LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA HERPETOFAUNA DO RIO DA PRATA, PEDRA BRANCA, RJ

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Transcrição:

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA HERPETOFAUNA DO RIO DA PRATA, PEDRA BRAN, RJ LIMP GFS 1 ; BATISTA MCS 2 ; SOARES MA Universidade Castelo Branco, CEPBIO Centro de Pesquisa em Biologia. Avenida de Santa Cruz, 1631 Rio de Janeiro, RJ. CEP- 21.710-255 e-mail: 1 - gabriellimp@hotmail.com, 2 - marcelokcsb@gmail.com RESUMO A Mata Atlântica é um dos principais biomas do país, em sua rica biodiversidade encontram-se diversas espécies de répteis e anfíbios, que embora seja consideravelmente conhecida, ainda é considerada subestimada. Até o momento foram descritas 1080 espécies de anfíbios e 773 espécies de répteis no Brasil. Os anfíbios tem grande importância ambiental, uma vez que são excelentes bioindicadores. Já os répteis tem grande importância na cadeia trófica, sendo predadores de topo de cadeia, como crocodilos e serpentes. O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) é considerado a maior floresta urbana do planeta, apresentando 12,5 mil hectares, contendo uma enorme porção de remanescente da Mata Atlântica protegida no município do Rio de Janeiro. Este trabalho teve o objetivo de iniciar o registro das espécies de répteis e anfíbios da região do Rio da Prata em Campo Grande no Rio de Janeiro. Este estudo também pretende auxiliar aos visitantes e excursionistas na identificação da fauna local. Foram registradas, até o momento, nove espécies de anfíbios e 11 espécies de répteis. Palavras-chave: Répteis, Anfíbios, Mata Atlântica, Herpetologia INTRODUÇÃO A Mata Atlântica possuía uma extensão de mais de 4000 km ao longo da costa brasileira, mas após séculos de desmatamento, foi drasticamente reduzida para 11-16% de sua cobertura original (Ribeiro et al. 2009), e é um dos hotspots de biodiversidade mais ameaçada do mundo (Mittermeier et al. 2011), mais de 500 espécies de anfíbios e por volta de 200 répteis ocorrem nesse bioma (Ribeiro et al. 2009) e apesar do grande número de espécies endêmicas de répteis na Mata Atlântica brasileira, alguns aspectos básicos do grupo permanecem desconhecidos (Marques & Sazima 2004). É ainda um dos hotspots de anfíbios mais ricos do mundo, abrigando cerca de 400 espécies de anuros, com mais de 80% deles sendo considerados endêmicos desse bioma (Cruz & Feio 2007). Apesar da herpetofauna neotropical, particularmente no Brasil, ser considerada uma das mais diversas do planeta (Vitt 1987), sua composição ainda é grandemente desconhecida (Rodrigues 2005). Segundo Bertolucci et al. (2009), o grupo dos répteis inclui predadores de níveis tróficos superiores, como os crocodilianos e algumas serpentes, além de diversos outros animais inseridos em outras posições da cadeia alimentar (serpentes, lagartos e quelônios). No Brasil, até o momento, foram reconhecidas 773 espécies, mais 46 subespécies, totalizando 819 táxons de répteis (SBH 2015). Quanto os anfíbios são considerados excelentes bioindicadores da qualidade ambiental, devido a algumas características de sua biologia, como ciclo de vida bifásico, dependência de condições de umidade para a reprodução, pele permeável, padrão de desenvolvimento embrionário, aspectos da biologia populacional e interações complexas nas comunidades em que se inserem (Vitt et al. 1990). São reconhecidas 1.080 espécies de anfíbios para o Brasil (SBH 2016). O domínio da Mata Atlântica é reconhecido mundialmente pela elevada riqueza de espécies, considerado um hotspot para conservação da biodiversidade (Myers et al. 2000). Localizado em uma das regiões mais populosas do Brasil, este bioma sofreu intensa redução de sua cobertura original, resultante principalmente da perda de habitats naturais, proporcionada pela ação humana ao longo das últimas décadas (Moura et al. 2012). A Mata Atlântica é um bioma particularmente rico em espécies de anfíbios e répteis pois comporta uma elevada diversidade de hábitats e micro hábitats, favorecendo o número de espécies especialistas em determinado tipo de ambiente e, consequentemente, o número de endemismos (Haddad et al. 1998). Mesmo com a redução drástica de sua área, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro com maior riqueza de espécies de anfíbios anuros, com mais de 400 espécies conhecidas, e aproximadamente 85% dessas (entre 340 espécies) são endêmicas desse bioma, que também abriga um grande número de espécies não descritas (Cruz et al. 2007). O parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), que constitui importante ponto de referência na preservação dos vestígios de Floresta Atlântica no município do Rio de Janeiro, é a maior floresta urbana do mundo, apresentando 12,5 mil hectares de área, na qual está o ponto mais alto do município do Rio de Janeiro, atingindo 1.024m acima do nível do mar (Cintra et al. 2007). Suas trilhas e atrativos ecoturísticos, localizados em meio aos remanescentes de Mata Atlântica, apresentam um número de visitantes cada vez maior (Costa et al. 2009). Este trabalho apresenta uma listagem preliminar de répteis e anfíbios da região do Rio da Prata em Campo Grande, região próxima ao Parque Estadual da Pedra Branca, uma área de Mata Atlântica bastante visitada e certamente contribuirá para o auxílio na identificação da fauna pelos visitantes. METODOLOGIA 1- Área de estudo O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) localiza-se em Rio da Prata, nos bairros de Campo Grande, Jacarepaguá, Taquara, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande, Recreio dos Bandeirantes, Grumari, Padre 169

