Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras. Relatório Final. ipea denatran DEZEMBRO, 2006



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Transcrição:

Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras ipea denatran DEZEMBRO, 2006 Relatório Final

GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Ministro Paulo Bernardo Silva IPEA INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA Presidente Luiz Henrique Proença Soares Diretor de Estudos Regionais e Urbanos Marcelo Piancastelli de Siqueira MINISTÉRIO DAS CIDADES Ministro Márcio Fortes de Almeida DENATRAN DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO Diretor Alfredo Peres da Silva PROMOÇÃO DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito EXECUÇÃO IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada / Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos SUPORTE GERENCIAL ANTP Associação Nacional de Transportes Públicos CONSULTORIAS TecnoMetrica Estatística Ltda. APOIO INSTITUCIONAL DPRF - Departamento de Polícia Rodoviária Federal SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde CLAVES - Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli / ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública / Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz

AGRADECIMENTOS Pelo apoio técnico e logístico durante a execução do Projeto, isentando-os de qualquer responsabilidade pelos procedimentos adotados e resultados obtidos. Ana Rita Speziali Ladeira Cotta DER/DF Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal Aurenir Lima da Silva DERT/CE Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes do Ceará Carlos Gurgulino Bertiol Advogados Dalton Guimarães Empresa Vitória/Ceará Edson Gaspar Denatran/Ministério das Cidades Departamento Nacional de Trânsito Érico Michels ATM/Porto Alegre Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Porto Alegre Eugênia Maria S. Rodrigues OPAS Organização Pan-Americana da Saúde Felipe Paulino Tavares DPRF Departamento de Polícia Rodoviária Federal Inês Azevedo TecnoMetrica Estatística Ltda. Ivaneide da Paixão Nonato DPRF/PA Departamento de Polícia Rodoviária Federal do Pará José Nivaldino Rodrigues DPRF Departamento de Polícia Rodoviária Federal José R. R. Góes Consultor Brasília Josiene Germano Concessionária Intervias Lívio Adelino de Lima Fundação Sistêmica Ailton Brasiliense Ex-Diretor do DENATRAN

Luís Mário Magalhães Sá ATP/Porto Alegre Associação dos Transportadores de Porto Alegre Luiz Fernando Teixeira de Barros Deinfra/Santa Catarina Departamento Estadual de Infra-Estrutura de Santa Catarina Maísa Tobias UFPA Universidade Federal do Pará Major Jurandir Gaidukas Polícia Militar Rodoviária de São Paulo Margarida H. Pinto Coelho IPEA/DIRUR Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Marta Maria Alves da Silva SVS/Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Osvaldo Luiz Pereira da Silva DER/PR Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná Régis Tavares DERT/CE Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras Relatório Final Brasília : IPEA/DENATRAN/ANTP, 2006. 242 p. : 32 gráfs., 63 tabs. 1. Acidentes de Trânsito. 2. Rodovias Brasileiras. 3. Custos. 4. Impactos Sociais dos Acidentes 5. Impactos Econômicos dos Acidentes. 6. Brasil. I. Instituto de Pesquisa Ecônomica Aplicada. II. Departamento Nacional de Trânsito. III. Associação Nacional de Transportes Públicos.

EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO UNIDADE DE GERENCIAMENTO DO PROJETO (UGP) Iêda Maria de Oliveira Lima Consultora - Coordenadora do projeto e técnica aposentada do IPEA Patrícia Alessandra Morita Técnica do IPEA/DIRUR Coordenadora Adjunta do Projeto Maria Ângela Cavalcanti Oliveira Técnica do Ministério das Cidades Sonia Rodrigues Haddad Técnica do Ministério das Cidades José Hamilton Bizarria Técnico do IPEA/DIRUR Marcelo Teixeira da Silveira Assistente Técnico Fátima G. Cavalcante Claves/ENSP/Fiocruz Colaboradora Camillo de Moraes Bassi Técnico do IPEA/DISOC colaborador eventual Herton Ellery Araújo Técnico do IPEA/DISOC colaborador eventual Marcelo Abi-Ramia Caetano Técnico do IPEA/DIRUR colaborador eventual Alexandre Ywata Carvalho Técnico do IPEA/DIRUR colaborador eventual Douglas Pereira Pedra (até dezembro/2005) Ex-Técnico do IPEA/DIRUR Ex-Coordenador Adjunto do Projeto

APOIO TÉCNICO Ana Maria Siqueira e Sousa Secretária Executiva do Projeto (out/05 a out/06) Humberto Watson Bastos Assistente Técnico IPEA/DIRUR Alba Lúcia de Brito Machado Secretária Executiva (jul/05 a ago/05) Virgínia Sobreira Sasse Secretária Executiva (set/05) Francesca Emmanuelle Leite Viana Abreu Assistente de Pesquisa (set/05 a mar/06) ANTP Associação Nacional de Transportes Públicos Cássia Maria Guimarães Rollo Gerente Administrativo-Financeira Elizabete Paz Souza Vieira Secretária do Superintendente CONSULTORES José Aroudo Mota (especial) Custos e Disposição a Pagar Breno Magro Economia e Controle de Custos do Projeto Edmir Simões Moita Revisão Técnica José Alex Sant Anna Trânsito e Engenharia de Segurança Viária Júlia Greve Medicina e Reabilitação Pós-traumática Sebastião de Amorim Teoria de Amostragem e Métodos Estatísticos e Computacionalmente Intensivos

CONSELHO DE ACOMPANHAMENTO DO PROJETO (CAP) MEMBROS MINISTÉRIO DAS CIDADES DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - DENATRAN Edson Gaspar (Titular) Ítallo Marques Filizola (Suplente) Jânio Alcântara Silva (Suplente) Carlos Eduardo Fini Leitão (Titular até nov/05) Manoel Victor de Azevedo Neto (Suplente até nov/05) MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DO EXÉRCITO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO Major Marcelo de Carvalho Prates (Titular) Major André Kuhn (Suplente) MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - IPEA Marcelo Piancastelli de Siqueira (Titular) José Aroudo Mota (Suplente) MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL COORDENAÇÃO GERAL DE ESTATÍSTICA Eduardo da Silva Pereira (Titular) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 5ª CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO (PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL) Marta Ligia de Freitas Vieira (Titular) Carlos Alberto de Oliveira Lima (Titular até nov/05) MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Marta Maria Alves da Silva (Titular) Eduardo Marques Macário (Suplente) Eugênia Maria Silveira Rodrigues (Suplente até nov/05) MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES SECRETARIA EXECUTIVA Waldemar Fini Júnior (Titular) Edson Dias Gonçalves (Suplente) DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT Meyre Francinete Araújo Bastos (Titular) Elmar Pereira Melo (Suplente) DEPARTAMENTO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL/MJ José Nivaldino Rodrigues (Titular) Antônio Passos de Souza (Suplente) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONCESSIONÁRIAS DE RODOVIAS - ABCR Moacyr Servilha Duarte (Titular) Nelson Alves Paschoal Filho (Suplente)

