CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO RODRIGO DE MOURA GOMES



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Transcrição:

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO RODRIGO DE MOURA GOMES ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE FACÇÃO EM FORTALEZA CE FORTALEZA 2014

RODRIGO DE MOURA GOMES ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE FACÇÃO EM FORTALEZA CE Monografia submetida ao Centro de Ensino Superior do Ceará, como requisito parcial para a obtenção de grau de bacharel em Administração. Orientador: Prof. Mônica Helena Gurgel Barroso FORTALEZA 2014

RODRIGO DE MOURA GOMES ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE FACÇÃO EM FORTALEZA CE Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração, outorgado pela Faculdade Cearense (FAC), tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores: Data da Aprovação: / / BANCA EXAMINADORA Professor Professor Professor

Dedico este trabalho a Deus e à família que Ele me deu, pelo incentivo, pela confiança, pela compreensão e pelo apoio em todos os momentos da minha vida.

AGRADECIMENTOS À família A minha esposa Rose Mary, pelo seu amor, dedicação, carinho, respeito, compreensão e apoio que me ajudaram a superar as dificuldades encontradas no decorrer dessa jornada acadêmica. Aos meus pais Rosa Maria e Raimundo, que são os pilares da minha vida. Obrigado por todo o amor e dedicação que sempre me foi dado. Aos meus sogros Mary e Rogério, obrigado pelo carinho, dedicação e apoio que deles recebo. Aos meus irmãos Rafael, Renata e Rayane, pelo amor, respeito e apoio sempre presentes em minha vida. Aos amigos Aos meus amigos Reges Bandeira, Karolina Alencar e Gabriela de Fátima que foram verdadeiros companheiros nessa caminhada. Juntos compartilhamos diversos momentos felizes que levarei comigo para sempre. A minha orientadora professora Mônica Gurgel, pela parceria, competência e comprometimento com esta pesquisa.

Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. É tomar atitudes que ninguém tomou. É ter consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória. É não esperar uma herança, mas construir uma história... Quantos projetos você deixou para trás? Quantas vezes seus temores bloquearam seus sonhos? Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acontecer, mas conquistá-la. Augusto Cury

RESUMO No contexto atual constituído por incertezas e desafios, a sobrevivência e o desenvolvimento das organizações dependem, consideravelmente, da competência de seus autores. Razão, pela qual, são realizados diversos estudos e pesquisas voltadas para a definição e citação de características e comportamentos que compõem o perfil do empreendedor. O objetivo desse estudo é analisar, com base na literatura, as características empreendedoras que compõem o perfil dos microempreendedores de sucesso em três facções do segmento de confecção em Fortaleza CE. Para alcançar esse objetivo foi realizado um estudo de caso com base em uma pesquisa de campo de natureza qualitativa e quantitativa do tipo exploratória, descritiva e bibliográfica com base em autores como Dornelas (2014) e Dolabela (2008), em que os dados foram obtidos através de uma entrevista e da aplicação de um questionário. Os resultados encontrados apontam para a predominância de características ligadas ao relacionamento, planejamento, risco, dedicação, visão de negócios, conhecimento e liderança. Palavras-chave: Empreendedor. Características empreendedoras.

ABSTRACT In the current context consists of uncertainties and challenges, survival and development of organizations depend considerably the responsibility of the authors. Reason why, many studies and research for the definition and citation characteristics and behaviors that make up the profile of the entrepreneur are performed. The aim of this study is to analyze, based on the literature, the entrepreneurial characteristics that make up the profile of successful micro entrepreneurs into three factions of the cooking segment in Fortaleza - CE. To achieve this objective a case study was based on a field survey of qualitative and quantitative nature of the exploratory, descriptive and bibliographical type in which the data were obtained through an interview and a questionnaire. The results point to the predominance of characteristics related to relationship, planning, risk, dedication, business acumen, knowledge and leadership Keywords: Entrepreneur. Entrepreneurial characteristics.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Conhecimento... 41 Gráfico 2 Relacionamento... 43 Gráfico 3 Oportunidade... 44 Gráfico 4 Planejamento... 45 Gráfico 5 Risco... 46 Gráfico 6 Dedicação (I)... 47 Gráfico 7 Dedicação (II)... 47 Gráfico 8 Visão... 48 Gráfico 9 Liderança (I)... 49 Gráfico 10 Liderança (II)... 49 Gráfico 11 Inovação... 50

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Busca pelos órgãos de apoio: proporções (microempresas)... 18 Quadro 2 - Tipos de empreendedor... 21 Quadro 3 - Características do empreendedor... 23 Quadro 4 - Traços de personalidade do empreendedor... 24 Quadro 5 - Características do empreendedor bem-sucedido... 25 Quadro 6 - Fatores psicossociais, ambientais e econômicos da atitude empreendedora de sucesso... 26 Quadro 7 - Classificação das Microempresas... 28 Quadro 8 - Causas do fracasso das start-up americanas (SBA, 1998)... 30 Quadro 9 - Etapas e características do processo produtivo nas confecções... 32

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRAVEST Associação Brasileira do Vestuário BNDES GEM PIB SBA SEBRAE SENAC SENAI SENAR SENAT SOFTEX Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Global Entrepreneuship Monitor Produto Interno Bruto Small Business Administration Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte Sociedade Brasileira para Exportação de Software

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 12 2. EMPREENDEDORISMO... 15 2.1 Empreendedorismo no Brasil... 17 2.2 O empreendedor... 19 2.3 Características e o perfil do empreendedor... 22 3. CARACTERIZAÇÃO DAS MICROEMPRESAS DE FACÇÃO... 28 3.1 Microempresas... 28 3.2 Facção... 31 4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA... 35 4.1 Natureza da pesquisa... 35 4.2 Tipologia da pesquisa... 36 4.3 Objeto de estudo... 37 4.4 Instrumento de investigação... 37 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS... 39 5.1 Análise da entrevista... 39 5.2 Análise do questionário... 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 52 REFERÊNCIAS... 54 APÊNDICE... 58 APÊNDICE A... 59 APÊNDICE B... 60 APÊNDICE C... 61 APÊNDICE D... 62

12 1. INTRODUÇÃO A busca pela competitividade continua sendo uma das principais características das empresas. Motivadas pelas constantes mudanças no mercado nacional e internacional, essas organizações necessitam desenvolver produtos e/ou processos que tragam o maior retorno financeiro possível e que lhes garantam liderança no mercado em que atuam. Dessa forma, a terceirização tem sido usada sob uma perspectiva estratégica por diversas empresas, principalmente no setor de confecção, e isso tem favorecido bastante a criação de microempresas prestadoras de serviço. Com essa oportunidade em vista ou pela necessidade de trabalho diversas pessoas decidem investir em um negócio próprio, tornando-se empreendedores. Contudo, a atividade empreendedora vai além de simplesmente montar uma empresa mediante a uma oportunidade ou uma necessidade de subsistência, de acordo com Dornelas (2007) a prática empreendedora é normalmente analisada sob quatro perspectivas básicas: as características individuais do empreendedor, a organização, o ambiente e o processo pelo qual o novo negócio é criado. Descrevendo a prática empreendedora sob esses quatro pontos de vista, seria possível mostrar devidamente a complexidade da implantação de um novo negócio rentável. Sendo assim, o empreendedorismo e o perfil empreendedor são temas de diversos pesquisadores na área da administração. Pesquisas direcionadas ao estudo dos tipos de empreendedor, as causas do sucesso de determinados empreendimentos e as variáveis que influenciam o processo empreendedor dão origem a novas linhas de pesquisas e novos modelos a serem estudados. Entende-se que o empreendedorismo quando relacionado com a criação de um novo negócio, pode ser definido como o envolvimento de pessoas e processos, que juntas levam a transformação de ideias em oportunidades. Atualmente, o termo empreendedorismo é visto como associado à inovação, uma vez que, em um mercado cada vez mais competitivo, é preciso inovar para se diferenciar dos demais. Já o empreendedor é um indivíduo que consegue detectar uma oportunidade e a partir dela cria um empreendimento, que, de forma inovadora e assumindo riscos

13 calculados, se destaca dos demais. O processo empreendedor, portanto, só acontece com o envolvimento desse indivíduo. No segmento confeccionista, pode-se destacar a figura dos faccionistas que prestam serviços de montagem de peças para a indústria do vestuário. Esses empreendimentos são usados de maneira estratégica por esse segmento, visto que os custos com o investimento em maquinário e em pessoas são reduzidos ou até mesmo eliminados. O fato é que, assim como em outros segmentos de mercado, a maior parte das microempresas de facção não conseguem atingir a sua maturidade e sofrem falência precoce. Isso se deve principalmente pela falta de conhecimento dos conceitos de gestão de negócios e por agirem de forma empírica e sem planejamento. Sendo assim, o empreendedor possui um papel importante no desempenho do seu empreendimento, suas características pessoais e profissionais têm relação direta com o sucesso do negócio ao qual se propõe a desenvolver. De acordo com Gerber (1996), a personalidade empreendedora transforma a condição mais insignificante numa excepcional oportunidade. É um inovador, estrategista, criador de novos métodos para entrar em mercados já existentes ou criar novos. Diante da importância que o empreendedor tem para o sucesso de seu empreendimento e da identificação de suas características, surge o seguinte questionamento: quais as características que compõem o perfil dos empreendedores de sucesso em microempresas de facção em Fortaleza CE. A motivação para a investigação desse tema origina-se da necessidade de compreender as atitudes desses empreendedores, identificando as principais características atribuídas a eles e aos seus empreendimentos, que proporcionam a manutenção de uma empresa rentável, gerando dessa forma emprego e renda para a população. Esse estudo, além de fornecer informações para a comunidade acadêmica, irá enriquecer os caminhos de outros empreendedores que ao adquirir conhecimento acerca de atitudes vivenciadas por pessoas que conseguiram obter êxito em determinados empreendimentos podem facilitar o caminho para outras experiências empreendedoras nesse ramo. O presente trabalho monográfico tem como objetivo principal analisar, com base na literatura, as características empreendedoras que compõem o perfil dos

