REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

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Transcrição:

VOTO REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO Sobre pedido de vistas na 100ª Reunião do COPAM SUL DE MINAS Processo Administrativo para exame de Prorrogação de Licença de Instalação Procedimento de Licenciamento Ambiental: PARCER ÚNICO N 0998689/2012 Licenciamento Ambiental n 13137/2010/001/2011 Empreendimento: CLAUDIO HENRIQUE DE OLIVEIRA E CIA LTDA Atividades objeto do licenciamento: Código DN 74/04 Descrição Classe A-02-06-5 3 Lavra a céu aberto com ou sem tratamento rochas ornamentais e de revestimento(quartzito) A-05-04-5 Pilhas de rejeito/estéril 3 A-05-05-3 Estradas para transporte de minério 1 Município: Luminárias/MG DD. Sr. Superintendente da SUPRAM Sul de Minas; DD. Diretora Técnica e DD. Diretor de Controle Processual da SUPRAM Sul de Minas; Eminentes Conselheiros e Conselheiras; Ilmo. Corpo Técnico; 1. Conforme relata o Parecer Único da SUPRAM SUL DE MINAS, o empreendimento CLAUDIO HENRIQUE DE OLIVEIRA E CIA LTDA solicitou em 19/10/2011 nesta SUPRAM pedido de Licença de Operação para Pesquisa - LOP, PA nº. 13137/2010/001/2011 para as atividades de Lavra a céu aberto com ou sem tratamento rochas ornamentais e de revestimento (quartzito), Pilhas de rejeito/estéril e Estradas para transporte de minério, no município de Luminárias/MG. DAS IRREGULARIDADES CONSTATADAS 2. O empreendedor informou no Formulário de Caracterização do Empreendimento FCE tratar-se de microempresa, juntando certidão simplificada digital da JUCEMG e sendo dispensado do pagamento de custos de análise conforme previsto na DN COPAM n 74/2004. 3. Verifica-se às fls. 013 dos autos que as atividades objeto do licenciamento ora analisado NÃO estão contempladas na certidão da JUCEMG, ou seja, o empreendimento não está enquadrado como microempresa para as atividades de Lavra a céu aberto com ou sem 1

tratamento rochas ornamentais e de revestimento (quartzito), Pilhas de rejeito/estéril e Estradas para transporte de minério, e consequentemente não faz jus à dispensa do pagamento de custos de análise. 4. Foi juntado às fls. 017 o alvará n 12541/2010 do Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM que autorizou o empreendimento pelo prazo de 2 (dois) anos a pesquisar quartzito no município de Luminárias, publicado no diário oficial da União em 19 de outubro de 2010. 5. Através do ofício n 232/2011/DIFISC/SUPRIN/DNPM/MG datado de 31/01/2011 foi comunicado ao empreendedor que o requerimento de guia de utilização para extração de 1.500m³/ano de quartzito em luminárias foi analisado e que o empreendimento deveria apresentar ao DNPM em 60 (sessenta) dias cópia autenticada da licença ambiental para fim de emissão da guia requerida. 6. O empreendedor solicitou prorrogação do prazo para cumprimento da exigência, sendo concedida em 5 de julho de 2011 conforme se observa às fls. 019 dos autos, expirando em 5 de setembro de 2011. 7. Conforme descrito pela SUPRAM Sul de Minas no Parecer Único e constatado no Sistema de Informação Ambiental SIAM o empreendedor preocupou-se em solicitar a regularização ambiental de seu empreendimento somente em 19/10/2011, data em que já se encontrava vencida a exigência feita pelo DNPM. 8. Também se encontra vencido desde 19 de outubro de 2012 o Alvará n 12541/2010 conforme constatado no site do Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM, não havendo nenhum registro de prorrogação, ou seja, o empreendimento não se encontra em condições legais para explorar o minério, tão menos de obter o licenciamento ambiental. DO REGIME DE AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 9. O empreendedor encontrava-se, conforme exposto acima, na fase de autorização de pesquisa. Pesquisa mineral é a execução dos trabalhos necessários à definição do depósito mineral, a sua avaliação e à determinação da exequibilidade do seu aproveitamento econômico. 2