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS DEPARTAMENTOS ESTADUAIS DE ESTRADAS DE RODAGEM ABDER Paschoal Tristan Vargas Sobrinho (Titular) Mônica Soares Velloso (Suplente) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA ABIQUIM Gisette Nogueira (Titular) José Eduardo Sartor (Suplente) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DE TRÁFEGO ABRAMET Fábio Ford Feris Racy (Titular) Alberto Francisco Sabbag (Suplente) ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES ANPET Marilita G. C. Braga (Titular) Luis Antônio Lindau (Suplente) ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS ANTP Marcos Pimentel Bicalho (Titular) Cristina Baddini (Titular até nov/05) AUTOBAN CONCESSIONÁRIA DO SISTEMA CCR Marcelo Teixeira (Titular) CENTRO DE EXPERIMENTAÇÃO E SEGURANÇA VIÁRIA CESVI BRASIL José Antônio Oka (Titular) José Aurélio Ramalho (Suplente) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS CNM Paulo Roberto Ziulkoski (Titular) Augusto Braun (Suplente) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE CNT Bruno Batista de Barros Martins (Titular) Sandra Rejanne de Alencar Bezerra (Suplente) ASSOCIAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE DE CARGAS E LOGÍSTICA NTC Edmara Claudino (Titular) Alexandre Peres (Suplente) Alfredo Peres da Silva (Titular até nov/05) Orlando Moreira (Suplente até nov/05) PAMCARY LOGÍSTICA Darcio Centoducato (Titular) SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA SBOT Marcus Esner Musafir (Titular) Aloísio Fernandez Bonavides Jr. (Suplente) ESPECIALISTAS Gustavo Velloso Área: Medicina (Titular) Weldson Muniz - Área: Medicina (Suplente) Eugênia Maria Silveira Rodrigues Área: Medicina (Titular) Marcel Bursztyn Área: Meio Ambiente (Titular) Magda Wehrmann Área: Meio Ambiente (Suplente) Carlos Gurgulino de Sousa Área: Direito (Titular) José Cechin Área: Economia (Titular) Edmir Simões Moita Área: Economia (Titular)

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...19 BLOCO I FUNDAMENTOS CONCEITUAIS E CONTEXTUALIZAÇÃO DOS ACIDENTES NAS RODOVIAS BRASILEIRAS: REGISTRO E CONDIÇÃO DE ANÁLISE DOS IMPACTOS VISÍVEIS E INVISÍVEIS 1 INTRODUÇÃO...23 2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES...25 2.1 ANATOMIA, MORFOLOGIA E ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DE UM ACIDENTE...25 2.1.1 Anatomia do acidente...26 2.1.2 Morfologia do Acidente...27 2.2 ESTRUTURA BÁSICA DA FUNÇÃO DE CUSTOS DOS ACIDENTES...28 2.3 OS CONCEITOS DOS COMPONENTES DE CUSTOS DOS ACIDENTES...28 2.3.1 Custos associados às pessoas...28 2.3.2 Custos associados aos veículos...29 2.3.3 Custos institucionais...29 2.3.4 Custos associados à via e ao ambiente do local de acidente...29 2.4 OUTROS CUSTOS NÃO-VALORADOS...29 2.4.1 Seqüelas invisíveis dos acidentes de trânsito...30 2.4.2 Danos ao meio-ambiente Acidentes com produtos químicos...31 3 PAINEL DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO...33 3.1 DAS RODOVIAS FEDERAIS...33 3.1.1 Dados gerais dos acidentes...34 3.1.2 Sobre os condutores envolvidos...39 3.1.3 Sobre os veículos e os tipos de cargas...41 3.1.4 Sobre a gravidade dos acidente...42 3.2 DAS RODOVIAS ESTADUAIS...49

4 DISPONIBILIDADE E COMPARABILIDADE DAS FONTES DE DADOS SOBRE ACIDENTES DE TRÂNSITO NAS RODOVIAS BRASILEIRAS...51 4.1 RODOVIAS FEDERAIS...51 4.2 RODOVIAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS...52 4.2.1 SINET...52 4.2.2 Rodovias do Estado de São Paulo...53 4.2.3 Rodovias estaduais sob jurisdição do governo do Rio Grande do Sul...54 4.2.4 Rodovias estaduais sob jurisdição do governo de Santa Catarina...55 4.2.5 Rodovias estaduais sob jurisdição do governo do Paraná...55 4.2.6 Rodovias estaduais sob jurisdição do governo do Distrito Federal...56 4.2.7 Rodovias estaduais sob jurisdição do governo do Espírito Santo...57 4.2.8 Rodovias estaduais sob jurisdição do governo do Ceará...58 4.3 CONCLUSÕES...59 BLOCO II REFERENCIAIS METODOLÓGICOS 5 LEVANTAMENTO DE DADOS...64 5.1 Identificação e análise exploratória dos bancos de dados...64 5.2 Pesquisa Piloto...64 5.3 Pesquisa Definitiva...66 6 METODOLOGIA DE CÁLCULO DOS CUSTOS DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO...67 6.1 DECOMPOSIÇÃO DOS ACIDENTES EM COMPONENTES ELEMENTARES DE CUSTO...67 6.2 ESTIMAÇÃO DOS CUSTOS MÉDIOS DOS COMPONENTES ELEMENTARES DE CUSTO E DOS ACIDENTES...71 6.2.1 Custos Médios dos Componentes Elementares de Custo...72 6.2.2 Custo Médio Padrão do Acidente...73 6.3 DO PLANO AMOSTRAL...73 6.3.1 Definição Preliminar dos Tamanhos Amostrais por Componente Elementar de Custo...73 6.3.2 Seleção da Amostra no Primeiro Estágio...75 6.3.3 Seleção da Amostra no Segundo Estágio...78 6.4 O MARCO DE CONTROLE DAS FUNÇÕES DE CUSTOS...79 7 CÁLCULO DOS CUSTOS AMOSTRAIS...79 7.1 CUSTOS ASSOCIADOS ÀS PESSOAS...79