14 microempreendedores de sucesso em três facções do segmento confeccionista em Fortaleza CE. Especificamente, espera-se: 1. Verificar a motivação do surgimento das facções em estudo, bem como os fatores necessários para o bom desenvolvimento do negócio; 2. Caracterizar as microempresas de facção em Fortaleza CE; 3. Indicar as características ou habilidades necessárias ao empreendedor mais citadas pela literatura. O presente trabalho está estruturado em 5 (cinco) capítulos. O primeiro deles abordará o empreendedorismo e o empreendedor de forma geral, situando o leitor neste universo e explanando a importância desse estudo para a comunidade acadêmica e as empresas de interesse. Serão também apresentados os objetivos (geral e específicos), o problema em questão e os motivos que levaram à realização dessa pesquisa. No segundo capítulo serão apresentados os aspectos relativos ao empreendedorismo em geral e especificamente no Brasil, expondo o histórico e a sua importância, bem como as formas de abordagem sobre o tema. No mesmo capítulo serão apresentadas as diversas definições, segundo a visão de autores distintos, sobre o empreendedor e as suas características. No terceiro capítulo serão caracterizadas as microempresas de facção, começando com uma explanação sobre as microempresas, que serão abordadas sobre os aspectos objetivos e subjetivos de acordo com a legislação vigente e com autores específicos, logo após será apresentado o conceito sobre facção. No quarto capítulo será apresentada a metodologia da pesquisa, abordando a sua natureza e tipologia, especificando o objeto de estudo e os instrumentos utilizados para este fim. No quinto e último capítulo, serão apresentados os resultados obtidos pela pesquisa e a comparação destes com referencial teórico, concluindo o estudo com as considerações finais e as referências utilizadas.

15 2. EMPREENDEDORISMO Na idade média buscavam-se várias alternativas para estabelecer uma rota comercial ligando a Europa ao Oriente. Acredita-se que foi Marco Polo, um viajante e mercador veneziano, que utilizou o termo empreendedorismo pela primeira vez. Ele assinou um contrato com um homem que possuía dinheiro (mais conhecido hoje como capitalista) para vender as mercadorias desse. Assim, enquanto Marco Polo adotava uma postura empreendedora, com papel ativo, correndo todos os riscos físicos e emocionais, o capitalista apenas assumia riscos de forma passiva (DORNELAS, 2014). Filion (1999) revela que a palavra entrepreneur, após análise de sua origem e evolução, adquiriu o seu significado como conhecemos hoje apenas no século XVII. Designava pessoas que possuíam a capacidade de correr riscos, investindo o próprio capital. Dornelas (2014, p. 34) indica que foi nesse século que: Os primeiros indícios da relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram [...], em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como geralmente os preços eram prefixados, qualquer lucro ou prejuízo era exclusivo do empreendedor. Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, é considerado por muitos um dos criadores do termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor aquele que assumia riscos, do capitalista aquele que fornecia o capital. Durante os séculos XVIII e XIX, Jean Baptiste Say reformulou o conceito de empreendedorismo, esclarecendo que o empreendedor é aquele que assume riscos, mas que sempre busca direcionar os recursos para as áreas de maior produtividade e retorno econômico (GUIA PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, 2002). De acordo com Dornelas (2014), no final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores, sendo avaliados simplesmente por um ponto de vista econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista.

16 Com o passar do tempo foram sendo identificadas diversas transformações no cenário mundial, principalmente no século XX, quando várias invenções foram criadas e com isso revolucionaram o modo de agir e pensar dos indivíduos. Nos bastidores dessas mudanças existem pessoas ou equipes diferenciadas que não temem em arriscar e com atitudes inovadoras e visionárias fazem acontecer e empreendem. Dessa forma pode-se afirmar que o papel do empreendedor sempre foi fundamental para a sociedade. Leite (1998) lembra que a partir da década de 1980, a internacionalização da economia se acentuou, transformando-se em um movimento maior, que se convencionou chamar de globalização. Um dos motivos para o surgimento de novos empreendimentos está relacionado com essa mudança econômica, social e cultural, com a necessidade de enfrentar crises. O autor afirma ainda que a globalização acaba de certa forma, transferindo inovações tecnológicas e gerando inúmeras oportunidades de negócios, fomentando o surgimento de novos ramos de negócios e de novas empresas. Filion (1999, p. 6) esclarece essa transformação no campo do empreendedorismo como uma alternativa, aonde Organizações e sociedades foram forçadas a buscar novas abordagens para incorporarem as rápidas mudanças tecnológicas à sua dinâmica. Conclui-se então, que o termo empreendedorismo, quando relacionado com a criação de um novo negócio, pode ser definido como o envolvimento de pessoas e processos, que juntas levam a transformação de ideias em oportunidades (DORNELAS, 2014). O momento atual, segundo Dornelas (2014, p. 26), pode ser chamado de a era do empreendedorismo: (...) que o avanço tecnológico tem sido de tal ordem, que requer um número muito maior de empreendedores. A economia e os meios de produção e serviços também se sofisticaram, de forma que hoje existe a necessidade de se formalizarem conhecimentos, apenas obtidos empiricamente no passado. Portanto, a ênfase em empreendedorismo surge muito mais como consequência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não apenas como modismo. A competição na economia também força novos empresários a adotar paradigmas diferentes.

17 2.1 Empreendedorismo no Brasil Diante de tantas mudanças no contexto mercadológico e da considerável responsabilidade como agente de mudanças, os empreendedores têm recebido uma atenção especial por parte de muitos países, inclusive do Brasil, isso explica o crescimento no número de escolas e universidades que tratam a respeito do assunto. Essas instituições criaram matérias e disciplinas específicas sobre o tema, oferecendo a alunos e jovens profissionais uma alternativa para o aprendizado do complexo mundo do empreendedorismo. No Brasil o empreendedorismo começou a tomar forma com a criação de entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Sociedade Brasileira para Exportação de Software (SOFTEX) na década de 1990. O SEBRAE é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário brasileiro, que busca junto a essa entidade todo o suporte de que precisa para iniciar sua empresa, bem como consultorias para resolver pequenos problemas pontuais de seu negócio. O histórico da entidade SOFTEX pode ser confundido com o do empreendedorismo no Brasil, a entidade foi fundada com o intuito de levar as empresas de software do país ao mercado externo, por meio de várias ações que proporcionavam ao empresário de informática a capacitação em gestão e tecnologia (DORNELAS, 2014). Passados mais de 20 anos, o Brasil apresenta um grande potencial para desenvolver um dos maiores programas de ensino do empreendedorismo em todo o mundo, haja vista a existência de mais de duas mil escolas que ensinam empreendedorismo no país e de órgãos de apoio como o SEBRAE. Além disso, nos últimos anos diversas iniciativas em prol dos empreendedores podem ser observadas. Porém, a grande maioria dos microempreendedores inicia o seu negócio sem buscar auxílio ou planejamento técnico, é o que revela uma pesquisa denominada como Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que é realizada anualmente e mede a evolução do empreendedorismo em dezenas de países, inclusive no Brasil (quadro 1).

18 Quadro 1 - Busca pelos órgãos de apoio: proporções (microempresas) Órgão de apoio Nordeste Prop. (%) Brasil Prop. (%) Não procurou nenhum 83,6 82,2 Associação comercial 0,8 1,8 SENAC 1,5 1,6 SEBRAE 11,8 13,0 SENAI 0,0 1,1 SENAR 0,0 0,0 SENAT 0,3 0,2 Sindicato 0,8 0,7 Nenhuma das opções 2,8 2,4 Fonte: Global Entrepreneurship Monitor (2012, p. 19). As micro e pequenas empresas representam grande importância no funcionamento da economia brasileira em virtude da capacidade de absorção de mãode-obra, da geração de renda, do número de estabelecimentos e do potencial de abertura de novos negócios (CHAVES JUNIOR, 2000). Segundo dados publicados pelo SEBRAE, as micro e pequenas empresas têm fundamental importância para a economia nacional, pois representam: 98% das empresas existentes no país; 21% do PIB; 52% do total de empregos com carteira assinada; 29,4% das compras governamentais; 10,3 milhões de empreendedores informais. Dornelas (2014) enfatiza que é adequado um estudo mais profundo a respeito do conceito de empreendedorismo, haja vista que a maior parte dos negócios criados no país é concebida por pequenos empresários, que, nem sempre, possuem conceitos de gestão de negócios e atuam geralmente de forma empírica e sem planejamento. O autor aponta que essa situação reflete diretamente no índice de mortalidade dessas pequenas empresas que, historicamente, superavam os 50% nos primeiros anos de atividade. Felizmente, esse cenário tem mudado nos anos recentes, apesar de ainda ser necessária muita melhoria. De acordo com outro estudo publicado pelo SEBRAE, em julho de 2013, a taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas brasileiras nos primeiros dois anos de vida chegou a 76%, a maior taxa histórica desde a criação do estudo. Contudo, mesmo sabendo dessa recente evolução, o empreendedor deve ficar atento ao ambiente de negócios no Brasil que ainda não é um dos mais convidativos.

