Relações entre textura e orquestração a partir da análise da Promenade da suite Quadros em Exposição de Mussorgsky

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Transcrição:

Relações entre textura e orquestração a partir da análise da Promenade da suite Quadros em Exposição de Mussorgsky Daniel Moreira de Sousa (danielspro@hotmail.com) Resumo: A partir da comparação da versão original para piano da obra Promenade, da suíte Quadros em Exposição, de Modest Mussorgsky, e da versão orquestral realizada por Maurice Ravel, pretende-se discutir as transformações intertextuais, com foco na textura. Para esta análise textural são utilizadas duas propostas: Análise Particional (AP), desenvolvida por Gentil-Nunes e Carvalho (2003), cuja elaboração se dá a partir da mediação entre a análise textural de Wallace Berry (1976) e a Teoria das Partições de Inteiros; e o Contorno Textural (MOREIRA, 2015) constituído através da abstração dos conceitos da AP em uma curva que expressa a complexidade textural de uma obra, utilizando conceitos da Teoria dos Contornos Musicais (MORRIS, 1987 e 1993). Ambas análises fazem uso de ferramentas computacionais que, a partir da leitura de um arquivo MIDI, fornecem gráficos e informações precisas, o que facilita sua comparação e interpretação. São discutidos os aspectos teóricos das implicações texturais presentes na prática orquestral como forma de estruturar a composição musical sinfônica. Palavras-chave: Textura musical. Análise particional. Contorno Textural. Orquestração. Textura musical A textura musical tem sido alvo de inúmeras reflexões e discussões no âmbito da composição e análise musicais. Segundo Wallace Berry, o conceito de textura: Consiste nos componentes sonoros; é condicionada em parte pelo número de componentes que soam simultaneamente ou concorrentemente e suas qualidades são determinadas pelas interações, inter-relações e projeções relativas das linhas que a compõe ou outros fatores componentes do som (BERRY, 1976:184). A proposta de Berry permite o acesso ao aspecto processual do discurso textural de uma forma mais objetiva e precisa. Na análise textural de Berry, a indicação [4] representa um bloco constituído por quatro fontes sonoras, podendo, por exemplo, indicar tanto um acorde executado em um único instrumento harmônico quanto uma massa sonora composta por quatro instrumentos diferentes, mas com perfis rítmicos idênticos e simultâneos. Pauxy Gentil-Nunes estabeleceu a homologia entre a notação de Berry e o conceito de partição, de acordo com a da Teoria das Partições de Inteiros (ver ANDREWS, 1984), propondo assim a Análise Particional (AP GENTIL-NUNES, 2009). Uma partição é, segundo Andrews (1984:149), a representação de um número inteiro não negativo a partir da soma de outros números inteiros. Por exemplo, o número quatro pode ser representado por cinco partições diferentes: [4], [3+1], [2+2], [2+1+1] e [1+1+1+1]. Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 46

Gentil-Nunes e Carvalho (2003:43-4) extraíram de cada partição um par de índices, refletindo respectivamente as relações internas de colaboração e contraposição entre os elementos constituintes de cada configuração textural: 1. Aglomeração (a), que se refere ao tamanho (espessamento) dos elementos internos da partição, considerando a congruência entre eles (blocos sonoros); 2. Dispersão (d), cuja função é expressar a diversidade interna da partição, definida pela não congruência entre seus elementos (polifonia). Os índices (a, d) de uma determinada peça podem ser plotados contra um eixo temporal horizontal, gerando assim o indexograma (GENTIL-NUNES e CARVALHO, 2013). A leitura dos índices pode explicitar os gestos texturais da obra, e a confecção do gráfico foi automatizada a partir de arquivos MIDI, pelo aplicativo PARSEMAT (GENTIL-NUNES, 2004). Fig. 1: Elementos do indexograma. O eixo temporal é medido por beats do arquivo MIDI (Fig. 1a). Os ataques são representados no gráfico por pontos, o que facilita a correlação com as estruturas musicais da partitura, na medida em que torna-se possível visualizar tanto os pontos de articulação de uma nova textura como a manutenção de configurações recorrentes (Fig. 1b). As partições em si são apresentadas de forma abreviada, ou seja, com a base indicando as partes e o expoente indicando sua multiplicidade, visando a concisão (Fig. 1c). As estruturas poligonais fechadas, chamadas de bolhas, são formadas pelas Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 47

