Prof. Breno Brito D I N H E I R O Do tostão ao milhão E mais: Dicas Modelos Testes Exercícios



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Transcrição:

Prof. Breno Brito D I N H E I R O Do tostão ao milhão Escolha o melhor produto financeiro para investir o seu dinheiro e aumentar sua rentabilidade! E mais: Dicas Modelos Testes Exercícios 0

O professor Breno transmite, através desse livro, sua experiência prática, conquistada, principalmente, através das dificuldades financeiras que viveu como microempresário, e atualmente como diretor financeiro de uma média empresa, além de investidor no mercado financeiro, e o conhecimento acadêmico, adquirido com a graduação em administração, especialização em marketing e mestrado em planejamento estratégico, exercendo a docência em cursos de administração, marketing e finanças, nos níveis graduação e pós-graduação, na Universidade Católica de Goiás e na Faculdade Cambury. 1

Supérfluo e Necessário Uns queriam um emprego melhor; outros, só um emprego. Uns queriam uma refeição mais farta; outros, só uma refeição. Uns queriam uma vida mais amena; outros, apenas viver. Uns queriam pais mais esclarecidos; outros, ter pais. Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar. Uns queriam ter voz bonita; outros, falar. Uns queriam silêncio; outros, ouvir. Uns queriam sapato novo; outros, ter pés. Uns queriam um carro; outros, andar. Uns queriam o supérfluo; outros, apenas o necessário. Chico Xavier 2

Agradecimentos À Universidade Católica de Goiás, por incentivar e proporcionar a oportunidade de publicação da produção intelectual de seu corpo docente. Ao Departamento de Administração da UCG, cujo convívio com colegas competentes e dedicados têm contribuído para o meu crescimento pessoal e profissional. A Divisão de Recursos Humanos da UCG, por acreditar em meu potencial e oferecer o curso de finanças pessoais, que deu origem a este trabalho, aos funcionários da instituição. A Editora da UCG, Prof. Gil Barreto, Lacy, Gabriela, Felix, e todos os demais colaboradores que me ajudaram a publicar este trabalho. A Tintas Leinertex, empresa administrada por pessoas sérias e visionárias, que aprendi a respeitar em nossa convivência profissional. A minha família, pais, filha, irmãos, namorada e amigos, que estimulam meu trabalho e contribuem com a minha caminhada. E, acima de tudo, a Deus, que abençoa cada dia de minha existência com sua presença constante em meu coração. 3

Introdução É interessante como as coisas acontecem em nossa vida. Nasci em uma família de classe média, vivendo, mesmo assim, com certo conforto. Meu pai, um micro-empresário do setor de prestação de serviços em transportes, valorizava, acima de tudo, o estudo e o acúmulo de conhecimento como meio de prosperidade. Sempre sublinhou, principalmente no horário das refeições, que a única herança que nos deixaria seria a educação que, mesmo nos momentos mais difíceis, fazia questão de nos proporcionar. Assim, eu e meus irmãos freqüentamos uma escola particular de boa qualidade, enquanto começávamos a trabalhar no negócio da família, e aprendemos como nossos pais sacrificam a própria felicidade em função do futuro de seus filhos. Várias vezes vi meu pai deixar de viajar, ou comprar alguma coisa que queria muito, para poder pagar as mensalidades de nosso colégio. Na década de 90, estava com vinte e poucos anos, e nosso pai resolveu se afastar, aos poucos, do dia-a-dia da sua micro-empresa, confiando, principalmente a mim, por ser o filho mais velho, a condução dos negócios, pois ele já estava bastante cansado e pretendia se aposentar. Nada mais natural, não é mesmo? Começamos a viver, então, um período de expansão. Conseguimos novos e importantes clientes, nossa renda aumentou consideravelmente, e nós chegamos a pensar que iríamos ficar ricos. Possuíamos carro e moto importados, jet-ski e algum dinheiro para gastar no que quiséssemos. Até aquele momento, éramos simplesmente prestadores de serviço, ou seja, não tínhamos nenhum veículo para transporte, fossem caminhões leves, pesados ou camionetes, terceirizando o serviço através da contração de motoristas autônomos. Mas nosso principal cliente anunciou a decisão de privilegiar, a partir daquele momento, os transportadores com frota própria de caminhões. Nós não possuíamos capital próprio suficiente para a aquisição de veículos. Foi quando realizamos alguns cálculos, com cenários otimistas, e fizemos vários financiamentos. Nesse momento, cometemos alguns erros que, se não foram fatais, contribuíram enormemente para os problemas que enfrentaríamos a seguir. Ao invés de vendermos nossos carros, motos e jet-ski, que eram quitados, e adquirir veículos um pouco mais velhos, até que conseguíssemos, através dos lucros da empresa, adquirir carros novos, fizemos empréstimos, colocando-os como garantia, e aumentamos as despesas da empresa, pois além das prestações dos caminhões, que eram quatro, teríamos que pagar, também, as parcelas mensais do empréstimo bancário. Com isso, conheci vários produtos financeiros, como desconto de recebíveis (duplicatas, cheques ou promissórias), conta garantida ou caucionada, crédito direto ao consumidor (CDC), empréstimo pessoal, leasing, financiamento de veículos, títulos de capitalização, previdência privada, diversas modalidades de seguro, ou seja, todo o mix que é oferecido pelos funcionários de uma instituição financeira sempre que precisamos de dinheiro emprestado, não é mesmo? 4