19 Percebe-se também que no Brasil o empreendedorismo vem se tornando uma saída para o desemprego. Segundo Silva (2008), muitas pessoas buscam saídas na criação de negócios com o objetivo de gerar renda. Sabe-se que a criação de empresas por si só não leva ao desenvolvimento econômico, a não ser que esses negócios focalizem oportunidades identificadas no mercado. Nesse sentido, é necessário entender qual a motivação que está por trás do empreendedorismo. Essa motivação pode ser por oportunidade ou necessidade. Os empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções de trabalho, abrindo um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. Já os empreendedores por oportunidade optam por iniciar um novo negócio mesmo quando possuem alternativa de emprego e renda, ou, ainda, para manter ou aumentar sua renda pelo desejo de independência do trabalho (GEM, 2012). De acordo com um estudo anual publicado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2012) que verificou em sua pesquisa, feita por região levando em consideração empreendedores de 18 a 64 anos, que a proporção de empreendedores por oportunidade no Brasil está em 69,2%, o que representa um percentual expressivo, já que em 2002, ano do início da pesquisa, essa proporção era de 42%. Espera-se, portanto, que nos próximos anos, surjam ainda mais empreendedores focados em oportunidades, promovendo o desenvolvimento econômico e social do país. 2.2 O empreendedor A palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo (HISRISH, 1986 apud DORNELAS, 2014). Foi utilizada pela primeira vez por volta de 1800, por Jean-Baptiste Say economista francês com o intuito de distinguir o indivíduo que consegue transferir recursos econômicos de um setor com baixa produtividade para um setor com produtividade elevada e com maiores rendimentos (DORNELAS, 2014). Existem diversas definições para o termo empreendedor. Uma das mais antigas e que talvez reflita melhor o espírito empreendedor, seja a de Joseph Schumpeter, no século XIX, ele afirma que o empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais (DORNELAS, 2014, p.42).

20 Para Dornelas (2007), o empreendedor é aquele que consegue detectar uma oportunidade e a partir dela cria um empreendimento, com o intuito de obter lucro sobre ele e assume riscos calculados. Trata-se de um indivíduo que faz acontecer, se antecipando aos fatos e tem uma visão futura da organização. Dolabela (2008, p. 23) diz que o empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade, ou seja, tem um objetivo, traça suas metas a fim de alcançar esses objetivos e trabalha em prol dos mesmos até que sejam concretizados. Assim, pode-se afirmar que o empreendedor é um indivíduo de iniciativa e altamente inovador, não teme em arriscar e não se conforma com determinadas situações, mas explora novos caminhos a fim de novas conquista e melhores benefícios. Dessa forma, Dornelas (2007, p.03) destaca alguns aspectos referentes ao empreendedor: Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que realiza; Criatividade na utilização de recursos disponíveis, transformando o ambiente social e econômico onde atua; Aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar. Acredita-se que hoje o empreendedor seja o motor da economia, um agente de mudanças. Farrel (1993, p.27) explica a relevância do empreendedor para a economia, demonstrando que, as verdadeiras causas do crescimento de algumas empresas é o espírito empreendedor, é ele que constrói empresas. Ainda considerando o empreendedor como um ser social e agente de mudanças, Dolabela (2008) diz que esse indivíduo é produto do meio em que vive, ele explica que se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, então terá motivação para criar o seu próprio negócio. Então, o ato de empreender leva à criação e desenvolvimento de diversos tipos de atividades e criação de novos postos de trabalho, introduzem inovação e estimulam o crescimento econômico. Com isso, tornar-se empreendedor é algo que pode acontecer a qualquer indivíduo, Dornelas (2007, p.11) justifica essa afirmação relatando que:

21 Não existe um único tipo de empreendedor ou um modelo-padrão que possa ser identificado, apesar de várias pesquisas existentes sobre o tema terem como objetivo encontrar um estereótipo universal. Por isso é difícil rotulá-lo. O autor identificou em sua pesquisa oito tipos de empreendedores (quadro 2). Quadro 2 - Tipos de empreendedor Tipo 1 O Empreendedor Nato (Mitológico) Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são brilhantes e, muitas vezes, começaram do nada e criam grandes impérios. Começam a trabalhar muito jovens e adquirem habilidade de negociação e de vendas. Tipo 2 O Empreendedor que Aprende (Inesperado) Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma pessoa que, quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio próprio. Tipo 3 O Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios) O empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria, mas principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se contenta em criar um negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande corporação. Tipo 4 O Empreendedor Corporativo O empreendedor corporativo tem ficado mais em evidência nos últimos anos, devido à necessidade das grandes organizações de se renovar, inovar e criar novos negócios. São geralmente executivos muito competentes, com capacidade gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham de olho nos resultados para crescer no mundo corporativo. Tipo 5 O Empreendedor Social O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor para as pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento singular. Tem um desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não têm acesso a elas. Tipo 6 O Empreendedor por Necessidade O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem alternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em negócios informais, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. Tipo 7 O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar) O empreendedor herdeiro recebe logo cedo a missão de levar à frente o legado de sua família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de todos os países, e muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias empreendedoras, que mostraram habilidade de passar o bastão a cada nova geração. Tipo 8 O Normal (Planejado) Toda teoria sobre o empreendedor de sucesso sempre apresenta o planejamento como uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos empreendedores. E isso tem sido comprovado nos últimos anos, já que o planejamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem-sucedido e, em consequência, leva mais empreendedores a usarem essa técnica para garantir melhores resultados Fonte: Dornelas (2007).

22 2.3 Características e o perfil do empreendedor O cenário atual está composto por um ambiente de constantes mudanças, em que os negócios estão cada vez mais instáveis, desemprego crescente e situação econômica duvidosa. Apesar dessa situação sempre há oportunidade para um novo tipo de empreendimento. O empreendedor, no entanto, precisa possuir um conjunto de características próprias para desempenhar essa função e aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo mercado. Os estudos que tratam das características pessoais do empreendedor têm movimentado interesse por parte de diversos pesquisadores, principalmente, para diferenciar os empreendedores dos não empreendedores. Sabe-se que as características comportamentais do empreendedor podem dar subsídios para o sucesso ou fracasso do seu negócio. Um dos maiores pesquisadores que pode ser citado nessa linha de pesquisa, é McClelland. Esse autor, através de seus estudos na linha comportamental, identificou um fator que se encontrado em um elevado nível, poderia está relacionado ao comportamento empreendedor: a autorrealização. McClelland (1961) estudou as grandes civilizações e com isso delineou características das pessoas possuidoras de elevada necessidade de realização pessoal como aqueles indivíduos que apresentam grande atividade energética, responsabilidade individual, conhecimento dos resultados das ações e antecipação de futuras possibilidades, além de comedida vocação para assumir riscos. Até a década de 1980, os comportamentalistas dominaram o campo do empreendedorismo. Porém, de acordo com Dolabela (1999), os resultados alcançados em seus estudos são diferenciados e muitas vezes contraditórios. Por isso, surgiram outras pesquisas, levando em consideração, além de aspectos econômicos e comportamentais, o ambiente social. O autor afirma que: Muitos estudos tratam da mesma forma aquele que criou um negócio e aquele que apenas gerencia a empresa. Mesmo sem produzir um corpo de pensamento coeso, científico, as pesquisas têm sido de grande auxílio no ensino de empreendedorismo. Se ainda não podemos predizer o sucesso de uma pessoa, é possível, no entanto, apresentar-lhe as características mais comumente encontradas nos empreendedores de sucesso, para que possam desenvolvê-las e incorporá-las ao seu próprio repertório vivencial. Tudo indica que o empreendedorismo é um fenômeno regional, na medida em que

23 a cultura, as necessidades e os hábitos de uma região determinam comportamentos. Várias pesquisas têm demonstrado que os empreendedores refletem as características de período e lugar onde vivem. Mesmo na era da globalização, em que os empreendedores exercem influência além dos limites de sua região, o referencial básico de seu relacionamento permanece no âmbito regional (DOLABELA 1999, p.49). Após 50 anos de estudos e pesquisas, algumas características podem ser identificadas, tais como, a comedida vocação para assumir riscos calculados (KAUFMAN, 1991); a necessidade de autorrealização (MCCLELLAND 1961); e a elevada autoeficácia (MARKMAN, BARON E BALKIN, 2005). De acordo com o SEBRAE (2014), o empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está constantemente buscando novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e oportunidades, além da preocupação com a melhoria do produto. A seguir o quadro 3 apresenta o conjunto de características utilizado pelo SEBRAE, que é um dos mais usados no País. Quadro 3 - Características do empreendedor Grupo de características relacionadas à realização Busca de oportunidades e iniciativa Correr riscos calculados Exigir qualidade e eficiência Persistência e comprometimento Grupo de características relacionadas ao planejamento Busca de informações Estabelecimento de metas Planejamento e monitoramento sistemático Grupo de características relacionadas ao poder Persuasão e rede de contatos Independência e autoconfiança Fonte: SEBRAE (2014). As habilidades exigidas a um empreendedor, segundo Dornelas (2001), podem ser classificadas em três áreas: a) Habilidades técnicas - envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e captar informações, ser um bom orador, ser organizado, saber liderar e trabalhar em equipe e possuir know-how técnico na sua área de atuação; b) Habilidades gerenciais - incluem as áreas envolvidas na criação, desenvolvimento e gerenciamento de uma nova empresa: marketing,