7.1.1 Cuidados em Saúde...79 7.1.2 Perda de Produção...87 7.1.3 Remoção de vítima fatal e translado...88 7.1.4 Gastos Previdenciários e de Seguradoras...89 7.2 CUSTOS ASSOCIADOS AOS VEÍCULOS...93 7.2.1 O agrupamento por tipo de veículos...93 7.2.2 O valor do veículo...94 7.2.3 Valor dos danos materiais aos veículos...95 7.2.4 Perda de carga...95 7.2.5 Remoção do veículo acidentado/pátio...96 7.2.6 Reposição do veículo...97 7.3 CUSTOS ASSOCIADOS À VIA E AO AMBIENTE...97 7.3.1 Danos à propriedade pública...97 7.3.2 Danos à propriedade privada...98 7.4 CUSTOS ASSOCIADOS ÀS INSTITUIÇÕES...98 7.4.1 Custo do atendimento policial...98 8 DA EXPANSÃO E EXTRAPOLAÇÃO DOS CUSTOS...99 8.1 RODOVIAS FEDERAIS...99 8.2 RODOVIAS ESTADUAIS... 101 8.3 RODOVIAS MUNICIPAIS... 102 9 PERCEPÇÃO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR: A REGRESSÃO DE POISSON... 104 BLOCO III OS RESULTADOS: NÚMEROS, ANÁLISE E CONCLUSÕES 10 RESULTADOS GERAIS DA AMOSTRA DOS BOLETINS DE ACIDENTES DE TRÂNSITO... 107 10.1 AMOSTRA PRELIMINAR PRIMEIRO ESTÁGIO... 107 10.2 SUBAMOSTRA PARA ENTREVISTAS SEGUNDO ESTÁGIO... 109 10.3 PESQUISAS DE MERCADO... 109 11 DA ATRIBUIÇÃO DE CUSTOS... 109 11.1 CUSTOS MÉDIOS POR COMPONENTES ELEMENTARES DE CUSTO... 109

11.1.1 Exploração dos custos médios por componentes elementares segundo a gravidade dos acidentes... 111 11.2 RESULTADOS DA ATRIBUIÇÃO DOS CUSTOS... 113 11.2.1 Rodovias federais... 113 11.2.2 Rodovias estaduais Grupo 1... 129 11.2.3 Rodovias estaduais Grupo 2... 130 11.2.4 Rodovias municipais... 130 11.2.5 Custos totais das rodovias federais, estaduais e municipais... 131 12 ANÁLISE E CONCLUSÕES... 131 12.1 SOBRE O PROCESSO E OS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO... 131 12.1.1 Do processo de identificação, coleta e tratamento dos dados... 131 12.1.2 O teste dos procedimentos de campo (pesquisa piloto) e seus resultados... 132 12.1.3 A pesquisa de campo definitiva e seus resultados... 133 12.2 SOBRE O PROCESSO E OS RESULTADOS DA ATRIBUIÇÃO DOS CUSTOS... 134 12.2.1 Do Processo De Atribuição Dos Custos... 134 12.2.2 Dos Resultados Da Atribuição Dos Custos... 134 13 PERCEPÇÃO DA DISPOSIÇÃO A PAGAR (DAP)... 142 BLOCO IV INDICATIVOS PARA A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚLICAS 14 INDICATIVOS PARA A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS... 149 APÊNDICES...153 ANEXO...223 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...235

ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 Mortos e feridos a cada 1.000 acidentes nas rodovias federais em 2004 e 2005... 35 FIGURA 2 FIGURA 3 Mortos e feridos nos acidentes de trânsito ocorridos nas rodovias federais nos anos de 2004 e 2005... 35 Distribuição percentual horária dos acidentes nas rodovias federais, por gravidade 2004... 39 FIGURA 4 Estatísticas das mortes de pedestres em acidentes nas rodovias federais 2004... 46 FIGURA 5 Estatísticas dos acidentes com moto, participação percentual... 47 FIGURA 6 Esquema simplificado da metodologia... 63 FIGURA 7 Decomposição Primária dos Acidentes... 68 FIGURA 8 Decomposição Secundária dos Acidentes... 69 FIGURA 9 Decomposição Terciária dos Acidentes: pessoas e veículos... 69 FIGURA 10 Decomposição Terciária dos Acidentes: via/ambiente e institucionais... 70 FIGURA 11 Histograma do custo associado ao dano ao veículo... 72 FIGURA 12 Custos totais dos acidentes nas rodovias federais, por gravidade do acidente, 01/jul/04 a 30/jun/05 R$ bilhão de dez/05...118 FIGURA 13 Custos médios do acidente, segundo a sua gravidade, nas rodovias federais, 01/jul/04 a 30/jun/05 R$ mil de dez/05...118 FIGURA 14 Participação percentual dos componentes primários de custo, associados à pessoa, ao veículo e outros, no custo total dos acidentes nas rodovias federais, 01/jul/04 a 30/jun/05...119 FIGURA 15 Custo médio do acidente nas rodovias federais, por tipo de veículo envolvido, 01/jul/04 a 30/jun/05 - R$ mil de dez/05...121 FIGURA 16 Custo total dos acidentes nas rodovias federais, por tipo de veículo envolvido, 01/jul/04 a 30/jun/05 - R$ milhão de dez/05...122 FIGURA 17 Custo total dos componentes de custo dos acidentes de trânsito nas rodovias federais - 01/jul/04 a 30/jun/05 - R$ bilhão de dez/05...123 FIGURA 18 Custo total dos acidentes nas rodovias federais, por região geográfica 01/jul/04 a 30/jun/05 - R$ bilhão de dez/05...124 FIGURA 19 Custo médio do acidente por região geográfica, nas rodovias federais, 01/jul/04 a 30/jun/05 R$ mil de dez/05...124

FIGURA 20 Custo Total dos acidentes nas rodovias federais, por unidade da federação 01/jul/04 a 30/jun/05 - R$ milhão de dez/05...125 FIGURA 21 Custo médio do acidente, por unidade da federação 01/jul/04 a 30/jun/05 - R$ mil de dez/05...125 FIGURA 22 Média de vítimas (ferido+morto) por acidente, por UF (unidades) - 01/jul/04 a 30/jun/05...126 FIGURA 23 Custo total dos acidentes de trânsito em rodovias estaduais, por UFs do Grupo 1 - R$ bilhão de dez/05...129 FIGURA 24 Custos médios de um acidente de trânsito em rodovias estaduais, por UFs do Grupo 1 - R$ mil de dez/05...129 FIGURA 25 Custos totais dos acidentes de trânsito em rodovias estaduais, nos estados integrantes do Grupo 2 - R$ bilhão de dez/05...130 FIGURA 26 Comparação dos acidentes, mortes e feridos por acidente de trânsito no ano de 2004 nas rodovias do estado de São Paulo e às rodovias federais...137 FIGURA 27 Distribuição percentual da disposição a pagar dos entrevistados...143 FIGURA 28 Distribuição percentual dos entrevistados por grau de instrução...143 FIGURA 29 Disposição a pagar dos entrevistados com relação ao acidente...144 FIGURA 30 Disposição a Pagar em % do IPVA por Unidade da Federação...144 FIGURA 31 Não disposição a Pagar do entrevistado em relação com o acidente...144 FIGURA 32 Justificativas para a não disposição a Pagar...145

ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 Autoridades gestoras e operadoras de trânsito e transporte segundo o código de trânsito brasileiro... 23 TABELA 2 Extensão da rede rodoviária federal... 33 TABELA 3 Estatísticas dos acidentes de trânsito nas rodovias federais em 2004 e 2005 nº de acidentes, nº de envolvidos por gravidade das lesões, mortos, feridos e ilesos a cada 1.000 acidentes... 34 TABELA 4 Acidentes de trânsito por tipo nas rodovias federais 2004... 36 TABELA 5 Acidentes de Trânsito por Fatores Contribuintes 2004... 37 TABELA 6 Acidentes de Trânsito segundo as Condições do Tempo 2004... 37 TABELA 7 Acidentes de Trânsito, feridos e mortos segundo o nº de faixas da rodovia 2004... 38 TABELA 8 Acidentes de Trânsito segundo as fases do dia 2004... 38 TABELA 9 Acidentes de Trãnsito, feridos e mortos segundo o traçado da via 2004... 38 TABELA 10 dos condutores envolvidos em acidentes nas rodovias federais i) horas dirigindo; ii) gênero; iii) uso de cinto/capacete; iv) tempo de habilitação... 40 TABELA 11 Tipos de veículos envolvidos em acidentes nas rodovias federais 2004... 41 TABELA 12 Presença de carga nos veículos envolvidos em acidentes nas rodovias federais 2004... 42 TABELA 13 Tipo de carga dos veículos envolvidos em acidentes nas rodovias federais 2004... 42 TABELA 14 Acidentes nas rodovias federais conforme a gravidade 2004... 43 TABELA 15 ranking de rodovias federais segundo os índices de periculosidade e de gravidade 2004... 43 TABELA 16 Tipo versus gravidade dos acidentes nas rodovias federais 2004... 44 TABELA 17 estatísticas de acidentes com veículos tipo caminhão, com ou sem carga 2004... 47 TABELA 18 estatísticas dos acidentes de trânsito com carga, nas rodovias federais 2004... 48 TABELA 19 estatísticas de acidentes e mortes, nas treze rodovias federais com maior número de mortes, com e sem o envolvimento de caminhões... 48 TABELA 20 estatísticas de acidentes de trânsito nas rodovias estaduais do grupo 1 2004... 49 TABELA 21 representação vetorial dos custos dos acidentes, em seus componentes elementares de custo... 70 TABELA 22 Simulação de estatísticas básicas sobre custos associados aos danos ao automóvel... 72

TABELA 23 estatísticas estimadas por especialistas dos componentes de custo... 74 TABELA 24 Unidades da federação pesquisadas, por região... 76 TABELA 25 Sumário resultados amostrais no primeiro estágio...77 TABELA 26 Amostra estratificada dos acidentes das UFs do Grupo 1... 77 TABELA 27 estatísticas básicas referentes aos bats amostrados em cada UF... 78 TABELA 28 Custos de atendimento, recursos humanos e transporte... 81 TABELA 29 Classificação da gravidade das lesões no local do acidente x pós-acidente... 84 TABELA 30 Valores da remoção/translado por faixas de distância... 89 TABELA 31 Custo de diária no pátio e de remoção de veículos... 96 TABELA 32 Custo médio padrão do acidente com vítima de seus componentes elementares de custos (R$ dez/05)...100 TABELA 33 extrapolação dos Custos para as rodovias estaduais e municipais...103 TABELA 34 Custos médios por componente elementar de custo, segundo gravidade e por ela ponderados...110 TABELA 35 estatísticas para aplicação de teste de hipóteses custos pré-hospitalares - R$ dez/05...112 TABELA 36 Contagem total por classe de pessoas e veículos nos acidentes...113 TABELA 37 Custos médios dos componentes elementares em acidentes sem vítima...114 TABELA 38 Custos médios dos componentes elementares em acidentes com vítimas...115 TABELA 39 Custos médios dos componentes elementares para acidentes com fatalidade...116 TABELA 40 Custos Totais nas rodovias Federais 01/jul/04 a 30/jun/05 (margem de erro estatístico: 3,73% com 95% de confiança)...117 TABELA 41 Custos dos acidentes, por gravidade do acidente, 01/jul/04 a 30/jun/05...117 TABELA 42 Custo total por componente primário: valor absoluto e percentual...118 TABELA 43 Custo por componente terciário, associado à pessoa: valor absoluto e percentagem...119 TABELA 44 Implicação média no custo total do acidente, associada a cada pessoa envolvida - R$ de dez/05...120 TABELA 45 Implicação média no custo total do acidente, associada a cada veículo envolvido R$ de dez/05...122 TABELA 46 Esquema simplificado de composição do custo padrão Gravidade do Acidente: Sem Vítima - R$ de dez/2005...126 TABELA 47 Esquema simplificado de composição do custo padrão Gravidade do Acidente: Com Vítima - R$ de dez/2005...127 TABELA 48 esquema simplificado de composição do custo padrão Gravidade do Acidente: Com Vítima Fatal -R$ de dez/2005...127 TABELA 49 Valores médios dos gastos previdenciários, segundo a condição do envolvido em acidentes de trânsito - R$ dez/05...128

TABELA 50 Valores totais dos gastos previdenciários, segundo a condição do envolvido em acidentes de trânsito nas rodovias federais - R$ dez/05...128 TABELA 51 Custos totais dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras - R$ dez/05...131 TABELA 52 dano material causado ao veículo: avaliação da PRF (pequena, média ou grande monta) x Avaliação do entrevistado (% do valor do veículo)...135 TABELA 53 Perda de carga: avaliação da PRF x declarada pelo entrevistado...135 TABELA 54 Gravidade das lesões: avaliação da PRF (local do acidente) x avaliação do projeto (pós-acidente) dados amostrais do componente cuidados em saúde...136 TABELA 55 Número de acidentes, mortos e feridos ocorridos no ano de 2004 nas rodovias federais e nas rodovias estaduais do estado de São Paulo...136 TABELA 56 Custo médio do atendimento pré-hospitalar R$ de dez/05...138 TABELA 57 Custos médios do atendimento hospitalar da amostra de feridos por acidente de trânsito, 01/jul/04 a 30/jun05 R$ de dez/05...138 TABELA 58 Custos médios do atendimento pós-hospitalar da amostra de feridos por acidente de trânsito, 01/jul/04 a 30/jun05 R$ de dez/05...139 TABELA 59 Custo total e médio segundo a gravidade das lesões...140 TABELA 60 Perda de Produção: Valores médios segundo a condição do afastamento x gravidade das lesões R$ dez/05 - resultados amostrais...140 TABELA 61 Perda de Produção: Valores médios segundo a condição do afastamento x gravidade das lesões (% de casos obtidos na amostra e número de dias de afastamento)...141 TABELA 62 Renda média amostral dos envolvidos, segundo a condição de afastamento das atividades produtivas...141 TABELA 63 Percentual de envolvidos segundo a situação de emprego...142