Naquele instante fomos apresentados a Lei de Murphy, que nos diz: Se alguma coisa pode dar errado, com certeza ela dará errado!. Pode parecer pensamento de gente pessimista, mas por incrível que pareça, aprendi que ela realmente funciona. E vou lhe dizer porque. O último caminhão que adquirimos, por um valor, em 1997, de aproximadamente US$ 90.000,00 (noventa mil dólares), em torno de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em moeda corrente, sofreu um capotamento com menos de duas semanas de uso. O motorista, com a carreta carregada de produtos de limpeza, que havia saído de Goiânia com destino a Belém do Pará, parou em uma cidade, no caminho, onde moravam alguns parentes, inclusive um primo que também era caminhoneiro, para almoçar a matar a saudade dos familiares. Após o almoço, o primo, vendo aquele veículo tão novo e bonito, pediu para dar uma experimentada, com meu funcionário sentado ao lado. Pois bem, o resultado foi um acidente, em que toda a carga foi saqueada, e seguradora, tanto do caminhão, quanto da mercadoria, se negaram a pagar o prejuízo, visto que o responsável pelo ocorrido não era funcionário da empresa. Mas o problema não era somente esse, contávamos com o faturamento do caminhão para o pagamento de sua prestação, que ficou parado por quase dois meses. Sem contar que teríamos que pagar a mercadoria para nossos clientes, pois a fábrica se isentou de qualquer responsabilidade. Fomos a Belém e negociamos o ressarcimento através da prestação de serviço. O prejuízo equivalia a dois meses de faturamento da empresa, ou mais de um ano de lucro. Note que, em uma situação como esta, não há planejamento que resista. Deus nos ajudou, dando-nos força para seguir adiante, e decidimos que aquilo não era motivo de desespero, pois o aperto financeiro seria momentâneo. O caminhão ficou pronto e voltou a trabalhar, o problema foi que, uma semana depois, outro veículo sofreu, também, um capotamento, próximo a cidade de Araguaína, no estado do Tocantins, desta vez devido às más condições de conservação da estrada. Neste caso, mesmo com o saque da mercadoria, a seguradora pagou o conserto do caminhão e a mercadoria, cujo valor foi repassado a nossos clientes. Só que, mais uma vez, nosso veículo ficou parado durante dois meses, não gerando o caixa para o pagamento de suas prestações. Pensamos que era o fim, mas novamente tivemos forças para continuar. Refizemos o planejamento, vários cálculos e cenários, e decidimos seguir em frente. Como forma de contenção de custos, começamos a usar, como depósito de mercadorias a serem transportadas, as instalações industriais de um amigo, que possuíam um armazém e estava ocioso, e, além disso, não nos cobrava o aluguel. Foi então que aconteceu o inimaginável. Durante uma chuva, que não acontecia uma igual há mais de dez anos, houve a inundação do depósito, fazendo que perdêssemos toda a mercadoria que estava ali guardada, equivalente a três caminhões. Vendemos carro, moto, jet-ski e pegamos dinheiro emprestado com amigos e agiotas, nossa única esperança era a de 5

continuarmos trabalhando para pagar nossas dívidas. Para piorar, o principal concorrente subornou a pessoa responsável pelo transporte em nosso melhor cliente, diminuindo o volume de cargas transportadas. É claro que só ficamos sabendo disso quando o funcionário foi demitido, mas aí já era tarde. Você pode pensar: Pôxa vida! Mas que pessoal azarado! Mas esta é só mais uma história, como tantas outras que já ouvimos por aí, e que, infelizmente, ainda não acabou. Corria o ano de 1998, e o golpe de misericórdia viria no início do próximo ano, quando nosso governo desvalorizou o real, fazendo que as prestações de nossos caminhões, que eram corrigidas pela variação cambial, dobrassem de valor em poucos dias. Acabou-se! Quebramos! Ou, se preferir, falimos! Cheques devolvidos, títulos protestados, ameaças de morte, ou seja, o pacote completo. Aprendi, nesse período, que nada, ou que nenhuma palavra que se escreva, seria capaz de descrever a situação que passamos. Entendi porque tantas pessoas preferem a fuga, ou suicídio, do que encarar esse momento. Acho que é uma daquelas experiências que somente quem as vive pode imaginar a dor, a humilhação e o sentimento de impotência de uma pessoa com esse problema, e que não desejo ao meu pior inimigo. Tive que subornar, várias vezes, o funcionário da companhia elétrica e de saneamento para não interromper o fornecimento de água e energia, pois não conseguia efetuar o pagamento das contas no vencimento. Enfrentei, e ainda enfrento, negociações duríssimas com cobradores, gerentes de banco, fornecedores e advogados. Vi meu nome ir para o SPC, SERASA e todos os outros serviços de proteção ao crédito. Passei diversos constrangimentos, em estabelecimentos comerciais, para a aquisição de mercadorias, mesmo pagando a vista. Não conseguia, nem mesmo, locar um carro, pois era obrigatória a propriedade de um cartão de crédito. Em resumo, tornei-me um pária! Mas existe um ditado que diz, que aquilo que não nos mata, nos torna mais fortes. Mudei meu estilo de vida e aprendi, na prática, a controlar meus recursos, enxergando o quanto que o dinheiro, gasto no passado, estava me fazendo falta naquele momento. Passei a comprar somente à vista, a negociar descontos, a analisar qual era a real necessidade de cada produto que adquiria. Cancelei TV a cabo, desliguei linha telefônica, vendi o celular, demiti nossa empregada doméstica, racionei energia elétrica e, finalmente, arrumei um emprego para gerar uma outra fonte de receita. Sempre gostei de adquirir novos conhecimentos, e mesmo nos melhores momentos financeiros, que coincidiu com minha graduação em administração de empresas, continuei estudando, fazendo especialização em marketing. Alguns amigos diziam: Pra que estudar tanto? Vocês estão ficando ricos! Curta mais a vida! E, nesse momento, aprendi uma das lições mais importantes de minha vida, que vou compartilhar agora com vocês. Você pode perder todo o dinheiro que possui, mas o seu conhecimento, isso a gente nunca perde. Porque ele é só seu, está dentro de sua cabeça, e ninguém pode tomá-lo. E foi ele que me ajudou a me reerguer. 6

Pelo meu histórico escolar na graduação, e na pós-graduação, já havia recebido convites para lecionar em Universidades, mas nunca aceitei, até mesmo porque não precisava, naquele momento. Mas agora a situação era outra, e comecei com a disciplina de administração financeira e orçamentária. Nesse momento descobri minha verdadeira vocação, que venho me dedicando de corpo e alma, tentando ajudar, com os conhecimentos que adquiri, para que meus alunos não cometam os erros que eu e meus irmãos cometemos. Minhas recompensas tem sido enormes, pois já fui homenageado por diversas turmas de formandos, inclusive nomeando uma delas. Decidi, então, que o conhecimento prático, conquistado diante da vivência de todos estes problemas, juntamente com a teórico, que adquiri com estudos e a experiência de professor universitário, poderiam ser compartilhados com as pessoas que vivem situações problemáticas diariamente na administração de seus recursos, tanto para a geração de poupança, como em investimentos no mercado financeiro, ou fora dele. Quero contribuir para o aumento de sua qualidade de vida, através do conhecimento necessário para que você se torne um milionário. Ou seja, não será por falta de dinheiro que se tornará uma pessoa infeliz! Mas decidi fazer isso de um modo diferente. Em todos os livros de finanças pessoais que li, os autores apresentam alguns bordões, nos mostram o peixe, mas não nos ensinam a pescar. Por isso, neste livro, para quase tudo que afirmo, desenvolvo os cálculos para que você seja capaz de analisar e formar uma opinião própria, concordando, ou discordando, daquilo que lhe é apresentado. Acho que isso é uma situação muito mais difícil, pois, nesse momento, corre-se o risco de uma séria de críticas a seu trabalho. Talvez seja esse o maior medo de qualquer escritor. A crítica negativa! Dediquei muitas horas na construção deste trabalho, principalmente nos finsde-semana. E então descobri uma coisa muito importante. Qualquer que seja a crítica, ela nunca será melhor do que a minha satisfação de poder contribuir, mesmo que um pouquinho, com o conhecimento das pessoas. Por isso, lhe entrego, com muito carinho, o fruto do meu sacrifício. Espero que goste! 7