10. Entretanto, verifica-se em análise ao SIAM que o empreendimento foi autuado em 1999 através do Auto de Infração 092/99, Processo Administrativo n 00217/1999/001/1999 por instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente sem Licenças Prévia, de Instalação ou de Operação. 11. Há, também, registro de autuação em 2007, Auto de Infração n 538/2007, Processo Administrativo n 00217/1999/002/2007 por funcionar sem autorização ambiental de funcionamento, desde que não amparado por termo de ajustamento de conduta com o órgão ou entidade ambiental competente. 12. Com relação ao auto de infração n 538/2007, que se encontra com o status de processo arquivado/prescrição, nos chama a atenção o fato de haver parecer jurídico favorável à autuação com indeferimento do pedido de reconsideração e emissão de DAE para pagamento. Estranhamente e sem fundamentação legal passível de consulta no SIAM, a Presidente da FEAM em decisão recente datada de 06/03/2013 reconheceu a prescrição da autuação, sem que houvesse o prazo prescricional de cinco anos para averiguar a prática da infração ou lapso prazal trienal, que ocasiona a ocorrência da prescrição intercorrente, consistente na paralisação do processo por mais de três anos, sem que tenha havido qualquer movimentação processual imputável à administração. Fato este que merece os devidos esclarecimentos por parte da SUPRAM Sul de Minas. 13. Pelo o exposto acima fica evidente que o empreendimento já operava antes mesmo de obter o alvará de pesquisa e guia de utilização do DNPM. A ilegalidade cometida pelo empreendimento minerário em operar sem licença é descrita no Parecer Único da SUPRAM Sul de Minas que relata: Conforme consta no Relatório Final de Pesquisa apresentado ao DNPM, a reserva medida apresentou um valor de 491.894,13 toneladas de quartzito, com vida útil de 35 anos, aproximadamente. O empreendimento conta com a presença de 16 funcionários, todos contratados sob o regime da CLT Consolidação das Leis do Trabalho, e todos residentes no município de Luminárias MG. O horário de funcionamento da mina é de segunda a sexta-feira de 07:00h às 16:30h. O empreendimento está localizado em uma propriedade com área mapeada de 33,0174ha, que se encontra explotada há várias gerações pela família o empreendedor, sendo solicitada a supressão de uma área de 4,77 ha para avanço da frente de lavra. (grifo nosso). 3

14. Ressalta-se que se já houve relatório final de pesquisa, já houve a exploração mineral, evidenciada pela imagem apresentada no Parecer Único às fls. 05 conforme reproduzido abaixo: 15. Observa-se pela imagem acima o tamanho da área já explotada e a pequena área em vermelho para avanço da frente de lavra, tudo segundo o empreendedor para realizar a pesquisa do minério, sem se quer ter autorização válida do DNPM. Na verdade fica constatado que o empreendedor vem se utilizando de artifício fraudulento junto ao DNPM, alegando a realização de estudos geotécnicos e pesquisa mineral, enquanto explota uma enorme área sem possuir sequer o licenciamento prévio. 16. Importante ressaltar que a área em questão é considerada como prioritária para proteção à biodiversidade segundo relatório indicativo do SIAM, conforme descrito às fls. 011 dos autos, sem sequer ser mencionado no Parecer Único da SUPRAM Sul de Minas. Também não há menção no Parecer Único sobre a regularidade ambiental da área já explorada pelo empreendedor. DA INEXISTÊNCIA DE RESERVA LEGAL DA MATRÍCULA N 4.692 17. Extrai-se dos autos do processo de APEF às fls. 032 declaração/autorização da Sra. Izabel Pereira de Oliveira inventariante do Sr. João Alves de Oliveira, proprietário do terreno, situado no 4

local denominado Sítio Mamono em Luminárias, registrado sob os números 4.692 e 27.049, onde autoriza o empreendimento a extrair quartzito neste terreno. 18. O empreendedor também cita as duas matrículas no Requerimento para intervenção ambiental, às fls. 005 dos autos do processo de APEF. Mais tardar retifica o Requerimento para intervenção ambiental e declara às fls. 185 que o registro referente à matrícula 4.692 (que não possui reserva legal averbada) foi juntada aos autos equivocadamente, contrariando a declaração da Sra. Izabel Pereira de Oliveira. O fato é que o empreendedor demonstrou possuir imóvel rural onde incide poligonal do DNPM sem regularização de reserva legal, contrariando as normas ambientais. DA LOP E NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE EIA/RIMA 19. A Deliberação Normativa COPAM nº 174, de 29 de março de 2012, estabelece procedimento para a regularização ambiental da pesquisa mineral de empreendimentos que necessitem de Supressão de Vegetação Nativa Secundária em estágios Médio e Avançado de Regeneração, pertencente ao Bioma Mata Atlântica e inclui codificação junto a Listagem A - Atividades Minerárias do Anexo Único da Deliberação Normativa Copam nº 74, de 09 de setembro de 2004, e dá outras providências. 20. O art. 1 da DN COPAM 174 estabelece que: Art. 1º A atividade de pesquisa mineral enquadrada conforme os códigos estabelecidos nesta Deliberação será realizada mediante Licença de Operação para Pesquisa Mineral (LOP), com apresentação de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), em atendimento à exigência da Lei Federal 11.428, de 22 de dezembro de 2006. 21. A seu turno, a Resolução CONAMA n.º 237/97, em seu art. 3º, preceitua que "A licença ambiental para os empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação". 22. Da mesma forma, a Resolução CONAMA n.º 01/86, art. 2º, elencou as hipóteses em que deve-se exigir EIA/RIMA: 5