combinação das curvas desenhadas pela progressão dos índices e exibem padrões que auxiliam a análise do comportamento e de recorrências de um mesmo gesto textural (Fig. 1d). A taxonomia exaustiva das configurações texturais, bem como sua topologia relacional, fornecidas pela AP, permitiram a elaboração do Contorno Textural 1 (MOREIRA, 2015), que surge a partir da extensão dos conceitos da Teoria dos Contornos Musicais (MORRIS, 1987 e 1993) ao domínio da textura. A Teoria dos Contornos (TC) tem como objetivo o entendimento e a manipulação dos contornos melódicos, embora seu desenvolvimento tenha desencadeado a aplicação dos princípios básicos a outros domínios, como o ritmo, a dinâmica e a densidade de acordes, entre outros. Expressa também a hierarquia de seus parâmetros constituintes, partindo da abstração dos valores absolutos. Os níveis são ordenados do menor (ou mais simples) elemento do contorno, notado como zero, até n-1, no qual n é o número de elementos distintos no contorno. Tab. 1: Partições, níveis e subníveis do número 1 ao 6. O contorno < 0 2 1 >, por exemplo, expressa uma estrutura musical que parte do menor valor apresentado no segmento musical para o maior, concluindo em nível intermediário, descrição que pode ser aplicada a diferentes parâmetros musicais, como a disposição relativa de alturas, a ordem de durações de um ritmo, a ordem de intensidade de dinâmica, entre outros. O Contorno Textural é constituído então pela ordenação das configurações texturais, da mais simples até a mais complexa, de maneira a expressar a progressão da complexidade textural da obra 2. 1 Embora Robert Clifford (1995), em sua tese de doutorado, tenha proposto um conceito homônimo, entende-se que sua concepção ainda está relacionada aos movimentos melódicos de eventos sonoros, constituindo uma espécie de contorno melódico global e, por esta razão, não se alinha à definição de Berry. 2 Para uma explicação detalhada do processo de ordenação das partições, ver MOREIRA (2015). Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 48

O conjunto das partições é parcialmente ordenado (poset) em termos de relações de adjacência, o que torna inviável uma ordenação global linear. Esta condição é necessária para a aplicação das operações de contorno da TC, o que incorre na impossibilidade de hierarquizar determinadas partições, por serem incomparáveis. No Contorno Textural, as partições incomparáveis recebem o mesmo índice (ou nível) de complexidade, acrescido de um índice de subnível cujo objetivo é diferenciar minimamente as partições, a principio, incomparáveis. O valor deste subnível corresponde à quantidade de componentes reais da partição 3, fornecendo informações adicionais acerca do nível do contorno. A observação dos níveis e subníveis do conjunto das partições do número um até o seis (Tabela 1), revela a existência de apenas 13 níveis diferentes de um total de 29 partições, o que implica na ocorrência de 9 grupos de partições incomparáveis. A inclusão do subnível, no entanto, não constitui uma diferenciação definitiva, o que pode ser percebido, por exemplo, no par [2 3] e [1 5], que compartilham o mesmo nível e subnível (Tabela 1). Berry (1976) destaca a importância criativa que a textura pode assumir, servindo como importante ferramenta na estruturação e no desenvolvimento composicional. A organização do discurso textural permite ao compositor delinear a forma a partir de contrastes, enfatizar uma ideia rítmica ou melódica e tornar o discurso musical mais coerente (Ibid.:236). A repetição de uma determinada progressão textural pode desempenhar função sintática e, segundo Berry, está diretamente relacionada à variação motívica. Tal fato pode ser observado, por exemplo, na parte final da Introdução da Sagração da Primavera de Stravinsky, no qual percebe-se a expansão intervalar do gesto inicial < 0 1 2 1 > na sequência < 0 4 5 3 > (Figura 2). Fig. 2: Introdução da Sagração da Primavera (STRAVINSKY, 1913): contorno textural da expansão do gesto inicial <0 1 2 1> (a) e <0 4 5 3> (b). Partindo desse pressuposto, é proposta aqui a investigação das relações texturais entre duas versões da peça Promenade, da suíte Quadros em Exposição (MUSSORGSKY, 1974): a versão original, composta para piano, e a versão orquestral de Maurice Ravel (1974). O objetivo de tal abordagem é a compreensão dos 3 O componente real consiste nos agrupamentos constituídos a partir da observação de semelhança entre os componentes sonoros em jogo na trama (BERRY,1976:186). Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 49