SUMÁRIO 1. Dinheiro, finanças pessoais, poupança e juros... 9 1.1 Dinheiro... 9 1.2 Finanças pessoais... 11 1.3 Poupança... 12 1.4 Juros... 15 2 Receita e despesas: fluxo de caixa pessoal... 17 2.1 Juros compostos e calculadora HP 12C... 22 3 Criação e destruição da riqueza: o poder dos juros compostos... 27 4 Capital de giro pessoal: conceito e importância... 34 5 Opções e riscos dos investimentos... 48 5.1 Produtos disponíveis no mercado financeiro... 52 5.1.1 Caderneta de poupança... 52 5.1.2 Títulos públicos federais... 55 5.1.3 Fundos de investimento... 65 5.1.4 Certificado de Depósito Bancário (CDB)... 72 5.1.5 Previdência privada... 74 5.1.5 Títulos de capitalização... 83 5.1.6 Consórcio... 89 5.1.7 Ações... 96 6.1.8 Seguro de bens, vida e saúde... 116 6.1.9 Contratos de aquisição de animais... 122 6.1.10 Imóveis... 130 6 Conclusão... 141 8

A falta de dinheiro entra pela porta, o amor sai pela janela. Anônimo 1. Dinheiro, finanças pessoais, poupança e juros Vamos começar trabalhando com conceitos básicos, pois este não é um livro voltado para pessoas que já possuem conhecimentos aprofundados de finanças, mas para aqueles que estão iniciando a jornada para a busca de uma melhor qualidade de vida através da administração do seu dinheiro. 1.1 Dinheiro Vários ditados populares associam a felicidade (sua existência ou falta) e a posse de dinheiro. Longe de mim querer questionar a sabedoria popular, até mesmo por gostar muito de citá-los e acreditar que, por detrás de uma simples frase, existe um pensamento muito mais aprofundado do que aparenta. Entre alguns dos meus preferidos podemos citar: Dinheiro não traz felicidade : para as pessoas que utilizam esse ditado, há mais coisas na vida além do dinheiro. Amor, família, saúde e paz são valores essenciais que, independente da quantidade de dinheiro que possuímos, são determinantes na felicidade pessoal. Podemos sintetizar que felicidade não é ter, mas ser ; Dinheiro não é tudo mas é 100%. : esse dito popular reflete, para outras pessoas, que o dinheiro é a ferramenta capaz de adquirir todas as coisas necessárias para a satisfação humana e, conseqüentemente, para a realização de sua felicidade. Temos aqui, o oposto do pensamento anterior, vinculando-se a felicidade a ter e não a ser ; Dinheiro na mão é vendaval. : esse pensamento reflete a instabilidade da posse do dinheiro e nossa incapacidade de administrá-lo adequadamente. Nossas necessidades infinitas em contraposição aos recursos finitos transbordam em situações que, muitas vezes, poderiam ser evitadas com um planejamento financeiro adequado. Sendo assim, algumas pessoas defendem que a riqueza por si só não satisfaz as necessidades humanas de carinho, amor, atenção e estima, enquanto outros alegam que as necessidades de saúde, moradia, alimentação, vestuário e entretenimento, quando não atendidas, contribuem para a infelicidade. Verifica-se, então, um confronto sem fim que não chega a lugar algum, visto existirem pessoas ricas e pobres felizes e infelizes. Então, acredito no pressuposto de que o dinheiro não traz felicidade, mas contribui consideravelmente para a qualidade de vida do cidadão, ao proporcionar condições para a aquisição de diversos confortos da vida moderna, além da segurança que o suporte financeiro proporciona em momentos inesperados de doença, desemprego ou acidente, propiciando condições, ao menos materiais, para uma vida mais feliz. 9

Infelizmente, não somos educados adequadamente na gestão de nossos recursos financeiros. Deveríamos começar, desde criança, a descobrir o valor do dinheiro, das necessidades que ele ajuda a suprir, o funcionamento da economia e outros princípios fundamentais, como renda, juros e poupança. Para que isso aconteça, é preciso existir uma educação rígida no controle de nossas receitas e despesas, bem como o entendimento dos significados de cada palavra. Se não consigo essa compreensão, o processo de comunicação é prejudicado, tornando-se um assunto chato e desgastante. A maioria dos brasileiros conhece e associa diversos inventores a suas obras. Santos Dumont e o avião, Thomas Edison e a lâmpada, Henry Ford e o automóvel (apesar dele ter proposto um método revolucionário de produção, e não inventado o carro). Mas não conseguimos identificar o inventor do dinheiro. Por quê? A resposta está no fato de que o dinheiro surge e evolui da necessidade humana de determinar o valor das coisas e possibilitar a sua troca. Esse preço é determinado de acordo com as características de cada produto, principalmente sua rarabilidade e facilidade de reprodução, proporcionando a condição básica para sua negociação. Mesmo assim, a coisa não é simples. Antes da existência do papel moeda, como o conhecemos, os negócios eram feitos através do escambo, ou seja, da simples troca de mercadorias/produtos ou serviços. Assim, o soldado romano recebia porções de sal para o pagamento de seus serviços, originando, daí, a palavra salário, como sinônimo de remuneração. Podemos pensar, neste momento, que os soldados romanos eram bobos, ao aceitar o pagamento do seu suor com uma coisa tão barata, nos dias de hoje, como o sal. Mas devemos entender o contexto histórico de cada momento, visto que naquela época não existiam geladeiras ou freezeres, sendo que a conservação dos alimentos era realizada com esse produto. Percebeu sua importância? Mas esse método apresenta dificuldades óbvias. Por exemplo: suponhamos que eu tenha um boi, que vale duzentos peixes, mas eu só quero cem, como o vendedor de peixes vai me voltar o troco? Ou será que tenho que partir o boi ao meio e guardar a outra metade? Problemas como esse contribuíram para o surgimento das primeiras moedas metálicas, cunhadas pelos imperadores em metais preciosos, aceitas pelo seu valor intrínseco, ou seja, o poder de compra do metal de que era feita, como ouro, prata ou bronze. O tempo continua passando, e podemos imaginar a dificuldade para se carregar ou guardar grandes somas em moedas. Surge, então, na idade média, a figura do ourives, precursor do banqueiro, ou seja, o cidadão em cuja empresa você depositava uma quantia de moedas e recebia em troca um 10

