Manual de instruções e roteiros de laboratório

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Transcrição:

Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Exatas Departamento de Química CQ 122 - Química Analítica Instrumental II Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Química Manual de instruções e roteiros de laboratório Prof. Claudio Antonio Tonegutti Curitiba Fevereiro, 2017.

Orientações gerais para as práticas realizadas no laboratório Segurança no laboratório Nas aulas práticas os estudantes deverão utilizar avental (jaleco) de algodão de manga comprida e óculos de segurança; Estudantes trajando calções, shorts, saias curtas ou sandálias não poderão participar das aulas práticas; Estudantes com cabelos compridos deverão prender os cabelos, de modo a prevenir acidentes; Não é permitido comer, beber ou fumar no laboratório; Identificar a localização do chuveiro de emergência e lava-olhos no laboratório; Qualquer dúvida, pergunte ao professor ou ao técnico de laboratório. Vidrarias utilizadas no laboratório Após cada prática, as vidrarias utilizadas deverão ser lavadas com detergente e enxaguadas em água corrente várias vezes (garantindo a remoção de todo o detergente); As marcações feitas com caneta hidrográfica (ou similar) nas vidrarias devem ser removidas com álcool etílico, disponível no laboratório. Descarte dos resíduos provenientes dos experimentos No laboratório, estão disponíveis frascos para o descarte dos resíduos provenientes dos experimentos; Não descartar os resíduos dos experimentos nas pias, a menos que o professor indique que isso possa ser feito, em situações específicas; No caso de quebra de algum material de vidro, também está disponível no laboratório um recipiente para fazer o respectivo descarte. 2

1. Calibração (aproximada) de material volumétrico utilizado no preparo de amostras e padrões na análise instrumental. 1.1. Introdução O material volumétrico (vidraria) usualmente utilizado em um laboratório de química analítica é classificado em dois grupos: a) Os calibrados para conter um determinado volume (em inglês, to contain, e, portanto, com a sigla TC gravada no vidro); b) Os calibrados para transferir um determinado volume (em inglês, to deliver, e, portanto, com a sigla TD gravada no vidro). Na calibração, a vidraria volumétrica TD tem os seus volumes corrigidos em relação ao filme líquido que fica retido na parede interna, determinando-se o volume efetivamente escoado. Exemplos de vidraria TD são as pipetas volumétricas e as buretas. É importante registrar que em química analítica não se utilizam pipetas graduadas (devido ao maior erro, em geral, verificado em relação às pipetas volumétricas). Quanto à vidraria TC, em química analítica o exemplo mais comum é o dos balões volumétricos, cujos volumes de utilização mais rotineira são de 25,0 ml, 50 ml e 100 ml. Este experimento pretende fazer uma aferição aproximada da vidraria TC. Métodos de calibração mais exatos são mais complexos, sendo um exemplo o estabelecido pelo Inmetro para a acreditação de laboratórios na área de volume (DOQ-CGCRE-027 revisão 01 fevereiro de 2011). Para efeito desta aferição, a temperatura de referência será a de 20 o C. 1.2 Objetivo. A aferição de balões de 25,0 ml utilizados na preparação de amostras e de padrões utilizados na análise instrumental para conhecer os erros associados à utilização desse tipo de vidraria, no dia a dia do laboratório. 1.3 Parte Experimental. 1.3.1 Equipamentos, materiais e reagentes. Balança analítica; Estufa elétrica; Termómetro de vidro; Luvas de proteção térmica; Balão volumétrico de 25,0 ml; Água destilada; Álcool etílico, 96 GL. 3

1.3.2 Procedimento Inicialmente, lavar um balão de 25,0 ml com detergente e água. Passar água corrente suficiente para remover todo o detergente. Em seguida, enxaguar o balão com álcool etílico 96 GL para retirar toda a água. Colocar o balão na estufa (a, no máximo, 50 o C) para secar. Após seco, colocar na bancada para esfriar. Após frio, pesar o balão vazio na balança analítica. Em seguida, preencher o balão com água destilada até a marca e pesar. Esvaziar o balão, preencher novamente com água destilada e pesar. Repetir a operação mais uma vez. Caso, como resultado de cada uma dessas operações, tenha ficado água na parte externa do balão, retire a mesma com papel toalha antes de proceder a pesagem. Determinar a temperatura da água destilada utilizada no experimento. 1.3.3. Análise dos resultados Partindo-se da massa de água aparente (massa do balão com água destilada massa do balão vazio), calcula-se o volume corrigido para a temperatura de referência de 20 o C pela equação 1 abaixo. V 20 = (m A /ρ A ) [1 γ (T A T 20 ) ] Onde: V 20 = volume (ml) de água corrigido para 20 o C; m A = massa de água contida no balão volumétrico; ρ A = densidade (g/ml) da água a t o A C (consultar tabela); γ = coeficiente de expansão térmica do material do balão: (vidro borosilicato = 1,0 x 10-5 o C -1 ); T A = temperatura ( o C) da água usada no experimento; T 20 = temperatura de 20 o C; eq.1 Determinar o volume médio e a estimativa do desvio padrão para os resultados obtidos. Comentar os resultados do experimento. 4