idiomatismos e suas relações com as transformações texturais. As análises fazem uso do indexograma e do contorno textural. Quadros em exposição A suíte Quadros em Exposição (1974), para piano, foi composta por Modest Mussorgsky (1839-1881) como uma homenagem ao arquiteto, pintor e amigo Viktor Hartman (1834-1873), falecido aos 39 anos. Após visitar uma exposição memorial dos quadros de Hartman, Mussorgsky compôs 10 movimentos diferentes, representando alguns quadros selecionados por ele, além do intermezzo intitulado Promenade, que aparece quatro vezes de forma variada intercalando os movimentos da suíte (MOTTA, 2012:12). Em 1922, a pedido do maestro Sergei Koussevitzky, Maurice Ravel (1975-1937) transcreveu a suíte para orquestra, o que tornou a obra ainda mais conhecida. Embora não tenha sido a primeira versão orquestral, a transcrição de Ravel ganhou notoriedade devido às escolhas de cores instrumentais, que podem ser consideradas como um tratado de orquestração, apresentado de forma aplicada. A obra ainda possui outras versões para diferentes formações como, por exemplo, para banda de rock, executada em 1971 pelo grupo Emerson, Lake & Palmer, violão, feita em 1961 por Kazuhito Yamashita, metais, por Harry Van Hoof em 1972 e até mesmo uma nova versão para piano, feita por Vladimir Horowitz em 1951 4, apesar da versão mais reconhecida ser a de Ravel. A orquestração por Ravel de Quadros usa a seguinte instrumentação: Piccolo 1-2 Flautas 1-3 Oboés 1-3 Corne inglês Clarinetas 1-2 Clarone Fagotes 1-2 Contrafagote Sax alto Trompas 1-4 Trompetes 1-3 Trombones 1-3 Tuba Tímpanos Percussão (Glokenspiel, sinos, triângulo, tam-tam, chocalho, chicote, pratos, caixa clara, bombo, xilofone e celesta). Harpas 1-2 Cordas Promenade para piano solo Promenade, peça que funciona como intermezzo e cujo nome significa caminhada, possui forte influência da música folclórica russa, e representa o deslocamento do espectador na galeria de arte, refletindo as mudanças perceptivas que 4 Esta versão foi feita a partir da redução para piano da orquestração feita por Ravel. Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 50