recibo, que passou a ser usado para pagamentos, dispensando o trabalho da posse e locomoção do dinheiro. Nasce, então, o papel moeda, cujo valor é extrínseco, ou seja, está escrito determinado valor em sua face, garantido por alguém (atualmente o governo), mas que no final das contas é somente um pedaço de papel com um número impresso. O problema é que esse simples pedaço de papel funciona como passaporte para a aquisição de todas as maravilhas do mundo capitalista, sendo motivo de brigas entre amigos, parentes, ou países. Duro de ganhar, difícil de manter ou, trabalho de Hércules, de multiplicá-lo. Assim, o dinheiro não nasceu da genialidade individual ou de um grupo de pessoas, mas de necessidades diárias que se apresentam e que precisam de solução. O desafio maior é o de como conseguir conciliar o dinheiro e a riqueza, produção, trabalho, consumo, distribuição de renda e outras variáveis econômicas, gerando uma melhor qualidade de vida para a população. 1.2 Finanças pessoais Existe um ditado popular, muito famoso, que estabelece a seguinte condição: O homem possui duas oportunidades de ficar rico na vida, quando nasce e quando casa. Esse pensamento reflete, com certeza, toda a dificuldade de acumularmos dinheiro, ou riqueza, através do trabalho. Pela dificuldade que possuímos em recebê-lo honestamente, podemos estabelecer sua importância em nossas vidas, devendo estudar os meios de melhor aplicá-lo, para alcançar os resultados esperados, ou seja, sua multiplicação. Entramos, então, no campo das finanças pessoais, que tentarei definir da maneira mais simples possível, como: O conjunto de ferramentas utilizadas na administração dos recursos pessoais, para obtenção dos retornos desejados e o aumento da qualidade de vida. Na minha opinião, acredito que a posse, ou a ausência de dinheiro, não são suficientes para garantir a qualidade de vida e a realização da felicidade que buscamos. A vida é muito mais complexa do que qualquer abordagem seria capaz de descrever, e o conceito de felicidade muito mais relativo do que realmente aceitamos. Por isso, o equilíbrio é essencial para qualquer coisa que desejamos realizar, viver ou alcançar. As pessoas costumam associar a administração financeira às empresas, esquecendo-se que elas são, na verdade, uma simples extensão de nossas vidas. A diferença primordial da administração financeira tradicional e as finanças pessoais estão em seu foco. Enquanto a obtenção da maximização da riqueza dos acionistas da organização, ou seja, a realização do lucro, o 11

aumento da participação de mercado, a valorização de suas marcas, é o objetivo principal da administração financeira empresarial, nas finanças pessoais o retorno financeiro deve estar aliado a qualidade de vida pessoal ou familiar, pois a poupança que será investida será obtida a partir de sacrifícios, ou seja, da não aquisição de produtos ou serviços desejados. Às vezes, começo a imaginar o porque, devido a importância do dinheiro em nossas vidas, de não sermos educados, desde cedo, a administrá-lo. Acredito que seria bem mais fácil se lidássemos, desde crianças, com conceitos e jogos que fossem capazes de estimular a busca do conhecimento para o entendimento da economia e do mercado financeiro, para um melhor gerenciamento, e investimento, dos nossos recursos. Mas, o que não aprendemos em nossa infância, devemos aprender ao longo de nossa vida. Devemos iniciar comparando nossos recebimentos e pagamentos, a curto, médio e longo prazo, para podermos iniciar o planejamento financeiro necessário para o alcance de qualquer objetivo que seja proposto, inclusive tornando-nos milionários, através da poupança e de investimentos programados. Este é um dos objetivos que estaremos buscando ao longo desse livro. 1.3 Poupança Alguns termos são comuns em nosso dia-a-dia. Poupar, com certeza, é um deles. Seu sinônimo mais próximo é a palavra economizar, que significa guardar alguma coisa no presente para utilização futura. Para mim, poupar tem outro entendimento: sacrificar. Para que exista a poupança, é preciso abrir mão da realização de meus desejos atuais, acreditando que isso será benéfico para mim no futuro. Não é uma tarefa fácil, pois uma das características mais comuns à vida é a incerteza. Existe um ditado popular, que ajuda a entender a dificuldade de muitas pessoas em poupar, que diz o seguinte: Caixão não tem gaveta. : devo confessar que não é um dos meus ditados populares prediletos. Simplificando, ele quer dizer o seguinte: deixe-me gastar o que ganho agora, pois se ficar economizando, quando partir dessa para a melhor, o resultado de todo meu sacrifício ficará para outras pessoas desfrutarem. Não deixa de ter um certo sentido. Mas eu descobri, da pior maneira possível, que as coisas não são bem assim. Como falamos anteriormente, devemos tentar manter o equilíbrio em tudo que realizamos. Se me torno um poupador paranóico, a angústia de economizar contribuirá, com certeza, para a minha infelicidade. O verdadeiro investidor conhece profundamente suas receitas e despesas, e consegue, através de uma análise detalhada, desenvolver estratégias de poupança que lhe permitam economizar sem o sacrifício de sua qualidade de vida. 12

Já falamos do dinheiro e das finanças pessoais. Vamos tratar, agora, do conceito de poupança financeira, que é apresentado a seguir. A poupança é a renda individual, ou familiar, que não é utilizada em despesas, ou seja, é uma sobra, que deve ser aplicada em investimentos de interesse do poupador. Não devemos confundir poupança financeira com caderneta de poupança, que é um produto oferecido pelas instituições financeiras para aplicação das minhas reservas. Daí começam a surgir alguns questionamentos. Para que poupar? Por que sacrificar a realização de meus desejos? Afinal, é para isso que eu trabalho. Podemos afirmar que são vários os motivos que levam as pessoas a poupar. Dentre eles destacamos: a garantia de que, em um momento de necessidade, teremos uma reserva de segurança para socorrer-nos; a certeza de que, poupando hoje, poderei consumir mais em breve; a consciência de que, com o tempo, não trabalharei como agora, devendo criar um complemento para a minha renda na aposentadoria. Assim, a poupança não é somente um volume de recursos financeiros aplicados em alguma modalidade de investimento, mas uma espécie de seguro, que me permitirá enfrentar, com mais tranqüilidade, as tempestades que a vida me reservar. Desenvolva o exercício abaixo, extraído do Portal Exame, marcando a resposta que mais se aproxima de seu comportamento, mesmo que não reflita totalmente a realidade, e descubra sua capacidade de poupança. De que jeito você faz compras? a) Sai gastando sempre que está muito contente ou muito triste. b) Às vezes se sente mal por não ter tudo o que seus amigos têm e gasta para não ficar para trás. c) Gasta em ciclos: faz dívidas no cartão e depois se esforça para pagar. d) Às vezes faz alguma extravagância, mas em geral as compras estão previstas no orçamento. Quanto da sua renda você consegue poupar? (Não considere planos de previdência, poupança para a casa própria e reservas de emergência). a) menos de 10%. b) 10% ou mais. c) Não sei. d) Nada. Some todas as suas dívidas: financiamento imobiliário ou do carro, cartão de crédito, cheque especial. Não inclua itens básicos como 13