ANEXO A TABELA DE DENSIDADE DA ÁGUA COM A TEMPERATURA Temperatura ( o C) Densidade (g/ml) 15 0,9991 16 0,9989 17 0,9988 18 0,9986 19 0,9984 20 0,9982 21 0,9980 22 0,9978 23 0,9975 24 0,9973 25 0,9970 26 0,9968 27 0,9965 28 0,9962 Pressão = 1,0 atm. Fonte: Handbook of Chemistry and Physics. 64. ed. CRC Press, 1984. 5

2. Lei de Beer-Bourguer-Lambert 2.1 Introdução A lei fundamental da espectrofotometria é a Lei de Beer-Bourguer- Lambert, comumente chamada de Lei de Beer. Esta lei relaciona a absorbância (A) com a concentração (c) da espécie absorvente, de acordo com a expressão: A = a. b. c Onde: a= absortividade, b= comprimento do percurso óptico (cm), c=concentração da espécie absorvente. Quando a concentração da espécie absorvente for dada em mol L -1, o coeficiente de absortividade (a) é denominado de absortividade molar (), parâmetro que é característico da espécie absorvente em certo solvente e em um comprimento de onda particular, independentemente da concentração e do comprimento do percurso óptico. O comportamento de um sistema absorvente com relação à Lei de Beer pode ser verificado mediante a representação da absorbância em função da concentração para um valor fixo de percurso óptico. A obediência do sistema à Lei de Beer é denotada por uma linha reta que passa pela origem, sendo que relações não lineares entre absorbância e concentração denotam um desvio na Lei de Beer. 2.2 Objetivo. Verificação da relação existente entre absorbância e concentração, demonstrando a validez da Lei de Beer. 2.3 Parte Experimental. 2.3.1 Equipamentos, materiais e reagentes. Espectrofotômetro UV/Vis; Cubetas de vidro para medidas em espectrofotômetro UV/Vis; Balões volumétricos de 100,0 ml; Pipetas volumétricas (vários volumes); Sulfato de cobre (II) pentaidratado (cristalizado); Solução de hidróxido de amônio 2,0 mol L -1 ; 2.3.2 Preparação de solução padrão de sulfato de cobre Dissolver em torno de 0,4 g (± 0,001) de CuSO 4.5H 2 O em água destilada e diluir até a marca do balão de 100 ml. 2.3.3 Preparação da curva analítica Tomar uma alíquota de 5,0 ml do padrão de sulfato de cobre e colocar em balão volumétrico de 100 ml. 6

Depois de diluir com um pouco de água (10 ml), adicionar (gota a gota) solução de hidróxido de amônio (NH 4 OH) 2,0 mol L -1, até o aparecimento de turbidez permanente (precipitação de Cu(OH) 2 ). Adicionar um excesso de 5 ml de NH 4 OH 2,0 mol L -1 e diluir com água destilada até a marca do balão. É formado o complexo Cu(NH 3 ) 4 2+. Repita o procedimento com volumes de 10,0, 15,0, 20,0 e 25,0 ml de solução padrão de sulfato de cobre (calcule a concentração de sulfato de cobre em cada solução preparada, em mol L -1 ). 2.3.4 Realização das medidas no espectrofotômetro Para o complexo Cu(NH 3 ) 2+ 4 o λ máximo está em torno de 610 nm, então esse é o λ que deve ser selecionado no equipamento. Em seguida, ajustar o 100% T usando a cubeta de vidro contendo água destilada. Depois, ajustar o zero % de T usando a cubeta negra. Em seguida, determinar a porcentagem de transmitância (%T) de cada uma das soluções preparadas para a curva de calibração, usando uma cubeta de 1,0 cm. Calcular a absorbância para cada uma das soluções, completando a tabela de dados. Elaborar um gráfico da curva analítica e determinar a equação da reta, com o R2. Calcular a absortividade molar a partir da curva analítica. 2.3.5 Análise de amostra problema (curva analítica) Tomar uma alíquota de 5,0 ml da amostra e colocar em balão volumétrico de 100 ml. Depois de diluir com um pouco de água (10 ml), adicionar (gota a gota) solução de hidróxido de amônio (NH 4 OH) 2,0 mol L -1, até o aparecimento de turbidez permanente (precipitação de Cu(OH) 2 ). Adicionar um excesso de 5 ml de NH 4 OH 2,0 mol L -1 e diluir com água destilada até a marca do balão Meça a porcentagem de transmitância (%T) da amostra e determine a concentração de Cu 2+ por interpolação na curva analítica previamente elaborada. 2.3.6 Resultados Completar o quadro abaixo com os resultados do experimento, para uma cubeta de vidro de 1,0 cm; 7

