendo em vista que todos os seis ângulos estavam dentro da distribuição normal, foram usados testes paramétricos para as análises entre os diversos grupos. Assim, as comparações que envolviam dois grupos foram analisadas pelo teste t de Student e as comparações que envolviam mais que dois grupos foram testadas por análise de variância. No entanto, quando a subdivisão por faixas etárias resultou em amostras muito pequenas (n=20), optou-se por usar um teste não-paramétrico de comparação entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis). Para determinar o erro do método, 20% das telerradiografias, selecionadas aleatoriamente foram submetidas a um novo traçado cefalométrico após um mês do término dos primeiros traçados, onde se procedeu a mensuração destas repetições tanto para o erro casual como para o sistemático. O erro casual foi estimado pelo cálculo de variância em cada um das variáveis pesquisadas entre as mensurações iniciais e repetidas das 48 telerradiografias selecionadas ao acaso. Para tanto esta análise foi testada por meio do teste t pareado, seguido do erro de Dahlberg.