Miguel, Bangu, Senador Camará, Jardim Sulacap, Realengo, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Guaratiba e Barra de Guaratiba, município do Rio de Janeiro, abrange uma área total de 12.492 hectares (Cintra et al. 2007), assim como visto no mapa abaixo (Figura 1). É um importante ponto de referência na preservação dos vestígios de Mata Atlântica no município do Rio de Janeiro e é onde se encontra o ponto mais alto do município, com 1024m acima do nível do mar (Oliveira et al. 2014). O PEPB é considerado a maior floresta urbana do mundo, portanto abriga um grande contingente de espécies tanto animal quanto vegetal, e por ainda não haverem grande quantidade de trabalhos no local, a quantidade de espécies é, por muitos, considerada subestimada. Os trabalhos de campo foram realizados em Rio da Prata (Figura 2), Campo Grande, bairro da Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, localidade próxima ao Parque Estadual da Pedra Branca. 2 Método de amostragem As excursões, para os trabalhos de campo, foram realizadas mensalmente, completando o ciclo anual 2015/2016. Os pontos de observações foram geralmente clareiras, margem de riachos, plantações e florestas tanto primárias quanto secundárias, através de busca ativa desde o período crepuscular até o amanhecer. Quando possível, as espécies foram fotografadas. Foram registrados espécimes nos seguintes habitats e microhabitats: 1. Mata Primária (MP) Apenas pequena porção da região do Rio da Prata é formada por esse tipo de habitat, uma vez que a maior parte do local, mesmo que não habitado, já foi, mesmo que pouco, alterada pelo homem. 2. Mata Secundaria (MS) Maior parte da região são matas semifechadas, onde antes já foi altamente desmatada, e hoje é protegida. 3. Monocultura de Bananeiras (MB) No local, encontram-se áreas demarcadas normalmente por cercas onde há o cultivo de vegetais, a bananeira se destaca entre eles, formando grandes porções onde as bananeiras se sobressaem á todas as outras plantas. 4. Área Urbana (AU) Área mais altamente antropizada, onde junto à mata, ocorrem construções, ruas pavimentadas, energia elétrica, e maior fluxo de pessoas. 5. Cachoeiras e Margens de Riachos () Locais onde predominam espécies de anfíbios anuros, principalmente em época de cópula. 6. Poças Temporárias (PT) Durante o período de chuva, formam-se poças que são notavelmente utilizadas principalmente por anfíbios anuros. 7. Descampado (DE) Área formada por vegetação rasteira, entre pedras. Figura 1 PEPB - Município do Rio de Janeiro. 170

Figura 2 Rio da Prata, de Campo Grande, Rio de Janeiro, RJ RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram registradas 20 espécies entre anfíbios e répteis em Rio da Prata, dividindo-se em: nove anfíbios (9 anuros) e 11 répteis (6 serpentes e 5 lagartos). Os anfíbios foram representados por cinco famílias: Bufonidae (2 spp.), Brachycephalidae (1 spp.), Cycloramphidae (1 spp.), Hylidae (2 spp.), Hylodidae (2 spp.), e Leptodactylidae (1 spp.). Os répteis foram representados por oito famílias: Diploglossidae (1 spp.), Geckonidae (2 spp.), Teiidae (1 spp.), Tropiduridae (1 spp.), Colubridae (4 spp.), Elapidae (1 spp.), e Viperidae (1spp.). Dentre os anfíbios registrados em Rio da Prata, Crossodactylus gaudichaudii foi o que apresentou maior predominância nos avistamentos. Entre os répteis, Tropidurus torquatus apresentou maior frequencia entre os lagartos e Thamnodynastes strigatus entre as serpentes. Espécie Nome Vulgar Habitat Encontrado AMPHIBIA ANURA BUFONIDAE Rhinella icterica Sapo Cururu, AU Rhinella ornata Sapo Cururuzinho, AU BRACHYCEPHALIDAE Eleutherodactylus binotatus CYCLORAMPHIDAE Thoropa miliaris HYLIDAE Aplastodiscus albofrenatus Scinax trapicheiroi HYLODIDAE Crossodactylus gaudichaudii Hylodes nasus LEPTODACTYLIDAE Physalaemus signifer REPTILIA SQUAMATA SAURIA DIPLOGLOSSIDAE Ophiodes striatus GECKONIDAE Gymnodactylus geckoides Hemidactylus mabouia TEIIDAE Tupinambis merianae TROPIDURIDAE Tropidurus torquatus Rãzinha do Folhiço Sapo Bode Perereca Verde Perereca de Riacho Rãzinha de Riacho Rã de Corredeira Rãzinha do Folhiço Cobra de Vidro Lagartixa Lagartixa Doméstica Teiú Calango MS, AU,, PT AU MS, AU, AU DE, AU 171