24 administração, finanças, operacional, produção, tomada de decisão, controle das ações da empresa e ser um bom negociador; c) Habilidades pessoais - ser disciplinado, assumir riscos, ser inovador, ser orientado a mudanças, ser persistente e ser um líder visionário. Acredita-se que no empreendedorismo o ser é mais importante do que o saber fazer. Suas características e habilidades são a referência para o alcance do sucesso. Pode-se encontrar também, na literatura alguns traços típicos do empreendedor, no quadro 4 Dolabela (1999) apresenta o resumo desses traços. Quadro 4 - Traços de personalidade do empreendedor Tem um modelo, uma pessoa que o influencia. Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização. Trabalha sozinho. O processo visionário é individual. Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos. Considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois aprende com os próprios erros. Sabe fixar metas e alcança-las; luta contra padrões impostos; diferencia-se. Tem a capacidade de descobrir nichos. Tem forte intuição; como no esporte, o que importa não é o que sabe, mas o que se faz. Tem sempre alto comprometimento; crê no que faz. É um sonhador realista: é racional, mas usa também a parte direita do cérebro. Cria um sistema próprio de relações com empregados. É comparado a um líder de banda, que dá liberdade a todos os músicos, mas consegue transformar o conjunto em algo harmônico, seguindo um objetivo. É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo. Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho. Tece rede de relações (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas intensamente como suporte para alcançar seus objetivos; considera a rede de relações internas (com sócios, colaboradores) mais importante que a externa. Conhece muito bem o ramo em que atua. Cultiva a imaginação e aprende a definir visões. Traduz seus pensamentos em ações. Define o que quer aprender (a partir do não definido) para realizar suas visões. É proativo: define o que quer e aonde quer chegar; depois, busca o conhecimento que lhe permitirá atingir o objetivo. Cria um método próprio de aprendizagem: aprende a partir do que faz; emoção e afeto são determinantes para explicar seu interesse. Aprende indefinidamente. Tem alto grau de internalidade, que significa a capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida e a crença de que conseguirá provocar mudanças nos sistemas em que atua. Assume riscos moderados: gosta do risco, mas faz tudo para minimiza-lo. É inovador e criativo. (Inovação é relacionada ao produto. É diferente da invenção, que pode não dar consequência a um produto.). Tem alta tolerância à ambiguidade e à incerteza. Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Fonte: Dolabela (1999).

25 Nessa linha de estudos são apresentadas características de um empreendedor bem sucedido, pois segundo Dornelas (2001), o empreendedor de sucesso possui características extras, seus atributos extrapolam os dos administradores, eles sabem explorar oportunidades, são determinados e altamente dinâmicos, são independentes e construtores do próprio destino, dedicados ao trabalho, otimistas e apaixonados pelo que fazem, acreditam que o ganho do dinheiro é consequência do sucesso nos negócios, possuem liderança incomum e conhecimento, sabem construir uma rede de relacionamentos externos à empresa, planejam cada passo do negócio, assumem riscos calculados e criam valor para a sociedade. De acordo com Pereira e Santos (1995, p.47): O empreendedor bem sucedido é uma pessoa como qualquer outra, cujas características de personalidade e talentos preenchem um padrão determinado, que o leva a agir de tal forma que chega ao sucesso, realizando seus sonhos e alcançando seus objetivos. Ele é, portanto, uma pessoa que busca realização e é auto-orientado para atingir metas próprias. Quadro 5 - Características do empreendedor bem-sucedido É motivado pelo desejo de realizar. Corre risco viável, possível. Tem capacidade de análise. Sabe aonde quer chegar. Confia em si mesmo. Não depende dos outros para agir; sabe, porém, atuar conjuntamente. É tenaz, firme e resistente ao enfrentar dificuldades. É otimista, sem perder o contato com a realidade. É flexível sempre que preciso. Administra suas necessidades e frustrações, sem por elas se deixar dominar. É corajoso; porém, não é temerário. Sabe postergar, deixando para depois a satisfação de suas necessidades. Mantém a automotivação, mesmo em situações difíceis. Aceita e aprende com seus erros e com os erros dos outros. Mantém a autoestima, mesmo em situações de fracasso. Tem facilidade e habilidade para as relações interpessoais. É capaz de exercer liderança, de motivar e de orientar outras pessoas com relação ao trabalho. É criativo, na solução de problemas, de todos os tipos. É capaz de delegar. É capaz de dirigir sua agressividade para a conquista de metas, a solução de problemas e o enfrentamento das dificuldades. Tem prazer em realizar o trabalho e em observar seu próprio crescimento empresarial. É capaz de administrar o tempo. É independente, seguro e confiante, na execução de sua atividade profissional. Tem desejo de poder, como todos têm, consciente ou inconscientemente. Fonte: Pereira e Santos (1995).

26 Pode-se complementar a essas características, trazendo para o cenário atual, o fato de que o empreendedor deve se capacitar permanentemente e sempre observar o que os seus concorrentes estão fazendo, identificando qual o território de abrangência do negócio, sem deixar de enxergar o que os outros não estão enxergando e, assim, oferecer ao mercado um algo novo que diferencie o seu negócio dos demais. Para Cunha (2004), existem modos científicos de se mensurar o empreendedorismo, inclusive o perfil empreendedor dos indivíduos. Entretanto, de acordo com Dutra e Previdelli (2003), a diversidade de características observadas por diversos autores, constata-se a dificuldade para descrever o perfil exato do empreendedor ou estudar suas atitudes com base na literatura existente. Verificou-se, portanto, que era possível categorizar estas características em fatores psicológicos e sociológicos, e fatores ambientais ou econômicos, determinantes das ações empreendedoras. Como resultado, o estudo dos autores permitiu a elaboração do quadro 6, na qual constam os principais fatores destacados na literatura. Quadro 6 - Fatores psicossociais, ambientais e econômicos da atitude empreendedora de sucesso FATORES PSICOSSOCIAIS Iniciativa Independência Criatividade Persistência Visão de longo prazo Autoconfiança otimismo Comprometimento Padrão de excelência Persuasão Necessidade realização Coletividade e e de FATORES AMBIENTAIS E ECONÔMICOS Capacidade de trabalhar grupos de apoio Capacidade de buscar investidores Capacidade de superar obstáculos pela conjuntura econômica Capacidade de trabalhar com escassez financeira Capacidade de superar obstáculos burocráticos do meio externo Capacidade para boa escolha da localização Maior utilização da tecnologia Conhecimento do mercado e capacidade de utilizá-lo Construção de Rede de Informação e capacidade de utilizá-la Formação Fonte: Dutra (2002, p. 46).

27 A inovação é identificada como sendo o centro das atenções nos estudos sobre empreendedorismo. Segundo Drucker (2002), os empreendedores são pessoas inovadoras. Essa inovação é atingida quando os empreendedores exploram mudanças no mercado e as enxergam como oportunidades para a criação de novos produtos e serviços. É preciso destacar que não é possível garantir que hajam circunstâncias perfeitas para o surgimento de um empreendedor de sucesso. O empreendedorismo, segundo Filion (1999), ainda não é uma ciência, mesmo sendo uma das áreas em que mais se pesquisa e publica estudos. Sendo assim, o perfil empreendedor é um subsídio científico para identificação dos padrões que levam ao ato de empreender.

28 3. CARACTERIZAÇÃO DAS MICROEMPRESAS DE FACÇÃO 3.1 Microempresas As microempresas devem ser caracterizadas em seus aspectos quantitativos e qualitativos, para que se tenha uma representação adequada da realidade desse tipo de organização. Para efeito de estudos e pesquisas, o SEBRAE utiliza o critério de classificação de porte levando em consideração o número de empregados da empresa, sendo: 1) microempresas: na indústria e na construção civil até 19 empregados; e no comércio e serviços até 9 empregados; 2) pequena empresa: na indústria e na construção civil de 20 a 99 empregados; e no comércio e serviços de 10 a 49 empregados (SEBRAE, 2014). O Simples Nacional e a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas classificam as MPE 1 de acordo seu faturamento anual, sendo que a Microempresas (ME) são aquelas que em cada ano tenha receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 (CARTILHA SIMPLES NACIONAL, 2012 p. 8; LEI GERAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA, 2006). Além da classificação adotada pelo Simples Nacional e a Lei geral das MPE, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), órgão de financiamento, também classifica o porte das microempresas de acordo com a receita anual, diferenciando apenas no que diz respeito aos valores auferidos. Sendo que para as Microempresas a receita operacional bruta anual ou anualizada deve ser inferior ou igual a R$ 2.400.000,00 (BNDES Carta Circular nº 11/2010). Tais classificações podem ser resumidas no quadro 7: Quadro 7 - Classificação das Microempresas Classificação Instituição Microempresa Setor Quant. Funcionários SEBRAE Indústria e construção civil Até 19 empregados Comércio e Serviço Até 9 empregados Faturamento Simples nacional e Receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 Lei geral das MPE (trezentos e sessenta mil reais) Faturamento BNDES Receita Operacional Bruta anual ou anualizada de até R$ 2.400.000.00 (dois milhões e quatrocentos mil reais) Fonte: Elaborado pelo autor. 1 MPE Micro e Pequenas Empresas.