Volume de soluçãopadrão (ml) [Cu 2+ ] mol L -1 %T T Absorbância 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Amostra Construir a curva analítica mediante elaboração do gráfico absorbância versus concentração para os resultados obtidos. Calcular a absortividade molar a partir da curva analítica; 8

3. Método da adição padrão 3.1 Introdução Ver item 2.1 3.2 Objetivo Realizar uma análise química por espectrofotometria utilizando o método da adição padrão. 3.3 Parte Experimental. 3.3.1 Equipamentos, materiais e reagentes. Espectrofotômetro UV/Vis; Cubetas de vidro para medidas em espectrofotômetro UV/Vis; Balões volumétricos de 100,0 ml; Pipetas volumétricas (vários volumes); Sulfato de cobre (II) pentaidratado (cristalizado); Solução de hidróxido de amônio 2,0 mol L -1 ; 3.3.2 Preparação de solução padrão de sulfato de cobre Dissolver em torno de 0,4 g (± 0,001) de CuSO 4.5H 2 O em água destilada e diluir até a marca do balão de 100 ml. 3.3.3 Realização das medidas no espectrofotômetro Para o complexo Cu(NH 3 ) 2+ 4 o λ máximo está em torno de 610 nm, então esse é o λ que deve ser selecionado no equipamento. Em seguida, ajustar o 100% T usando a cubeta de vidro contendo água destilada. Depois, ajustar o zero % de T usando a cubeta negra. Em seguida, determinar a porcentagem de transmitância (%T) de cada uma das soluções preparadas para a curva de calibração, usando uma cubeta de 1,0 cm. Calcular a absorbância para cada uma das soluções, completando a tabela de dados. 9

3.3.4 Análise da amostra problema (adição padrão). Em balões volumétricos de 100 ml adicione as quantidades de reagentes indicados no quadro abaixo. Balão 1 2 3 4 5 Amostra original (ml) 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 Padrão de sulfato de cobre (ml) 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 Para cada balão, diluir com um pouco de água (10 ml), adicionar (gota a gota) solução de hidróxido de amônio (NH 4 OH) 2,0 mol L -1, até o aparecimento de turbidez permanente (precipitação de Cu(OH) 2 ). Em seguida, adicionar um excesso de 5 ml de NH 4 OH 2,0 mol L -1 e diluir com água destilada até a marca do balão. É formado o complexo Cu(NH 3 ) 4 2+. Meça a porcentagem de transmitância (%T) de cada amostra e determine a concentração de Cu 2+ na amostra problema utilizando o procedimento gráfico da adição de padrão. 10

4. Determinação espectrofotométrica de ferro em comprimidos de vitamina comercial. 4.1 Introdução Muitos metais possuem grande importância nos sistemas biológicos, que é o caso do ferro. O ferro é um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na síntese (fabricação) das células vermelhas do sangue e no transporte do oxigênio para todas as células do corpo. A ausência de ferro pode causar várias doenças ou até mesmo a morte A presença de ferro em vitaminas é bastante comum e ocorre na forma solúvel, como ferro (II). Há vários métodos disponíveis para análise de ferro e neste experimento vamos utilizar o método da orto-fenantrolina (1,10 fenantrolina) que é um composto orgânico heterocíclico, usado como um agente quelante para íons metálicos. 4.2 Materiais e reagentes Balões volumétricos de 25, 100, 250, 500 e 1.000 ml; Béqueres 100 ml, 250 ml e 500 ml; Pipetas volumétricas (coleção com vários volumes); Cloridrato de hidroxilamina; 1,10 fenantrolina; Sulfato de amônio e ferro (II) hexa-hidratado PA; Ácido acético glacial PA; Acetato de sódio PA; Ácido clorídrico PA; Ácido sulfúrico PA. 4.3 Preparação de soluções 4.3.1 Solução padrão de Fe 2+ : Utilizando sulfato de amônio e ferro (II) hexa-hidratado PA. Fe (NH 4 ) 2 (SO 4 ) 2.6H 2 O M = 392,14 g mol -1 Dissolver 0,0702 g do sal em 50 ml de água destilada em um béquer, adicionar cuidadosamente 2,0 ml de ácido sulfúrico concentrado, agitar e transferir para um balão volumétrico de 100 ml completando o volume até a marca com água destilada. Em seguida, transferir 10,0 ml dessa solução para um balão de 100 ml completando com água destilada até a marca. Esta é a solução padrão de Fe 2+. 4.3.2 Cloridrato de hidroxilamina NH 2 OH.HCl M = 69,49 g mol -1 11