a) Até 35%. b) 50%. c) Não sei. d) 40%. alimentos ou contas como telefone, luz e gás. Qual porcentagem da sua renda mensal suas dívidas representam? O que você faria se recebesse um aumento de salário hoje? a) Nada. b) Sairia para fazer compras. c) Prometeria para si mesmo que desta vez vai fazer um orçamento. d) Sairia para jantar ou compraria algo que estivesse querendo há muito tempo. E poria o resto na poupança. Quando você reflete sobre sua situação financeira, você se sente: a) Desanimado. Parece que a coisa está cada vez pior. b) Otimista. Você tem gastado bastante, mas logo conseguirá se organizar. c) Confiante. Você está alcançando os objetivos estabelecidos. d) Você só pensa nisso quando não consegue dormir. Um amigo o convida para passar um fim de semana incrível na praia. Supondo que não haja dinheiro para isso, você: a) Recusa o convite e promete para si mesmo que vai começar a economizar para viagens de fim de semana. b) Dá uma olhada no extrato da sua conta corrente ou do cartão de crédito e vê de onde pode sacar mais dinheiro. c) Aceita correndo, mesmo sem saber quanto custará o passeio. d) Pede dinheiro emprestado. Você precisa viajar! As férias chegaram.você: a) Jura que não vai cometer os mesmos excessos do ano passado. b) Usa apenas o que já estava guardado para isso. E nada além disso. c) Pede mais dois cartões de crédito. d) Enche a cara. Você ainda está pagando as férias de 2000 e todos os seus cartões estão com o limite estourado. Você acabou de conseguir o primeiro emprego. Você: a) Faz um orçamento e pensa numa forma de poupar parte do seu salário. b) Nem pensa em entrar no plano de previdência da sua empresa. Afinal, ainda falta muito tempo para se aposentar. c) Pega dinheiro emprestado dos seus pais para montar um guarda-roupa impecável e comprar um carro novo. d) Pede um empréstimo ao banco ou compra seu primeiro DVD no crediário. Afinal, agora você tem um contracheque. 14

Seu primeiro filho está para chegar. Você: a) Compra uma casa maior b) Convida sua mulher (ou marido) para a última grande viagem a dois. c) Fica deprimido, pois não está tranqüilo financeiramente para sustentar um filho. d) Planeja um novo orçamento. A vida vai mudar. Terminou? Compare, agora, as respostas que você marcou com o quadro de pontuação abaixo (figura...), totalizando-as. Questões Opção 1 2 3 4 5 6 7 8 9 a 3 7 10 10 3 10 5 10 3 b 3 10 5 3 7 5 10 3 3 c 5 3 3 5 10 3 3 3 5 d 10 3 7 7 3 3 3 3 10 Figura...: Quadro de pontuação do teste de capacidade de poupança Confira, finalmente, o resultado: Até 39 pontos: você nem de longe está conseguindo controlar o seu dinheiro. É bom tomar as rédeas da situação para não se afundar em dívidas. De 40 a 69 pontos: a situação está sob controle. Você é um forte candidato a ter suas finanças em ordem. De 70 a 90 pontos: parabéns! Com essa organização, muito provavelmente você já está conseguindo fazer um bom pé-de-meia. 1.4 Juros Ao deixar de adquirir coisas que queria, como sapatos, roupas ou eletrodomésticos, para poupar dinheiro, eu me impus um sacrifício, ou seja, deixei de realizar um desejo, que espero que seja recompensado. Só que, para isso, é preciso que alguém necessite destes recursos, e me pague o aluguel da utilização dos mesmos. Este aluguel é chamado de juro. Normalmente, procuramos uma instituição financeira para aplicarmos nossas reservas e, tradicionalmente, optamos pela caderneta de poupança, por representar um investimento seguro e com pequeno ganho, sem nos preocuparmos em analisar outras opções quase tão seguras e com rentabilidade mais atraente. As características dos diferentes produtos financeiros, seu risco e rentabilidade, serão abordadas nos próximos capítulos, para que possamos entender seu funcionamento e adequá-los ao perfil de cada investidor. 15

Mas como acontece a multiplicação do dinheiro? Os bancos podem imprimir papel moeda? Eles utilizam esses recursos e pagam juros ao investidor? Na verdade, a instituição empresta o capital dos poupadores para outras pessoas e empresas, a uma taxa de juros maior, para que os ganhos obtidos sejam suficientes para garantir o pagamento de seus custos, a geração de lucros e a remuneração dos poupadores. E não, os bancos não podem imprimir dinheiro, pois esta é uma atribuição exclusiva do Banco Central do Brasil, por autorização do Governo da Republica Federativa do Brasil. Vemos, então, que o primeiro grande desafio a ser vencido é um só: poupar. O restante vem como conseqüência. Mas porque será que poupar é tão difícil. Será que o apelo do lançamento de novos produtos através das propagandas os torna irresistíveis? A necessidade de acompanhar as tendências da moda e de destacar-mo-nos entre nossos amigos? O desejo de adquirirmos o último modelo de celular, para poder estar na crista da onda tecnológica? De mostrar-nos aos vizinhos nosso carro, moto ou qualquer brinquedo novo, que representam nosso sucesso profissional? São perguntas difíceis, que devem ser respondidas com sinceridade, para o início da transformação que é tornarse um poupador e, posteriormente, um investidor. Então eu te pergunto: já respondeu? 16