29 Em relação aos critérios qualitativos a microempresa é definida por Ramos e Fonseca (1995) como tendo identidade entre a propriedade e gestão; vínculo estreito entre família e empresa; posição central do empresário como principal executivo; reduzida capacidade financeira; dificuldade de acesso ao crédito; dependência de fornecedores, concorrentes e clientes; relações pessoais com os clientes; uso intensivo de mão de obra. Lezana (2001) faz uso do termo empresa de pequena dimensão para caracterizar um grupo de organizações empresariais que, independente do faturamento ou do número de empregados, apresentam alguns atributos típicos, que são: propriedade e administração interdependentes; o empreendedor não domina o setor onde opera; a estrutura organizacional da empresa é simples, possuem uma área de produção de bens e serviços específicos e operam com poucos empregados, com a autoridade linear e concentrada no empreendedor. Atualmente as microempresas têm recebido diversos benefícios como forma de incentivo tanto para a sua manutenção, como para a legalização de várias outras que atuam clandestinamente. Esses tipos de empresas desempenham um papel econômico ativo no mundo, inclusive no Brasil, gerando, principalmente, emprego e renda para o país. Sendo assim, conhecer as dificuldades e as chances de sucesso das microempresas permite ao empreendedor ficar ciente dos desafios que podem incorrer em seu negócio. No Brasil, nos últimos anos, tem ocorrido um forte aumento na criação de novas empresas e de optantes pelo Simples Nacional, regime fiscal diferenciado e favorável aos Pequenos Negócios. Em dezembro de 2012, havia 7,1 milhões de empresas registradas nesse regime. Este número ficou 26% acima do verificado em dezembro do ano anterior. Em 2011, a expansão já havia sido de quase 30% (SEBRAE, 2013). Em relação às políticas públicas direcionadas aos pequenos negócios, o País tem vivenciado diversas mudanças que tem proporcionado uma verdadeira revolução no ambiente desses empreendimentos. São exemplos, a criação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas em 2006, a implantação do Microempreendedor Individual (MEI) em 2009, e a ampliação dos limites de faturamento do Simples Nacional em 2012.

30 Entretanto, diversas pesquisas apontam que, apesar do índice de mortalidade dos pequenos negócios estarem diminuindo com o passar dos anos, no Brasil esse índice ainda é bem significativo, principalmente quando se trata do estágio inicial do negócio, ou seja, nos dois primeiros anos de existência. Com isso, o empreendedor deve ficar atento e identificar quais os fatores que levam à falência da empresa. Dornelas (2014) aponta como as principais causas para o insucesso de pequenas empresas a falta de planejamento, deficiência na gestão (gerenciamento do fluxo de caixa, vendas/comercialização, desenvolvimento de produto etc.), políticas de apoio insuficientes, conjuntura econômica e fatores pessoais (problemas de saúde, criminalidade e sucessão). Conforme apresentado no quadro 8: Quadro 8 - Causas do fracasso das start-up 2 americanas (SBA 3, 1998) Incompetência Gerencial 45% Experiência no Ramo 9% Inexperiência em Gerenciamento 18% Expertise Desbalanceada 20% Negligência nos Negócios 3% Fraudes 2% Desastres 1% Total 98% Apenas 2% são fatores desconhecidos Fonte: Dornelas (2014, p. 97). O autor aconselha que os empreendedores obtenham uma capacitação gerencial continua e apliquem os conceitos teóricos, para que adquiram a experiência necessária, e a disciplina no planejamento periódico das ações que devem ser implementadas na empresa. 2 Start-up, nome atribuído aos pequenos negócios nos Estados Unidos. 3 SBA (Small Business Administration), órgão do governo americano de auxílio às pequenas empresas.

31 3.2 Facção Para caracterizar as facções é preciso entender um pouco sobre o segmento em que ela faz parte, o confeccionista. Inserido no setor têxtil esse segmento é o ponto final da cadeia produtiva têxtil, que se inicia na produção de fibras (naturais, artificiais ou sintéticas), engloba também a fiação, tecelagem e malharia, assim como a indústria de máquinas têxteis e de produtos químicos para acabamento. A indústria de confecção tem como principal característica a produção de peças e acessórios do vestuário, roupas profissionais, peças interiores (cortinas, capas, tapetes), fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos para vestuário. De acordo com a Associação Brasileira do Vestuário - ABRAVEST (2010), a indústria de confecções possui 21 segmentos, quais sejam: roupas íntimas, roupas de dormir, roupas de praia/banho, roupas de esportes, roupas de lazer, roupas sociais, roupas de gala, roupas infantis, roupas protetoras, roupas profissionais, roupas de segurança, meias, modeladores, acessórios têxteis para vestuário, artigos de cama, artigos de banho, artigos de mesa, artigos de copa/cozinha, artigos decorativos e produtos industriais. Dessa forma, é observado que a maioria dos segmentos de confecções compõe a conhecida indústria do vestuário. Viana (2005, p. 20), menciona que: A característica estrutural básica da indústria do vestuário, em nível mundial, é a grande heterogeneidade das unidades produtivas em termos de tamanho, escala de produção e padrão tecnológico, fatores estes que influenciam, decisivamente, os níveis de preços, dualidade, produtividade e a inserção competitiva das empresas nos diversos mercados consumidores. A indústria de confecções tem uma importância significativa tanto para o desenvolvimento e crescimento do próprio setor como para a economia do país. Segundo a ABRAVEST (2010), a indústria de confecções do vestuário tem importância estratégica para o país, que faturou no ano de 2010 mais de 47 bilhões de dólares, pulverizando esta soma por todo o território nacional, além disso, o segmento é composto por mais de 26 mil empresas registradas gerando mais de 1.100.000 postos de trabalho direto e 4.600.000 indiretos. De acordo com Victor (2008), no Estado do Ceará, a indústria de confecções constitui o principal polo industrial da Região

32 Nordeste, tanto em relação à quantidade produzida, como em relação à qualidade dos produtos. O processo produtivo em uma indústria de confecção é composto basicamente por sete etapas: criação, modelagem, risco, corte, costura, acabamento e passadoria (GOMES, 2002). Caracterizados no quadro a seguir: Quadro 9 - Etapas e características do processo produtivo nas confecções Etapa Criação Modelagem Risco Corte Costura Características Consiste em criar, alterar, copiar ou interpretar as tendências da moda (em forma, estilo e cor), colocando-as dentro do padrão do mercado, levando em consideração fatores como gênero, época, estação do ano e o consumidor (GOMES, 2002). A modelagem é a etapa-chave para a obtenção do produto final. Consiste na interpretação do modelo previamente criado que é transformado em moldes, adequando as proporções do protótipo aos diversos tamanhos das roupas a serem fabricadas (GOMES, 2002). Na ótica de Ferreira (1995), a modelagem dos produtos é o ponto alto, pois dela dependem o caimento perfeito e a beleza da peça. O risco corresponde à atividade de encaixe dos moldes do modelo no tecido enfestado sobre a mesa de corte, visando garantir o menor consumo de tecido possível (SEBRAE, 2014). O corte é o ato em si de separar as peças uma das outras no tecido enfestado, através da utilização de um equipamento cortante (SEBRAE, 2014). Após o corte, os componentes gerados são encaminhados à área de preparação, onde se realiza a etapa da costura, cabendo-lhe cerca de 80% do trabalho produtivo, distribuído pela montagem e submontagem da roupa. Esta etapa é muito complexa, uma vez que é composta de vários tipos de costura, envolvendo a participação de muitas operadoras, executando frequentemente uma única tarefa (GOMES, 2002). O acabamento é a seção onde são executadas as operações finais, com todas as partes componentes já unidas, visando à melhoria na qualidade Acabamento ou complementação do produto. Dentre essas operações estão: casear, pregar botão, pregar etiqueta, etc. (ANDRADE FILHO, J. & SANTOS, L. 1980). Esta etapa é importante em alguns tipos de produtos, sendo que, muitas vezes, a passadoria se torna necessária devido aos maus-tratos recebidos pelos produtos durante o processo produtivo, que acabam amassando o Passadoria tecido ou costurando com máquinas reguladas inadequadamente, assim utilizam a passadoria para corrigir costuras franzidas (BIERMANN, 2007). Fonte: Organizado pelo Autor.