os quadros despertam. A única indicação de dinâmica da peça é um f indicado no primeiro compasso e praticamente não há indicações de articulação ou fraseado, o que não é respeitado na transcrição de Ravel, que, além de incluir indicações de dinâmica e utilizar a própria massa orquestral para modular a intensidade, fato que será discutido mais adiante, também inclui articulações que alteram a sonoridade da obra (Fig. 3). Ao descrever o comportamento textural dos compassos iniciais da Promenade, Gentil-Nunes (2009:43) destaca que não há percepção de progressão ou recessão textural, mas apenas a alternância textural entre dois planos distintos (melodia solo e blocos cordais). Este padrão textural, chamado por Gentil-Nunes de responsorial 5, norteia tanto a construção da obra original quanto a organização da orquestração de Ravel. Nos blocos, as partições envolvidas produzem uma bordadura textural, formada pela sequência particional < [5][1 4][5][1 4] > (Fig. 4b). O princípio construtivo do gesto interno dos blocos se dá a partir do operador particional 6 de transferência simples, no qual os índices (a, d) são alterados de maneira complementar e combinada, o que resulta na reorganização interna dos agentes da partição sem que seu número total seja modificado. A bordadura é construída pela sequência de transferência positiva (quando o índice de aglomeração diminui à medida que a aglomeração aumenta) e negativa (processo inverso ao anterior) 7. As duas recorrências da estrutura responsorial (c. 5-8 na partitura e as duas bolhas finais do indexograma) também são concebidas a partir da transferência, embora o padrão em arco não seja repetido (Fig. 4b). A concepção musical do gesto de bordadura é resultante da diferenciação rítmica entre a melodia e o bloco que a contrapõe. A inflexão em colcheias, presente na melodia principal, quando repetida no bloco cordal, não é acompanhada pelo bloco, que se atém à articulação por pulso, o que causa a reorganização da estrutura interna do bloco. Ou seja, o bloco de espessura [5] é então subdividido em dois planos sobrepostos formados pela melodia em colcheias [1] e o bloco em semínimas que a acompanha [4], formando assim a partição [1 4] (Fig. 4a). A melodia solo constitui o nível mais simples (zero) do contorno textural do trecho, enquanto a parte responsorial formada pelos blocos resultam em níveis mais complexos, o que indica que a separação dos planos (melodia e blocos) também pode ser observada no contraste entre os dois extremos de complexidade do contorno textural (Fig. 5a). A diferenciação rítmica entre a melodia e o bloco, já comentada, origina o aumento de complexidade do contorno textural, culminando no ápice de complexidade do trecho. Por fim, a recorrência posterior do modelo responsorial aparece como uma variação simplificada do gesto inicial, sem a articulação da bordadura interna e com o uso de níveis intermediários para a composição do arco, com o nível 2 no movimento ascendente e o nível 1 no descendente (Fig. 5b). O gesto inicial A norteia a construção textural da obra (Fig. 6). As bolhas que compõem o indexograma são variações dos movimentos de transferência que formam o gesto A, com reproduções tanto parciais (na qual há apenas um dos movimentos ascendente ou descendente), quanto em séries com grandes áreas de picos variados. Devido à predominância de blocos na obra, os picos do índice de aglomeração têm amplitude maior que os de dispersão. 5 O termo foi escolhido como referência à tradição da missa católica, no qual o celebrante entoa uma frase religiosa que é imediatamente repetida pela assembleia. 6 Os operadores particionais explitam de maneira específica os processos de transformação existentes entre duas partições distintas (GENTIL-NUNES, 2009: 44-50). 7 Para um detalhamento sobre o princípio da operação particional de transferência simples ver, Gentil- Nunes (2009). Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 51

Fig. 3: Promenade, c. 13-16: diferenças da partitura da versão para piano (a MUSSORGSKY, 1974) e da versão orquestral (b RAVEL, 1922). Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 52

Fig. 4: Promenade, c. 1-8, da suíte Quadros em Exposição (MUSSORGSKY, 1874): partitura (a) e indexograma (b). Fig. 5: Promenade, c. 1-8, da suíte Quadros em Exposição (MUSSORGSKY, 1874), contorno textural: a) bordadura nos gestos cordais; b) reprodução do modelo responsorial (Concepção original do autor). Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 53