Dissolver 25 g de cloridrato de hidroxilamina em 150 ml de água destilada em um béquer e transferir para um balão de 250 ml completando até a marca com água destilada. 4.3.3 1,10 Fenantrolina (orto-fenantrolina) C 12 H 8 N 2 M = 180,3 g mol -1 Dissolver 1,50 g de 1, 10 fenantrolina em 60 ml de etanol, transferir para um balão de 500 ml e completar até a marca com água destilada. 4.3.4 Solução de acetato de amônia ácido acético (Tampão) CH 3 COONH 4 M = 77,08 g mol -1 CH 3 COOH M = 60,04 g mol -1 Dissolver 100,0 g de acetato de amônio em cerca de 600 ml de água destilada em um balão volumétrico de 1,0 L, adicionar 200 ml de ácido acético glacial PA, e completar até a marca com água destilada. 4.3.5 Solução de ácido clorídrico 6,0 mol L -1 HCL M = 36,46 g mol -1 Utilizando um béquer de 500 ml, coloque entre 100 e 110 ml de água destilada. Em seguida, adicione em etapas de 25 ml, de forma lenta e com agitação, HCl concentrado até completar 125 ml. Deixe a solução esfriar e depois transfira com cuidado para um balão de 250 ml, completando até a marca com água destilada. 4.4 Construção da curva de calibração Deverão ser preparadas 6 soluções com a seguinte composição considerando a utilização de balões de 25,0 ml e cubeta de 1,0 cm de caminho óptico. Nº Volume da solução padrão Fe 2+ (ml) Volume da solução de cloridrato de hidroxilamina (ml) Volume da solução de 1,10 fenantrolina (ml) Volume do tampão acetato/ácido acético (ml) 1 0,0 2,0 5,0 10,0 2 1,0 2,0 5,0 10,0 3 2,0 2,0 5,0 10,0 4 4,0 2,0 5,0 10,0 5 6,0 2,0 5,0 10,0 6 8,0 2,0 5,0 Até a marca 12