O homem vale o que possui Anônimo 2 Receita e despesas: fluxo de caixa pessoal Depois de explicarmos os primeiros conceitos financeiros, começaremos, agora, a aplicá-los em nossa realidade. Para isso, precisamos diferenciar receita, despesas e investimento. Consideramos como receitas todos os valores que recebemos, que significa a posse, e que nos pertencem, que representa a propriedade. Fazemos esta diferenciação para que um empréstimo, por exemplo, não seja considerado uma receita, visto que deverá ser pago futuramente. Salários, bônus, aluguéis, juros, participações, dividendos, heranças, mesadas, restituições do imposto de renda, ou ganhos diversos, estão nesta categoria, e contribuem para o aumento de nossa riqueza. Por outro lado, as despesas constituem os gastos, ou desembolsos, necessários para nossa manutenção, independente se voltadas para nossa sobrevivência, ou conforto. Obrigações como faturas de água, energia, telefone, impostos, condomínio, aluguel, combustíveis, juros, manutenção de veículos, supermercado, escola, seguros, TV a cabo, pensão alimentícia, entre outras, estão neste grupo, e diminuem nossos recursos. Assim, leia com atenção o conceito que lhe apresento a seguir: A operação de realizar a diferença, entre receitas e despesas pessoais, em um determinado período, normalmente mensal, é chamado de fluxo de caixa pessoal. A beleza principal deste conceito está em sua simplicidade, ou seja, não existe espaço para indagações ou suposições, o resultado é igual a receitas menos despesas, e ele é determinante em sua vida. A poupança nasce a partir do momento em que ele é positivo, ou que as receitas são maiores que as despesas. As dores de cabeça começam no instante oposto, fácil assim. Normalmente, a maioria das pessoas possui o hábito de conhecer profundamente as suas receitas, principalmente para poder comprometê-las, não dedicando a mesma preocupação com a análise detalhada de suas despesas, até mesmo para não aborrecer-se com a antecipação de problemas. Será que esta é a melhor atitude para quem pretende atingir uma tranqüilidade financeira a médio e longo prazo? A resposta, com certeza, é não! Para que possamos iniciar este capítulo plantando sementes que germinarão em bons frutos, desenvolva o modelo de descrição de receitas e despesas apresentado abaixo, considerando o mês atual, para que possamos ter a noção da movimentação financeira deste período, e continuarmos com nosso aprendizado de investidores. 17

Receita Seu salário Salário do seu cônjugue Pró-labore Receitas de investimentos Outras Total de receitas(1) Despesas com moradia Condomínio Aluguel Prestaçao de financiamento Água/Luz/Gás Telefone(fixo e celular) Empregada doméstica/faxineira TV por assinatura Provedor de internet Supermercado/Feira/Padaria Reparos/manutençao Outras Subotal (A) Despesas com educação Mensalidades escolares Cursos extra-curriculares Livros escolares Seminários/Palestras Transporte escolar Lanche Outras Subtotal(B) Despesas com lazer Cinema/teatro/show Restaurantes Despesas com transporte Combustível Manutenção/IPVA/Multas Seguro do carro Financiamento de carro Estacionamento Táxi/ônibus/metrô Outras Subtotal(D) Despesas com saúde Seguro de saúde Médico particular Exames laboratoriais Dentista Farmácia Academia de ginástica Outras Subtotal(E) Despesas diversas Vestuário Presentes Cabelereiro/barbeiro Hobbies Outros seguros(vida, residencial etc) Gastos com animais de estimação Doações Anuidade de cartão de crédito Tarifas bancárias Contribuição para plano de previdência Subtotal(F) Prestações de crediários Viagens Discos/livros Jornais/revistas Aluguel de filmes/jogos/dvds Mensalidade do clube Outras Juros de cartão de crédito Juros de cheque especial Outros financiamentos Impostos Subtotal(G) Total de despesas(2) (A+B+C+D+E+F+G) Subtotal(C) Sobra/déficit mensal (1) - (2) Figura...: Receitas e despesas mensais Isso que acabamos de fazer é um modelo de fluxo de caixa, e existem vários. Normalmente, utilizamos planilhas eletrônicas, principalmente do aplicativo Excel, da Microsoft, para efetuarmos os lançamentos relativos as receitas e despesas em cada período. Atualmente, são disponibilizados diversos softwares, como o Money, da mesma empresa, que permitem o acompanhamento de toda movimentação financeira pessoal. Você pode pensar: Mas eu sou péssimo com computadores!, o que importa não é o 18

software, ou o hardware, mas o entendimento e a intenção de realizar o fluxo de caixa, que, na pior das hipóteses, pode ser elaborado na folha de um caderno antigo. É claro que nenhum software, ou planilha, funciona sozinho. É necessário disciplina para anotar e efetuar todos os desembolsos que realizamos em nosso dia-a-dia. Desde a gorjeta ao garçom, o flanelinha que vigia o carro, ou as doações às instituições de caridade. No fluxo de caixa, o que importa é a saída dos recursos, para que possamos acompanhá-los de maneira correta. Com o tempo, torna-se um hábito, como escovar os dentes, ou pentear os cabelos. Para que você não precise reinventar a roda, abaixo te apresento um modelo simplificado (figura...) de fluxo de caixa pessoal, que pode ser desenvolvido em uma planilha eletrônica, um caderno de anotações ou até mesmo em um pedaço de papel de pão usado. COD RECEBIMENTOS último 1 Salário 0 2 Aluguéis 0 3 Juros 0 4 Empréstimos recebidos 0 5 Outras receitas 0 A TOTAL RECEITAS 0 A.A Receitas Acumuladas Depósito FGTS PAGAMENTOS 1 Compras residenciais 0 2 Medicamentos 0 3 Combustível 0 6 Energia 0 7 Água 0 8 Seguros 0 10 Telefone 0 11 Manutenções diversas 0 12 Mesada dos filhos 0 13 Financiamentos 0 14 Plano de saúde 0 15 Aquisição de bens 0 16 Outras despesas 0 B TOTAL DESPESAS 0 B.B Despesas Acumuladas C FLUXO DE CAIXA (A-B) 0 Figura...: Modelo de um fluxo de caixa pessoal Observe que, nas primeiras linhas, são apresentadas as diversas modalidades de receitas, que posso obter mensalmente, ou em qualquer outro período, e que são consideradas como entradas. Posteriormente, a descrição analítica 19