33 As empresas de confecção seguem rigorosamente essas etapas em seu processo produtivo, uma vez que ao criar uma peça de roupa é preciso produzir uma modelagem que servirá de molde para realizar o risco no tecido enfestado que será cortado e, logo após, costurado, deve-se ainda revisar as peças montadas através do acabamento e depois da passadoria que eliminará possíveis imperfeições nas peças. No segmento confeccionista, assim como em diversos setores da economia, a busca constante pela competitividade tem levado empresas a procurarem meios estratégicos de redução de custos e aumento de produtividade. O uso da terceirização, como um desses meios, tem sido bastante utilizada, principalmente no setor confeccionista, e isso tem favorecido bastante a criação de microempresas prestadoras de serviço. A terceirização, por sua vez, é um processo de gestão, em que se repassam algumas atividades para terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria, ficando a empresa concentrada apenas em atividades essencialmente ligadas ao negócio em que atua (GIOSA, 1995). No ramo confeccionista, impulsionado pela moda, que proporciona uma dinâmica constante de atualização de modelos de peças do vestuário, necessitam constantemente de treinamento, máquinas e equipamentos que acompanhem essas mudanças. Suas atividades-meio, por exemplo: montagem das peças, demanda um elevado controle de processos e de pessoas. Assim, optam em enviar para terceiros a parte que requer um elevado número de colaboradores. Sobre o assunto, Godoi (2010, p. 30) acrescenta que: O setor que mais permite terceirizar hoje na indústria de confecção é a fase da montagem, composta pela preparação e costura das peças, como o acabamento, que compreende as fases de limpeza de fios, revisão, passadoria, etiquetagem e embalagem. É nessa fase da produção (costura e montagem) que são utilizados os serviços de empresas especializadas denominadas facções. O SEBRAE (2010) explica como funciona esse sistema de terceirização da seguinte maneira: Uma indústria maior, que normalmente tem como principal atividade a criação e comercialização, cria a sua coleção, efetua os cortes das peças e encaminha para outras indústrias menores que são contratadas para montar as roupas. Essas indústrias não comercializarão os produtos, apenas são responsáveis pelo serviço de montagem das roupas, devolvendo em seguida,

34 para a indústria maior, que confere as peças, padroniza a qualidade e comercializa os produtos (SEBRAE 2010, p. 03). Sobre o tema, Goularti Filho e Netto (1996) afirmam que o segmento de confecção do vestuário se divide em dois grupos: os confeccionistas e os faccionistas. Os primeiros tratam-se de empresas que possuem etiqueta própria, enquanto os segundos são os prestadores de serviços. Na indústria de confecção são chamadas de facção as empresas que costuram e que fazem o acabamento das peças, como limpeza, revisão, etiquetagem e empacotamento das mesmas. Atualmente existe uma ampla tendência por parte das grandes confecções pela utilização desse sistema de terceirização, devido, principalmente, à forte concorrência enfrentada pelo setor. A vantagem do uso desse sistema se encontra na redução dos custos oriundos do setor produtivo que mais demanda mão de obra, que é a parte da montagem das peças, estima-se que esse setor produtivo representa 50% da força de trabalho total da empresa. Outro aspecto relevante a ser observado é que ao direcionar a produção para uma empresa especializada as confecções ganham em qualidade, já que, em geral, essas empresas possuem equipamentos e pessoal qualificados para a execução dos serviços solicitados. Segundo Goularti Filho e Netto (1996, p. 126), O surgimento de inúmeras prestadoras de serviços, tais como: bordado, serigrafia, estamparia, lavanderia e a própria facção foi facilitado pela consolidação da indústria do vestuário. A procura por terceiros é crescente, o que, além de diminuir consideravelmente os custos com mão de obra, agiliza a produção e dispensa a manutenção de determinados setores na fabrica. Contudo, existe uma grande e ainda desconhecida parcela das facções que atuam na informalidade, ou seja, operam na ilegalidade. Fato que gera problemas de equilíbrio do mercado, pois não estando devidamente registradas, estas empresas acabam criando distorções na concorrência.

35 4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA Nesse capítulo são apresentados os aspectos metodológicos usados para realizar e desenvolver esta pesquisa, além de demonstrar como foi feita a coleta e o tratamento dos dados. Vale ressaltar que para Lakatos e Marconi (2009), o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que permitem, com maior segurança e economia, o alcance dos objetivos. Gil (2002, p. 162) acrescenta que (...) nesta parte, descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa. Sua organização varia de acordo com as peculiaridades de cada pesquisa. 4.1 Natureza da pesquisa A pesquisa científica pode ser classificada quanto a sua natureza como quantitativa ou qualitativa, sendo possível ainda existir as duas formas, como qualiquantitativa. Vale destacar que as pesquisas quantitativas e qualitativas devem ser complementares e não consideradas de maneira isolada, quando for o caso (HONORATO, 2004). A abordagem qualitativa, segundo Bastos (2008), tem caráter subjetivo, é usada em uma população pequena em que existe a preocupação com o aprofundamento e abrangência da compreensão das ações e relações humanas; já a abordagem quantitativa define uma população buscando um critério de representatividade numérica, dessa forma o resultado obtido refere-se às características do grupo pesquisado. Esta pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa. Qualitativa, pois tem o objetivo de estudar um determinado número de casos de maneira mais aprofundada, foi escolhida porque esse estudo tem o escopo principal de analisar as características que compõem o perfil do empreendedor de sucesso em três microempresas de facção no município de Fortaleza CE. Nesse caso utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, em que se trabalhou com a perspectiva de identificar, selecionar e interpretar as informações colhidas, fazendo uma análise comparativa dessas informações relacionando-as com o referencial teórico pertinente ao assunto visando um melhor entendimento acerca do elemento estudado. No caso da análise quantitativa, os dados foram avaliados utilizando gráficos, como o de barras, com o intuito de fornecer informações específicas sobre as características dos respondentes.

36 4.2 Tipologia da pesquisa Com relação ao tipo de pesquisa existem dois critérios que precisam ser observados: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser exploratória, descritiva, explicativa, aplicada e intervencionista. Já quanto aos meios, a pesquisa pode ser classificada como de campo, laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso (VERGARA, 2009). A presente pesquisa é considerada quanto aos fins como exploratória e descritiva. Exploratória porque embora sejam numerosos os estudos direcionados ao perfil do empreendedor, não foram identificados estudos relativos ao perfil dos microempreendedores de sucesso donos de facção no segmento confeccionista do município de Fortaleza CE. De acordo com Gil (2002), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. É descritiva porque busca apresentar as características e o perfil desses empreendedores. Esse tipo de pesquisa, segundo Gil (2002), tem o objetivo principal de descrever as características de determinada população ou fenômeno. Quanto aos meios, a pesquisa classifica-se como bibliográfica e de campo, através da utilização de um estudo de caso. Segundo Vergara (2009), a pesquisa bibliográfica justifica-se porque a fundamentação teórica deste trabalho foi elaborada através de pesquisas em materiais publicados em livros e sites relacionados à temática. Para Lakatos e Marconi (2009, p. 185) a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo (...). Gil (2002) destaca que a principal vantagem desse tipo de pesquisa reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Este estudo pode ser classificado ainda como pesquisa de campo, haja vista que a coleta de dados foi realizada in loco. Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 188), a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta [...].

37 A pesquisa trata-se ainda de um estudo de caso, pois segundo Cervo e Bervian (1996), o estudo de caso é uma pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que busca examinar os aspectos variados de suas vidas. Trata-se, segundo Gil (2002, p. 54), do (...) estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento (...). Através de estudo de caso e das tipologias apresentadas, pôde-se conhecer melhor sobre o perfil do empreendedor de sucesso em três microempresas de facção na cidade de Fortaleza CE. 4.3 Objeto de estudo A pesquisa foi realizada em três microempresas devidamente escritas no registro de Pessoas Jurídicas dentro dos limites de receita bruta já mencionados no subitem 3.1 do presente estudo, e que exerçam a prestação de serviço do tipo facção para empresas de confecção no município de Fortaleza. Foram selecionados, então, três microempreendedores que atendiam aos seguintes critérios: 1º) o empreendimento deveria está legalmente registrado há pelo menos cinco anos. Período esse adotado com base em estudos internacionais sobre a maturidade das empresas. Dornelas (2007) testifica a validade da utilização desse período em sua pesquisa e afirma que muitos estudos internacionais e nacionais mostram que a taxa de mortalidade de empresas é alta nos primeiros cinco anos de sua existência (...). Dessa forma, se o negócio possui mais de cinco anos de existência pode ser considerado bem sucedido e consequentemente gerenciado por empreendedores bem sucedidos; 2º) os empreendimentos deveriam ter alcançado resultados financeiros positivos nos últimos anos, ou seja, um nível de rentabilidade acima de 30%; e 3º) de forma mais subjetiva, identificar características de liderança voltadas para o desenvolvimento do negócio. 4.4 Instrumento de investigação Foram utilizados como instrumento para coleta de dados o questionário e a entrevista. O questionário foi baseado no livro de Dornelas (2007) com adaptação do autor que buscou analisar as características relacionadas ao perfil empreendedor dos microempresários respondentes da pesquisa. Cervo e Bervian (1996) apontam que o questionário representa a técnica de coleta de dados mais utilizada em pesquisas. Segundo os autores, o questionário representa um meio de obter respostas sobre um

38 assunto de forma que o respondente forneça as informações de seu domínio e conhecimento. A entrevista foi formulada com base nas considerações feitas por Dornelas (2014) com o intuito de conhecer as empresas e os empreendedores em estudo. Para Martins (2009 p. 42), a entrevista trata-se de uma técnica de pesquisa para coleta de dados cujo objetivo básico é entender e compreender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações (...).