Fig. 6: Promenade da suíte Quadros em Exposição (MUSSORGSKI, 1874): indexograma. Fig. 7: Alterações nas espessuras dos blocos nos compassos finais de Promenade da suíte Quadros em Exposição (MUSSORGSKI, 1874). No trecho final da obra, a dimensão dos picos de dispersão torna-se padronizada, enquanto a aglomeração apresenta grande variedade (Fig. 6). Tal fato se deve ao uso restrito de apenas duas partições polifônicas ([2 4] e [2 2 ]), articuladas como variação da textura no ritmo autônomo da melodia principal, à medida que os blocos variam sua espessura de quatro a seis sons, o que interfere na multiplicidade da aglomeração (Fig. 7). A diminuição da espessura dos blocos (c. 20.3-4) interrompe esta seção preparando a sequência conclusiva da obra. Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 54

O contorno textural da obra revela uma estrutura majoritariamente constituída por picos de complexidade resultantes do uso constante de saltos e mudanças súbitas de níveis (Fig. 7), o que torna a textura mais instável. Apesar da irregularidade apresentada no contorno textural, alguns padrões de comportamento são reproduzidos tanto de forma literal quanto variada. A partir da generalização do princípio construtivo do gesto A, no qual a bordadura dupla formada pelos níveis 4-2 e 5-2 é abstraída como a sucessão de dois picos (Fig. 8a), é possível examinar a textura da obra como resultante da variação deste modelo. O padrão responsorial constituí a exposição da obra e, a partir do salto de maior amplitude da peça, no qual o ápice textural de complexidade (nível 9) é alcançado a partir do nível 2 (Fig. 8b), inicia-se o desenvolvimento dos padrões, o que pode ser percebido nas repetições variadas do gesto A (Fig. 8b, c e d). Fig. 8: Contorno textural completo da Promenade da suíte Quadros em Exposição (MUSSORGSKY, 1874). Na parte final, há uma considerável diminuição do vocabulário textural, o que resulta na limitação da amplitude de complexidade entre os níveis 3-2 e 7, com exceção do ponto de contraste do nível 1 (Fig. 8e). Esta demarcação de área de complexidade possui caráter conclusivo retomando a noção de progressão textural quase estática da parte inicial. Fig. 9: Promenade, c. 20-24, da suíte Quadros em Exposição (MUSSORGSKY, 1874); deslocamento temporal do tema principal O desenvolvimento formal de Promenade é marcado pelo uso de variações do tema inicial e repetições do padrão responsorial. Destaca-se o deslocamento Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 55

temporal do tema (c. 20.5-2) em relação à sua recorrência (c. 23.4 Fig. 9). Este processo acentua a irregularidade rítmica proposta pela alternância dos compassos 5/4 e 6/4 e que, como será comentado adiante, possivelmente influenciou Ravel no deslocamento temporal de estruturas recorrentes na textura. Orquestração de Ravel para Promenade Ao examinar os compassos iniciais da versão orquestral de Ravel para Promenade, nota-se que as alterações texturais são derivadas de dobramentos das alturas, resultantes da aplicação do operador de redimensionamento, cuja propriedade implica na mudança da espessura dos componentes reais 8 (Fig. 10). Fig. 10: Promenade, c. 1-8, indexograma da versão orquestral (RAVEL, 1922). A divisão dos planos texturais é mantida, com o tema inicial transcrito por Ravel para trompete solo e respondido pelo naipe de metais, o que garante não só a mesma homogeneidade tímbrica da versão original como também a estruturação da bordadura textural característica da obra. O número total de instrumentos não é constante, o que pode ser observado na diminuição da espessura das bolhas da segunda parte. O contorno textural deste mesmo trecho é similar à versão original, embora não haja nenhuma partição incomparável, o que implica na não utilização de subníveis (Fig. 11, comparar com Fig. 5). O indexograma da versão orquestral (Fig. 12b) é mais variado, com mais contrastes e uma gama maior e mais diversificada de configurações texturais. O índice de aglomeração, assim como na versão para piano (Fig. 12a), apresenta uma amplitude maior se comparado ao de dispersão, o que é ainda mais proeminente nas bolhas da região central e final (indicadas na Fig. 12 por linhas pontilhadas). A orquestração de Ravel não reproduz as repetições de padrões texturais da versão original, o que indica que sua forma de organizar os timbres é resultante de uma adaptação das ideias musicais para um novo ambiente sonoro, não se tratando apenas de uma simples versão de mudança instrumental. Os picos uniformes de dispersão da parte final, por exemplo, na orquestra são diluídos em configurações texturais diferentes. O gesto de bordadura textural, assim como o caráter responsorial, presente na parte inicial da obra, possivelmente norteou não só sua composição, como também 8 Conceito desenvolvido por Berry no qual, a partir da observação das relações entre as partes, estabelecem-se agrupamentos sonoros simultâneos baseados nas congruências rítmicas (BERRY, 1976:186). Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 56