das despesas comuns a maioria das pessoas, que devem ser somadas e, posteriormente, deduzidos das receitas, quando obteremos o saldo do fluxo de caixa. Só posso começar a pensar em investimentos a partir do momento que possuo resultados positivos em períodos, de preferência consecutivos, maiores que os saldos negativos, pois em vários momentos do ano, principalmente no início das aulas, férias e pagamento de impostos, por exemplo, as despesas costumam ser maiores que as receitas. Mas aí aparece mais um problema, pois, afinal, o que são investimentos? Posso considerar que a aquisição de uma TV, um DVD, uma geladeira ou um carro novo não são despesas, e sim investimentos? A resposta é não! E vamos combinar, a partir de agora, o nosso conceito de investimento. Investimento é qualquer desembolso efetuado com o objetivo de obter retorno, ou ganho, financeiro ou não, em um determinado período de tempo. E porque os bens acima não são investimentos? Porque são bens de consumo, que se desgastam e desvalorizam com o tempo, diminuindo nossa riqueza e, portanto, não podem ser considerados como investimento. Tudo isso é meio óbvio, e, por isso mesmo, um pouco cansativo. Mas é importantíssimo para a mudança de nosso comportamento financeiro. Passaremos, agora, para exemplos práticos, de nosso dia-a-dia, que geram desperdício de recursos, impedindo a geração da poupança necessária para a realização de investimentos: Observe seus gastos com telefone, se em sua família existem pessoas que se esquecem de que cada ligação é cobrada, instale um aparelho codificador ou bloqueador, que tanto podem inibir, quanto controlar o tempo das chamadas originadas. Em minha casa a conta de telefone caiu de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), para R$ 50,00 (cinqüenta reais), ao mês. Economia de R$ 100,00 (cem reais). Se você mora sozinho, ou se a maioria das pessoas de sua família possui telefone celular, verifique a conveniência de solicitar o desligamento da linha telefônica convencional, pois a assinatura básica custa R$ 33,00 (trinta e três reais) mensais. Outras saídas são a instalação de uma linha fixa pré-paga (a cartão), ou o pagamento de uma assinatura básica de R$ 12,00 (doze reais) para que a linha somente receba ligações. Verifique o consumo de gasolina do seu carro. Se você roda em torno de 1000 quilômetros ao mês, e o desempenho do veículo é de 8 quilômetros por litro, e o litro de gasolina custa, em média, R$ 2,03 (dois reais e três centavos), você desembolsará R$ 255,00 (duzentos e cinqüenta e cinco reais) ao mês. Se adquirir um carro popular, com um consumo de 12 quilômetros por litro, este gasto cairá para R$ 169,00 (cento e sessenta e nove reais), uma diferença de R$ 86,00 (sessenta e seis reais) mensais. 20

Abasteça sempre à vista. Procure postos de combustíveis confiáveis, que ofereçam promoções para pagamento em dinheiro. Se você gasta cinqüenta litros de combustível por semana, e consegue economizar R$ 0,06 (seis centavos) por litro, pagará R$ 3,00 (três reais) a menos por abastecimento, significando R$ 13,00 (treze reais) ao mês, ou R$ 146,00 (cento e quarenta e seis reais) anuais. Aproveite as promoções das oficinas e concessionárias para fazer a manutenção preventiva de seu veículo, ou mesmo a troca de óleo e de filtros. Você possui TV a cabo? Verifique quem e quais os canais mais assistidos pelas pessoas de sua casa. Não pague um pacote completo se ele não é utilizado. Se a maioria de seus familiares trabalha fora, sobrando pouco tempo para assistir a televisão, veja a viabilidade de cancelar o contrato, locando filmes, quando der vontade de assisti-los. Normalmente, pagamos pelo serviço e ainda gastamos com locação e cinema. Repense seus hábitos. Uma carteira de cigarro por dia representa R$ 63,00 (sessenta e três reais) ao mês, sete cervejas por semana, ou uma por dia, produzem um desembolso de R$ 81,00 (oitenta e um reais) mensais, um refrigerante em lata por dia custa R$ 39,00 (trinta e nove reais) no mesmo período. Agradeça o crédito oferecido por seus fornecedores, como lanchonetes, padarias e pequenos supermercados, e não compre mais fiado. Normalmente, por não ter que pagar no momento da aquisição, o consumo é maior, aumentando as despesas mensais. Só compre a vista. Qualquer desconto que você negocie a vista será, com certeza, maior que o rendimento obtido nas aplicações financeiras tradicionais. Se você consome R$ 2.000,00 (dois mil reais) anuais com roupas, sapatos, acessórios, ou quaisquer outros gastos pessoais, e conseguir uma economia média de 5%, terá deixado de desembolsar R$ 100,00 (cem reais), e, de prêmio, economizado no pagamento dos juros das compras a prazo. Destrua quase todos os cartões de crédito e cancele suas contas bancárias. Mantenha um de cada, para emergências, ou recebimentos e aplicações. Se você possui dois, ou mais, cartões, seu gasto com manutenção será de, no mínimo, R$ 40,00 (quarenta reais) anuais, mais juros e multas em caso de atraso. Em contas correntes, o pacote mínimo de serviços, oferecidos pelas instituições financeiras, custam, normalmente, R$ 12,00 (doze reais) mensais. Logo, sua economia será de R$ 144,00 (cento e quarenta e quatro reais) anuais. Se pretende viajar nas férias, aça uma poupança mensal que pague, à vista, o pacote de viagens, os gastos no destino e os presentes para os amigos. Você economizará dinheiro e ganhará qualidade de vida, pois uma das piores coisas que existem é a dor de cabeça das dívidas depois da alegria do passeio. Evite fazer grandes compras mensais (de produtos alimentícios e de higiene e limpeza pessoais), e vá ao supermercado sempre munido de lista de compras. Prefira os produtos em promoção. Uma economia de 10% em suas compras mensais fará uma grande diferença no final de um ano. Experimente novas marcas, de produtos mais baratos, e 21

compare os preços com os produtos que usa tradicionalmente, só pague mais se o produto realmente oferecer uma qualidade superior que valha a diferença. Utilize, ao máximo, a iluminação natural. Substitua lâmpadas incandescentes por fluorescentes, que consomem menos energia. Cores escuras, em partes internas da casa, exigem lâmpadas mais fortes para oferecer uma iluminação mais adequada, que consomem mais energia, aumentando o valor da fatura no final do mês. Se possível, utilize cores mais claras nas paredes. Evite guardar, na geladeira, alimentos ainda quentes, pois isso exige um maior esforço do motor e maior gasto de energia, ou utilizar a parte traseira para secar panos, roupas e sapatos. Verifique, ainda, a borracha de vedação, se não estiver guardando o frio adequadamente, troque-a. Não durma com o televisor ligado e, se em sua residência tiver mais de um, evite a sua utilização simultânea. Em último caso, programe a função de desligamento automático (timer). Limite o tempo de banho, normalmente, oito minutos são suficientes. Mantenha, sempre que possível, a chave do chuveiro na posição verão, economizando 30% do consumo de energia. Você deve estar pensando, como muitos amigos meus, que esse cara é louco!, ou, no mínimo, paranóico. Então, deixe-me apresentá-lo a verdadeira mágica das finanças, uma coisa chamada juros compostos. 2.1 Juros compostos e calculadora HP 12C Os juros compostos nada mais são do que o acúmulo, mês a mês, do capital investido mais os juros gerados, fazendo que ele cresça a uma velocidade maior do que se fosse remunerado somente o juro sobre o principal todos os meses (chamado de juro simples). Existe toda uma teoria, disponível em diversos livros de matemática financeira, que utilizam vários cálculos matemáticos, para a apuração da rentabilidade de investimentos através de diversos períodos, valores e taxas. Mas a tecnologia está aí para colaborar com nossos problemas com cálculos, fornecendo uma maravilha chamada calculadora financeira HP 12C (figura...). 22