APRESENTAÇÃO Apraz-nos entregar ao público este livro, que é produto de uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Ipea/MPOG), e o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Ministério das Cidades. Esse esforço conjunto permitiu transformar dados avulsos e dispersos sobre os acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras em informações articuladas e imprescindíveis a tomadas de decisões e à formulação de políticas públicas, para enfrentar o desafio da redução das mortes, das seqüelas físicas e psicológicas de pessoas, além das perdas materiais decorrentes desses acidentes. Parte dessas informações foi aqui valorada monetariamente, e parte cuidadosamente qualificada segundo outros critérios. Disponibiliza-se também neste volume um novo método, de simples absorção, embora cientificamente complexo, para quantificação de custos dos acidentes de trânsito nas rodovias, fundamentado no princípio da decomposição do acidente em componentes elementares aditivos de custo, e no da transferibilidade do custo médio padrão de um acidente. O custo anual dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras alcançou a cifra de R$ 22 bilhões, a preços de dezembro de 2005 1,2% do PIB brasileiro. A maior parte refere-se à perda de produção, associada à morte das pessoas ou interrupção de suas atividades, seguido dos custos de cuidados em saúde e os associados aos veículos. Os números e as evidências reunidos nesta obra, assim como o rico instrumental metodológico nela contido, passarão a ser referência para toda e qualquer instituição, pública ou privada, interessada em fundamentar ações que reduzam a continuidade de tantos e tão graves acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras. Luiz Henrique Proença Soares Presidente do IPEA Alfredo Peres da Silva Diretor do DENATRAN

BLOCO I Fundamentos conceituais e contextualização dos acidentes nas rodovias brasileiras: registro e condição de análise dos impactos visíveis e invisíveis

Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras 1 INTRODUÇÃO O problema Acidentes de Trânsito tem sido incorporado ao cotidiano da vida das pessoas, silenciosa e assustadoramente. Conhecer melhor essa realidade, criando subsídios para a tomada de decisões e implementação de ações, é o primeiro passo para a mudança dessa cruel situação. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2002, quase 1,2 milhão de pessoas ao redor do mundo morreram em conseqüência de um acidente de trânsito nas rodovias. Isso representa, mundialmente, uma média diária de 3.242 mortes. Além dessas mortes, estima-se que entre 20 milhões e 50 milhões de pessoas no mundo saem feridas ou incapacitadas em decorrência de acidentes de trânsito nas rodovias, a cada ano. Esses números refletem somente os envolvidos diretos nos acidentes de trânsito. Reconhecer que, além desses, há indivíduos que, de maneira indireta, aproximam-se do problema familiares próximos dos acidentados, policiais rodoviários e outros agentes de controle do trânsito nas estradas, pessoal de emergência e de socorro, repórteres e o público que acompanha o noticiário, significa constatar que os números dos impactos dos acidentes alcançam uma dimensão epidêmica. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a segurança e a prevenção de acidentes de trânsito em rodovias federais são obrigações das autoridades gestoras e operadoras de trânsito e transporte: o Ministério das Cidades, por meio do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran); o Ministério dos Transportes, por intermédio do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT); e o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF); além dos Departamentos de Estradas de Rodagens (DERs) e Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans). TABELA 1 Autoridades gestoras e operadoras de trânsito e transporte segundo o código de trânsito brasileiro Ministério das Cidades Ministério dos Transportes Ministério da Justiça Governos Estaduais Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) Polícia Rodoviária Federal (PRF) Departamento de Estradas de Rodagem (DERs) e Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) Fonte: Código de Trânsito Brasileiro (CTB) O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) vem contribuindo, sistematicamente, para o debate desse tema e a formulação de propostas de políticas públicas, mediante a promoção de estudos sobre os impactos negativos do trânsito, como os congestionamentos, a poluição ambiental e os acidentes de trânsito. O projeto Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras é o terceiro módulo de uma linha de pesquisa do IPEA que procura quantificar os impactos negativos do trânsito. O primeiro estudo, concluído em 1998, Redução das Deseconomias Urbanas, com a Melhoria do Transporte Público focalizou impactos negativos dos congestionamentos. 23

Relatório Final O segundo estudo, intitulado Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Aglomerações Urbanas, realizado entre os anos 2001 e 2003, foi voltado para a quantificação dos custos dos acidentes de trânsito em áreas urbanas e concluiu por perdas anuais da ordem de R$ 5,3 bilhões em 2001 (preços de abril de 2003). Essa pesquisa estimou, ainda, os custos médios unitários em R$ 3,3 mil, para os acidentes de trânsito sem vítimas, R$ 17,5 mil para os acidentes com feridos, e R$ 144,5 mil para os acidentes com mortes. Esses estudos do IPEA foram desenvolvidos em conjunto com a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e tiveram o apoio do Denatran, do Ministério da Saúde, do Ministério dos Transportes, dentre outros. Foram criadas novas metodologias para estimar os custos dos congestionamentos e dos acidentes de trânsito nas áreas urbanas, as quais geraram subsídios para análise de viabilidade técnico-econômica de programas e projetos governamentais e privados. Tais resultados incentivaram o IPEA a propor uma nova parceria com o Denatran, para quantificar os custos dos acidentes nas rodovias brasileiras. Em linhas gerais objetivou-se, com este projeto, subsidiar a formulação de políticas públicas programas e ações voltadas para a redução da quantidade e, especialmente, da gravidade dos acidentes de trânsito no país. Especificamente, buscou-se: Definir metodologia para a coleta de dados e a estimativa de custos de acidentes de trânsito ocorridos em rodovias. Estimar os custos gerados pelos acidentes ocorridos nas rodovias brasileiras, por classe de rodovia, por região geográfica, por tipo de veículo e por gravidade do acidente. Estabelecer parâmetros de referência para os acidentes de trânsito ocorridos em rodovia, particularmente no que se refere aos seus custos. Indicar metodologia para assegurar a replicação do estudo, em anos posteriores. As fontes principais de informações deste estudo, que escolheu os acidentes ocorridos no 2º semestre de 2004 e 1º semestre de 2005, foram: i) O banco de dados Datatran e os Boletins de Ocorrência, ambos da Polícia Rodoviária Federal. O Datatran é um subsistema do Sistema BR-BRASIL, do Núcleo de Estatística do Departamento de Polícia Rodoviária Federal 1, do Ministério da Justiça, que é alimentado com os dados oriundos dos Boletins de Acidentes de Trânsito (BATs) lavrados por ocasião do atendimento aos acidentes nas rodovias federais. ii) Os bancos de dados dos registros de ocorrências de polícias estaduais de sete dos 27 estados da federação (Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo). iii) O banco de dados do Sistema Nacional de Estatísticas de Trânsito (Sinet) do Denatran. iv) Pesquisas complementares com os envolvidos nos acidentes no período. v) Pesquisas de mercado com as prestadoras de serviço para obtenção de preços praticados e de outras informações adicionais necessárias à composição dos custos. vi) Sistema de Informação de Morbimortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Além do apoio financeiro do Denatran/Ministério das Cidades, o projeto contou com o apoio institucional e técnico de um Conselho de Acompanhamento (CAP), composto por entidades públicas e privadas e de especialistas de reconhecida notoriedade técnica convidados pelo IPEA, que funcionou como fórum de discussão e de propostas de ajustes conceituais e metodológicos ao projeto. A execução do projeto contou com o apoio da ANTP, contratada pelo IPEA 2, e materializada em uma Unidade de Gerenciamento do Projeto, com suporte técnico do IPEA e do Ministério das 1 Coordenação Geral de Operações, Divisão de Planejamento Operacional, Núcleo de Estatística. 2 Contrato IPEA/ANTP Nº. 003/2005, firmado em 23 de maio de 2005, e seus termos aditivos. 24

Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras Cidades. As pesquisas de campo e o tratamento estatístico dos dados, assim como a atribuição de custos, estiveram a cargo da TecnoMetrica Estatística Ltda., com o suporte de consultores especialistas em estatística, medicina, economia, e acidentologia e segurança viária, por intermédio da ANTP. 2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES Neste estudo, foram adotados os conceitos e definições estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), da qual o Brasil é país membro. Em especial, registram-se as definições adotadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde Décima Revisão (CID-10). Assim, assume-se que acidente é um evento independente do desejo do homem, causado por uma força externa, alheia, que atua subitamente (de forma inesperada) e deixa ferimentos no corpo e na mente. Alternativamente, pode-se considerar um acidente um evento não intencional que produz ferimentos ou danos. Acidente de transporte é todo acidente que envolve um veículo destinado ou usado no momento do acidente, principalmente, para o transporte de pessoas ou de mercadorias de um lugar para outro. Observa-se que a OMS classifica os acidentes segundo o meio de transporte utilizado, destacando os pedestres e os veículos utilizados pelas vítimas, para depois, subclassificar as vítimas segundo seu papel no acidente (condutor, passageiro, pingente, etc.). Considera-se, pois, o veículo como o fator mais importante que deve ser identificado para fins de prevenção. Destaca-se que não são considerados acidentes de transporte os incidentes devidos a cataclismos, bem como agressão por colisão de um veículo, eventos intencionais e lesão autoprovocada intencionalmente. Via pública (via de trânsito, estrada, rodovia ou rua) é a largura total entre dois limites de propriedade de todo o terreno ou caminho aberto ao público, quer por direito, quer por costume, para a circulação de pessoas ou bens de um lugar para outro. Pista ou leito da via é a parte da via pública que é preparada, conservada e, habitualmente, usada para o trânsito de veículos. Acidente de trânsito é todo acidente com veículo ocorrido na via pública. Pedestre é toda pessoa envolvida em um acidente, mas que no momento em que este ocorreu não estava viajando no interior ou sobre um veículo a motor, trem em via férrea, bonde, veículo de tração animal ou outro veículo, ou sobre bicicleta ou animal. Incluem-se entre os pedestres as pessoas em cadeiras de rodas (inclusive as motorizadas), carrinhos de bebê, pessoas com carrinhos de mão ou exercendo qualquer atividade na via pública, tais como trocando pneu, consertando um veículo ou trabalhando na via. Condutor é o ocupante de um veículo que o manobra (dirige/guia) ou tem a intenção de manobrá-lo. Passageiro é todo ocupante de um veículo que não seja o condutor. Exclui pessoa viajando no exterior do veículo ou não ocupando local reservado normalmente ao condutor ou aos passageiros ou o local previsto para o transporte de mercadorias, esse normalmente identificado como pingente. 2.1 Anatomia, morfologia e aspectos socioculturais de um acidente O acidente de trânsito é uma realidade objetiva, que adquire expressão no pensamento e nas ações daqueles que o vivenciaram mais diretamente, seja na condição de vítimas, ou de parentes e amigos destas, ou ainda na de agentes institucionais, de atendimento, socorristas e de observadores circunstanciais. 25

Relatório Final A experiência que a humanidade vai adquirindo em decorrência das externalidades do trânsito e, mais particularmente, dos acidentes de trânsito, bem como a maneira pela qual eles (re)modelam a vida das pessoas de acordo com suas necessidades e desejos, tem sido cada vez mais mediada não só por um imaginário advindo da inundação de notícias, de imagens na televisão e nas redes de computadores, mas também pela própria experiência de se vivenciar seqüelas temporárias ou permanentes decorrentes de acidentes de trânsito ou a perda de um ente mais próximo. Como trabalhar empiricamente o simbólico contido em um acidente de trânsito, indo além do racional, de modo a se obter um comportamento da sociedade mais consciente? As ações em segurança viária e em educação de trânsito não se têm mostrado suficientes para evitar tantas perdas. O combate efetivo à guerra do trânsito passa pela conscientização do que representam os acidentes de trânsito para o indivíduo em si envolvido e para a sociedade, e pela compreensão das características, componentes, formas e, principalmente, dos desdobramentos de um acidente. Assim, além dos estudos comportamentais que visam à educação do trânsito e para o trânsito, a ciência busca também identificar a estrutura dos acidentes e suas partes separáveis, as formas dos acidentes e outros aspectos relacionados ao evento indesejável que se pretende eliminar. 2.1.1 Anatomia do acidente Figurativamente, a anatomia de um acidente trata da estrutura básica desse acidente, na procura das partes, da estrutura associada ao evento. Por estudo da anatomia de um acidente de trânsito entende-se a análise desse evento singular, para se conhecer os seus componentes básicos, separadamente; a estrutura de cada parte e os aspectos que lhe são inerentes, numa perspectiva pontual, instantânea, de forma estática a ocorrência fotografada. A anatomia de um acidente de trânsito, assim entendida como a identificação dos componentes básicos, compreende: a(s) pessoa(s) envolvida(s) feridos, mortos e pessoas sem ferimento algum, incluindo-se pedestres e transeuntes que venham a participar do acidente; o(s) veículo(s) envolvido(s) parcial ou totalmente destruídos; com pequenos problemas ou, ainda, sem dano algum; a via e o ambiente mobiliário, bens e propriedades públicas e privadas, além da via e seus equipamentos complementares, bem como as condições climáticas, iluminação, vegetação e tudo o mais que compõe o ambiente; o aparato institucional e os aspectos socioambientais legislação, fiscalização e gestão da circulação de bens e pessoas e administração da via e de seu entorno, bem como as regras não escritas e não oficiais aceitas pela maioria dos usuários, que venham a fazer parte de cultura regional e que possam influenciar nos acidentes. A separação em partes permite investigações mais aprofundadas, desde que cada componente esteja devidamente identificado em sua origem, de forma a permitir a reversão da linha de estudo e pesquisa, em se fazendo necessário. Assim, das pessoas emergem as condições socioeconômicas idade, sexo, nível de escolaridade, profissão, etc., numa perspectiva de decurso de tempo, a busca de informações sobre as circunstâncias antes e depois do acidente, mapeiam-se acontecimentos como as condições de resgate e os impactos decorrentes gravidade das seqüelas, óbito a posteriori, etc. Da observação e estudo das pessoas envolvidas nos acidentes podem-se quantificar os tempos e valores associados aos ferimentos tratados e as conseqüências do acidente em sua vida futura e de seus familiares, bem como ações e procedimentos tanto preventivos, para evitar ou minimizar riscos, como corretivos, para melhorar as ações de atendimento aos acidentes. 26

Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras Outras características dos acidentes estão além da investigação deste componente, valendo destacar nos acidentes os veículos envolvidos, quanto ao número, tipo, categoria e dano sofrido pequena, média ou grande monta, até perda total. Os acontecimentos pósacidente também podem ser mapeados tipo de medida adotada em relação à remoção do local do acidente, recolhimento a pátios ou oficinas, substituição por outro veículo, etc. O estudo posterior dos veículos envolvidos em um acidente, além de permitir medir os danos sofridos, quantificar os dispêndios com reparos, as perdas e os transtornos advindos de cada acidente, pode permitir identificar ações corretivas e preventivas na direção da redução dos efeitos do acidente, tanto em relação aos danos materiais como aos ferimentos e vítimas. Quanto à via e ao ambiente, que compreendem as condições físicas e ambientais no local do acidente tanto da infra-estrutura viária (pista simples, dupla, múltipla, trechos em tangente, curva, etc.) como do entorno, podem-se verificar os efeitos dos acidentes na deterioração do local, incluindo-se os impactos sobre a fauna a flora, recursos hídricos, etc., quantificá-los e avaliar seus custos, identificando os elementos que contribuíram para a ocorrência e gravidade do evento, de forma a propor medidas mitigadoras dos problemas. Quanto às partes institucional e socioambiental relacionam-se com os agentes envolvidos, que lidam durante e após o acontecimento, em suas atividades de fiscalização, controle, atendimento, socorristas, de policiamento, de apuração de responsabilidades, etc. Tratase também das referências legais que estabelecem condutas, direitos e deveres, penalidades, no âmbito das relações socioambientais, das regras e normas e dos procedimentos rotineiros na administração e gerenciamento da via e de seu entorno. O estudo anatômico do acidente, portanto, examina cada parte ou componente de cada acidente, permitindo avaliar os custos associados a cada um dos componentes examinados. O estudo anatômico, por outro lado, não se preocupa com a forma do acidente, ou seja, não busca examinar como aconteceu o acidente ou como normalmente se conhece, o tipo do acidente: se uma colisão frontal ou lateral, um capotamento ou tombamento. 2.1.2 Morfologia do acidente O estudo da morfologia de um acidente é campo de pesquisa que vai além da descrição das formas dos acidentes, buscando explicar as conexões existentes entre os diversos elementos, considerando a dinâmica do acidente, visualizando-o em uma dimensão temporal, estudando as forças atuantes durante o período em que o acidente ocorreu, os materiais, sua resistência e deformação, incluindo-se o que se poderia chamar de fisiologia dos materiais. Por exemplo, a identificação de elementos, fraturas e análises que indiquem a causa de um dano (pneus e rodas danificados, relacionando o vínculo do dano com a peça) se a suspensão de um veículo ficou danificada antes ou depois de um acidente são investigações que se situam no campo morfológico do acidente. Para compreender as formas que são reveladas mediante a observação, é necessário reunir, comparar e decifrar os padrões espaciais, temporais e culturais constatados buscando analisar a condição dos elementos/componentes envolvidos, a teia de relações que os unem e os processos que os ensejam e alteram. Esses elementos são agrupados entre os Aspectos Socioculturais associados a cada acidente. Dessa maneira, os elementos de um acidente de trânsito não são vistos como formas separadas, mas em íntimo e dinâmico inter-relacionamento. Depois de analisar os acidentes sob o aspecto morfológico, os aspectos socioculturais também são levados em consideração para que se tenha uma visão compreensiva de cada acidente. Deve-se, nesse caso, considerar a presença ou não do policiamento, os costumes de uma região, bem como o gerenciamento da via e a legislação em vigor e a capacidade e disposição da autoridade local em aplicá-la. 27

Relatório Final Esses aspectos morfológicos, bem como as características socioculturais, tendem a não influir nos custos. Essa assertiva é fácil de concluir dado que as despesas de oficina para a recuperação de um veículo danificado não têm relação com a forma do acidente, mas tão somente com os danos do próprio veículo. Da mesma forma, uma vítima de um acidente, no hospital, recebe apenas o tratamento destinado a um traumatizado, sem nenhuma associação com o tipo do acidente, mas tão somente relacionado aos traumas apresentados. Poder-se-ia estudar a relação existente entre alguns tipos de trauma e tipos de acidentes; entretanto, os resultados dessa relação dificilmente seriam úteis para a determinação de custos de acidentes, dado que esses custos se associam diretamente aos traumas e danos. Assim, a metodologia proposta no presente trabalho se concentra nos aspectos anatômicos do acidente, buscando diretamente a identificação dos custos associados a cada parte do acidente, para obter o valor de seu todo por adição. Para efeito de quantificação dos custos de acidentes, a metodologia descrita adiante confere ao trabalho um referencial inovador, passível de replicação/atualização. Por outro lado, a não identificação de um subcomponente ou a modificação na avaliação de custo de um outro, não altera o trabalho como um todo, dado que a metodologia, fundamentada no princípio da aditividade, permite acrescentar ou subtrair componentes, apenas com fundamentação de aspectos anatômicos, independentemente de considerações sobre a morfologia e de aspectos socioculturais associados aos acidentes. 2.2 Estrutura básica da função de custos dos acidentes A função de custos definida para estimativa dos impactos econômicos dos acidentes nas rodovias brasileiras ficou composta de quatro grupos de componentes de custos relativos: i) às pessoas; ii) aos veículos; iii) à via e ao ambiente onde ocorre o acidente; e iv) ao envolvimento de instituições públicas com o acidente, quer seja o seu atendimento direto ou outras atividades decorrentes do acidente como processos judiciais, por exemplo. Assim, a função global dos custos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras ficou definida como segue: Cacidente = Cpessoas + Cveículos + Cvia/ambiente + Cinstitucionais Sendo, Cpessoas = Ccuidados em saúde (Cpré-hospitalar + Chospitalar + Cpós-hospitalar) + Cperda de produção + Cremoção/translado Cveículos = Cdanos materiais ao veículo + Cperda de carga + Cremoção/guincho + Creposição Cvia/ambiente = Cdanos à propriedade pública + Cdanos à propriedade privada Cinstitucionais = Cjudiciais + Catendimento 2.3 Os conceitos dos componentes de custos dos acidentes 2.3.1 Custos associados às pessoas Custo do atendimento pré-hospitalar: atendimento da vítima por unidades dotadas de equipamentos especiais, com veículos e profissionais especializados (ambulâncias, bombeiros, médicos, etc.). Custo do atendimento hospitalar: soma dos custos do atendimento médico hospitalar do paciente não internado e do paciente internado na Unidade de Terapia Intensiva e/ou Enfermaria. Custo pós-hospitalar: a soma dos custos com reabilitação, para os casos de seqüela 28

Impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras temporária ou definitiva, com procedimentos, medicamentos, transporte, equipamentos e outros. Custo da perda de produção: é o custo correspondente às perdas econômicas das vítimas de acidente que, em decorrência da interrupção das suas atividades produtivas, deixam de gerar renda e produção ao sistema econômico. Custo de remoção/translado: custo de remoção da vítima fatal ao Instituto Médico Legal (IML); e custo de translado terrestre ou aéreo da vítima fatal do IML/hospital ao local do funeral. Gasto previdenciário: é a soma dos custos incorridos: i) à empresa, relativos ao valor da previdência, pago por ela, em um período de até 15 dias de afastamento do trabalho em decorrência de um acidente de trânsito; ii) sobre a previdência social, em virtude do afastamento, temporário ou definitivo, do trabalhador em decorrência de um acidente de trânsito; e iii) sobre as seguradoras seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre). 2.3.2 Custos associados aos veículos Custo dos danos materiais aos veículos: custo de recuperação dos veículos danificados em acidentes de trânsito. Custo de perda de carga: o custo de avaria da carga que estava no veículo envolvido em acidente. Custo de remoção/guincho de veículos: custo de remoção do veículo e diárias de pátio de armazenamento. Custo de reposição: despesa incorrida pela substituição do veículo, no período em que ele ficou sem condições de uso. 2.3.3 Custos institucionais Custo de processos judiciais: custo do funcionamento da estrutura judicial em função do atendimento às questões referentes aos acidentes de trânsito. Custo do atendimento policial: soma dos custos do tempo dos policiais rodoviários, da utilização de veículos para atendimento no local do acidente e do deslocamento para hospital ou delegacia. 2.3.4 Custos associados à via e ao ambiente do local de acidente Custo dos danos à propriedade pública: custo de reposição/recuperação de mobiliário ou equipamentos danificados ou destruídos em função de acidentes nas rodovias. Custo dos danos à propriedade privada: custo de recuperação de propriedades particulares danificadas em função de acidentes de trânsito. 2.4 Outros Custos Não-Valorados Todo esforço e empenho na revelação científica, objetiva e insofismável, contida na valoração dos componentes quantificáveis disponíveis neste projeto, não diminui a importância de outros impactos que sublinham a magnitude gigantesca da dimensão não quantificável, sem tradução monetária, das perdas humanas e ambientais associadas aos acidentes de trânsito. São custos decorrentes das perdas de vida ou de lesões permanentes que impossibilitam uma vida normal, que incidem tanto sobre os envolvidos nos acidentes quanto sobre as pessoas de suas 29

Relatório Final relações. Esses custos são impossíveis de mensurar; mas, quando existem, na maioria das vezes, superam os demais. Como são imensuráveis, não serão considerados neste trabalho. No entanto, não se deve perder de vista o fato de que os custos aqui encontrados são sempre menores do que os custos realmente incorridos. Dessa forma, pretende-se contribuir para a humanização do trânsito no Brasil e para que vidas humanas preciosas sejam poupadas. Afinal, são ao redor de 300 acidentes diários, com cerca de 1.200 pessoas envolvidas, entre mortos, feridos e ilesos no Brasil. 2.4.1 Seqüelas invisíveis dos acidentes de trânsito Os impactos do estresse pós-traumático de um acidente na pessoa vitimada e nas suas relações familiares e sociais, embora sejam de difícil quantificação, necessitam ser identificados e caracterizados, pois evidenciam a amplitude da violência dos acidentes. Os indivíduos envolvidos em acidentes de trânsito, em especial nas rodovias, em condições de distanciamento físico do atendimento e do resgate, desenvolvem um quadro de co-morbidade onde a depressão e a ansiedade são as conseqüências mais freqüentemente descritas no cenário internacional. Essa realidade impeliu a uma análise mais cuidadosa desse impacto no contexto de um projeto que pretendia estimar os impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias. 2.4.1.1 Caracterização dos tipos e gravidade do estresse pós-traumático O estudo sobre o estresse associado a acidentes de trânsito baseia-se nas contribuições das professoras portuguesas da Universidade do Minho, cidade de Porto, Maia e Pires (2006). A reação ao estresse é uma resposta neuroquímica e neurofisiológica do nosso cérebro ao perceber que está em perigo. É uma resposta fisiológica, extremamente adaptativa e adequada, com liberação de hormônios e que nos permite sobreviver. No acidente de trânsito, a reação pode ser vivida como uma experiência traumática dependendo das condições e conseqüências do acidente, da ocorrência de perdas de vida, da responsabilidade pela perpetração do acidente, o que aumenta a probabilidade de perturbação mental, a depender de fatores de risco ou de fatores protetores. Há pessoas mais vulneráveis para viverem situações de trauma do que outras. Observa-se entre os fatores de risco que quanto pior for a história pregressa da pessoa, quanto maior for sua exposição à violência ou a formas crônicas de sofrimento ao longo da vida, mais grave será sua reação ao estresse intenso e maior será o risco de desenvolver perturbação mental. Vítimas de violência doméstica, vítimas de maus-tratos, abuso ou negligência nos primeiros anos de vida, pessoas com história de estresse acumulado, terão o sistema de regulação do estresse completamente alterado, o que vai comprometer a chance de uma resposta adequada ao estresse. Por outro lado, há pessoas que vão lidar melhor com as experiências negativas, que vão demonstrar mais competência, maior auto-estima, sentimentos de auto-eficácia, revelando-se mais positivas em relação à vida, com capacidade de dar significado às experiências. Os fatores protetores e resilientes são aqueles que amenizam a reação ao estresse, reduzem a chance de perturbação e podem até gerar o crescimento pós-traumático, com mudanças de valores e uma nova atitude de maior valorização da vida. A primeira queixa das pessoas depois de um acidente rodoviário é dificuldade de concentração e memória, menor funcionamento intelectual, menor capacidade de diferenciar o que é ou não importante, de manter autocontrole, com lembranças recorrentes do acidente e, muitas vezes, sentimentos de culpa por causa do acidente, o que traz um custo laboral significativo, pois muitas delas ficam sem condições de trabalhar. Na prática, algumas pessoas passam a viver embrulhadas no acidente rodoviário. 30