39 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1 Análise da entrevista A entrevista foi analisada de maneira qualitativa. Os dados foram obtidos através do tipo de entrevista estruturada seguindo um roteiro previamente elaborado, a transcrição da entrevista terá como base as perguntas que foram feitas aos entrevistados, visando selecionar e destacar as informações mais relevantes para a pesquisa. A entrevista foi realizada nos dias 5, 6 e 7 de maio de 2014, no local de trabalho dos três empreendedores, que serão identificados como empreendedor A, empreendedor B e empreendedor C, o instrumento de pesquisa teve como objetivo colher informações sobre as empresas e os empreendedores a partir das respostas dadas na entrevista. Os resultados obtidos foram: Informações sobre as empresas Empresa A A primeira facção estudada está registrada como microempresa, fundada em 2006 a empresa, localizada no bairro Genibaú, periferia de Fortaleza CE. Trabalha exclusivamente com a prestação de serviços de montagem (costura), limpeza e etiquetagem de camisas masculinas para duas grandes confecções do mesmo município, esses fornecedores garantem o abastecimento de peças o ano todo, fato esse considerado indispensável para a rentabilidade do negócio. Mesmo não existindo um contrato que formalize a relação entre a facção e as confecções, a empresa em estudo não relatou nenhum problema nessa relação. Atualmente, a empresa conta com uma equipe de 23 colaboradores entre costureiras e auxiliares divididos em dois grupos que produzem, em média, 20 mil peças/mês, com média de faturamento de R$ 35.000,00/mês. A empresa conta ainda com 30 máquinas de costura na sua maioria eletrônicas. Empresa B A segunda facção em estudo foi fundada em 2007, tem sua estrutura localizada no bairro Granja Portugal, periferia de Fortaleza - CE, e é registrada como microempresa. Essa organização presta serviço de montagem, etiquetagem e limpeza em shorts de tactel masculino para três confecções, sendo que apenas um garante abastecimento de peças durante o ano todo, também não foi identificada a existência de um contrato que formalize essa relação, mesmo assim não existem problemas nessa

40 relação. A facção conta com 15 funcionários e 25 máquinas de costura que proporciona uma produção mensal de 12 mil peças com média de faturamento de R$ 25.000,00/mês. Empresa C A terceira e última facção iniciou suas atividades no ano de 2002 e está localizada no bairro Siqueira, possui um maquinário composto por 30 máquinas de costura e uma equipe composta por 18 costureiras e 3 auxiliares que produzem 19 mil camisas masculinas por mês, que são montadas, limpas, etiquetadas e embaladas, gerando um faturamento mensal de R$ 32.000,00. Essa microempresa presta serviço para uma confecção que lhe abastece o ano todo e não possui contrato formal com o mesmo, fato que não prejudica essa relação. Informações sobre os empreendedores Os entrevistados são em sua maioria do sexo feminino e estão envolvidos diretamente na administração dos respectivos empreendimentos, todos são casados e possuem idade entre 48 e 51 anos. Em relação ao nível de escolaridade, dois entrevistados afirmaram possuir apenas o ensino médio completo, enquanto que, em um, além do nível médio completo, ele possui um curso técnico em administração. Quando questionados se já haviam trabalhado no setor confeccionista antes de montar a empresa, todos responderam que sim. Esse fato demonstra que o conhecimento no ramo de atuação é de fundamental importância para o desenvolvimento do negócio, Dornelas (2007) afirma que além da preparação técnica e profissional, em muitos casos a experiência auxilia o empreendedor a conhecer o mercado, suas falhas e demandas, levando-o a perceber e aproveitar oportunidades. Outra questão apontada foi se o empreendedor pensa em desenvolver uma marca própria e assim comercializar seus produtos, todos afirmaram que sim, percebendo com isso uma nova perspectiva para o futuro do seu negócio. Na questão relacionada à busca de orientação junto a órgãos como SEBRAE, SENAI, etc. a resposta foi negativa para todos, entretanto, todos afirmaram que já receberam esse tipo de orientação em outras empresas em que trabalhavam antes. Em relação ao fator motivacional da atividade empreendedora quando perguntado qual o motivo da criação da empresa pôde-se observar que todos

41 identificaram uma oportunidade de negócio e resolveram com isso montar suas empresas. Uma vez que os empreendedores por oportunidade optam por iniciar um novo negócio mesmo quando possuem alternativa de emprego e renda, ou ainda, para manter ou aumentar sua renda pelo desejo de independência do trabalho (GEM, 2012). A última questão da entrevista perguntou quais os fatores necessários para um bom desenvolvimento nesse tipo de negócio, os entrevistados destacaram como fundamental a formação de uma boa equipe de costureiras e a necessidade de possuir um fornecedor que abasteça a facção durante o ano todo. Foi citado ainda que é necessário o envolvimento familiar para o desenvolvimento do negócio e a necessidade do conhecimento em relação ao processo produtivo e financeiro da empresa. 5.2 Análise do questionário Nesta parte da pesquisa serão apresentados os resultados obtidos através da aplicação de um questionário composto por 19 questões de múltipla escolha em que os respondentes teriam que escolher entre: nunca, raramente, às vezes, frequentemente e sempre. Questões essas voltadas para o perfil do empreendedor baseadas nas características atribuídas ao empreendedor de sucesso pela literatura. Para um melhor entendimento do conteúdo, as informações levantadas pelo questionário serão relacionadas à literatura pertinente ao assunto de estudo. Os resultados alcançados foram: Conhecimento: Gráfico 1 Conhecimento Fonte: Pesquisa de campo (2014).

42 A primeira característica analisada foi em relação ao conhecimento, na qual foram realizadas duas perguntas sobre essa característica. A primeira buscou verificar se os empreendedores são sedentos pelo conhecimento, ou seja, se eles gostam de aprender, o resultado foi que todos assinalaram que sempre buscam aprender. Entendendo dessa forma que a busca pelo conhecimento está presente como uma das características desses empreendedores. A segunda questão indagou se os empreendedores procuram conhecer o mercado em que atuam, o gráfico mostra que sim, já que dois afirmaram que sempre procuram conhecer o mercado, enquanto que um assinalou que frequentemente procura fazer isso. Na literatura o conhecimento é presente entre as características inerentes aos empreendedores de sucesso, de acordo com Dornelas (2007), os empreendedores são sedentos pelo saber e aprendem continuamente, buscam conhecimento através de cursos, publicações ou pela própria experiência, além de realizarem estudos sobre o mercado em que vislumbram atuar. Os empreendedores bem sucedidos estão sempre atentos ao aprendizado contínuo, buscando reciclar seus conceitos e aprimorar o negócio constantemente. Relacionamento (networking): Gráfico 2 Relacionamento

43 Fonte: Pesquisa de campo (2014). Em relação a essa característica foram elaboradas duas questões com o intuito de analisar como os empreendedores se relacionam com as pessoas envolvidas na realização de suas atividades, sabe-se que as empresas necessitam manter um bom relacionamento, principalmente, nesse caso específico, com o fornecedor (confecção). Para isso a primeira pergunta analisou se os empreendedores procuram se relacionar bem com todos os envolvidos em seu trabalho e a segunda indagou se eles procuram manter uma rede de contatos bem estabelecida, a resposta obtida foi sempre em ambas as perguntas para todos os empreendedores, logo, afirma-se que essa característica faz parte do perfil desses empreendedores. Sobre o assunto Dornelas (2007) afirma que uma rede de contatos bem estabelecida é também um aspecto habitual presente nas atitudes dos empreendedores de sucesso, eles conseguem estabelecer uma rede de contatos que os auxiliam nos ambientes interno e externo da organização, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe. Oportunidade: Gráfico 3 Oportunidade

44 Fonte: Pesquisa de campo (2014). A terceira característica analisada foi oportunidade, sobre a qual foram elaboradas também duas perguntas. A primeira questionou se os empreendedores procuram está atentos às oportunidades no mercado em que atuam, de acordo com o gráfico apresentado houve uma divisão entre as opções às vezes, frequentemente e sempre, demonstrando que a maioria dos empreendedores em estudo possui uma inconstância nessa característica. A identificação de oportunidades é considerada como uma das principais características dos empreendedores de sucesso é preciso, portanto, que eles busquem se aperfeiçoar nessa característica. A outra questão foi se o empreendedor procura ter conhecimento das necessidades de seus fornecedores o resultado dessa pergunta configurou-se como sempre para todos. Percebe-se dessa forma que os empreendedores estão sempre buscando informações sobre as necessidades de seus fornecedores, fato esse de extrema valia para um bom desenvolvimento do negócio. De acordo com Dolabela (1999), a identificação de oportunidades é de fundamental importância para a atividade empreendedora. Entre os atributos básicos de um empreendedor está a habilidade de identificar, agarrar e buscar os recursos para aproveitar ao máximo uma oportunidade. Oportunidade é uma ideia que está atrelada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, seja através da inovação ou da diferenciação.