Figura...: Calculadora financeira HP 12C Não precisa pensar que a HP está me pagando comissão ou financiando nosso livro. Ela é, simplesmente, a ferramenta de cálculo financeiro mais utilizado pelos profissionais que atuam nessa área. Principalmente pela tradição e reputação que conquistou no mercado. É interessante frisar que existem produtos mais modernos e completos, mas nenhum conseguiu substituir esta calculadora no coração dos financistas. Procurarei mostrar os passos básicos em sua operacionalização, sempre que mostrar cálculos que foram realizados através dela e, desde já, te aconselho a realizar um dos melhores investimentos de sua vida. Invista em você mesmo, faça um curso de matemática financeira básica e operação de HP 12C. Em sua cidade, procure o SENAI, SESI, SESC, SEBRAE, universidades ou centros de capacitação que o ofereçam, com duração, normalmente, de no máximo vinte horas e custos que variam de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$ 80,00 (oitenta reais). Vamos exemplificar as diferenças entre juros simples e compostos para um melhor entendimento. Suponha que investi, em 02/05/03, R$ 1000,00 em um fundo de renda fixa, a uma taxa média de 1,5% ao mês, durante quatro meses, vejamos qual seria o total da aplicação com a remuneração em juros simples e compostos. Juro simples Data Capital Taxa Período Juros Montante 02/05 1000 1,5% 0 0 1000 02/06 1000 1,5% 1 15 1015 02/07 1000 1,5% 2 15 1030 02/08 1000 1,5% 3 15 1045 02/09 1000 1,5% 4 15 1060 Figura 01: cálculo de juros simples de uma aplicação Veja que o rendimento obtido foi, ao final, de 6% do capital investido, que correspondem a soma da taxa de juros mensal, de 1,5%, vezes o número de meses em que os recursos foram aplicados. Observe, ainda, que somente o valor principal é remunerado com juros, mesmo acumulando o valor do rendimento mês a mês ao capital investido. 23

Observe, agora, o mesmo investimento remunerado com juros compostos. Juros compostos Data Capital Taxa Período Juros Montante 02/05 1000 1,5% 0 0 1000 02/06 1000 1,5% 1 15 1015 02/07 1015 1,5% 2 15 1030,22 02/08 1030,22 1,5% 3 15 1045,68 02/09 1045,68 1,5% 4 15 1061,36 Figura 02: cálculo de juros compostos de uma aplicação Verifique que, no sistema de juros compostos, o rendimento foi maior em aproximadamente 2,27% dos juros (a diferença entre os R$ 61,36 e R$ 60,00 obtidos com os juros simples), no mesmo período, pelo fato dos juros serem incorporados ao capital e aumentarem os valores aplicados mensalmente. Para fazer este processo na calculadora HP 12C, você deve seguir os seguintes passos: Tecle CLX Tecle f e CLX Digite o valor do capital e tecle CHS e PV Digite o número de períodos e tecle n Digite a taxa de juros e tecle i Aperte FV e descubra o total no final do período Novamente você pode estar pensando: Pôxa, estou aqui estudando para ganhar R$ 1,36 (um real e trinta e seis centavos) a mais, em quatro meses?. Então, lhe mostrarei a diferença que estes valores podem fazer no longo prazo. Lembra-se daqueles exemplos bobos que falei agora mesmo, do cigarro, da cerveja ou da gasolina? Vamos fazer umas continhas básicas. Simulação do rendimento obtido através da poupança e investimento do valor equivalente a 01 carteira de cigarro por dia, no valor de R$ 2,10 (dois reais e dez centavos), que representam um gasto de R$ 63,00 (sessenta e três reais) ao mês, à taxa de juros de 1,0% mensal (líquido da inflação), durante os seguintes períodos: 10 anos: R$ 14.637,36 20 anos: R$ 62.946,32 30 anos: R$222.384,57 (Duzentos e vinte e dois mil, trezentos e oitenta e quatro reais e cinqüenta e sete centavos). Uma cerveja por dia (você pode dizer que não toma uma por dia, mas se bebe sete no fim de semana, dá no mesmo), no valor de R$ 2,70 (dois reais e setenta centavos), que representam R$ 81,00 (oitenta e um reais) mensais, na mesma taxa de juros. 10 anos: R$ 18.819,46 24

20 anos: R$ 80.930,98 30 anos:r$ 285.923,02 (duzentos e oitenta e cinco mil, novecentos e vinte e três reais e dois centavos) Economia de R$ 140,00 ao mês, de combustível, energia, em condições idênticas: telefone, água e 10 anos: R$ 32.527,47 20 anos: R$ 139.880,71 30 anos: R$ 494.187,93 (quatrocentos e noventa e quatro reais, cento e oitenta e sete reais e noventa e três centavos) Novamente, para realizar esta modalidade de cálculo na HP 12C, siga os seguintes passos: Digite o valor à vista; Aperte a tecla CHS; Tecle PV; Coloque o valor das prestações (digite somente uma) com a tecla PMT; Informe o número de prestações que serão pagas e tecle n ; Aperte a tecla i. Aperte a tecla FV e observe o resultado Vejamos os ganhos nos respectivos períodos: 10 anos 20 anos 30 anos Cigarro 14.637,36 62.946,32 222.384,57 Cerveja 18.819,46 80.930,98 285.923,02 Outras economias 32.527,47 139.880,71 494.187,93 Total 65.984,29 283.758,01 1.002.495,52 Figura 03: cálculo dos benefícios obtidos a longo prazo de aplicações financeiras Surpreso? Pois é. Com essas medidas simples de economia te mostrei como se tornar um milionário em 30 anos, e não cobrei nada mais por isso. Talvez esteja se perguntando: Onde obterei investimentos que me rendam 1% ao mês acima da inflação?. Este assunto será tratado um pouco mais a frente. Por enquanto, reflita sobre o que foi mostrado e me diga, sinceramente: Não vale a pena repensar alguns hábitos? Para finalizar, faça o fluxo de caixa abaixo, e verifique o comportamento de suas receitas e despesas nos últimos três meses, complementando com a análise do início do capítulo, do mês atual, esse conhecimento lhe será extremamente útil nos próximos assuntos que iremos abordar. 25