Art. 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: (...) IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; (grifamos) 23. Da simples leitura dos mencionados dispositivos, verifica-se que, no caso em análise, é imprescindível a apresentação de EIA/RIMA, uma vez que se trata de atividade minerária (lavra de quartzito). 24. Vê-se que independentemente da data de formalização do processo, o mesmo deveria ser orientado para apresentação do EIA/RIMA. Considerando que existe norma geral editada pela União (exigência de EIA/RIMA), não podem os Entes Federados editar normas de igual alcance sobre a mesma matéria (art. 24, 3º, CF). Em outras palavras, se a União já estabeleceu a imprescindibilidade de apresentação de EIA/RIMA, o Estado não pode estabelecer, em caráter geral, a substituição daquela espécie de estudo por outra mais simplificada (RCA/PCA). 25. Acontece que a gravidade dos fatos não permitiria sequer a reorientação e regularização do empreendimento através de LP + LI de ampliação, pois a extensa área já explotada não possui regularização ambiental, sendo certo que o empreendimento deveria ser autuado e ter a sua atividade embargada. DA COMERCIALIZAÇÃO DO MINÉRIO 26. Ficou demonstrado que o empreendimento não possui para a poligonal do DNPM n 831.702/2003 o alvará de pesquisa válido e nunca obteve do DNPM a Guia de Utilização que lhe conferisse a possibilidade de Comercialização do quartzito face à necessidade de fornecimento continuado da substância visando garantia de mercado, bem como para custear a pesquisa. 27. Cabe ressaltar que fora à exceção descrita acima, somente a partir da publicação da aprovação do PAE e da publicação da Portaria de Lavra que a extração e comercialização das substâncias minerais será permitida. No entanto, o empreendedor comercializa há anos as pedras de quartzito com endereço comercial na Av Florenzano, 419, Centro de Luminárias, 6

conforme página disponível na web ilustrada abaixo, agindo na clandestinidade e em afronta aos órgãos ambientais. CONCLUSÃO 28. Destarte, restou concluído o Parecer Único pela concessão da Licença de Operação para Pesquisa Mineral - LOP com condicionantes, ao empreendimento CLAUDIO HENRIQUE DE OLIVEIRA E CIA LTDA, Processo COPAM n.º 13137/2010/001/2011, DNPM Nº 831.702/2003, localizado no município de Luminárias - MG, para as atividades de Lavra a céu aberto com ou sem tratamento rochas ornamentais e de revestimento (quartzito), Pilhas de rejeito/estéril e Estradas para transporte de minério com validade de 3 (três) anos Conforme determina a Deliberação Normativa nº. 174/12. 29. Diante das graves irregularidades constatadas, este Conselheiro, com a devida vênia, requer o INDEFERIMENTO do Processo Administrativo, a aplicação de sanção administrativa ao empreendimento através de multa e embargo da atividade nos termos do Decreto Estadual n 7

44.844/2008, e, ainda, a comunicação ao DNPM sobre a explotação ilegal da jazida para que adote as providências cabíveis quanto ao direito minerário da poligonal n 831.702/2003. 30. Se mesmo assim, este COPAM decidir pela concessão da LOP, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais a fim de resguardar sua imparcialidade no ajuizamento de eventual ação civil pública para controle jurisdicional do presente licenciamento, se abstém de manifestar sobre o mérito do procedimento, ressaltando a importância de conversão do julgamento em diligência com apresentação do EIA/RIMA para análise dos técnicos da SUPRAM Sul de Minas, com posterior emissão de sucinto parecer, e, ainda, seja regularizada a situação ambiental do empreendimento junto ao DNPM. Lavras/Varginha, 27 de maio de 2013. Bergson Cardoso Guimarães Conselheiro Titular COPAM-SM Representante do Ministério Público. Promotor de Justiça - Coordenador Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente da Bacia do Rio Grande. 8