45 Planejamento: Gráfico 4 Planejamento Fonte: Pesquisa de campo (2014). Acerca do planejamento e ciente de sua relevância para qualquer organização empresarial foram elaboradas duas perguntas sobre essa característica: a primeira que buscou verificar se o empreendedor realiza planejamentos periódico na sua empresa e a segunda que questionou se todas as decisões são tomadas baseadas em um planejamento. O resultado obtido foi positivo para ambas as perguntas já que todos consideraram que sempre realizam essas atividades. Para Dornelas (2007), os empreendedores de sucesso planejam cada passo de suas atividades no negócio em que estão envolvidos, sempre tendo como base a forte assimilação da visão da corporação para a qual trabalham. Constantemente, revisam seus planos, levando em conta os resultados obtidos e as mudanças circunstanciais. Risco Gráfico 5 Risco

46 Fonte: Pesquisa de campo (2014). A vocação para assumir riscos é uma das habilidades pessoais dos empreendedores, eles encaram o risco de maneira moderada e calculada fazendo de tudo para minimizá-lo, não afetando, dessa forma, o desenvolvimento da organização. Com relação ao risco, foram formuladas perguntas, nas quais a primeira questionava se os empreendedores costumam correr riscos calculados, ou seja, analisa tudo antes de agir e obteve como resultado para todos a opção sempre demonstrando que os empreendedores em questão estão dominando essa característica. A outra questão interrogou se eles procuram minimizar os riscos e a alternativa sempre recebeu todos os votos, comprovando assim que os empreendedores estão atentos aos riscos que eles correm e buscam reduzí-los. Segundo Dornelas (2007, p. 109), assumir riscos talvez seja a característica mais conhecida dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos calculados e sabe gerenciá-los avaliando as reais chances de sucesso. Dedicação: Gráfico 6 Dedicação I

47 Fonte: Pesquisa de campo (2014). Gráfico 7 Dedicação II Fonte: Pesquisa de campo (2014). A dedicação é também uma das características atribuídas ao empreendedor, visto que ao criar uma empresa eles devem dar uma atenção especial para aquela organização investindo, principalmente, tempo. Em relação a essa característica foram formuladas três questões, que avaliaram se os empreendedores são dedicados ao seu negócio. A primeira questão perguntou se os empreendedores procuram trabalhar com dedicação e determinação o resultado foi positivo já que todos assinalaram a opção sempre, a outra pergunta investigava se os empreendedores costumavam trabalhar mais de oito horas por dia, a resposta, conforme exposta no gráfico, foi sempre para os três empreendedores, constatando que eles ultrapassam o horário de trabalho convencional. Na última pergunta foi indagado aos empreendedores se eles se

48 consideravam persistentes, ou seja, não desistem fácil daquilo que desejam, o resultado obtido também foi sempre para todos. Sobre a dedicação Dornelas (2007) afirma que ela está ligada a satisfação pelo trabalho, ou seja, os empreendedores bem sucedidos são altamente determinados, comprometidos e se consideram apaixonados pelo que fazem. Visão Gráfico 8 Visão Fonte: Pesquisa de campo (2014). Em relação à visão buscou-se verificar se os empreendedores procuravam enxergar o que está à sua volta tendo uma visão ampla do seu negócio, os entrevistados responderam sempre para essa característica, constatando-se, assim, que os empreededores estão em conformidade com a realidade da prática empreendedora atual. Dornelas (2007) cita que esse profissionais têm visão de como será o futuro para o seu negócio e para sua vida, além de ter a habilidade necessária para implementar seus sonhos. Ainda sobre o tema, Dolabela (1999, p. 128) destaca que é necessário que o empreendedor tenha uma clara visão da organização e do gerenciamento da empresa (...).

49 Liderança: Gráfico 9 Liderança (I) Fonte: Pesquisa de campo (2014). Gráfico 10 Liderança (II) Fonte: Pesquisa de campo (2014). A liderança é também uma das características do empreendedor, um bom líder sabe motivar a equipe e direcioná-la ao alcance dos objetivos da organização. Nessa perspectiva, foram elaboradas três perguntas aos empreendedores. A primeira questionava se eles procuravam ter um bom relacionamento profissional e social com seus colaboradores, pelas respostas obtidas pode-se concluir que sim, já que todos assinalaram a opção sempre. A segunda pergunta analisava se os empreendedores procuravam motivar seus colaboradores, de acordo com o gráfico todos afirmaram como sempre, ou seja, existe sim uma preocupação em relação à motivação dos

50 colaboradores em todas as empresas estudadas. Já a terceira pergunta, que verificou se os empreendedores procuravam ser paciente e buscavam ouvir os outros, concluiu-se, após a análise do gráfico, que a maioria dos respondentes escolheram a opção às vezes demonstrando uma certa limitação nessa característica. Mesmo sabendo que os entrevistados possuem características empreendedoras é preciso melhorar esse aspecto, visto que, saber ouvir, principalmente os próprios colaboradores que estão diretamente ligados ao processo produtivo da empresa, é de fundamental importância para o desenvolvimento do negócio. Dornelas (2007) alega que os empreendedores têm um senso de liderança incomum. Eles sabem valorizar, estimular e recompensar seus subordinados e por isso ganha o respeito e a admiração deles, formando com isso um time em torno de si. Inovação: Gráfico 11 Inovação Fonte: Pesquisa de campo (2014). A última característica analisada foi sobre a inovação, essa característica é de fundamental importância para o empreendedor, já que, em um mercado cada vez mais competitivo, é preciso se destacar dos demais oferecendo produtos e serviços que proporcionem um diferencial ao mercado de atuação. Com o intuito de identificar se a inovação é uma característica presente no perfil dos empreendedores em estudo foram elaboradas duas questões. Uma delas investigava se os empreendedores buscavam incessantemente inovar em seus serviços

51 como uma forma para o crescimento da organização e a resposta obtida foi sempre para todos os empreendedores, dessa forma, conclui-se que eles inovam continuamente em suas atividades. A outra questão verificou se os empreendedores incentivam a inovação dentro de suas organizações, o gráfico demonstra que dois deles assinalaram frequentemente e um assinalou sempre comprovando que essa prática é comum nas empresas pesquisadas. De acordo com Dornelas (2003, p. 17), a inovação tem a ver com a mudança, fazer as coisas de forma diferente, de criar algo novo, de transformar o ambiente onde se está inserido. É algo mais abrangente que apenas a comum relação que se faz com a criação de novos produtos ou serviços.

52 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo analisar e identificar as características dos empreendedores de sucesso em três microempresas de facção no município de Fortaleza CE. Na qual teve como base a definição de uma situação problema em que consistiu responder quais as características que compõem o perfil dos empreendedores de sucesso em microempresas de facção em Fortaleza CE. Os resultados apresentados nesse trabalho mostram que as facções estudadas surgiram devido à observação, por seus fundadores, de uma oportunidade no mercado. Elas trabalham com fornecedores fixos que lhes garantem abastecimento de peças o ano todo, fato considerado pelos entrevistados como um dos principais responsáveis pelo bom desenvolvimento do negócio, além de poder contar com uma boa equipe de colaboradores. A partir da análise do questionário foram comprovadas características inerentes ao perfil dos empreendedores estudados. Em relação ao planejamento, foi identificado que os empreendedores consideram fundamental realizar um planejamento periódico que embasará a tomada de decisão deles. Os entrevistados trabalham os riscos de uma forma que possam diminuí-los, sempre calculando todas as variáveis antes de agir. São empreendedores dedicados aos seus empreendimentos, pois sabem que o sucesso deles depende diretamente de suas atitudes. Esses microempreendedores procuram sempre se relacionar bem com os envolvidos no seu negócio, principalmente com os seus fornecedores. Possuem uma boa visão de negócios e buscam sempre o aprendizado. Observou-se que, em relação à liderança, os empreendedores buscam motivar seus colaboradores sempre mantendo um bom relacionamento com eles. Na questão relacionada à oportunidade observou-se que a maioria dos empreendedores não costuma sempre está atentos às oportunidades no mercado em que atuam. A observação das oportunidades é de grande valia para os empreendedores que almejam alcançar o sucesso em seus empreendimentos. Na característica inovação, no aspecto de incentivar a sua prática dentro da organização, duas afirmaram que frequentemente fazem isso, necessitando de um aperfeiçoamento nesse sentido. Conclui-se então esse trabalho sugerindo que estudos futuros analisem de forma mais ampla esses tipos de empreendimentos, buscando verificar quais as

53 condições de trabalho enfrentadas por esses empreendedores, bem como a causa do insucesso da maioria deles.

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59 APÊNDICE A CARTA DE APRESENTAÇÃO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS MONOGRAFIA CONCLUSÃO DE CURSO CARTA DE APRESENTAÇÃO Fortaleza, de de 2014. À XXXXXXXXX Fortaleza CE Senhor (a) dirigente, Venho através desta, solicitar apoio e colaboração para a realização da minha monografia, cujo tema é Analise do perfil do empreendedor em microempresas de facção em Fortaleza - CE. Este trabalho tem por objetivo geral analisar e identificar quais as características que compõem o perfil do empreendedor de sucesso nas microempresas de facção. Anexo a essa carta existem dois roteiros para entrevista que busca conhecer e caracterizar as empresas e os empreendedores em estudo. Além de um questionário que tem como objetivo analisar o perfil empreendedor dos microempresários. Garantimos o sigilo total das informações prestadas e que elas serão utilizadas apenas para fins acadêmicos. Agradecemos antecipadamente Rodrigo de Moura Gomes Orientando Estudante Prof.ª Monica Helena Gurgel Barroso Orientadora da Monografia Faculdade Cearense Bacharelado em Administração de Empresas