Para cada uma das soluções adicione nos balões volumétricos as quantidades indicadas, completando até a marca com água destilada (exceto a de nº 6 que se completa com o tampão). Feche o balão, agite e deixe na bancada por 15 minutos. Passado o tempo indicado, proceda com as medidas no espectrofotômetro. Utilizaremos cubetas de vidro de 1,0 cm de caminho óptico. Para isso, ajuste o comprimento de onda para as medidas em 510 nm e ajuste o 0% de transmitância com a cubeta negra. Não ajuste ainda o 100% da transmitância. Ao invés disso, faça 06 medidas da transmitância do branco, que é a solução nº 1 (anotando cada uma delas para uso futuro). Feito isso, agora ajuste o 100 % de transmitância com a solução nº 1 (o branco). Em seguida, faça as medidas das soluções na ordem de 2 a 6 realizando para cada solução a medida em triplicata. Ao passar da medição de uma solução para a outra, lavar a cubeta com a próxima solução. Por exemplo, se você está medindo a solução nº 2 e vai passar a medir a de nº 3, então a cubeta deve ser lavada com um pouco da solução de nº 3. Organize os dados numa tabela. 4.5 Preparo da amostra Estamos considerando aqui uma amostra constituída de uma cápsula ou pastilha de medicamento contendo cerca de 40 mg de Fe (informação do fabricante). Para outras quantidades iniciais o procedimento deve ser adaptado, notando que a amostra deve ser preparada de tal forma que a concentração final de Fe que vai ser analisada na amostra esteja na faixa de concentração de Fe da curva de calibração preparada com a solução padrão de Fe (que neste experimento está aproximadamente entre 0,4 μg ml -1 e 4,0 μg ml -1 ). Inicialmente, pesar o comprimido na balança analítica (anotar a massa). Em seguida, colocar o tablete da amostra, que foi pesada, num béquer de 100 ml. Adicionar 25 ml de ácido clorídrico 6,0 mol L -1 e aquecer cuidadosamente por 15 minutos numa placa de aquecimento com agitação. Transferir quantitativamente a solução para um balão volumétrico de 100 ml e completar para a marca com água destilada. Com uma pipeta volumétrica transferir 10,0 ml dessa solução para outro balão de 100 ml e completar até a marca com água destilada (1ª diluição). A seguir, com uma pipeta volumétrica, transferir 10,0 ml para outro balão de 100 ml e completar até a marca com água destilada (2ª diluição). Esta é a solução da amostra que vai ser utilizada no experimento. 4.6 Análise da amostra utilizando o método da curva de calibração. Em um balão de 25,0 ml, transferir 10,0 ml da solução de amostra. Em seguida adicionar 2,0 ml da solução de cloridrato de hidroxilamina, 5,0 ml da solução de 1,10-fenantrolina e completar até a marca com a solução de tampão ácido acético / acetato. Feche o balão, agite e deixe na bancada por 15 minutos. Após esse tempo, faça as medidas em triplicata no espectrofotômetro conforme foi feito no item 3. 13

Anote todos os resultados. 4.7 Teste de recuperação. O teste de recuperação (ou fortificação) consiste na adição de uma quantidade conhecida de analito à amostra para testar se a resposta da amostra corresponde ao esperado a partir da curva de calibração. As amostras fortificadas são analisadas da mesma forma que as desconhecidas. Devem-se adicionar pequenos volumes de um padrão concentrado para evitar mudança significativa no volume de amostra. Preparar a amostra fortificada da seguinte forma: em um balão de 25,0 ml, transferir 5,0 ml da solução de amostra. Em seguida, adicionar 5,0 ml da solução padrão de Fe 2+, 2,0 ml da solução de cloridrato de hidroxilamina, 5,0 ml da solução de 1,10-fenantrolina e completar até a marca com a solução de tampão ácido acético / acetato. Feche o balão, agite e deixe na bancada por 15 minutos. Esta é a solução de amostra fortificada. Realizar as medidas no espectrofotômetro conforme o item 05. 4.8 Discussão dos resultados e conclusões. Avaliar a especificidade e seletividade do método de análise, mediante literatura disponível; Elaborar o gráfico do método da curva de calibração e determinar a respectiva equação da reta; A partir da equação da reta, calcular as quantidades em miligramas de Fe existente na amostra por grama de amostra, confrontando com o valor indicado pelo fabricante; Discutir as seguintes figuras de mérito: a) Sensibilidade: no caso de uma curva analítica linear, é definida como a razão entre a inclinação da reta pelo seu desvio padrão. b) Limite de detecção (LD) ver Skoog cap. 8 D; c) Estabelecer a faixa dinâmica linear ver Skoog cap. 8 D; d) Determinar o limite de quantificação (LQ), que é a menor quantidade do analito em uma amostra que pode ser determinada com precisão e exatidão aceitáveis sob as condições experimentais estabelecidas. O LQ pode ser estabelecido mediante procedimento experimental específico ou definido como a 14

concentração correspondente à média do branco mais 10 vezes o seu desvio padrão (ANVISA, 2003); e) Determinar o resultado do teste de recuperação, definido como: R A = {[Q A (O+S) Q A (O)] / Q A (S)} x 100% Onde: Q A (S) é a quantidade do analito (fortificante) adicionado à amostra; Q A (O+S) é a quantidade do analito obtida na amostra fortificada; Q A (O) é a quantidade do analito obtida na amostra original 15