OPHIDIA COLUBRIDAE Chironius exoletus Liophis miliaris Oxyrhopus petola Thamnodynastes strigatus ELAPIDAE Micrurus coralinus VIPERIDAE Bothrops jararaca Cobra Cipó Cobra D agua Falsa Coral Corredeira Cobra Coral Jararaca MS, PT,, MS, BA, DE Figura 3 Tabela representando a Herpetofauna preliminar em Rio da Prata, Campo Grande. MP: Mata Primária; MS: Mata Secundária; MB: Monocultura de Bananeiras; AU: Área Urbana; : Cachoeiras e Margens de Riachos; PT: Poça Temporária; DE: Descampado. A B C A B C D E F Marcos Silva Tomasz Doron D E F Daniel Passos G H I G H I Ricardo Augusto Figura 4 A - Rhinella icterica; B- Rhinella ornata; C- Eleutherodactylus binotatus; D - Thoropa miliaris; E- Aplastodiscus albofrenatus; F - Scinax trapicheiroi; G - Crossodactylus gaudichaudii; H - Hylodes nasus; I - Physalaemus signifer. Daniel Passos Pierson Hill Figura 5 A - Ophiodes striatus; B - Tupinambis merianae; C - Thamnodynastes strigatus; D- Gymnodactylus geckoides; E - Tropidurus torquatus; F- Micrurus coralinus; G - Hemidactylus mabouia; H- Oxyrhopus petola; I- Bothrops jararaca. CONCLUSÃO O conhecimento sobre a composição dos grupos de vertebrados de uma área é fator de importância primordial em projetos para a sua conservação. Este estudo registrou no Rio da Prata, na zona oeste do Rio de Janeiro, de forma preliminar, nove espécies de anfíbios e 11 espécies de répteis. Esse conhecimento, principalmente de espécies que são de visualização mais fácil, é fundamental para proteção dessa parcela importante da nossa biodiversidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIS Bertoluci J, Canelas MAS, Eisemberg CC, Palmuti CFS, Montingelli GG (2009) Herpetofauna of Estação Ambiental de Peti, an Atlantic Rainforest fragment of Minas Gerais State, southeastern Brazil. Biota Neotrop., 9(1) Cintra DP, Oliveira RR, Rego LFG (2007) Classificação de estágios sucessionais florestais através de imagens Ikonos no Parque Estadual da Pedra Branca, RJ. Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Florianópolis: INPE. 1: 1627-1629. Costa, NMC, Costa VC, Conceição RS, Ribeiro JVM (2009) Fragilidade ecoturistica em áreas de atrativos no parque estadual da pedra branca (RJ). Geo UERJ 11(2) n.19: 138-160. Cruz G, Feio RN, Cassini CS (2007) Nova espécie de Chiasmocleis Mehely, 1904 (Amphibia, Anura, Microhylidae) da Serra da Mantiqueira, Estado de Minas Gerais, Brasil. Arquivo Museu Nacional 65(1): 33-38. Cruz G, Feio RN (2007) Endemismos em anfíbios em áreas de altitude na Mata Atlântica no sudeste do Brasil. In Nascimento LB, Oliveira ME, Editores. Herpetologia no Brasil II. Belo Horizonte, Sociedade Brasileira de Herpetologia. 117-126. Haddad, CFB (1998) Biodiversidade dos anfíbios no Estado de São Paulo. In Biodiversidade do estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao final do século XX. Editora FAPESP, São Paulo. 1: 17-26. Marques OAV, Sazima I (2004) História natural dos répteis da Estação Ecológica Juréia-Itatins. In: Marques OAV, Duleba W, editores. História natural da Estação Ecológica Juréia-Itatins. Ribeirão Preto, Holos. 1: 257-277. 172

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