a escolha da disposição dos timbres na versão orquestral. A bordadura tímbrica ocorre sempre a partir da alternância entre duas combinações sonoras diferentes (Fig. 13). Fig. 11: Promenade, c. 1-8, contorno textural da versão orquestral (RAVEL, 1922). Fig. 12: Promenade: comparação do indexograma da versão para piano (a MUSSORGSKY, 1974) e da versão orquestral (b RAVEL, 1922). Apesar da constante alternância de timbres, Ravel configura as combinações instrumentais das bordaduras de maneira branda, utilizando sonoridades próximas, sem que haja contrastes acentuados. O trecho final é a exceção deste perfil, na medida em que há uma súbita mudança entre o tutti e o naipe de metais, primeiramente com o retorno do trompete solo, e posteriormente, com o naipe Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 57

completo. Talvez esta contraposição tenha sido utilizada para destacar a sonoridade inicial da obra, evocando uma espécie de coda de timbre. As mudanças texturais feitas na orquestração de Ravel também implicam na transformação de outros parâmetros musicais, como, por exemplo, na dinâmica, o que pode ser visto no movimento em arco no trecho central, cuja curva pode ser visualizada no gráfico wave (Fig. 14). Tal processo é resultante da concatenação da rarefação textural, construída a partir da diminuição dos componentes sonoros atuantes (Fig. 15), e do adensamento textural, que prepara o tutti. Fig. 13: Promenade, versão orquestral (RAVEL, 1922): disposição de timbres no indexograma. Fig. 14: Promenade, versão orquestral (RAVEL 1922): arco de dinâmica (gráfico wave). Este arco dinâmico-textural também constitui uma curva de complexidade textural, com um grande gesto de recessão seguido por uma progressão acentuada (Fig. 16b). A julgar pela influência do gesto em arco da parte inicial nas escolhas de timbres, torna-se plausível supor que é possível que este movimento de dinâmica também tenha sido planejado de forma consciente. Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 58

Fig. 15: Promenade, versão orquestral (RAVEL 1922): indexograma da rarefação textural. Fig. 16: Promenade: comparação do contorno textural da versão para piano (a MUSSORGSKY, 1974) e da versão orquestral (b RAVEL, 1922). Assim como no indexograma, o contorno textural da versão orquestral apresenta pouca semelhança em relação à versão original, embora seja possível reconhecer alguns gestos texturais que foram mantidos, perceptíveis mesmo com a notável variação e deslocamento temporal. A manutenção de alguns gestos da versão original (notados nos gráficos com linhas pontilhadas) preserva a essência da obra, além de permitir o estabelecimento de relações de contraste e identidade mais elaboradas (Fig. 16). Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 59