5. Determinação simultânea de sódio e potássio em bebidas isotônicas por fotometria de chama 5.1 Introdução A fotometria de chama é a técnica analítica mais simples baseada na espectrometria de emissão atômica. Ela pode ser utilizada para a determinação quantitativa de metais que possuem energias de ionização relativamente baixas, como os metais alcalinos e os alcalinoterrosos, pois utiliza uma chama de baixa temperatura (queima de GLP com ar). A amostra contendo os íons metálicos a serem analisados é inserida no queimador do fotômetro de chama e a energia térmica da chama promove elétrons dos analitos para estados excitados. No retorno desses elétrons dos estados excitados para o estado fundamental há a emissão de energia na forma de radiação eletromagnética, que é característica para cada elemento químico. Diversos conceitos estão envolvidos na fotometria de chama: os princípios da espectrometria óptica e mais especificamente os da espectrometria atômica, preparo de amostras, eliminação de interferentes e tratamento estatístico de dados. 5.2 Objetivos Familiarização com a espectroscopia de emissão atômica em chama, mediante a técnica mais básica de fotometria de chama, e sua aplicação na análise de amostras reais contendo sódio e potássio. 5.3 Equipamentos, materiais e reagentes Amostra: Cada equipe deverá providenciar um produto classificado como bebida isotônica. Bebidas isotônicas são soluções cuja concentração de moléculas e íons é semelhante aos fluidos do corpo humano, e, portanto, podem ser incorporados e transferidos para a corrente sanguínea através do processo osmótico. São usadas principalmente para repor água e sais minerais perdidos pela transpiração ou outras formas de excreção, pois não interferem no equilíbrio hidroeletrolítico do corpo. São exemplos de bebidas isotônicas disponíveis no mercado: Água de coco, Gatorade, SportDrink, Marathon, SportFluid, SportAde. Reagentes: Cloreto de sódio, sólido, cristalino, P.A. Cloreto de potássio, sólido, cristalino, P.A. Vidrarias e aparatos manuais: Balões volumétricos de 100 ml e 25 ml Béquer de 100 ml e 250 ml Pipetas volumétricas (coleção com vários volumes) Micropipeta de volume variável Equipamentos: Balança analítica Fotômetro de chama 5.4 Procedimento Experimental 1. Preparar em um balão de 100 ml uma solução estoque de 100 mg L -1 de Na + e em outro balão de 100 ml uma solução estoque de 100 mg L -1 de K +. 16

2. A partir das soluções estoque, preparar por diluição, em balões de 25 ml, um conjunto de cinco soluções de Na + e outras cinco soluções de K + que estejam na faixa de 10 mg L -1 a 80 mg L -1. 3. A partir das soluções preparadas em (2), obter as curvas de calibração de Na + e K + utilizando o fotômetro de chama. Notar que antes da leitura de cada amostra de solução deve-se aspirar água destilada pelo capilar até zerar o sinal do equipamento. 4. Verificar a concentração de Na + e K + declarada pelo fabricante no rótulo do isotônico. 5. Preparar uma solução diluída do isotônico para a determinação de Na + e uma solução diluída para a determinação de K +. As concentrações das soluções diluídas do isotônico deverão estar em torno do meio da curva de calibração (40 mgl -1 ). 6. Proceda a medida em triplicata das amostras preparadas em (5). 5.5 Resultados Apresente os gráficos e equações das curvas de calibração, discuta os resultados e compare com os valores declarados pelo fabricante. 17

BIBLIOGRAFIA GERAL ASTM International. Standard Test Method for Iron in Trace Quantities Using the 1,10-Phenanthroline Method. Designation: E394 09. Disponível em www.astm.org BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia para Validação de Métodos Analíticos e Bioanalíticos. Resolução nº 899 de 29 de maio de 2003. BRASIL. Inmetro. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia: Orientação sobre Validação de Métodos Analíticos. DOQ-CGCRE-008, revisão nº 4, julho de 2011. Brito, N. M.; De Amarante Júnior, O. P.; Polese, L.; Ribeiro, M. L. Pesticidas: R. Ecotoxicol. e Meio Ambiente. Curitiba, v. 13, jan./dez. 2003. ELLISON, S. L. R.; WILLIAMS, A. (Eds). Eurachem/CITAC guide: Quantifying Uncertainty in Analytical Measurement, Third edition, (2012) ISBN 978-0-948926-30-3. Disponível em www.eurachem.org. FORTUNE, W. B.; MELLON, M. G. Determination of Iron with o- Phenanthroline: A Spectrophotometric Study. Industrial and Engineering Chemistry Analytical Edition. pg. 60-64, vol. 10 (1938). OKOMURA, F.; CAVALHEIRO, E.T.G; NOBREGA, J.A. Experimentos simples usando fotometria de chama para ensino de espectrometria atômica em cursos de química analítica. Quim. Nova. Vol. 27; n. 5; p. 832-835; 2004. SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8a edição norte-americana. São Paulo: Thomson Learning, 2006. 18