A curva de complexidade da obra é explorada de forma intensa, com o uso ostensivo de saltos, que geram contraste e tornam a textura mais diversificada. O retorno do nível zero pode evoca a simplicidade textural do início da peça, também reforçando a ideia de coda, propriedade não explorada por Mussorgsky. Conclusões No presente artigo foram comparados os comportamentos texturais da versão para piano e da versão orquestral da obra Promenade, na busca de compreender as escolhas instrumentais feitas por Ravel, tendo como parâmetro as transformações na textura. Os resultados sugerem que a disposição textural da obra influenciou diretamente a concepção orquestral de Ravel, de maneira a direcionar suas escolhas de timbres. Como esperado a versão de Ravel apresenta uma gama maior de configurações texturais diferentes, o que pode revelar um pouco a respeito de seu pensamento musical. Os naipes foram organizados de acordo com o padrão responsorial apresentado no início da peça, o que resulta na constante alternância de duas combinações de timbres diferentes. O contraste entre estas alternâncias é amenizado pelas escolhas de Ravel, na qual pelo menos um dos instrumentos da configuração anterior é mantida. O caráter didático da obra pode ser percebido tanto na maneira como Ravel apresenta cada um dos naipes separadamente como uma forma de expor as cores primárias a serem usadas quanto nos processos de rarefação e adensamento instrumental, na qual o efetivo orquestral é utilizado para articular outros parâmetros além da combinação de timbres. Este recurso de diminuendo e crescendo instrumental está diretamente ligado às mudanças texturais, o que aponta para a possibilidade de planejar a orquestração de uma obra a partir da textura, assunto que a ser desenvolvido em trabalhos futuros. A próxima etapa da presente pesquisa envolve a análise comparativa dos outros movimentos da suíte, bem como das variações das demais Promenade. Pretende-se ainda investigar outras versões da obra com o objetivo de mapear as especificidades de cada instrumento a partir das escolhas texturais de maneira a constituir um estudo teórico de instrumentação a ser aplicado em processo criativo. Referências ANDREWS, George. The theory of partitions. Cambridge: Cambridge University, 1984. BERRY, Wallace. Structural functions in music. New York: Dover Publications, 1976. CLIFFORD, Robert John. Contour as a Strutural Element in Selected pre-serial works by Anton Webern. Tese (Doutorado em Música). University of Wisconsin-Madison, 1995. GENTIL-NUNES, Pauxy. Análise particional: uma mediação entre análise textural e a teoria das partições. Tese (Doutorado em Música). Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009. GENTIL-NUNES, Pauxy e CARVALHO, Alexandre. Densidade e linearidade na configuração de texturas musicais. Anais do IV Colóquio de Pesquisa do Programa de Pós- Graduação em Música da UFRJ. Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2003. MOREIRA, Daniel. Perspectivas para a análise textural a partir da mediação entre a Teoria dos Contornos e a Análise Particional. Dissertação (Mestrado em Música). Programa de Pós- Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 60

Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, Escola de Música, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015. MORRIS, Robert D. Composition with pitch-classes: a theory of compositional design. New Haven: Yale University Press, 1987.. New directions in the theory and analysis of musical contour. Music Theory Spectrum, vol. 15, 1993, p. 205-28 MOTTA, Daniel Andrioli Rodrigues. Quadros de uma exposição para violão solo por Kazuhito Yamashita: um estudo dos efeitos técnicos a partir da comparação com o original para piano e a orquestração de Maurice Ravel. Dissertação (Mestrado em Música). Programa de Pósgraduação em Música da UNESP. Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, 2012. MUSSORGSKY, Modest. Quadros em Exposição. 1874. München: G. Henle Verlag, 1992. Piano. Urtext. RAVEL, Maurice. Quadros em Exposição. 1922. Londres: B&h London, Orquestra, 2002. Orquestra. STRAVINSKY, IGOR. Sagração da Primavera Introdução. 1913. Mineola: Dover Publications, Orquestra 1989. Anais do 14º Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ Vol. 2 Processos Criativos p. 61